sábado, 22 de maio de 2021

Tribunal de Justiça decide que lei que criou o Parque Minhocão é inconstitucional, OESP

 Redação, O Estado de S.Paulo

22 de maio de 2021 | 09h49

O Órgão Especial do Tribunal de Justiça de São Paulo considerou inconstitucional a lei que criou o Parque Minhocão e prevê a desativação gradativa do Elevado João Goulart, antigo elevado Costa e Silva.  A decisão foi tomada no último dia 19, pelo Órgão Especial do Tribunal.

De acordo com o TJ-SP, o  colegiado decidiu que a invasão de competência do Executivo municipal e a ausência de estudos técnicos prévios autorizam a declaração de inconstitucionalidade da norma. Ou seja, o entendimento é que a lei que criou o Parque deveria ser proposta pelo prefeito e não por vereadores.

ctv-7k2-arquibancada-minhocao2
Norma que criou o Parque Minhocão é de 2018 Foto: TIAGO QUEIROZ/ESTADAO

 Além disso, o  relator da Ação Direta de Inconstitucionalidade, o desembargador James Siano, afirmou que o projeto não passou pelo crivo da sociedade. Segundo ele, as audiências públicas ocorridas entre 2014 e 2017 "não foram lastreadas em planos técnicos passíveis de embasar o debate na seara parlamentar".

 A norma que criou o Parque Minhocão é de 2018, quando o prefeito de São Paulo era João Doria (PSDB). Na ocasião, a Prefeitura argumentou que a criação de parques não era uma iniciativa exclusiva do poder executivo. A criação do Parque Minhocão está em pauta desde a gestão do ex-prefeito Fernando Haddad (PT).  


Sede histórica da Abril na Marginal Tietê é leiloada por R$ 118,78 milhões, FSP

  EDIÇÃO IMPRESSA

SÃO PAULO

Os prédios que compõem a sede histórica da Editora Abril na Marginal Tietê, em São Paulo, foram arrematados por R$ 118,78 milhões em leilão encerrado nesta sexta (21), no final da manhã.

O lance mínimo pelos imóveis, cuja inauguração foi em 1968, era de R$ 110,53 milhões. Não foi anunciado o nome do comprador.

PUBLICIDADE

A venda é parte do Plano de Recuperação Judicial do Grupo Abril, aprovado em agosto de 2019, visando enfrentar uma dívida que passava então de R$ 1,6 bilhão.

revista Exame já havia sido arrematada por R$ 72,3 milhões pelo BTG Pactual, que hoje detém a maior parte da dívida do grupo. Uma outra unidade ainda será leiloada, reunindo imóveis de Campos do Jordão, no interior paulista.

A atenção do grupo se volta agora para a nova sede, na rua Cerro Corá, Alto da Lapa, zona oeste de São Paulo. O prédio está em fase final de reforma e, pós-pandemia, deverá incorporar um novo formato de trabalho.

Prédio tem a logo da editora Abril no topo direito
Fachada da antiga sede da editora Abril, na Marginal Tietê, em São Paulo - Gabriel Cabral - 20.mai.21/Folhapress

Segundo o empresário e advogado Fábio Carvalho, que comprou a empresa da família Civita no final de 2018, os veículos da Abril, encabeçados pela revista Veja, estão em trabalho 100% remoto desde março de 2020, regime que deve ser mantido, em parte.

"Tomamos a decisão de que o modelo preponderante de trabalho na Abril daqui para a frente será híbrido, com a maior parte dos colaboradores podendo trabalhar remotamente parcelas superiores a 50% do tempo", diz ele.

"O escritório novo privilegiará espaços de convivência e colaboração e será usado primordialmente para os momentos em que for mais interessante e mais produtivo para os times se encontrarem presencialmente." Com isso, "a presença deixa de ser uma obrigatoriedade".

Prédio que abrigará a nova sede da editora Abril - Gabriel Cabral - 20.mai.21/Folhapress

O presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo, Paulo Zocchi, diz que a entidade "defende que haja manutenção da jornada de trabalho, que a empresa arque com todos os custos do trabalho em home office e que continue responsável pelas condições de saúde dos funcionários".

Defende também que "haja plena liberdade de escolha para quem preferir trabalhar presencialmente".

