segunda-feira, 4 de setembro de 2023

JBS movimenta 2,1% do PIB do Brasil e contribui para a geração de 2,7% dos empregos no país, mostra Fipe

 A JBS e as cadeias produtivas ligadas a ela no Brasil movimentaram, em 2021, o equivalente a 2,10% do PIB (Produto Interno Bruto) e contribuíram para a geração de 2,73% dos empregos do país. As informações constam de levantamento inédito produzido pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) via Nereus (Núcleo de Economia Regional e Urbana da Universidade de São Paulo) sobre a mensuração da importância socioeconômica das atividades relacionadas à Companhia.

Para chegar a esses números, calculados no biênio 2020-2021, os pesquisadores consideraram o efeito inicial (a partir das próprias unidades), o efeito direto (relacionamento com fornecedores diretos de insumos), o efeito indireto (impactos ao longo de toda a cadeia de suprimentos) e o efeito renda (indução da atividade econômica). A JBS conta com unidades de produção em mais de 130 municípios, o que contribui para a geração de riqueza no interior do país, analisa o estudo, coordenado por Eduardo Amaral Haddad e Carlos Roberto Azzoni e que se estendeu por todo o ano de 2022. A equipe conta ainda com os pesquisadores Ademir Rocha, André Squarize Chagas, Fernando Salgueiro Perobelli, Inácio Fernandes de Araújo, Leonardo Merlini e Pedro Acioly.

O trabalho concluiu que o benefício das atividades da JBS se estende a cidades vizinhas, pelo efeito nos empregos e salários. “A JBS induz ganhos de produtividade nos municípios em que está e leva ao crescimento da atividade econômica em todas as regiões em que atua”, complementa o estudo.

Por meio de informações públicas e privadas, foi possível chegar ao tamanho da cadeia de produção de todas as atividades ligadas à Companhia e determinar a importância de cada grupo de atividades por meio da análise de modelagem de insumo-produto, técnica que procura mapear a economia como uma série de setores interligados. Entraram no cálculo produção, capital, consumo das famílias, exportações, insumos, trabalho e terra, entre outros fatores. Foram analisados 67 setores e 127 produtos.

“Para nós, que como empresa completamos 70 anos agora em 2023, esse estudo é de extrema importância, pela evidência que ele apresenta de como a indústria de alimentos é positiva para o país. Gera muitos empregos diretos e indiretos, além de ter uma cadeia longa de fornecedores e clientes, estimulando uma grande porção da economia”, afirma Gilberto Tomazoni, CEO Global da JBS.

 Como os postos de trabalho se multiplicam

A JBS conta com 145 mil colaboradores em suas unidades, centros de distribuição e escritórios. Mas o número de vagas ligadas às cadeias de produção da Companhia vai muito além: somou 2,9 milhões de pessoas, segundo a pesquisa da Fipe. Um exemplo do impacto de uma unidade produtiva da JBS sobre geração de empregos vem de Barra do Garças (MT). Para cada 100 empregos ali, são criados outros 597 nos fornecedores de insumos, 227 no estado e 370 no restante do Brasil.

No chamado efeito indireto, os impactos ao longo de toda a cadeia de suprimentos, são gerados mais 1.175 postos de trabalho, 319 em Mato Grosso e 856 nos outros estados do país. Na próxima etapa, o efeito renda, de indução da atividade econômica, mais 451 vagas, 83 em Mato Grosso e mais 368 no país. Ao todo, 2.323 empregos a partir de 100 vagas em Barra.

José Gregori (13/10/1930-3/9/2023), Por José Renato Nalini, OESP

 Um tremor deve ter sacudido a terra quimérica das afeições. Tombou um soberbo jequitibá, cuja esplendorosa copa gerou inúmeros frutos, cujas sementes continuarão a germinar por várias gerações. Fortes raízes abeberaram-se no melhor do cristianismo, cuja coerente prática foi uma constante benfazeja.

Partiu para a eternidade aquele que a enxergava com otimismo e crença na perfectibilidade humana. O maior pregador dos direitos humanos foi aluno das Arcadas e orador de sua turma, a gloriosa plêiade que colou grau em 1954, o ano do Quarto Centenário de São Paulo.

Advogou para grandes empresas, “e, também, de gente desamparada ou perseguida”, como escreveu no livro de celebração dos 110 anos da Academia Paulista de Letras, onde tomou posse em 10 de novembro de 2011.

Era um apaixonado por Maria Helena, esposa com a qual chegou a comemorar Bodas de Ouro, em bela cerimônia no Mosteiro de São Bento. Nunca deixou de enaltecer sua família: “Casei com a mulher que idealizei desde sempre como a companheira perfeita: Maria Helena. Tive três filhas maravilhosas, com netos e uma bisneta que me encantam”. Era o seu depoimento em 2019, quando modestamente reconheceu sua trajetória de glória: “Fui Deputado Estadual, Secretário de Estado, Secretário do Município de São Paulo, Chefe de Gabinete de Ministros de Estado, Ministro de Estado da Justiça e Embaixador do Brasil em Portugal”.

Não foram os cargos que o enobreceram. Ele conferiu prestígio e respeito às funções que exerceu, todas elas em favor do Brasil e da edificação de uma sociedade humana e justa, o sonho da democracia ideal, pela qual sempre batalhou.

Política

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Tive o privilégio de conhecê-lo nas fervorosas orações proferidas em espaços como o Instituto Jacques Maritain, mantido por seu amigo Franco Montoro, na Faculdade de Direito da USP, em seminários e congressos pelo Brasil afora. Sempre entusiasta, a exaltar a natureza humana e a ensinar como é que os direitos humanos, tão decantados e universalizados nas últimas décadas, poderiam ser efetivamente implementados e estendidos a todas as criaturas racionais.

