Maioria das obras de esgoto do PAC está paralisada e avanços seguem
tímidos
Apesar
dos esforços do Governo Federal, estados e municípios em vencer os fortes
entraves do saneamento básico, o Programa de Aceleração do Crescimento - PAC
não conseguiu até o momento ser a alavanca que o setor precisa para vencer
atrasos históricos. Mesmo as maiores cidades, acima de 500 mil habitantes, não
tem sido capazes de usar os recursos para ampliar os serviços de coleta e
tratamento dos esgotos.
Apesar
dos recursos liberados terem atingido pouco mais de 50% dos valores previstos e
da duplicação no número de obras concluídas entre 2011 e 2012 (7% para 14%),
65% das 138 obras de esgotamento sanitário monitoradas pelo Instituto Trata
Brasil até dezembro de 2012 estavam paralisadas, atrasadas ou ainda não
iniciadas. As obras estão distribuídas em 18 estados e em 28 das maiores
cidades brasileiras.
Amostra: Distribuição das obras PAC1 e PAC2
As 138
obras totalizam investimentos da ordem de R$ 6,1 bilhões, sendo que pela
primeira vez o estudo contempla obras do PAC 2 (26 obras). As regiões que mais
concentram obras são o Sudeste e o Nordeste com 51 obras cada. As informações
vieram de consultas à SNSA - Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental do
Ministério das Cidades, Caixa Econômica Federal, BNDES, SIAFI e relatórios do
PAC.
Resultados:
Evolução física no conjunto total das 138 obras (PAC 1 e 2):
Evolução física no conjunto total das 138 obras (PAC 1 e 2):
Como os gráficos mostram, ao final de 2012, 20 das 138 obras estavam
concluídas, ou seja, 14% da amostra.
Entre 2011 e 2012 houve grande aumento das obras paralisadas, que
saltaram de 23% para 34%, ou seja, de 32 para 47 obras. Observa-se que a
parcela de obras paralisadas vem crescendo desde 2009, quando o número de obras
nessa situação era de apenas 12.
Nota-se também que no mesmo período houve uma redução de 10 obras que em
2011 eram classificadas como com andamento “Normal” (de 38 para 28 obras).
Significa que obras que estavam sendo executadas normalmente por algum motivo
foram paralisadas.
Pelos resultados, em dezembro de 2012, após 6 anos da assinatura dos
primeiros contratos do PAC para esgotos, 90 das 138 obras monitoradas pelo
Instituto Trata Brasil permaneciam caracterizadas como paralisadas, atrasadas
ou não iniciadas. Significa que 65% das obras não estão cumprindo os
cronogramas.
Evolução física separando os 2 conjuntos de obras (112 obras do PAC 1 e
26 do PAC 2)
Obras do PAC 1:
Obras do PAC 1:
Das 112 obras do PAC 1, mais antigas, 19 estavam concluídas em dezembro
de 2012, ou seja, 17% da amostra. Houve significativa queda no número de obras
em situação “Normal” – de 38 em 2011
para 22 em 2012 (de 34% para 20%) que foi seguida de aumento nas obras “Paralisadas”, de 32 para 45 (de 29% para 40%
da amostra). 21% estavam “Atrasadas”.
Obras do PAC 2:
Das 26 obras do PAC 2 monitoradas nesse estudo, 16 delas (62%) ainda não
foram iniciadas. Havia 1 obra concluída (3,8%) e 6 obras com andamento normal
(23%).
Análise do
andamento das obras por região:
Entre 2011 e 2012 houve um aumento no número de obras paralisadas nas
regiões Sudeste, Sul e Nordeste. No Sudeste este aumento foi de 16% para 31%,
no Sul de 5% para 35% e no Nordeste de 27% para 41%. Como pontos
positivos, no Sudeste as obras “Concluídas” passaram de 14% para 24%. No Sul,
15% das obras estavam concluídas e no Nordeste, 10%.
No Centro Oeste houve significativa queda no índice de obras paralisadas
(46% para 8%), mas muitas mudaram para “Atrasadas” - de 0% para 46%. Não
há obras concluídas na região.
A pior situação, proporcionalmente, permanece na região Norte onde as 3
obras continuam paralisadas ou atrasadas.