Segundo Zocchi, "o sindicato vê que a empresa está obtendo grande vantagem financeira, pois poderá alugar um imóvel bem menor do que seria necessário para abrigar todas as redações", o que "permite um suporte financeiro aos funcionários em teletrabalho".

Marcos Mendes - A causa da estagnação está no excesso de erros de política econômica, FSP

 A soltura e a reabilitação política dos presos por corrupção desencadearam movimento para reescrever a história, negando a existência dos crimes. Agora tenta-se, também, apagar os erros de política econômica, sugerindo-se que a recessão iniciada em 2014 seria fruto de choque externo negativo, excessos da Lava Jato e pautas-bomba da oposição.

Esse argumento ignora que crescimento econômico requer aumento de produtividade, competição, qualidade da regulação, previsibilidade e consistência das políticas fiscal e monetária. Por anos, a política econômica atentou contra esses pilares, tornando inevitável o tombo de 2014.

PUBLICIDADE

É curioso que se coloque a culpa em choque externo, pois o longo superciclo de commodities foi um bilhete premiado para o Brasil, que foi desperdiçado. Acreditando que o ganho de renda era permanente e que, por mágica, havíamos definitivamente mudado de patamar de renda, a política econômica se enredou em equívocos. Seguem alguns exemplos.

De 2009 a 2012, quando o preço médio do barril de petróleo estava acima de US$ 90, foram interrompidas as licitações de novos campos. Quando retomadas, o preço já caminhava para US$ 50 e tínhamos um novo marco regulatório que desestimulava a competição, com contratos preferenciais para a Petrobras.

Em vez de receber os royalties em dinheiro, o governo passou a ser pago em petróleo. Precisou criar uma nova estatal para armazenar e vender o óleo, acumulando custos e prejuízos. A perda de royalties, investimentos e empregos está na casa das centenas de bilhões de dólares.

O novo marco regulatório do setor elétrico derrubou os investimentos e elevou o custo da energia. Leilões de rodovias e aeroportos baseados em populismo tarifário atraíram investidores oportunistas, gerando custo fiscal e serviços ruins.

Petrobras e Eletrobras foram induzidas a investir em setores de baixa rentabilidade, acumulando obras paradas e ativos inúteis. Fundos de pensão de diversas estatais foram compelidos a financiar projetos ruinosos e tiveram suas reservas corroídas.

A economia foi fechada à concorrência e aos investimentos estrangeiros, por meio de requerimentos de conteúdo local, medidas antidumping e regime automotivo. Os oligopólios nacionais ficaram livres para subir preços e relaxar na inovação tecnológica. Veneno para o crescimento.

Mais de R$ 500 bilhões foram despejados no BNDES para financiar investimentos a juros subsidiados. O dinheiro foi absorvido, em boa parte, por grandes empresas que não precisavam de subsídios.

Criaram-se distorções, como o financiamento de caminhões a juros negativos, o que levou ao excesso na oferta e à queda no valor dos fretes, fazendo a sociedade refém das greves de caminhoneiros.

Os benefícios tributários, financeiros e creditícios pularam de 3% para 6,7% do PIB entre 2003 e 2015. Quem pedisse levava.

A interferência na definição da taxa Selic desancorou a inflação, que passou de 10% ao ano no fim de 2015. O custo de desinflação e retomada da credibilidade do Banco Central se fez sentir posteriormente. Também se tentou inutilmente baixar os juros forçando os bancos públicos a reduzir suas taxas, o que resultou em prejuízos a essas instituições.

O governo acaba de reconhecer a perda de R$ 46 bilhões em créditos incobráveis do Fies, que decorreu de desenho equivocado do programa. Não faltaram iniciativas caras e de baixa eficácia, como Ciência sem Fronteiras e Pronatec.

Em 2014, a folha de pagamento da União havia crescido 66% em termos reais, na comparação com 2003. Foram corriqueiros os aumentos excessivos de salário e as contratações sem critério. Afrouxou-se o controle do endividamento dos estados, que quebraram e repassaram a conta para a União.

Os passivos se acumularam e desembocaram na dívida pública, que pulou de 52% para 68% do PIB entre maio de 2014 e maio de 2016. Um salto de 16 pontos do PIB em apenas dois anos, sem que o país tenha passado por guerra ou pandemia.

Muitas das políticas erradas persistem, defendidas pelo lobby dos beneficiários, e vão dificultar a retomada do crescimento por muitos anos. Esquecer ou negar os erros não nos fará um país melhor.