quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Fios da região central de São Paulo serão aterrados, diz Haddad


27/02/2013 - 03h30


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DE SÃO PAULO
A Eletropaulo se comprometeu ontem em reunião com o prefeito Fernando Haddad (PT) a enterrar a fiação das ruas José Paulino, no Bom Retiro, e do Gasômetro, no Brás, ambas na região central de São Paulo.
De acordo com Haddad, a medida estava prevista em acordo entre a prefeitura e a Eletropaulo no ano passado.
O enterramento está na programação da Eletropaulo para este ano, afirmou o prefeito logo após o encontro. As duas ruas foram reformadas recentemente pela prefeitura, e a retirada da fiação estava prevista na obra.
Haddad tem a meta de enterrar os fios na maior parte da cidade, mas o alto custo emperra o projeto. "É uma operação de vulto. Para se ter uma ideia, custa R$ 3 milhões por quilômetro", disse o prefeito.
Eduardo Knapp/Folhapress
Fiação na alameda Santos, na região dos Jardins, região nobre de São Paulo
Fiação na alameda Santos, na região dos Jardins, região nobre de São Paulo
No domingo, a Folha publicou que estimativas da Eletropaulo e da prefeitura na gestão Gilberto Kassab (PSD) indicavam um custo de R$ 100 bilhões para sumir com os fios da cidade.
"Temos de sentar à mesa para saber qual é a fórmula que o país adotará para colocar essa ideia [de enterrar os fios] de pé. Isso envolve as empresas, a prefeitura e as agências reguladoras", afirmou Haddad, sem se comprometer com prazos para implantação da medida.
Outra ação acertada no encontro foi a instalação de "no-breaks" em semáforos de 176 cruzamentos da cidade.
Os equipamentos --que garantem o funcionamento dos semáforos mesmo com queda de energia-- devem ser instalados até abril. A medida vai custar mais de R$ 3 milhões à empresa.
Na reunião, prefeitura e Eletropaulo também discutiram uma troca de informações sobre falta de energia para melhorar a segurança em momentos de apagões.
Segundo Haddad, a ideia é que a empresa informe imediatamente quando faltar luz em algum bairro para que a Secretaria de Segurança Urbana e a Polícia Militar possam tomar medidas para melhorar a segurança nos locais.
"A sensação de insegurança da população é muito grande nessas circunstâncias. [A falta de energia na rua] Não deixa de ser uma situação de risco para o cidadão", disse o prefeito.
Folha não conseguiu confirmar as informações com a Eletropaulo ontem. (EVANDRO SPINELLI)

Mais de 1 milhão entram e saem de SP diariamente



27 de fevereiro de 2013 | 8h 25
TIAGO DANTAS - Agência Estado
O empresário Bruno Rafael Candido de Oliveira, de 29 anos, tem horários flexíveis e, às vezes, trabalha de casa. Quando precisa ir ao escritório, no centro de São Paulo, usa o Rodoanel para cortar caminho e diz não se incomodar com os 50 quilômetros de distância entre a capital e Vargem Grande Paulista. Como Oliveira, diariamente 1,1 milhão de pessoas - mais do que a população de Campinas - viajam a São Paulo para trabalhar ou estudar e depois voltam para casa naqueles que são chamados de movimentos pendulares.
Os deslocamentos entre cidades paulistas dobraram em uma década, enquanto o crescimento populacional foi de 1% ao ano. O fenômeno foi analisado pelo Núcleo de Estudos de População (Nepo) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a pedido da Empresa Paulista de Planejamento (Emplasa), para ajudar a planejar políticas de habitação e mobilidade. A pesquisa obtida pelo Estado considera viagens feitas por maiores de 15 anos na macrometrópole paulista - 173 municípios entre a Baixada Santista e o Vale do Paraíba, passando por São Paulo, Campinas e São José dos Campos.
A história de Oliveira ajuda a explicar o crescimento dos movimentos pendulares. "Morando em São Paulo, você está sempre no ?220?. Quando chego em casa, desligo, passo uma noite agradável e volto renovado para o trabalho no outro dia", diz Oliveira, que trabalha com comércio eletrônico. Casado e com uma filha de sete meses, ele quer se mudar para um condomínio da Granja Viana, em Cotia. Porém, ainda ficará longe da capital.
Entre 2000 e 2010, o total de moradores da macrometrópole passou de 23,6 milhões para 26,4 milhões - crescimento de 11,9%. A quantidade de movimentos pendulares passou de 1,6 milhão para 2,9 milhões, uma alta de 81,2%. É como se toda a população de Mato Grosso se locomovesse diariamente.
Para os pesquisadores, além da qualidade de vida exigida por Oliveira, outros fatores explicam o fenômeno. "Passa pela desconcentração da atividade econômica, com muitas empresas deixando a capital ao longo dos anos 1990 e 2000, e pelo surgimento de novas formas de ocupação do espaço, como condomínios", diz o professor José Marcos Bento da Cunha.
Ao analisar o perfil econômico da população pendular, os pesquisadores notaram também que a maior parte tem alta escolaridade e maior renda do que quem trabalha no município em que reside. "Temos em São Paulo a urbanização dispersa. Tem gente disposta a ficar duas horas no fretado para morar com mais conforto e aproveitar melhor o fim de semana", afirma Cunha.
Na estrada
O engenheiro Renato Pelizzon, de 41 anos, e a gerente de produtos Paulette Renault, de 42, fizeram essa escolha. Em dezembro, o casal se mudou para Sorocaba. Ele nasceu no interior, viveu na capital por alguns anos, mas, com o nascimento do filho, voltou com Paulette para o interior. O trabalho continua, porém, na capital. "Há vantagens e desvantagens. Quando vivia na capital, acordava às 7h. Hoje, acordo às 5h15 por causa do fretado", diz o engenheiro. "A qualidade de vida é muito melhor. Por outro lado, a variedade de São Paulo é muito maior."
Rodoanel e estradas de qualidade explicam o deslocamento do casal de Sorocaba e de demais viajantes pendulares. "Esses movimentos são favorecidos pela infraestrutura de rodovias e estradas de ferro", diz a diretora de Planejamento da Emplasa, Rovena Negreiros.
O programa de trens regionais é exemplo de como o Estado pode melhorar a situação da população pendular, diz Rovena. "A população e a dinâmica econômica têm pressa. Isso aqui (os resultados da pesquisa) expressa urgência. A população pode ter parado de crescer, mas está se redistribuindo."
Preocupação
Planejamento é a solução para o principal problema enfrentado por quem faz movimentos pendulares: o trânsito. O publicitário Thiago Sabino, de 26 anos, gasta de 1h a 1h30 para sair de casa, em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, e chegar à zona sul de São Paulo, onde trabalha. Ele diz que até gostaria de morar mais perto, mas o preço dos imóveis e o custo de vida fazem a diferença. "No ABC, posso fazer várias coisas a pé ou pego um táxi que sai mais barato. A maioria dos meus amigos da capital não tem casa própria", diz Sabino, que vive em um condomínio clube. "Em São Paulo, não compraria nem uma quitinete." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo. 

