segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Mais de 50% das fraudes em licitações de saneamento ocorreram em SP, diz PF. OESP

A Operação Vinil, deflagrada pela Polícia Federal e pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) nesta segunda-feira, 27, identificou fraudes em mais de cem licitações de saneamento básico em ao menos 13 Estados. Segundo a PF, mais de 50% das fraudes ocorreram em licitações em São Paulo.

“A maioria, mais de 50% (das fraudes) foi no Estado de São Paulo”, disse o delegado da PF Claudio Alves Barreiro, coordenador da operação.

Foto: PF

Foto: PF
A investigação mira crime de formação de cartel por empresas do ramo de conexões de PVC e polipropileno, em licitações públicas de obras de infraestrutura em saneamento.
Segundo a PF, 65 policiais federais e 20 servidores do Cade cumpriram 15 mandados de busca e apreensão em São Paulo, grande São Paulo e na cidade de Santa Bárbara D’Oeste, todos expedidos pela 5ª Vara Criminal Federal de São Paulo. Agentes vasculharam a sede de 4 empresas e endereços ligados a 11 pessoas físicas – diretores, sócios e ex-sócios.
“A gente tem provas de que no ano de 2012, em determinado período, alguns meses, as empresas, tem provas documentais disso, de que elas ratearam em torno de R$ 40 milhões entre cada uma delas para se saírem revezadamente vencedoras em licitações nesse ano, para cada empresa”, declarou o delegado.
A Vinil mira fraudes em licitações no Amazonas, na Bahia, no Maranhão, na Paraíba, no Mato Grosso, no Mato Grosso do Sul, no Paraná, em Santa Catarina, em São Paulo, no Rio Grande do Sul, em Minas Gerais e no Espírito Santo.
“As empresas trabalhavam da seguinte forma: apresentando propostas fictícias ou de cobertura que são propostas, é a forma mais frequente em rigor da implementação desses esquemas de conluio entre os concorrentes. Eles faziam também supressão de propostas, propostas rotativas e divisão de mercado”, relatou o superintendente-geral do Cade, Alexandre Cordeiro Macedo.
O inquérito policial teve início em junho de 2017 quando o Ministério Público Federal encaminhou, para investigação pela PF, o acordo de leniência firmado entre o Cade e uma empresa fabricante de conexões, no qual se descrevem condutas anticompetitivas dela e de outras três empresas do ramo, afetando o mercado nacional, entre os anos de 2004 e 2015, comprometendo licitações em pelo menos 13 estados.
O relatório do Cade aponta indícios de violação da ordem econômica por meio de conluio entre as empresas para frustrar o caráter competitivo das licitações públicas, como a fixação de preços e condições comerciais; a abstenção de participação em licitações; acordos para divisão de clientes e lotes entre concorrentes e o compartilhamento de informações comercialmente sensíveis. São apurados crimes de abuso do poder econômico (formar acordo visando a fixação artificial de preços e o controle regionalizado do mercado por um grupo de empresas), previstos na Lei 8.137/90, com penas de 2 a cinco anos de prisão e multa.

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Análise: Alckmin dá passos importantes para unificar o centro, Oesp


Vera Magalhães
27 Novembro 2017 | 15h58
Na minha coluna de domingo, escrevi que a desarticulação do PSDB, aliada à busca de parte do eleitorado por um “novo” bastante difuso, eram fatores que jogavam a favor da pulverização eleitoral em 2018 e, por isso, contra a ideia de que um tucano, no caso Geraldo Alckmin, de novo polarizasse com o PT a disputa pelo voto.
Nas últimas horas, dois movimentos da política acabaram por reordenar o tabuleiro a favor do governador de São Paulo. Um deles, a renúncia dos dois pré-candidatos ao comando do PSDB em seu favor, teve sua participação direta, na articulação.
O outro, o anúncio de Luciano Huck de que não disputará as eleições, decorreu da análise do cenário por parte do apresentador de TV e do balanço de perdas e danos que teria ao se lançar no mar bastante turvo da política.
O fato é que, tirados do caminho os dois candidatos mais evidentes a encarnar essa “novidade” manifestada no imaginário do eleitorado — Huck e o prefeito de São Paulo e afilhado pródigo de Alckmin, João Doria Jr. — fica mais fácil para o paulista pavimentar o caminho para uma aliança ampla que inclua, além do PSDB, PMDB, DEM, PSD, PPS e os partidos do chamado “Centrão”.

