terça-feira, 7 de outubro de 2014

‘Estou desolada com São Paulo e preocupada com o Brasil’, diz historiadora

O resultado da eleição no estado de São Paulo deve provocar uma reflexão de âmbito geral, sobre a vitória de Geraldo Alckmin. E em particular, no âmbito do PT, principal partido de oposição no estado, sobre o desempeno do candidato Alexandre Padilha. A avaliação é da cientista política e historiadora Maria Victória Benevides, professora aposentada da USP, que se disse “desolada e perplexa”.
“Estou desolada com São Paulo e preocupada com o Brasil”, resumiu.
A professora se diz intrigada com alguns resultados vistos pelo país, como a vitória do PSDB em São Paulo. “Se aqui foi um dos lugares do país onde mais se protestou no ano passado contra a corrupção e a falta de qualidade nos serviços públicos, como entender? Crise de água, crise de segurança, de saúde e educação de péssima qualidade, serviços péssimos”, enumera.
Durante algum tempo, como ela observa, se dizia que a classe política parecia não ter entendido os recados das ruas. “Agora me parece que tampouco as ruas entenderam o recados das ruas”, ironiza.
“Se fosse a indignação com a corrupção o problema, não teria sido o PT a principal vítima dos protestos, como acabou sendo. Em parte graças aos meios de comunicação, em parte à despolitização dos movimentos, que foram importantes, sobrou para Dilma, e sobrou para o Haddad, e só”, constata.
“O que diferencia Alckmin de Paulo Maluf quando ele se refere ao assunto segurança pública? Nada. É o mesmo discurso e a mesma prática da ditadura, que sufoca o conceito de direitos humanos, desloca o seu sentido de acesso a educação, moradia digna, acesso a empregos, para uma rotulação torta de que defender direitos humanos é defender bandido”, avalia.
Mas o mais grave, em sua opinião, foi a postura do PT em relação à candidatura do ex-ministro Alexandre Padilha. “Padilha teve um comportamento excepcional, mostrou que não é liderança política de se ressentir e tocou com seriedade e fidelidade sua campanha. O resultado surpreendente no final de votação, comparado com desempenho supostamente fraco nas pesquisas, revela o abandono a que foi submetida sua campanha. Foi uma irresponsabilidade do partido”, afirma a historiadora.
No plano nacional, a professora pretende avaliar nos próximos dias como irá de comportar o eleitorado de Marina Silva. “Vamos ver de que tamanho era o contingente de antipetistas que apostaram em sua candidatura, e se a maioria deles já bandeou para o lado do Aécio Neves já no primeiro turno, já que ele recebeu uma votação acima da esperada. Agora, tem o pessoal mais ligado a suas origens de esquerda, o ambientalismo, vamos ver para que lado irá”, diz
“O fato é que está dada mais uma vez a mesma polarização PT-PSDB dos últimos 20 anos. A diferença é que agora há uma candidato mais jovem, de fora de São Paulo, bem-sucedido em seu estado”, lembra Maria Victória.
Saiba Mais: rba

Derrota histórica em São Paulo põe petistas no divã

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VERA ROSA - O ESTADO DE S. PAULO
07 Outubro 2014 | 03h 00

Lula se reúne com dirigentes para cobrar nova estratégia para o 2º turno no Estado, berço do partido, onde desempenho foi pífio


O pífio desempenho da presidente Dilma Rousseff em São Paulo e a acachapante derrota petista no maior colégio eleitoral do País fizeram o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrar a correção de rumo no partido e puseram o PT no divã, procurando culpados pela sangria dos votos.
Para Lula, o PT virou um partido “de gabinete” e “burocratizado”, que precisa sair da defensiva se quiser vencer a eleição.“O lugar do PT não é no gabinete. É nas ruas”, disse o ex-presidente, ontem, em conversa com dirigentes do partido. Diante de correligionários abalados com o fiasco de Alexandre Padilha, candidato do PT ao governo de São Paulo, Lula foi ainda mais duro.
“Não dá para a gente deixar o antipetismo dominar a eleição e entregar tudo de mão beijada para os tucanos”, emendou ele, segundo relato da conversa obtido pelo Estado.

