Nos últimos anos, apaixonei-me pela música clássica ocidental. Durante a década de 1960, na universidade, fui obrigada, no estilo dos Estados Unidos, a fazer alguns cursos de "educação geral" na área de ciências humanas.
No último ano escolhi um curso de um ano de "apreciação musical", uma história da música ocidental,
do canto gregoriano até o dodecafônico.
Não sou musicista. Na universidade, eu era uma animada cantora de música folk, mas o melhor que conseguia fazer no violão era tocar os três acordes apropriados. No curso de apreciação musical fui mal, porque no segundo semestre de primavera parei de ir às aulas. Os alunos do quarto ano fazem isso, e eu estava apaixonada.
Naquela época, nunca ouvia música clássica. Eu a respeitava —minha mãe tinha sido cantora de ópera na juventude e, de qualquer forma, as pessoas educadas devem respeitá-la. Mas eu não a usava como música de fundo da minha vida. Agora uso.
Eu escuto o dia inteiro a WETA, a excelente estação de música clássica de Washington, e quando viajo sempre tento encontrar a estação de música clássica local, como a Scalla FM 102.9.
A nova paixão surgiu durante o ano em que minha mãe, aos 98, estava morrendo, entre 2020 e 2021, quando ela e eu, em homenagem à sua juventude musical, ouvíamos música clássica no rádio.
Quando me emociono com o concerto para flauta e harpa de Mozart, K. 299, sinto que o espírito de mamãe está comigo.
Mas sou economista e historiadora, e não consigo parar de pensar nesses assuntos. Existe alguma conexão misteriosa entre as inovações surpreendentes de 1776 até o presente na economia e as inovações igualmente surpreendentes de 1600 até o presente na música clássica?
Até onde sei, mesmo a música das cortes da Índia ou da China, digamos, não passou pela elaboração de harmonia, contraponto, modulações de tons e mudanças dinâmicas que ocorreram na Europa.
É claro que o grande enriquecimento afetou a música, trazendo a alta música clássica para a burguesia nas enormes salas de concerto do século 19, e então produzindo a música gravada dos grandes que minha mãe e eu ouvíamos. Mas estou perguntando se há alguma conexão causal mais profunda, sinalizando algo único sobre os primórdios da Europa moderna.
Diga-me você.