terça-feira, 2 de junho de 2020

Exército assume papel de empreiteira e tem R$ 1 bi em obras sob Bolsonaro, RF

O governo Jair Bolsonaro turbinou a contratação do Exército para tocar grandes obras. Os militares mantêm hoje uma carteira com R$ 1 bilhão de projetos em execução.

A maioria dos empreendimentos pertence ao Ministério da Infraestrutura. O Ministério do Desenvolvimento Regional também é um cliente dos militares.

Com o porte bilionário, o Departamento de Engenharia do Exército se consolida como uma das maiores empreiteiras na lista de fornecedores da União. Essa injeção de recursos leva a críticas de empresas privadas.

Sob Bolsonaro, corporação se consolida com contratos de R$ 1 bilhão com o governo.

De formação militar, o ministro Tarcísio de Freitas (Infraestrutra) iniciou a gestão com fotos da BR-163 (PA) em redes sociais informando que um batalhão do Exército faria o asfaltamento do último trecho da rodovia até Miritituba.

As obras da BR-163 ficaram empacadas por décadas. A conclusão desse trecho final viabilizaria o escoamento da safra de grãos do Centro-Oeste pelos portos do Norte, criando uma saída mais rápida para a exportação em relação aos tradicionais portos de Paranaguá (PR) e Santos (SP). Em novembro passado, ele postou fotos de novo, agora com soldados no dia do término da missão.

Só com Tarcísio, a Infraestrutura fechou seis projetos com o Exército -parte do bolo bilionário vem de projetos de governos passados. Os novos contratos totalizam R$ 200 milhões.

Quatro deles se referem a obras de restauração, manutenção e outros serviços em quatro rodovias: BR-135 (MA), BR-110/316 (PE), BR-230 (PB) e BR-432 (RR).

Os outros dois foram repasses do ministério para a compra de equipamentos e veículos pelo Exército a serem usados na prestação dos serviços.

A Infraestrutura, em nota, afirmou que a parceria com o Exército se deve pela "experiência em regiões de difícil logística" na Amazônia. Segundo a pasta, são mobilizadas forças já disponíveis na região.

O Comando do Exército disse, também em nota, que a parceria "traz como ganhos adicionais para a sociedade o adestramento da tropa e a possibilidade de renovação da frota de equipamentos e viaturas das organizações militares, formação profissional de milhares de jovens durante o serviço militar obrigatório, capacitando-os a ingressar no mercado de trabalho".

Não só na Amazônia atua o Exército, porém.

Um sétimo projeto tratará da construção de um dos trechos da Fiol (Ferrovia de Integração Oeste-Leste). O contrato será assinado em dois meses. O valor estimado do novo projeto é de pelo menos R$ 100 milhões.

​O anúncio foi feito pelo próprio ministro durante uma vistoria ao local, há cerca de dez dias. "O Exército vem fazendo um trabalho extraordinário, como foi feito nas obras da BR-163 [no Pará], e agora vai participar das obras do trecho entre Bom Jesus da Lapa e São Desidério", disse Tarcísio.

Executado pela Valec, estatal ligada ao Ministério da Infraestrutura, o lote 6 da Fiol, na Bahia, será construído pelo 4º Batalhão de Engenharia de Construção, de Barreiras (BA), e pelo 2º Batalhão Ferroviário, de Araguari (MG).

Segundo o ministério, será a primeira vez que um batalhão ferroviário assumirá uma ferrovia desde a implementação da Ferroeste (Estrada de Ferro do Oeste), nos anos 1990.

A Fiol foi dividida em dois trechos. O primeiro deles ligará Caetité ao porto de Ilhéus, na Bahia. O segundo irá de Caetité até Barreiras, no interior do estado.

A ferrovia terá 485,4 km de extensão e prevê investimentos de R$ 2,7 bilhões. Hoje, 40% do traçado está concluído.

Segundo o ministério, a ferrovia reduzirá os custos de transporte de grãos, álcool e minérios para exportação e estimulará a ampliação da produção agroindustrial. Também permitirá a ligação do Tocantins, do Maranhão de Goiás e da Bahia aos portos de Ilhéus (BA) e Itaqui (MA).

Nos bastidores, construtoras privadas que já atendem o governo reclamam que o Exército está sendo beneficiado com os melhores projetos. Elas não quiseram falar por temer represálias.

O Exército nega. Segundo a corporação, a participação dos militares em obras de cooperação é muito pequena. "Não há, portanto, nenhum tipo de prejuízo ou concorrência com a iniciativa privada."

A Infraestrutura afirmou que 98% dos projetos foram repassados a empresas privadas. No entanto, as empresas dizem que há "intensa pulverização" no valor dos contratos.

De acordo com elas, os contratos firmados pelo Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), responsável pela manutenção das rodovias federais que não foram concedidas à iniciativa privada, neste ano somam até o momento R$ 980 milhões -38% para obras e 62% para serviços.

