quinta-feira, 30 de dezembro de 2021

Da-lhe ofertas…, The News

 


ECONOMIA

(Imagem: Germano Lüders | InfoMoney)

Ano movimentado. Em 2021, a Bolsa brasileira teve 45 IPOs e 26 follow-ons, movimentando R$ 126,9 bilhões no total. Antes, vamos aos conceitos:

  • IPO: É quando uma empresa, que tinha capital fechado, começa a negociar suas ações na Bolsa

  • Follow-on: É o processo quando uma empresa já listada na Bolsa decide ofertar mais ações, em uma oferta secundária.

O primeiro modelo levantou R$ 65,2 bilhões e, o segundo, R$ 61,6 bilhões. Combinado, o montante ficou atrás apenas de 2010 — quase um recorde.

Os setores que mais se destacaram foram o de tecnologia, com 11 IPOs e quatro follow-ons, e o de saúde com cinco ofertas primárias e três ofertas secundárias.

Foram muitas ofertas, mas a maioria não deu tão certo (por enquanto). Em um ano em que o Ibovespa acumulou queda de mais de 14%, apenas 22,7% das empresas que abriram capital em 2021 ficaram no positivo — o resto desvalorizou.

Para 2022, é claro que esperamos bons números, mas o cenário de eleições deixa tudo mais conturbado. De qualquer fora, que venham muitos dias de tourinho pela frente.

O que mais é destaque em economia?

quarta-feira, 29 de dezembro de 2021

'Por que deixei meu emprego por outro com salário menor', BBC News ,FSP

 


Suzanne Bearne
BBC NEWS BRASIL

Assim como milhões de pessoas em todo o mundo, a pandemia estimulou Joe Flynn a reavaliar a carreira profissional dele.

O homem de 34 anos de Worcestershire, um condado na Inglaterra, havia passado 10 anos vendendo hipotecas. Mas, durante as restrições dos últimos 21 meses, ele começou a reavaliar o que queria fazer da vida.

"O setor de hipotecas para locação não era algo que eu sempre pensei em seguir, mas foi uma carreira que me proporcionou um forte desenvolvimento pessoal", diz ele.

"Percebi que, em vez disso, queria algo em que eu pudesse fazer a diferença. Algo que eu me importasse."

Joe Flynn diz que seu novo emprego é perfeito para quem é vegano - Joe Flynn/BBC Brasil

Inspirado por um trabalho voluntário feito anteriormente, Flynn encontrou um site chamado CharityJob, que lista as vagas no setor. Uma vaga na The Vegan Society chamou a atenção dele.

"Foi perfeito ser vegano durante oito anos", diz ele.

Agora, com três meses em sua função gerencial, Flynn está entusiasmado com o novo empregador. "Todo mundo é muito apaixonado aqui e quer impulsionar a organização. É realmente motivador".

No entanto, ele admite que aceitar uma "redução significativa no salário" o fez se questionar se era a atitude correta. "Mas pensei sobre minha ética e o que quero fazer", diz ele.

"Achei que iria me arrepender para sempre de não ter aproveitado a oportunidade. Você não pode colocar um valor na satisfação no trabalho quando está lidando com uma organização cujas moral e ética se alinham com as suas."

Com mais foco do que nunca em tópicos como mudanças climáticassustentabilidade e igualdade, as gerações mais jovens em particular estão mais empenhadas em encontrar uma carreira com um impacto social positivo.

Jogue a pandemia nessa mistura e a tendência para uma carreira orientada com propostas sociais acelerou.

Trabalhar em casa fez muitas pessoas perceberem que a única coisa de que gostavam em seu trabalho era socializar com os colegas - Getty Images/BBC Brasil

Sete em cada 10 pessoas dizem que o coronavírus as fizeram reavaliar sua carreira, de acordo com um novo relatório da Escape the City, uma organização que ajuda as pessoas a deixar o setor corporativo.

O estudo também descobriu que 89% dos entrevistados agora "queriam uma carreira com um forte senso de propósito". No mundo pré Covid-19, esse número era de 71%.

Skye Robertson, chefe de operações da Escape the City, diz que a pandemia mudou o desejo das pessoas por suas carreiras.

Skye Robertson diz que é possível encontrar um novo emprego que tenha um impacto positivo, sem corte de salário - Skye Robertson/BBC Brasil

"Tem sido um período de reflexão para as pessoas pensarem sobre suas vidas e trabalhos, e o que é importante para elas", afirma. "As pessoas estão migrando para carreiras com propósito."

Robertson acrescenta que, como muitas pessoas se acostumaram a trabalhar em casa desde março de 2020, o aspecto social que mantinha muitos trabalhadores presos aos seus empregos enfraqueceu significativamente.