O próximo passo para isso será Alckmin, depois de assumir o comando do PSDB, conduzir o partido para uma decisão final e menos atabalhoada sobre como proceder diante do governo Michel Temer. Tratei também disso no domingo: o partido esteve, ainda que em constante motim, no barco de Temer nos momentos de mar revolto das duas denúncias de Rodrigo Janot. Decide (decide?) sair agora que o presidente se segurou no cargo e a economia começa a dar sinais mais consistentes de recuperação. Com que objetivo? Tendo a ganhar exatamente o que?
Não vai colar o discurso de intolerância ética ao PMDB, uma vez que foram parceiros até aqui. A redução de danos que Alckmin poderá fazer será, caso o desembarque seja a tese a prevalecer, arrancar das bancadas tucanas o compromisso (e não “firme recomendação, no melhor estilo tucano) de aprovar a reforma da Previdência.
Isso dará aos tucanos, depois de muito tempo, um discurso programático claro, pró-reformas, um retorno à sua antiga plataforma. E fará com que Alckmin tenha musculatura para pleitear o apoio do PMDB, que já vinha, de forma reativa, falando em buscar um candidato para defender o “legado” de Temer –que, se hoje é o de uma impopularidade recorde, pode ser, na época em que a campanha estiver bombando, o de uma economia rodando com crescimento na casa de 2% e recuperação do emprego, o maior chamariz para as urnas.
O fato é que a reorganização do tabuleiro para que fique mais nítido como se alinharão as forças de centro –e os grandes partidos, que detêm o maior tempo de TV e estrutura partidária– confere à pré-campanha um grau maior de previsibilidade e isola os dois pólos que, justamente pelos erros de estratégia das legendas maiores, vinham se destacando nas pesquisas: Lula e Jair Bolsonaro.
*Análise originalmente publicada no Broadcast Político.

Nota de repúdio, Conif


O Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Conif) repudia, com veemência, as informações publicadas pelo jornal O Estado de S.Paulo nesta terça-feira, 21/11, e por outros veículos de comunicação com base no relatório do Banco Mundial intitulado “Um ajuste justo: uma análise da eficiência e da equidade do gasto público no Brasil". Os dados divulgados são irreais, contrastam com os indicadores positivos registrados nos últimos anos e, o mais grave, negam o investimento em uma área social prioritária, ao desconsiderar a atuação exitosa, socialmente reconhecida, dessas instituições, bem como ignoram a capilaridade dos institutos federais.
São 644 unidades em todo o Brasil, alcançando, inclusive, locais de difícil acesso; cerca de um milhão de estudantes (938.736) e mais de 70 mil servidores que viabilizam a oferta da educação profissional, técnica e tecnológica, formação de professores e bacharelados. Do total de matrículas, 27.570 (2,93%) são em cursos de pós-graduação; 237.008 (25,24%) em cursos superiores; 554.888 (59,11%) em cursos técnicos; 103.896 (11,06%) em cursos de Formação Inicial e Continuada (FIC); 15.374 (1,63%) na educação básica.
O desempenho no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) reafirma a qualidade presente na Rede Federal. Análise de pesquisadores do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) aponta que, na edição de 2014, o rendimento dos alunos superou o dos demais sistemas educacionais brasileiros (estaduais, municipais e privados).
A qualidade do ensino é, também, reconhecida internacionalmente. No último exame do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), realizado em 2015 pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a Rede Federal teve médias superiores às de países considerados referência em educação, como Alemanha, Coreia do Sul e Estados Unidos. É o que mostram os dados divulgados pela OCDE, com avaliações de estudantes de 70 países e territórios.
Ao excluir a oferta da educação profissional técnica de nível médio, o relatório distorce a realidade, pois utiliza como dado geral um recorte que não corresponde ao universo das matrículas. Ao assim se posicionar na divulgação de notícias, o Estadão e outros canais de comunicação corroboram a ideia da existência de um custo irreal do aluno do ensino superior, na medida em que não o integra no contexto geral de matrículas, o qual abarca desde a Formação Inicial e Continuada até a Pós-Graduação. 
Em relação ao custo por aluno, informações divulgadas pelo O Estado de S.Paulo e outros veículos apresentam números incorretos, inclusive divergentes da fonte que embasou a publicação. Enquanto o relatório do Banco Mundial aponta o custo individual de R$ 27.850 no período de 2013 a 2015, matéria veiculada pelo O Estadão, por exemplo, eleva esse valor para R$ 74 mil ao ano, divergindo dos números reconhecidos pelo Conif. Dados oficiais do Ministério da Educação (MEC) registram que, no ano de 2016, o Gasto Corrente por Aluno GCA-Absoluto dos Institutos Federais foi de R$ 12.917,35 e, o GCA-Equivalente, R$ 16.946,89.
Diante do exposto e considerando que mais de 80% dos estudantes são de origem socioeconômica menos favorecida, o Conif reitera a defesa da educação pública federal gratuita e de excelência, reconhecendo a atuação da Rede Federal no combate às desigualdades sociais.


Confira a nota na íntegra.

João Pessoa (PB), 23 de novembro de 2017.
Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Conif) – 41ª Reunião dos Dirigentes das Instituições Federais de Educação Profissional e Tecnológica (Reditec)