A força do emprego


Celso Ming - O Estado de S.Paulo
A tabela que está no Confira mostra que o Brasil ostenta hoje condições privilegiadas no seu mercado de trabalho. Um desemprego que atinge apenas 54 pessoas em cada mil que compõem a força de trabalho é fator positivo. Cobra lá seu preço, que é o custo crescente da mão de obra na economia. Mas é melhor enfrentar esse problema de custos com alto nível de emprego do que contar com mão de obra barata e, ao mesmo tempo, amargar filas intermináveis de procura por trabalho.

O nível de desemprego de 5,4% registrado em janeiro é o mais baixo para o mês desde 2002, quando o IBGE passou a fazer o levantamento das condições do emprego com a metodologia usada hoje - compatível com a usada internacionalmente.

Quem se lembra da desocupação de dezembro, de meros 4,6% da força de trabalho, pode ter ficado com a impressão de que, no mês seguinte, pioraram as condições do mercado de trabalho. Mas não dá para comparar os dois números por causa das diferenças sazonais. Dezembro é mês atípico, quando o comércio e o sistema de distribuição contratam funcionários temporários para dar conta das vendas de fim de ano. Descontado esse fator, vamos ver que a desocupação em janeiro é quase a mesma do mês anterior.

Os especialistas advertem: o mercado de trabalho passa por mudança estrutural que tem importantes bases demográficas. De uns anos para cá, mais gente leva mais tempo para entrar no mercado de trabalho, porque tem de estudar e se preparar; e mais pessoas trabalham como autônomas, especialmente no setor de serviços - ou seja, mantêm uma ocupação sem vínculo empregatício. Essa é uma das razões pelas quais o emprego com carteira de trabalho assinada está crescendo menos. Outro indicador importante é o nível de ocupação da população em idade de trabalhar, hoje de 54,4%, muito próximo do recorde histórico.

Essas transformações apontam para situação que beira o pleno emprego, que se caracteriza por relativa escassez de oferta de mão de obra. Essa condição não deixa de ser uma anomalia quando comparada ao baixo avanço do PIB do Brasil pelo segundo ano consecutivo.

O alto nível do emprego, principal objetivo da política econômica dos governos nos três últimos séculos, é obviamente um marco expressivo na ficha econômica do Brasil. No entanto, produz consequências negativas que precisam ser neutralizadas.

A falta de mão de obra gera a elevação dos custos de produção que, conjugada aos demais custos da economia no Brasil, tende a tirar competitividade do setor produtivo ante a concorrência externa. Outro impacto do pleno emprego - já apontado em outras edições desta Coluna - deverá vir quando houver expansão mais forte do PIB. Serão as pressões inevitáveis sobre os custos do trabalho, algo que preocupa o Banco Central.

Um dos modos de assegurar preços melhores ao produto brasileiro é incrementar a produção com o mesmo emprego de mão de obra (aumento da produtividade do trabalho), o que se consegue com maiores investimentos em educação e treinamento de pessoal. E esse é um dos grandes gargalos do setor produtivo do Brasil.