sexta-feira, 4 de abril de 2025

Alvaro Costa e Silva - O incrível da fusão de 1975 é o Rio não ter acabado de vez, FSP

 Em 15 de março, dia em que a fusão dos antigos estados da Guanabara e do Rio de Janeiro completou 50 anos, o cientista político Christian Lynch publicou na Folha um artigo apontando o desastre que representou e representa a medida arbitrária do regime militar. "Ela criou um estado artificial, verdadeira dependência do governo federal, sem qualquer coesão política entre capital e interior, que não só nunca emparelhou com São Paulo, mas cuja história de meio século é de ininterrupta decadência e colapso governativo", definiu Lynch.

Reportagem em O Globo confirmou com exemplos vivos o que significa o colapso da autoridade —que primeiro foi imposto e depois endossado por cariocas e fluminenses por meio do voto. Bastou convidar seis ex-governadores e o atual titular do cargo para analisar a fusão. Diante da turma de incompetentes e corruptos —Cláudio Castro, Wilson Witzel, Luiz Fernando Pezão, Sérgio Cabral, Anthony Garotinho e Rosinha Garotinho, Moreira Franco—, a pergunta é como o Rio de Janeiro não acabou de vez.

Na galeria de governadores do período, ainda tivemos Faria Lima, interventor dos militares; Chagas Freitas, eleito bionicamente e construtor do esquema de clientelismo que vigora até hoje; Leonel Brizola e Marcello Alencar depois da democratização, além de dois vices que assumiram o Palácio Guanabara: Nilo Batista e Benedita da Silva. É pouco ou quer mais?

Os entrevistados elegem um culpado: o general Ernesto Geisel, que, com a fusão, neutralizou na Guanabara a força do MDB, único partido de oposição à época. Têm razão, mas não explicam dois problemas crônicos que atingem a população: a segurança pública e o déficit fiscal (R$ 2,4 bilhões no fim de 2024).

Com reduto eleitoral em Campos, o casal Garotinho dá o mapa da mina desativada: "Os moradores da Baixada e do outro lado da baía sempre votam e pensam diferente dos cariocas". Nas eleições do ano passado, Eduardo Paes bateu fácil o candidato bolsonarista na capital, enquanto o PL fez 22 prefeitos em cidades importantes.

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