sábado, 12 de setembro de 2009

IMPRENSA INDEPENDENTE????

Luiz Gonzaga Belluzzo 03/09/2009 16:50:25

Eu estava na ante-sala de uma médica, em Salvador. Sábado, dia 29 de agosto. E apenas por essa contingência, dei-me de cara com uma chamada de primeira página - uma manchetinha - da revista Época, já antiga, de março deste ano de 2009: A moda de pegar rico - as prisões da dona da Daslu e dos diretores da Camargo Corrêa.

Alguém já imaginou uma manchete diferente, e verdadeira como por exemplo, A moda de prender pobres? Ou A moda de prender negros? Não, mas aí não. A revolta é porque se prende rico. Rico, mesmo que cometendo crimes, não deveria ser preso.

Lembro isso apenas para acentuar aquilo que poderíamos denominar de espírito de classe da maioria da imprensa brasileira. Ela não se acomoda - isso é preciso registrar. Não se acomoda na sua militância a favor de privilégios para os mais ricos. E não cansa de defender o seu projeto de Brasil sempre a favor dos privilegiados e a favor da volta das políticas neoliberais. Tenho dito com certa insistência que a imprensa brasileira tem partido, tem lado, tem programa para o País.

E, como todos sabem, não é o partido do povo brasileiro. Ela não toma partido a favor de quaisquer projetos que beneficiem as maiorias, as multidões. Seus olhos estão permanentemente voltados para os privilegiados.

Não trai o seu espírito de classe. Isso vem a propósito do esforço sobre-humano que a parcela dominante de nossa mídia vem fazendo recentemente para criar escândalos políticos. E essa pretensão, esse esforço não vem ao acaso. Não decorre de fatos jornalísticos que o justifiquem.

Descobriram Sarney agora. Deu trabalho, uma trabalheira danada. A mídia brasileira não o conhecia após umas cinco décadas de presença dele na vida política do país. Só passou a conhecê-lo quando se fazia necessário conturbar a vida do presidente da República. O ódio da parcela dominante de nossa mídia por Lula é impressionante. Já que não era possível atacá-lo de frente, já que a popularidade e credibilidade dele são uma couraça, faça-se uma manobra de flanco de modo a atingi-lo. Assim, quem sabe, terminemos com a aliança do PMDB com o PT.

Não, não se queira inocência na mídia brasileira. Ninguém pode aceitar que a mídia brasileira descobriu Sarney agora. Já o conhecia de sobra, de cor e salteado. Não houve furo jornalístico, grandes descobertas, nada disso. Tratava-se de cumprir uma tarefa política. Não se diga, porque impossível de provar, ter havido alguma articulação entre a oposição e parte da mídia para essa empreitada. Talvez a mídia tenha simplesmente cumprido o seu tradicional papel golpista.

Houvesse a pretensão de melhorar o Senado, de coibir a confusão entre o público e o privado que ali ocorre, então as coisas não deviam se dirigir apenas ao político maranhense, mas à maior parte da instituição. Só de raspão chegou-se a outros senadores. Nisso, e me limito a apenas isso, o senador Sarney tem razão: foi atacado agora porque é aliado de Lula. Com isso, não se apagam os eventuais erros ou problemas de Sarney. Explica-se, no entanto, a natureza da empreitada da mídia.

A mídia podia se debruçar com mais cuidado sobre a biografia dos
acusadores. Se fizesse isso, se houvesse interesse nisso, seguramente encontraria coisas do arco da velha. Mas, nada disso. Não há fatos para a mídia. Há escolhas, há propósitos claros, tomadas de posição. Que ninguém se iluda quanto a isso.
Do Sarney a Lina Vieira. Impressionante como a mídia não se respeita.

E como pretende pautar uma oposição sem rumo. É inacreditável que possamos nós estarmos envolvidos num autêntico disse-me-disse quase novelesco, o país voltado para saber se houve ou não houve uma ida ao Palácio do Planalto. Não estamos diante de qualquer escândalo. Afinal, até a senhora Lina Vieira disse que, no seu hipotético encontro com Dilma, não houve qualquer pressão para arquivar qualquer processo da família Sarney - e esta seria a manchete correta do dia seguinte à ida dela ao Senado. Mas não foi, naturalmente.

Querem, e apenas isso, tachar a ministra Dilma de mentirosa. Este é objetivo. Sabem que não a pegam em qualquer deslize. Sabem da
integridade da ministra. É preciso colocar algum defeito nela. Não
importa que tenham falsificado currículos policiais dela,
vergonhosamente. Tudo isso é aceitável pela mídia. Os fins, para ela, justificam os meios.