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Em almoços à mesa acolhedora e inesquecível de Paulo Bomfim, surgiu a ideia de levá-lo à Casa de Cultura por excelência do Largo do Arouche, a Academia Paulista de Letras. Conferiu-me a honra de saudá-lo, algo muito fácil e prazeroso, diante da exuberância de sua vida pública. No convívio acadêmico era a voz da tolerância, da compreensão, da pacificação e da esperança. Foi o único brasileiro que recebeu em Nova Iorque o Prêmio da ONU que comemorou o cinquentenário da Declaração Universal dos Direitos Humanos.

O talento para fazer amigos, preservou-o até o final de seus dias. Participava de todas as reuniões online, em todas elas deixando suas observações generosas, encomiásticas e honestas. Era feliz, na santa alegria dos homens bons e puros de coração. As pompas da autoridade nunca obscureceram a singeleza do homem da melhor elite: a espiritual. Conviver com ele era renovar a convicção de que a humanidade tinha salvação e não fora um projeto fracassado.

Deixou um legado imperecível e um exemplo a ser seguido por sua descendência biológica, mas também por sua descendência afetiva e espiritual. Acolhia em seu enorme coração, todas as idades, todas as origens, todas as ideologias. Pois era provido de uma sapiência superior às mesquinharias que tanta vez comprometem o convívio.

Isso deixou claro em seus textos: “Parece-me que, depois do fracasso das ideologias e até que as religiões, um dia, quem sabe, consigam unir almas e mentes, caberá aos Direitos Humanos o papel de sentimento agregador. Especialmente se atingir o íntimo, lá bem no fundo, onde todos nós, pelo menos num momento, reconheçamos que o grande mistério da vida e da nossa finitude física nos faz iguais. Todos iguais. Irremediavelmente iguais”.

Não lutou em vão. Doando-se à causa dos direitos humanos, empregou prodigiosa longevidade a aprimorar a espécie. Professou “acreditar na vida, seu sentido e valor planetário e humano e que tudo se explique e avance aqui e depois daqui, com a naturalidade com que chega a primavera, que, nos infinitos fatores que a produzem, externaliza-se singelamente pelos perfumes, cores e formas. Não espero o Éden, mas um caminho que nos conduza à sagração da inteligência bondosa e justa”.

Por sua bondade e justiça, se existe alguém que merece o Jardim do Éden, com todas as honras, esse alguém se chama JOSÉ GREGORI.

*José Renato Nalini é reitor da Uniregistral, docente da pós-graduação da Uninove e secretário-geral da Academia Paulista de Letras

domingo, 3 de setembro de 2023

Bolsonaro descobriu tarde que ficar calado é o melhor remédio, Elio Gaspari, FSP

 Protegendo-se no inquérito das joias das Arábias, Jair Bolsonaro resolveu ficar em silêncio.


Se ele tivesse adotado essa estratégia durante seus quatro anos de governo em relação à pandemia da Covid e às vacinas, talvez não tivesse perdido a Presidência.

Descobriu tarde que ficar calado é o melhor remédio.

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Jair e Michelle Bolsonaro durante evento do "PL Mulher", na Assembleia Legislativa de São Paulo - Marlene Bergamo - 06.mai.2023/Folhapress

O TENENTE-CORONEL VIU A FRIGIDEIRA

Mauro Cid está colaborando com as investigações. Não se conhece o ponto final dessa colaboração, mas se conhece o ponto de partida.

Convivendo com o ex-capitão, Cid viu como ele fritou um ministro da Defesa e três comandantes militares. Viu também a fritura do general da reserva Carlos Alberto dos Santos Cruz e do fiel Gustavo Bebianno.

Pode ter concordado com todas as frituras, mas, desde que começou a história das joias das Arábias, não pode ter deixado de perceber que todas as versões de seu chefe podiam ser desconexas e contraditórias, mas convergiam num aspecto: fosse o que fosse o que havia acontecido, o responsável seria o tenente-coronel Mauro Cid.

Era areia demais para o seu caminhão.

DOIS ANTECESSORES DE CID E BOLSONARO

O tenente-coronel Mauro Cid e seu chefe, Jair Bolsonaro, encrencaram-se porque um e outro desconheceram as lições de um chefe militar e de um notável ajudante de ordens.

O chefe militar foi o general Eurico Gaspar Dutra, ministro da Guerra de 1936 a 1945. Ele precisava recrutar um ajudante de ordens e pediu que a cada dia um candidato o acompanhasse ao sair do ministério.

Veio o primeiro, Dutra disse-lhe que iriam para sua casa, em Ipanema. A certa altura o general disse ao motorista que seguisse em direção à zona norte. O capitão, polidamente, corrigiu-o.


No dia seguinte veio o segundo e a cena repetiu-se. O capitão ficou calado. Dutra nomeou-o.

Em 1977 o capitão Juarez Marcon, ajudante de ordens do general João Baptista Figueiredo, acompanhava o chefe numa visita à Bahia. Eles embarcaram num navio da Marinha, o mar estava encapelado e Figueiredo, fardado, conversava na popa. Marcon andou até ele, pediu-lhe o quepe e voltou para onde estava.

Quando lhe perguntaram por que pegou o quepe, ele respondeu:

"Porque o navio está jogando muito. Se o general cair n’água, não faltará quem se atire para socorrê-lo. Se cair só o quepe, quem terá que se jogar serei eu".