HÉLVIO ROMERO/ESTADÃO
Senador perdeu a eleição deste ano para José Serra

Movimentos sociais. Lula afirmou que, se Dilma for reeleita, vai querer mais participação no segundo governo dela, porque precisa fazer a “ponte” com a política e com movimentos sociais, principalmente em São Paulo.
Em São Paulo, berço do PT e reduto político do PSDB, Dilma foi “atropelada” por Aécio Neves (PSDB), que ficou com 44,2% dos votos válidos enquanto ela obteve 25,8%. Padilha, por sua vez, teve o pior desempenho de um candidato do partido ao Palácio dos Bandeirantes desde 1994. Para completar, o senador Eduardo Suplicy (SP) sofreu um revés e, das 18 cadeiras perdidas pelo PT n a Câmara dos Deputados, 8 são de São Paulo.
Dilma vai mirar São Paulo, nesse segundo turno, na tentativa de ampliar sua votação. Na prática, a cúpula do partido ainda se debruça sobre o fracasso, na tentativa de encontrar motivos para a rejeição no Estado. Para o prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho, as prisões de petistas condenados no processo do mensalão, como José Dirceu, José Genoino, Delúbio Soares e João Paulo Cunha, atrapalharam tanto Dilma como Padilha.
Coordenador da campanha de Dilma em São Paulo, Marinho disse ser “inegável” o impacto do escândalo na disputa. “Mas nós precisamos reagir”, disse Lula. “Se não vamos ficar comendo a vida toda o pão que o diabo amassou.”
Uma ala do partido também tentou culpar a má avaliação do prefeito Fernando Haddad pelo fiasco em São Paulo, mas o ex-presidente não compartilha desse diagnóstico, sob a alegação de que o problema não está apenas em um fator.
Em reunião realizada ontem entre Dilma e sua equipe, a avaliação foi de que “todos os erros possíveis” da campanha foram concentrados em São Paulo. “Tivemos muita dificuldade com a militância, mas vamos trabalhar forte para reverter esse quadro lá”, argumentou o ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho.
‘Símbolos’ perdidos. Dilma perdeu em cidades simbólicas para o PT, governadas pelo partido, como São Bernardo, Santo André, Osasco e Guarulhos e em bairros da periferia da Capital historicamente leais ao PT. Em 2010, a presidente venceu em 26 zonas eleitorais de São Paulo; em 2014 Dilma ficou na frente dos adversários em apenas 15.
Da reunião com Lula, participou também o presidente do diretório estadual do PT, Emídio de Souza. Entre as duras críticas à condução da campanha de Padilha, o ex-presidente exigiu mudanças na estratégia para São Paulo no segundo turno.
Pesquisas feitas pela campanha de Padilha apontavam havia mais de um mês para o risco da avalanche antipetista no Estado.
A busca por explicações vai além das pesquisas. O partido avalia que a campanha de Padilha, que durante várias semanas apostou em ampliar o discurso para o eleitorado mais conservador do Estado, puxou Dilma para baixo.
Segundo um dirigente, Padilha demorou para buscar a polarização com o governador tucano Geraldo Alckmin e, com isso, “não ganhou o voto dos conservadores e perdeu o dos petistas”.
“Também houve uma campanha forte da mídia contra o PT em São Paulo com a divulgação de casos de corrupção”, disse o presidente municipal do partido, Paulo Fiorilo.

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Alckmin terá mais apoio na Assembleia Legislativa de SP, por Luiz Guilherme Gerbelli

O apoio ao governador reeleito de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), ficará maior na Assembleia Legislativa a partir de 2015. Com todas as urnas apuradas, o PSDB será representado por 22 deputados estaduais. O partido manteve o mesmo tamanho da bancada atual, mas se consolidou como a principal legenda.
Na legislatura atual, os tucanos dividem a liderança em números de deputados com o PT. Mas a baixa votação do candidato petista ao governo do Estado, Alexandre Padilha, se refletiu no Legislativo. Na oposição ao PSDB desde o governo Mario Covas, iniciado em 1995, o PT será a segunda maior bancada da Assembleia, mas com 14 deputados, abaixo dos atuais 22.
O desempenho do PSDB no Estado foi influenciado sobretudo por bons puxadores de votos. Os três deputados estaduais mais votados foram os tucanos Fernando Capez, Coronel Telhada e Orlando Morando. Ao todo, 21 legendas elegeram pelo menos um representante na Assembleia.
Além do enfraquecimento do principal partido de oposição, o governador reeleito de São Paulo foi beneficiado porque bancadas de legendas aliadas cresceram. O DEM, por exemplo, terá um deputado a mais - de 7 passará para 8. O partido será a terceira maior bancada da casa.
O PSB, do futuro vice-governador Márcio França, também aumentará a quantidade de representantes na Casa, de 4 para 5. A bancada do PRB crescerá de 2 para 4 deputados. O Solidariedade também terá um número maior de deputados - crescerá de 1 para 2. O PPS - outro partido alinhado com os tucanos - manteve o mesmo tamanho de bancada, com três representantes.
Dos nanicos que integraram a coligação de reeleição de Geraldo Alckmin, PSC e PEN também conseguiram crescer em representatividade. O PSC verá a bancada subir de 1 para 3 deputados, e o PEN aumentará de 1 para 2 o número de representantes.
Embora tenha ficado neutro durante o primeiro turno, o PTB deverá se aliar a Alckmin no novo mandato. O partido chegou a integrar a coligação do tucano, mas abandonou para lançar a candidatura de Marlene Campos Machado ao Senado. Na Assembleia, o PTB diminuirá de tamanho. Dos atuais 5 deputados, terá apenas 3 em 2015.
O PV, que lançou Gilberto Natalini ao governo do Estado, mas sempre foi próximo dos tucanos no Estado, elegeu 6 deputados e também terá uma bancada inferior à atual, composta por 8 deputados.
Oposição
Em relação aos grandes partidos que lançaram candidatos para enfrentar Alckmin, o PMDB, que concorreu ao Palácio dos Bandeirantes com Paulo Skaf, permaneceu com cinco deputados. O PDT, que integrou a chapa com a indicação do vice José Roberto Batochio, diminuirá de tamanho. Na próxima legislatura, terá apenas um deputado. Na atual, é representado por dois parlamentares.
O PSD, que também integrou a chapa de Skaf, com a candidatura de Gilberto Kassab ao Senado, perdeu uma vaga na Assembleia. O partido, que foi criado na atual legislatura, cairá de 5 deputados para 4.
O PP, do ex-governador paulista Paulo Maluf, manteve duas cadeiras na Assembleia. O partido também integrou a coligação encabeçada pelo PMDB.
O PC do B, que apoiou o PT, de Alexandre Padilha, na disputa estadual manteve o mesmo tamanho e seguirá com dois representantes.
Na oposição, o PR teve o crescimento mais expressivo, de 1 para 3 deputados. A bancada do PSOL também aumentou, de 1 para 2 deputados.