Juntos, os cinco maiores fornecedores receberam R$ 251,8 milhões. São eles: Neovia Infraestrutura Rodoviária (R$ 66,8 milhões); Construtora Meirelles Mascarenhas (R$ 58,5 milhões); Pavia Brasil (R$ 53 milhões); Construtora Visor (R$ 42,7 milhões); e LCM Construtora e Comércio (R$ 30,8 milhões).

Segundo a Infraestrutura, o Dnit e Exército mantêm R$ 560 milhões em contratos para construção de vias e de aproximadamente R$ 230 milhões para manutenção.

"Esse montante em carteira de empreendimentos com o Exército não será desembolsado totalmente neste ano, mas se divide em contratos com previsão de até cinco anos de execução, mediante a existência do recurso."

No Ministério do Desenvolvimento Regional, há cinco empreendimentos com o Exército. Porém, todos foram contratados na gestão do ex-presidente Michel Temer (MDB). As obras e os pagamentos continuam em andamento.

Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2020/06/exercito-...

segunda-feira, 1 de junho de 2020

Shoppings do Brasil vão vender pela Amazon, FSP

Parceria com o braço brasileiro da bigtec busca ampliar vendas digitais, consideradas essenciais após a pandemia

SÃO PAULO

Com o processo inicial de reabertura ainda restrito na maioria dos estados e municípios brasileiros, os shoppings começam a adotar novas alternativas para garantir as vendas e atender consumidores que querem manter o distanciamento social ou fazem parte do grupo de risco.

Além da manutenção de drive-thru e delivery após o período de quarentena, os shoppings Eldorado, em São Paulo, e Nova América, no Rio de Janeiro, vão levar as lojas para a Amazon Brasil. A partir de junho, por meio de uma parceria, os empreendimentos terão uma página exclusiva no marketplace.

A medida passa a valer nesta segunda-feira (01), no mesmo dia em que começa a reabertura gradual do comércio nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, com horário de funcionamento reduzido e fluxo limitado de pessoas.

Pessoas usam máscaras em um shopping
Reabertura restrita dos shoppings e do comércio de rua começa nesta segunda-feira (1) - Evaristo Sa/AFP

Nas lojas físicas, a expectativa é que o fluxo médio de pessoas e as vendas tenham queda de até 50% em relação ao cenário pré-coronavírus.

Segundo o diretor de marketing da Ancar Ivanhoe —administradora dos dois shoppings—, Diego Marcondes, a ação com a Amazon faz parte de um pacote de medidas voltada para a digitalização das vendas. A empresa quer ter páginas para todos os shoppings do grupo na plataforma da Amazon até o final do ano.

“Em 2019, já havíamos lançado aplicativos para os shoppings que administramos e adiantamos em dois meses o calendário de inovações que tínhamos programado para os próximos dois anos”, diz ele.

“Agora, com a estratégia de levar os shoppings para a plataforma de marketplace, geramos curadoria para os lojistas e expandimos a disponibilidade dos shoppings para um âmbito nacional.”

A entrega dos produtos ficará a encargo do lojista, que também poderá usar os serviços oferecidos pela Napp Solutions para digitalização de seus estoques de forma gratuita por um período mínimo de 60 dias ou enquanto o empreendimento estiver fechado.

Ainda segundo Marcondes, outro processo adotado como forma de incentivar as vendas foi a implementação de armários digitais em 21 empreendimentos da administradora.

“Quanto mais oportunidades de compra e venda, tanto para o lojista quanto para o consumidor, melhor. Esses lockers [armários] também vêm para corroborar isso”, afirma o diretor da Ancar.

O serviço, chamado de “Retire Aqui”, começará a ser instalado nos shoppings nesta segunda e funcionará como um drive-thru, mas sem hora marcada. O cliente entra em contato com a loja, via site ou Whatsapp, e faz a compra.

Caso opte por retirar o produto nos armários disponíveis nas áreas de acesso do shopping, basta usar o QR Code disponibilizado pela marca para destrancar a gaveta e pegar a compra em até 72 horas.

Os armários estarão nos shoppings Nova América, Boulevard, Botafogo Praia, Madureira, Nova Iguaçu e Rio Design Barra, no Rio de Janeiro. Já em São Paulo, estarão nos shoppings Pátio Paulista, Eldorado, Itaquera, Golden Square, Parque das Bandeiras e CenterVale.

No Nordeste, a ação ocorre em Fortaleza (North Shopping Fortaleza, North Shopping Jóquei, Via Sul) e Natal (Natal Shopping). O Conjunto Nacional, em Brasília, o Pantanal Shopping, em Cuiabá e o Porto Velho Shopping, em Rondônia, também receberão os armários.

De acordo com Evandro Ferrer, presidente da Ancar Ivanhoe, a expectativa é que 50% dos consumidores sigam comprando online após a pandemia. “Os shoppings e o varejo como um todo precisaram acelerar a digitalização”, diz.