Habiba Islam é consultor de carreira da 80.000 Horas, uma ONG que fornece informações sobre como os indivíduos podem causar o maior impacto social durante sua vida profissional.

"Para a maioria das pessoas, a carreira delas é a melhor maneira de causar um impacto positivo", diz ela. "A pandemia e as mudanças que ela fez para funcionar levaram as pessoas a pensar mais sobre a escolha de carreira e o que querem fazer."

"Mas havia outros fatores em jogo. O outro aspecto é enfrentar uma catástrofe global. Isso volta a atenção das pessoas para problemas mundiais maiores, pensando que talvez pudessem estar trabalhando para prevenir a próxima Covid, por exemplo", acrescenta.

Habiba Islam trabalha no 80.000 Horas, que ajuda as pessoas a encontrarem empregos que podem ajudar a sociedade e os problemas do mundo - Habiba Islam/BBC Brasil

Yasmina Kone, de 27 anos, gerenciava o recrutamento de graduados em um escritório de advocacia quando a Covid-19 surgiu.

"A pandemia foi uma época interessante", diz ela. "Passava muito tempo sentada atrás de uma tela, e isso me fez focar em quem estava se beneficiando com meu trabalho e como eu estava usando minhas habilidades.

"Houve um sofrimento generalizado como resultado da pandemia e comecei a perceber que queria ter um impacto mais direto nas comunidades vulneráveis".

Então, em maio de 2021, Kone deixou o emprego para se tornar gerente na Beam, uma empresa social que ajuda moradores de rua a encontrar empregos.

Ela diz que seu novo papel tem sido motivador quando o mundo parece "um lugar escuro.Agora, estou mudando a vida das pessoas".

Kone admite que aceitou uma redução no salário pelo cargo. No entanto, ela diz que valeu a pena.

"Todos os dias, eu ajudo as pessoas. Isso é uma motivação mental, além de férias ilimitadas e opções de compartilhamento."

Robertson insiste que é possível uma pessoa mudar para um emprego mais socialmente relevante sem ter que ver seu salário cair.

"Ouvimos pessoas dizerem que há um 'imposto moral' (quando se deixa um emprego corporativo por outro com um propósito), com cortes massivos de salários ou tendo que trabalhar em uma instituição de caridade, mas esse não é mais o caso", diz Robertson.

Ela aponta para o crescimento dos chamados negócios "B Corps" —empresas de todos os tamanhos que se comprometeram a equilibrar o lucro com um propósito e a considerar seu impacto na comunidade em geral e no meio ambiente.

"Existem agora centenas de B Corps oferecendo carreiras com propósito", diz Robertson.

Para aqueles que estão reavaliando suas carreiras, Islam recomenda explorar qual problema social você mais se preocupa e deseja trabalhar, e quais são suas habilidades específicas.

"Por exemplo, talvez você possa trabalhar em pesquisa para ajudar a fazer avanços em um determinado campo. Ou trabalhar no governo ou na política. Também há a possibilidade de atuar em uma organização sem fins lucrativos", diz ela.

"Há uma variedade de empregos diferentes, de comunicação a liderança, empreendedorismo e ou até mesmo a criação de uma organização sem fins lucrativos. Veja o que uma carreira gratificante e de alto impacto podem significar para você. Todo mundo tem prioridades diferentes dependendo da localização, finanças e fatores pessoais."

​Rachel Abraham acrescenta que "depois de um ano tão turbulento em 2020", ela "ficou refletindo sobre o que considera importante na vida".

Trabalhando com marketing, a jovem de 27 anos de Liverpool, diz que "não queria mais gerar soluções apenas para os negócios".

Abraham acrescenta: "Eu queria aplicar minhas habilidades em uma causa mais moralmente centrada. Eu sabia que queria trabalhar para uma instituição de caridade que prioriza e defende o bem-estar mental positivo, especialmente com jovens."

Então, ela ingressou na iheart, uma instituição de caridade de educação em saúde mental infantil, como gerente de marketing, em agosto de 2021.

"Trabalhando para uma instituição de caridade, as pessoas são muito mais legais e as interações diárias são gratificantes. Especialmente quando você está recebendo feedback de crianças que estão se sentindo muito mais confiantes", diz ela.

Abraham acrescenta que é uma satisfação imediata no trabalho. "Você não está colocando centavos no bolso de uma pessoa desconhecida. Há um propósito maior."

'Meu chefe via pelo computador o que os funcionários faziam em casa. Era sinistro', BBC News FSP

 

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BBC NEWS BRASIL

O monitoramento eletrônico de funcionários no home office tem crescido, segundo uma pesquisa realizada no Reino Unido —onde o governo tem sido instado a endurecer as regras e banir o uso de webcams.