Cidades com situações mais críticas:
Município
|
Quantidade de obras
|
Ano de Contrato
|
% de Execução
|
Belém
|
2 obras paralisadas
|
2008
|
menos de 10% de execução
|
1 obra atrasada
|
2008
|
menos de 2% de execução
|
|
Duque de Caxias
|
1 obra atrasada
|
2009
|
menos de 2% de execução
|
São Gonçalo
|
1 obra atrasada
|
2007
|
cerca de 30% de execução
|
Fortaleza
|
3 obras paralisadas
|
2008
|
praticamente ainda não começaram
|
4 obras paralisadas
|
2007 / 2008
|
com execução entre 40% e 60%
|
|
Brasília
|
1 obra paralisada
|
2007
|
praticamente ainda não começaram
|
1 obra atrasada
|
2008
|
menos de 20% de execução
|
|
João Pessoa
|
2 obras paralisadas
|
2007
|
menos de 40% de execução
|
4 obras atrasadas
|
2007
|
execução abaixo de 60%
|
|
Natal
|
4 obras paralisadas
|
2007 / 2008
|
menos de 30% de execução
|
São Luiz
|
1 obra atrasada
|
2007
|
menos de 20% de execução
|
Teresina
|
1 obra paralisada
|
2007
|
menos de 20% de execução
|
1 obra atrasada
|
2008
|
cerca de 30% de execução
|
|
Santo André
|
2 obras paralisadas
|
2007
|
menos de 40% de execução
|
Osasco
|
1 obra paralisada
|
2008
|
menos de 40% de execução
|
* Para
uma correta interpretação da situação destas obras, recomenda-se verificar as
respostas das empresas operadoras e prefeituras no site do Instituto Trata
Brasil.
** Estas obras estão destacadas em azul na Lista das Obras.
** Estas obras estão destacadas em azul na Lista das Obras.
Comentários
Dentre as
várias iniciativas que vem sendo tomadas pelo Governo Federal para reduzir o
déficit do saneamento básico no país é evidente que os maiores recursos são os
provenientes do Programa de Aceleração do Crescimento – PAC. O setor do
saneamento e, sobretudo a população não contemplada pelos serviços de água e
esgotos, colocam muito de suas esperanças nas obras financiadas pelo PAC como
forma de alavancarem negócios e poder atender a sociedade com uma melhor
qualidade do ponto de vista ambiental e social.
Édison
Carlos, presidente do Instituto Trata Brasil, comenta os resultados: “Infelizmente
o estudo constata que mesmo após 6 anos da assinatura dos primeiros contratos
do PAC para esgotos muitas obras continuam enfrentando os típicos entraves do
setor de saneamento, principalmente fruto de projetos mal elaborados, problemas
nas licitações e burocracia nas licenças e desembolsos. Por tudo isso, é certo
que muitos estados, prefeituras e empresas de saneamento ainda levarão anos
para executar estas obras.”
Neste
relatório, em que pela primeira vez o Trata Brasil considera obras do PAC 2, é
possível constatar avanços importantes, mas também que persiste a morosidade
geral no avanço das obras. Mesmo se analisarmos apenas as 112 obras do PAC 1,
monitoradas há vários anos, constata-se que apenas 19 obras (17%) foram
concluídas. Na amostra total das 138 obras, que incluem as 26 obras do PAC 2,
constata-se a finalização em apenas 14% delas.
Édison Carlos finaliza: “O estudo mostra que mesmo a região Sudeste, que tradicionalmente
“puxava para cima” o índice de evolução das obras, arrefeceu o ritmo e muitas
de suas obras agora constam como paralisadas. A desigualdade do
atendimento em saneamento básico entre as regiões brasileiras continuará por
mais tempo, mesmo com o PAC. É fundamental, portanto, que o cidadão cobre
providências e que Prefeitos e Governadores enfrentem os problemas, pois
somente assim a população conseguirá ter acesso aos serviços mais básicos do
ser humano – ter água tratada, coleta e tratamento dos esgotos”.
Mais
informações:
Comunicação – Instituto Trata Brasil
Milena Serro – milena.serro@tratabrasil.org.br – (11) 3021-3143
Laura Parenti – imprensa@trabarasil.org.br – (11) 3021-3143
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