Será que a mídia vai atrás da notícia de que Alexandre Firmino de Melo Filho é marido de Lina? Será? Eu nem acredito. E será, ainda, que ele foi mesmo ministro interino de Integração Nacional de Fernando Henrique Cardoso, entre agosto de 1999 e julho de 2000? Era ele que cochichava aos ouvidos dela quando do depoimento no Senado? Se tudo isso for verdade, não fica tudo muito claro sobre o porquê de toda a movimentação política de dona Lina? Sei não, debaixo desse angu tem carne?

Mas, há, ainda, a CPI da Petrobras que, como se imaginava, está quase morrendo de inanição. Os tucanos não se conformam, E nem a mídia. Como é que a empresa tornou-se uma das gigantes do petróleo no mundo, especialmente agora sob o governo Lula e sob a direção de um baiano, o economista José Sérgio Gabrielli de Azevedo? Nós, os tucanos, pensam eles, fizemos das tripas coração para privatizá-la e torná-la mais eficiente, e os petistas mostram eficiência e ainda por cima descobrem o pré-sal. É demais para os tucanos e para a mídia, que contracenou alegremente com a farra das privatizações do tucanato.

Acompanho o ditado popular ?jabuti não sobe em árvore?. A CPI da Petrobras não surge apenas como elemento voltado para conturbar o processo das eleições. Inegavelmente isso conta. Mas o principal são os interesses profundos em torno do pré-sal. Foi isso ser anunciado com mais clareza e especialmente anunciada a pretensão do governo de construir um novo marco regulatório para gerir essa gigantesca reserva de petróleo, e veio então a idéia da CPI, entusiasticamente abraçada pela nossa mídia. Não importa que não houvesse qualquer fato determinado. Importava era colocá-la em marcha.

Curioso observar que a crise gestada pela mídia com a tríade
Sarney-Lina- Petrobras, surge precisamente no mesmo período daquela que explodiu em 2005. Eleições e mídia, tudo a ver. Por tudo isso é que digo que a mídia constitui-se num partido. Nos últimos anos, ela tem se comportado como a pauteira da oposição, que decididamente anda perdida. A mídia sempre alerta a oposição, dá palavras-de- ordem, tenta corrigir rumos.

De raspão, passo por Marina Silva. Ela sempre foi duramente atacada pela mídia enquanto estava no governo Lula. Sempre considerada um entrave ao desenvolvimento, ao progresso quando defendia e conseguia levar adiante suas políticas de desenvolvimento sustentável. De repente, os colunistas mais conservadores, as revistas mais reacionárias, passam a endeusá-la pelo simples fato de que ela saiu do PT. É a mídia e sua intervenção política. Marina, no entanto, para deixar claro, não tem nada com isso. Creio em suas intenções de intervenção política séria, fora do PT. Neste, teve uma excelente escola, que ela não nega.

Por tudo isso, considero essencial a realização da I Conferência
Nacional de Comunicação. Por tudo isso, tenho defendido com
insistência a necessidade de uma nova Lei de Imprensa. Por tudo isso, em defesa da sociedade, tenho defendido que volte a obrigatoriedade do diploma para o exercício da profissão de jornalista. Por tudo isso, tenho dito que a democratização profunda da sociedade brasileira depende da democratização da mídia, de sua regulamentação, de seu controle social. Ela não pode continuar como um cavalo desembestado, sem qualquer compromisso com os fatos, sem qualquer compromisso com os interesses das maiorias no Brasil.

terça-feira, 9 de junho de 2009

 05 de junho de 2009

Um movimento pela preservação do emprego do Minc

O ministro do meio ambiente Carlos Minc pode não ser uma pessoa muito simpática aos olhos dos políticos tradicionais e dos estilistas em geral. É esquisitão, adora aparecer, meio estressado, faz umas grosserias, mas ele está absolutamente certo na maior parte das batalhas que tem travado.

Os bois que capturou no pasto, em junho do ano passado, encalharam nos três leilões que organizou. Foi ridicularizado, mas estava certo. O pesquisador do Imazon, Paulo Barreto, fez um estudo e afirmou que esta foi uma das ações mais bem-sucedidas na contenção do desmatamento.

Quando detonou o Incra, mostrando que seus assentamentos eram desmatadores, ouviu impropérios, mas provou-se correto na afirmação.

A contenda desta vez opõe o ministro aos que querem a flexibilização do licenciamento, um processo absurdamente demorado na maioria dos casos. Mas não tê-lo é pior. É falta de visão estratégica.