Quando o primeiro lockdown começou na Inglaterra, ainda em 2020, o engenheiro Chris (nome fictício para proteger sua identidade) despachou a maior parte de sua equipe para casa. E, para que pudessem continuar a realizar suas operações de alta tecnologia, a ordem foi conectar os laptops e PCs pessoais às máquinas presentes no escritório, que eram mais potentes.

Na época, diz Chris, "não nos importamos". Até que certo dia ele visitou o escritório e viu a tela de cada um de seus colegas à mostra, ali, enquanto eles trabalhavam de casa. "Um dos gerentes estava não apenas olhando para o nosso trabalho", conta Chris. "Ele conseguia ver exatamente o que estávamos fazendo, o tempo todo —ao que assistíamos no YouTube, esse tipo de coisa."

"Era sinistro", prossegue. "O gerente estava olhando para (a tela dos) nossos computadores pessoais para monitorar o que fazíamos de casa, e não só quando nós estávamos trabalhando. Era algo bizarro."

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A tecnologia usada pelos chefes de Chris ficava, antes da pandemia, confinada ao ambiente de trabalho, para monitorar as ações de funcionários. São desde câmeras que gravam os empregados em suas baias até sensores de movimento e gravadores que registram toques de mouse e de teclado.

Com o avanço da pandemia e da prática de home office, o sindicato britânico Prospect tem pedido por normas regulatórias mais rígidas em torno do uso de tecnologia de monitoramento de funcionários.

O sindicato também pede ao governo que torne explicitamente ilegal que empregadores usem webcams para monitorar empregados em home office, a não ser que estejam em reuniões ou chamadas virtuais.

Um levantamento do Prospect com 2,4 mil trabalhadores britânicos indica que 32% dos entrevistados no Reino Unido estão atualmente sendo monitorados por suas empresas, um aumento de 8 pontos percentuais em relação a abril. A maior taxa (48%) é entre trabalhadores de 18 a 34 anos.

E proporção de pessoas sendo monitoradas por câmeras dentro de suas próprias casas mais do que dobrou, de 5% para 13% desde abril. "Estamos acostumados à ideia de empregadores verificando trabalhadores, mas quando as pessoas estão trabalhando de casa, isso ganha uma nova dimensão", diz o secretário-geral do sindicato, Mike Clancy.

"Novas tecnologias permitem que os empregadores tenham uma constante janela para a casa de seus funcionários, e o uso dessa tecnologia não é regulado pelo governo."

O Information Commissioner's Office (ICO), agência encarregada do assunto, recomenda que empregadores deixem claro para suas equipes quando elas forem ser monitoradas —seja em casa ou no escritório— antes de o monitoramento começar. As razões para o monitoramento também devem ser explicitamente informadas.

O ICO pede que empregadores considerem os potenciais efeitos negativos de monitorar seus funcionários e avaliem ferramentas menos intrusivas, pedindo a funcionários que reportem suas atividades por e-mail ou telefone.

Chris, que trocou de emprego depois de saber que suas atividades em casa estavam sendo monitoradas pela empresa, opina que a vigilância "excessiva" é contraproducente. "Minha produtividade não caiu quando comecei a trabalhar de casa", ele afirma.

"(Mas) fiquei mais nervoso quando soube o que estava acontecendo (em referência ao monitoramento). Em boa parte do tempo, meu trabalho consiste em projetar coisas em papel, longe da tela, então isso não é registrado por alguém que está simplesmente olhando o que estou fazendo no meu desktop."

"Provavelmente o cara (que fazia o monitoramento) achou que eu tivesse ido assistir Netflix ou algo do tipo, mas eu não tinha. É um jeito muito obtuso e despersonalizante de tentar garantir que as pessoas se comportem da forma como a empresa deseja."

Anna Thomas, diretora do centro de estudos Institute for the Future of Work, afirma que o crescimento da vigilância está "aumentando a pressão" sobre funcionários. Mas as empresas usuárias desse tipo de tecnologia argumentam que estão agindo de modo razoável, em um momento em que tantos funcionários estão longe do olhar de seus supervisores.

Pesquisas oficiais sugerem que, após o relaxamento de algumas medidas anti-Covid-19, menos britânicos estão trabalhando exclusivamente em casa ou em esquemas híbridos em comparação com o início da pandemia. Mas, mesmo assim, muitos seguem em home office.

O governo propôs em novembro que as pessoas tenham o direito ao trabalho flexível assim que comecem em um novo emprego. "As pessoas têm a expectativa de conseguir manter suas vidas pessoais em privado e que tenham o direito a algum grau de privacidade no ambiente de trabalho", disse na época um porta-voz do ICO.

"Estamos trabalhando no momento para atualizar nossas práticas empregatícias para endereçar as mudanças em leis de proteção de dados e para refletir novas formas como empregadores usam a tecnologia e interagem com suas equipes.