SIMON ROMERO
DO "NEW YORK TIMES"
DO "NEW YORK TIMES"
Meia década se passou desde que os brasileiros comemoraram a descoberta de uma enorme quantidade de petróleo em campos marinhos profundos pela companhia de petróleo nacional, a Petrobras, situando o país em condições de chegar à primeira fila dos produtores globais.
Hoje, outro tipo de choque energético está sendo observado: a empresa, conhecida por seu poderio, está perdendo a corrida para acompanhar as crescentes demandas do país.
Constrangida por uma exigência nacionalista de comprar navios, plataformas e outros equipamentos de companhias brasileiras letárgicas, a gigante do petróleo enfrenta uma dívida disparada, grandes projetos emperrados e campos mais antigos que, outrora pródigos, produzem menos petróleo.
O tesouro submarino ao seu alcance também permanece terrivelmente complexo de explorar.
Hoje, em vez de simbolizar a ascensão do Brasil como potência global, a Petrobras personifica a lentidão da própria economia nacional, que, depois de avançar 7,5% em 2010, desacelerou para menos de 1% no ano passado.
Até recentemente, a Petrobras só perdia em valor de mercado para a ExxonMobil entre as companhias energéticas negociadas em Bolsa. Hoje, ela vale menos que a companhia de petróleo da Colômbia.
Essa queda acentuou um debate cada vez mais amargo no país sobre as tentativas da presidente Dilma Rousseff de usar a Petrobras para proteger a população brasileira da desaceleração econômica do país.
"A Petrobras já foi considerada indestrutível, mas esse não é mais o caso", disse Adriano Pires, consultor de energia no Brasil. "Hoje, a Petrobras é um instrumento de política econômica de curto prazo e é usada para proteger a indústria doméstica da concorrência e combater a inflação."
Rousseff, como seu antecessor e mentor político, Luiz Inácio Lula da Silva, contou com as companhias estatais para criar empregos e impulsionar a economia.
Em consequência, afirmam a presidente e seus principais assessores, o desemprego permanece em níveis historicamente baixos, uma abordagem de gestão econômica que contrasta acentuadamente com a usada na Europa e nos Estados Unidos.
A Petrobras está construindo novas refinarias, buscando petróleo em alto-mar e comprando a maior parte de seu equipamento de companhias brasileiras, as quais criaram dezenas de milhares de empregos para manter o baixo desemprego no Brasil, em cerca de 5,4%.
Mas os críticos apontam os problemas óbvios da empresa, incluindo seus projetos atrasados e uma incapacidade de satisfazer a sede de petróleo do país.
Depois que o Brasil descobriu petróleo em alto-mar, em 2007, o governo pressionou para colocar a Petrobras firmemente no controle das novas áreas, uma medida que, segundo os críticos, poderá pressionar a companhia ainda mais.
Foi um afastamento marcante da postura dos anos 1990, quando as autoridades puseram fim ao monopólio da Petrobras como parte de uma reestruturação radical da economia. A empresa permaneceu sob o controle do Estado, mas foi exposta às forças de mercado, emergindo como um híbrido e competindo agilmente com companhias estrangeiras.
Hoje a Petrobras parece muito menos dinâmica. Em 2012, sua produção caiu 2%, o primeiro declínio em vários anos. Ao mesmo tempo, a indústria energética internacional também está mudando para a extração de petróleo e gás natural de formações de xisto, em terra firme.
A demanda do Brasil por gasolina subiu cerca de 20% em 2012, refletindo o êxito da indústria automobilística.
A Petrobras ainda não tem refinarias suficientes para processar o petróleo cru, o que a obriga a comprar gasolina no exterior. Ela perde dinheiro nessas aquisições porque o governo mantém os preços internos do combustível relativamente baixos, para conter a inflação.
Há também os atrasos nas refinarias em construção. Um complexo no Estado de Pernambuco foi concebido em 2005 como uma maneira de o Brasil forjar laços mais estreitos com a Venezuela, rica em petróleo. Oito anos depois, a Venezuela ainda não investiu no projeto, que enfrentou vários atrasos.
Mas a Petrobras continua rentável. Graça Foster, presidente-executiva da companhia, disse que a produção de petróleo deverá permanecer estável neste ano ou talvez até voltar a cair ligeiramente. Mas, segundo ela, a produção dos novos campos marinhos alcançou 300 mil barris por dia.
Até 2020, a empresa espera duplicar a produção total, para 4,2 milhões de barris por dia.
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