O Brasil é o candidato mais bem posicionado no silencioso concurso internacional que escolherá o país modelo na área ambiental. Está no caminho. Os maiores concorrentes são os países nórdicos e alguns europeus. Quem chegar na frente, será um polo de atração de investimentos.

A Índia acaba de fazer um planejamento  — o e Greenpeace teve acesso ao documento  —  segundo o qual estará produzindo 200 000 megawatts de energia solar até 2050. O fará mesmo com as evidentes desvantagens da energia solar sobre o carvão.

Ser conhecido como país avançado, consciente e limpo é uma marca poderosa. O Brasil tem um enorme potencial a explorar em energias renováveis. Tem uma das quatro maiores coberturas vegetais do planeta e biodiversidade ímpar. Os mecanismos que vão transformar isso em dinheiro ainda estão sendo criados, mas vão existir.

O que o Minc defende não é apenas um discurso bonitinho para jovens senhoras inglesas verem. Mas o ministro ficou fragilizado. Muito fragilizado. Seu pronunciamento em cadeia nacional, agora há pouco, foi uma mostra disso. Uma prestação de contas desenfreada como se estivesse dizendo ao chefe que está trabalhando.

Tudo o que de pior pode acontecer é o ministro ficar fragilizado, neste momento, em que a legislação ambiental está sob ataque. Sugiro ler o site da Frente Parlamentar Ambientalista para ter mais detalhes.  

Muitas vezes a importância das leis passa despercebida. É como o jogo de futebol em que o juiz atua bem: ninguém nota sua presença em campo. Há poucos dias, chegando em Brasília, encontrei uma senhora de aproximados 75 anos. Dona Juranda, carioca, moradora das imediações da Praça da Cruz Vermelha, no centro do Rio. Ela andava com dificuldade e me ofereci para carregar sua bolsa.

Ela ficou muito feliz, não pode se livrar da bolsa que não me concedeu, mas pelo oferecimento. “Todo mundo anda me tratando tão bem”, disse. Sua teoria é de que o arcabouço legal de proteção aos idosos está fazendo efeito. Primeiro gerou imposições e depois consciência nas pessoas.  Levou um tempo entre uma coisa e outra.

O mesmo acontece com a legislação ambiental. Ela vai gerar consciência. A conservação será uma atitude mais natural. Enquanto isso, precisa-se de um ministro que saiba se impor. O Minc sabe. Nem a insensibilidade ambiental do presidente Lula o impediu de dizer, no mesmo dia, à noite, que seguirá sua consciência, nem que tenha que sair do governo. Até prova em contrário de suas reais intenções, torço para que não saia. 



Por Ronaldo França - 20:49    •    Enviar Comentário     •    Ler Comentários 


Meio Ambiente

Plásticos são maioria entre lixos marítimos

8 de junho de 2009

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A maior parte do lixo encontrado nos oceanos é composto por produtos plásticos, como garrafas, sacos e embalagens. Em algumas regiões, a "poluição plástica" representa 80% de todos os detritos encontrados. As informações fazem parte de um relatório do Programa Ambiental das Nações Unidas (Unep, na sigla em inglês) divulgado nesta segunda-feira em comemoração ao Dia Mundial dos Oceanos.

Embora a Unep não tenha como precisar o total de lixo nos oceanos, a entidade garante que as evidências indicam que a quantidade de entulho está crescendo. O relatório da ONU tem o intuito de alertar os governos das regiões onde a situação está mais crítica, para que alguma solução seja tomada.

A principal causa da poluição marítima, segundo a ONU, são o desperdício e a má administração dos recursos naturais. Ainda segundo a entidade, os sacos plásticos finos deveriam ter sua produção banida e o processo de reciclagem incentivado pelos governos.

O plástico também atinge diretamente os animais que vivem no mar ou dependem dele para sobreviver. Um estudo com os pássaros fulmaros glaciais, encontrados no Mar do Norte, revelou que 95% deles tinham pedaços de plástico em seus estômagos. Ao confundir a poluição com comida, muitos animais acabam ingerindo o plástico por engano, como é o caso das tartarugas que, frequentemente, confundem sacolas com águas-vivas, sua principal presa.

Economicamente, os países também acabam perdendo com a poluição, uma vez que ela pode contaminar áreas de agricultura e turismo, além de danificar barcos e equipamentos de pesca. Em apenas um ano, a Suécia gastou cerca de 1,5 milhão de dólares (aproximadamente 3 milhões de reais) para recuperar as praias de Bohuslan. O Peru também teve que investir cerca de 400.000 dólares (pouco mais de 780.000 reais) - o dobro do investimento feito na limpeza das áreas públicas – apenas para limpar sua costa.