O FMI adotou tom de preocupação na última semana ao falar sobre as perspectivas da China.
A instituição enfatizou o risco de que sua nova projeção de crescimento de 7,8% para o país neste ano seja otimista demais e afirmou que não há substituto na economia mundial para o motor chinês.
Poucos se arriscam a prever o colapso do gigante asiático, mas já há bancos e consultorias esperando um crescimento em 2013 menor do que 7,5%, o que seria o ritmo mais lento desde 1990.
A desaceleração chinesa é necessária. A expansão excessiva dos financiamentos bancários, nem sempre direcionados ao consumo e a atividades produtivas, criou uma bolha nos últimos anos que Pequim agora tenta esvaziar.
A China, mola propulsora da expansão e da fama dos Brics, não é o único país do grupo que precisa colocar a economia em ordem.
Na Índia, um significativo rombo nas transações com o exterior levou a forte desvalorização recente da rupia. A Rússia enfrenta desaceleração econômica provocada pela perda de competitividade do setor privado, exacerbada pelo ritmo lento dos investimentos.
Tampouco há sinais de retomada no Brasil. O indicador que mede a atividade econômica calculado pelo Banco Central apontou em maio a maior contração desde o fim de 2008, e muitos analistas já esperam que 2014 seja tão fraco quanto 2013 --ou pior.
Desequilíbrios, desacelerações e contrações fazem parte dos ciclos econômicos e normalmente são acompanhados por debandada de investidores. Não tem sido diferente com os Brics --que, depois do Japão nos 1980 e das empresas da tecnologia na década seguinte, se tornaram moda no início deste século.
Isso não quer dizer que a euforia com o bloco tenha sido cortina de fumaça. O acrônimo, que soa como "tijolos" em inglês, foi uma boa sacada para reunir um grupo heterogêneo --Brasil, Rússia, Índia, China e, mais recentemente, África do Sul-- que tinha em comum o potencial de crescimento.
Em 2000, somadas, as economias do quinteto representavam pouco mais de um quarto do Produto Interno Bruto norte-americano. Essa proporção saltou para 95% no ano passado, quando as riquezas produzidas pelo grupo atingiram US$ 14,9 trilhões.
Mas a era do boom dos Brics pode estar ficando para trás. O enfraquecimento econômico do grupo tem efeito direto em cada um dos países, com a diminuição do fluxo de comércio e de investimentos. Esse impacto poderá se intensificar se a marca vier a ser substituída por outro modismo de mercado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário