terça-feira, 4 de janeiro de 2022

Patricia Vanzolini assume OAB-SP e anuncia paridade de gênero em indicações para o TJ, FSP

 Renata Galf

SÃO PAULO

advogada criminalista e professora Patricia Vanzolini, 49, assumiu nesta segunda-feira (3) a presidência da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de São Paulo, a maior seccional do país.

Ela comandará a entidade pelos próximos três anos e é a primeira mulher a ocupar o posto em 90 anos de história. Desde 1932, ano em que foi fundada, a OAB-SP foi presidida por 22 homens.

A cerimônia de posse da nova diretoria ocorreu na sede da seccional, no centro de São Paulo.

Patricia Vanzolini e o vice Leonardo Sica, tomam posse na na sede da OAB-SP - Mathilde Missioneiro/Folhapress

Ela anunciou que uma de suas primeiras medidas será a publicação de um edital para o preenchimento de duas vagas no Tribunal de Justiça de São Paulo em que será observada a paridade de gênero para composição da lista sêxtupla —a escolha final fica a cargo do governador do estado.

"Essa lista sêxtupla será a primeira na história a respeitar equidade e paridade de gênero, conforme nosso programa de inclusão", disse. Não foi mencionada se será observada a questão racial na lista.

Em setembro de 2021, o conselho da seccional paulista votou duas listas sêxtuplas. Em ambas, dos seis nomes indicados, havia cinco homens e apenas uma mulher.

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A Constituição estabelece que 20% das vagas dos TRFs (Tribunais Regionais Federais) e dos Tribunais de Justiça estaduais devem ser preenchidas por membros do Ministério Público e da advocacia.

Em disputa acirrada, Vanzolini foi eleita com 36% dos votos, uma vantagem de pouco mais de 3 pontos percentuais em relação a Caio Santos Silva dos Santos, que buscava se reeleger e teve 32,7% dos votos.

Na campanha, ela se comprometeu a não pleitear reeleição ao fim de seu mandato. A seccional paulista vem de uma sequência de pouca renovação.

A primeira vitória feminina na história da seccional paulista ocorreu na primeira eleição da OAB sob a regra da paridade de gênero, aprovada em dezembro de 2020 pelo Conselho Federal da entidade.

Ao tomar posse, Vanzolini adotou um discurso pregando união. "A partir de agora as eleições acabaram e essa gestão é de todas e de todos. É para as mulheres, para os homens, para os brancos, para os negros, para o interior, para a capital, para a seccional, para as subseções."

Vanzolini anunciou também o envio de um ofício ao Conselho Federal da OAB reclamando a apreciação de proposta para eleições diretas à presidência da OAB Nacional, que hoje é definida a partir dos votos dos conselheiros federais. A pauta era uma de suas bandeiras de campanha.

Contudo, ainda que a OAB possa encampar a mudança, a nova regra depende da aprovação do Congresso, pois está definida no Estatuto da Advocacia que é uma lei federal.

A eleição da próxima diretoria da OAB Nacional ocorrerá em 31 de janeiro.

"Esse é só o começo, mas são os pilares daquilo em que nós acreditamos para a construção de uma nova Ordem: democracia, apoio, inclusão, transparência", disse ela ao anunciar as primeiras medidas de sua gestão.

A nova presidente da OAB-SP possui graduação, mestrado e doutorado em direito pela PUC (Pontifícia Universidade Católica) de São Paulo e é sócia do escritório Brito, Vanzolini e Porcer Advogados Associados.

Vanzolini também é professora da Universidade Presbiteriana Mackenzie e do Complexo Educacional Damásio de Jesus e é autora de obras jurídicas como "Manual de Direito Penal" e "Teoria da Pena: Sacrifício, Vingança e Direito Penal".

O advogado criminalista Leonardo Sica foi empossado como vice. Em 2018, os dois tinham concorrido ao comando da entidade, mas ficaram em terceiro lugar. No último pleito, inverteram posições.

Além da presidência e vice-presidência, a nova diretoria da seccional paulista é composta por mais três membros.

Também foram empossados os demais integrantes da gestão da seccional, que se dividem entre conselheiros estaduais efetivos e suplentes, além da nova diretoria da CAASP (Caixa de Assistência dos Advogados de São Paulo).

Na chapa de Vanzolini foram eleitos ainda seis conselheiros federais, sendo três deles efetivos e três suplentes. Os titulares são os advogados Alberto Zacharias Toron, Carlos José Santos da Silva e Silvia de Souza. Eles representarão a seccional no conselho da OAB Nacional e iniciam seus mandatos em 1º de fevereiro.

Entre as primeiras medidas de sua gestão, Vanzolini anunciou a assinatura de um convênio com o Sebrae, que abarcará treinamentos de gestão de escritório e marketing jurídico para a advocacia. O item fará parte do programa "Anuidade de volta", que prevê oferecimento de cursos sem custos adicionais.

O convênio, que segundo Vanzolini será assinado nesta terça (4), também abrangerá o oferecimento de espaços de coworking para advogados.

Outra medida citada foi a criação de um grupo de trabalho com a Defensoria Pública, com objetivo de implementar melhorias no convênio de assistência judiciária.

As defensorias são responsáveis por prestar assistência jurídica gratuita a pessoas de baixa renda familiar ou em situação de vulnerabilidade social. Parte dos atendimentos da instituição no estado é realizado por advogados por meio de convênio com a OAB.

Críticas aos atuais valores pagos no convênio estiveram entre as bandeiras dos candidatos concorrendo ao comando da seccional.

Desde que foi eleita, Vanzolini e seu vice Sica se reuniram ao longo do mês de dezembro com diferentes autoridades. Entre elas, com o presidente da Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo), Carlão Pignatari (PSDB), e o governador João Doria (PSBD).

Na Alesp, diz ter defendido a aprovação de um projeto de lei que define a violação de prerrogativas profissionais da advocacia por servidor público como falta grave e formação de uma frente parlamentar para defender projetos de interesse da advocacia.

Também estiveram com o desembargador Ricardo Anafe, eleito para a presidência do Tribunal de Justiça de São Paulo no biênio 2022-2023.

Entre os pilares das propostas de campanha de Vanzolini está a transparência financeira —​ela prometeu "abrir a caixa-preta" da seccional. Em relação à anuidade, que chega a quase R$ 1.000, ela afirma que é preciso analisar as contas da entidade, mas entende que é possível reduzir o valor.

"Só conseguiremos reduzir efetivamente a anuidade a partir do segundo ano de gestão porque a anuidade a partir desse ano já está comprometida com o que a gestão anterior decidiu", disse em entrevista à Folha depois de ser eleita.

Na ocasião ela também disse que sua gestão defenderá que as cotas raciais na OAB valham para a diretoria. Enquanto a regra de paridade de gênero, de 50%, vale inclusive para cargos de comando, as cotas de 30% para negros, que inicialmente foram aprovadas no mesmo molde, sofreram um drible e ficaram restritas à composição geral da chapa.

Seu programa também teve a defesa das prerrogativas da advocacia como bandeira, bem como o tratamento isonômico entre advogados, promotores e magistrados.

Ao longo da campanha, a advogada fez críticas à postura de Felipe Santa Cruz à frente da OAB Nacional e defende que não pode haver sobre a entidade suspeitas de interesses político-partidários.

Afirmou contudo, em entrevista, que, frente a novas ameaças às eleições do ano que vem pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), a seccional paulista irá se posicionar.

"Se ele ameaçar as eleições, se começar de novo essa descredibilização do processo de votação eletrônica, aí a OAB é um ator importante para defender a continuidade do processo democrático."


Papel da OAB para a sociedade

Com mais de 1,3 milhão de advogados, a OAB é a principal instituição de classe brasileira. Segundo o Estatuto da Advocacia, estão entre suas finalidades a defesa da Constituição, do Estado democrático de direito e dos direitos humanos.

Além disso, a Constituição também inclui o Conselho Federal da entidade entre os atores legitimados a propor ações diretas de inconstitucionalidade e ação declaratória de constitucionalidade, pelas quais é possível questionar textos legais junto ao STF.

Foi a partir de uma ação apresentada pela OAB que, em 2017, o STF declarou a constitucionalidade da Lei de Cotas, que garante reserva de vagas para pessoas negras no serviço público.

Papel da OAB para advocacia

Além do poder político e do prestígio que dirigir a entidade trazem, há diferentes funções que só podem ser exercidas pela Ordem.

A OAB é um conselho de classe federal, regulado pelo Estatuto da Advocacia, uma lei federal. Cabe a ela selecionar quem pode exercer a profissão, por meio do Exame da OAB, e zelar pela qualidade dos cursos de direito.

A entidade também é responsável por diversos regulamentos para o exercício da profissão e atua na defesa das garantias legais que visam o direito de ampla defesa, as chamadas prerrogativas do advogado.

Estrutura da OAB

Além da OAB Nacional, que possui um Conselho Federal e uma diretoria –hoje comandada por Felipe Santa Cruz–, há também as instâncias estaduais da OAB.

Ao todo são 27 seccionais, uma em cada estado e no Distrito Federal. A seccional de São Paulo é a maior delas.

E em cada estado há também as subseções, a depender da quantidade de advogados da localidade.

Eleição nas OAB estaduais

As eleições não envolvem a escolha de candidatos de modo individual, mas de uma chapa completa que contempla diversos cargos.

A diretoria da seccional é composta por cinco postos, entre eles de presidente e vice-presidente.

Além disso, há também a diretoria da Caixa de Assistência dos Advogados, que envolve a administração de benefícios como planos de saúde.

Os demais integrantes da chapa se dividem entre conselheiros estaduais efetivos e suplentes.

Cada chapa possui ainda seis conselheiros federais, sendo três deles efetivos e três suplentes.

Juntos os conselheiros federais de cada estado compõem o Conselho Federal da OAB Nacional, que toma decisões que impactam toda a classe.

Presidência da OAB Nacional

As eleições para a diretoria da OAB Nacional são indiretas e ocorrem apenas em 31 de janeiro de 2022. São os conselheiros federais de cada estado que votam para decidir quem ocupará o cargo de presidente nacional da OAB.

Com exceção do candidato à presidência, as outras quatro pessoas a integrarem a chapa devem necessariamente ter sido eleitas como conselheiras federais em seus estados.

Pelas regras, o registro das candidaturas pode ser feito a partir de seis meses antes da eleição, até 31 de dezembro. Um dos requisitos é a necessidade de apoio de seis conselhos seccionais.

A candidatura liderada pelo advogado do Amazonas José Alberto Simonetti, que é o atual secretário-geral da OAB na gestão de Felipe Santa Cruz, teria o apoio de 23 seccionais.

Com isso, não restam seccionais suficientes para apoiar outra chapa, levando a uma eleição de chapa única.

De acordo com a assessoria do advogado, apenas os seguintes estados não formalizaram apoio: Paraná, Bahia, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais.

Eleições diretas

Parcela da advocacia defende uma alteração nas regras eleitorais da OAB. Entre as propostas está a implementação do voto direto para a presidência nacional.

Uma mudança nessas regras depende de o Congresso aprovar a alteração no Estatuto da OAB, que é uma lei federal.

"Esse é um dos temas mais importante em debate. Sabemos que toda regra eleitoral não é neutra. Ela existe para favorecer uma determinada política. Por que ela existe até hoje dessa maneira é uma pergunta a ser feita", afirmou Maria Tereza Sadek, cientista política e professora da USP.

Indicações para o Judiciário

A Constituição estabelece que 20% das vagas dos TRFs (Tribunais Regionais Federais) e dos Tribunais de Justiça estaduais devem ser preenchidas por membros do Ministério Público e da advocacia.

A OAB é responsável por formular uma lista sêxtupla de candidatos. A partir dela, o tribunal forma uma lista tríplice que é então enviada para o Poder Executivo, a quem cabe a decisão final.

A Constituição define como critérios que devam ser advogados com notório saber jurídico e de reputação ilibada, com mais de dez anos de efetiva atividade profissional.

Os ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) Kassio Nunes Marques e Ricardo Lewandowski, por exemplo, ingressaram na magistratura por meio do quinto constitucional.

Críticas da advocacia

Todos os advogados são obrigados a pagar uma anuidade para a seccional do seu estado. Parcela da advocacia é crítica à cobrança, que em São Paulo chega a quase R$ 1.000.

Além disso, ao longo do governo Jair Bolsonaro, a OAB se posicionou em diversos momentos contra o presidente ou medidas implementadas.

Na advocacia, há uma divisão entre aqueles que avaliam que a atuação da entidade se enquadra em sua função de defesa da democracia, enquanto outros veem uma politização excessiva da Ordem.

No caso do presidente da OAB Nacional, Felipe Santa Cruz, em especial, um dos pontos criticados é seu envolvimento na político-partidário, já que é cotado como pré-candidato do PSD ao governo do Rio de Janeiro em 2022.

Já na OAB de São Paulo, a crítica vai no sentido contrário. Para parcela da advocacia, a última gestão da seccional teria deixado de se posicionar contra o presidente.

Diversidade na OAB

A composição da OAB a partir de 2022 tem um quadro mais diverso.

Em 2021, ao todo cinco mulheres foram eleitas para presidências de seccionais. Além de São Paulo, também Bahia, Mato Grosso, Santa Catarina e Paraná elegeram mulheres.

Na última gestão, todos os 27 presidentes de seccionais da OAB eram homens e, até então, apenas dez mulheres tinham ganhado eleições estaduais.

As últimas eleições da entidade foram as primeiras com cotas para mulheres e pessoas negras. Apesar disso, houve diferenças entre as regras.

Enquanto a paridade de gênero, de 50%, vale inclusive para a diretoria, as cotas de 30% para negros, que inicialmente também eram para postos de comando, sofreram um drible em votação no Conselho Federal e ficaram restritas apenas à composição geral da chapa.

Parte da advocacia negra criticou também a inexistência de regras para fiscalização do cumprimento das cotas

Como deve ser o 'novo normal' no trabalho em 2022, segundo especialistas, BBC News, FSP

 

Bryan Lufkin
BBC NEWS BRASIL

Estamos entrando no terceiro ano de uma pandemia que trouxe mudanças sem precedentes para o mundo do trabalho.

Apesar das esperanças de muitos trabalhadores, o retorno ao trabalho presencial em tempo integral parece muito pouco provável, à medida que a variante ômicron posterga os planos de retorno ao escritório de milhões de trabalhadores. E, considerando a forma como o mercado de trabalho atual aumentou o poder dos funcionários em muitos países, as estruturas de trabalho pré-pandemia provavelmente ficarão no passado.

Embora pareça certo que isso vá acontecer, pouco ainda se sabe sobre como se dará a evolução do ambiente de trabalho em 2022. Nesta mesma época no ano passado, muitas pessoas esperavam que 2021 trouxesse um certo grau de estabilidade, talvez até o lento desenvolvimento do trabalho híbrido. Mas o surgimento de novas variantes do vírus impediu esses desdobramentos —e essa situação pode muito bem perdurar pelos próximos meses.

À medida que a pandemia entra no seu terceiro ano, a aparência dos escritórios e a forma como agimos dentro deles ainda não se parecerão em nada com 2019 - Getty Images/BBC News

Em meio às atuais circunstâncias em constante mutação, é difícil indicar onde poderemos nos encontrar daqui a 12 meses. Mas os especialistas que estudam emprego e ambiente de trabalho identificaram algumas tendências que já estão moldando a forma como estaremos trabalhando em 2022 —e podem ser apenas uma janela para o futuro da vida no escritório.

SEMANAS DE TRABALHO MAIS CURTAS PODEM SER ADOTADAS, MAS PODERÃO DIVIDIR TRABALHADORES

O anseio por semanas de trabalho mais curtas e menos horas de trabalho vem ganhando impulso em todo o mundo. Empresas e governos já estão explorando essa possibilidade.

É necessário reorganizar as estruturas do nosso tempo de trabalho, segundo Abigail Marks, professora de futuro do trabalho da Faculdade de Administração da Universidade de Newcastle, no Reino Unido. A semana de trabalho de 40 horas, das 9h às 17h, surgiu durante a Revolução Industrial —a última mudança dramática do trabalho — mas não é mais sustentável, segundo ela, devido ao "ritmo crescente de trabalho exigido pelos programas de videoconferência e pela necessidade de presença online contínua".

Marks acrescenta: "as empresas e os legisladores estão dispostos a explorar medidas que possam reduzir a sobrecarga dos trabalhadores, esperando ainda manter esse aumento da produtividade. A solução constantemente mencionada [para isso] é a semana de trabalho de quatro dias". E menos horas de trabalho podem significar melhor saúde mental e equilíbrio entre a vida e o trabalho para muitos trabalhadores.

Embora aparentemente haja esperança de que a semana de trabalho de quatro dias decole em 2022, segundo Marks, medidas como essa não serão estendidas a todos os trabalhadores. Ela ressalta que a mudança para semanas de trabalho mais curtas poderá beneficiar apenas alguns funcionários.

"A semana de quatro dias pode privilegiar um pequeno grupo de funcionários administrativos, deixando de beneficiar muitos trabalhadores mal remunerados e com poucas qualificações que não terão a segurança contratual, nem o apoio financeiro, para trabalhar quatro dias por semana", afirma Marks. Pense, por exemplo, nos trabalhadores da área de TI ou naqueles que ganham por hora, que talvez não possam reduzir suas horas de trabalho.

Marks está entre os especialistas que afirmam que será um desafio em 2022 lidar com a potencial desigualdade que será escancarada entre os que podem beneficiar-se com a flexibilidade e aqueles que não conseguem —especialmente quando os apelos por maior flexibilidade e menos horas de trabalho somente aumentam.

"Neste ano, poderemos ter mais divisões na sociedade", acrescenta ela. "Os funcionários em alta procura, como cientistas de dados, e os trabalhadores com apoio governamental, incluindo servidores civis de alto escalão, [poderão ter] horas [de trabalho] reduzidas, enquanto os demais de nós ainda permanecemos sobrecarregados de trabalho."

BENEFÍCIOS PERSONALIZADOS PODEM TORNAR-SE A ATRAÇÃO PRINCIPAL

"Você se lembra da falta de mão de obra e das dificuldades para contratar em 2021 [em alguns países]? Elas irão permanecer em 2022", segundo Alison Sullivan, gerente sênior de comunicação corporativa do site de empregos Glassdoor. "Isso porque os fatores que causaram essa situação ainda estarão presentes —a pandemia, aposentados, pais que ficam em casa e [por outro lado] aumento das exigências dos clientes que as empresas precisarão atender", afirma ela.

Isso significa que os empregadores podem precisar adotar táticas para contratar funcionários —e mantê-los na empresa —diferentes das usadas no passado.

Anthony Klotz, professor de administração da Universidade A&M do Texas, nos Estados Unidos, que cunhou a expressão "Grande Renúncia" —tendência que levou um número recorde de trabalhadores norte-americanos a deixar seus empregos durante a pandemia de Covid-19—, afirma que a personalização dos cargos poderá ser a chave para a satisfação —e retenção— dos funcionários. "Em 2022, veremos empregadores atendendo melhor as necessidades e desejos dos funcionários para manter seus trabalhadores atuais empenhados e atrair trabalhadores de melhor desempenho de outras empresas", afirma Klotz.

Isso não é apenas bom senso empresarial. A flexibilidade e a acomodação estão se tornando um privilégio que os trabalhadores esperam receber dos seus empregadores. "Esse desequilíbrio entre oferta e procura de trabalho significa que os funcionários e os trabalhadores em busca de emprego possuem maior poder de pedir mais", afirma Sullivan.

Como resultado, as empresas desenvolverão "táticas personalizadas de gestão de pessoal", segundo Klotz. "Em vez de programas de desenvolvimento únicos para todos, as empresas começaram a investir tempo e recursos na idealização de projetos de carreira personalizados em conjunto com trabalhadores específicos".

Sullivan também menciona salários maiores, crédito estudantil e expansão da licença-maternidade como possíveis benefícios que os empregadores podem agregar para atrair os talentos em 2022.

Outra personalização importante poderá ser a prioridade para a saúde mental dos trabalhadores individuais. Afinal, entre o burnout (esgotamento profissional) e o boreout (tédio no trabalho), cada vez mais trabalhadores estão dizendo "chega" e deixando seus empregos (ou pelo menos pensando em pedir demissão). "Mesmo os bastiões da cultura do alvoroço, como Wall Street, estão entrando em cena e introduzindo licenças sabáticas", afirma Klotz.

OS TRABALHADORES NÃO RETORNARÃO PARA OS MESMOS ESCRITÓRIOS

Quando os primeiros trabalhadores finalmente retornarem ao escritório, seja em 2022 ou mais adiante, muitos encontrarão layout e funções totalmente diferentes.

Nicholas Bloom, professor de economia da Universidade Stanford, nos Estados Unidos, afirma que as empresas reconfigurarão seus espaços este ano para atender às necessidades de uma nova força de trabalho híbrida e ao verdadeiro anseio das pessoas quando se reúnem presencialmente: o de trabalhar colaborativamente.

Bloom, que estuda há anos o futuro do ambiente de trabalho, afirma que o retorno para o trabalho presencial até agora tem sido confuso e desconfortável. Ele conta que ouviu "histórias de terror" de trabalhadores cujas empresas os convocaram de volta para o escritório —que incluíram, por exemplo, sentar-se em escritórios meio vazios para participar das mesmas chamadas pelo Zoom que teriam em casa (e ver colegas fazerem o mesmo).

Em outras palavras, o escritório pré-pandemia não atende às necessidades dos funcionários de 2022.

Como algumas empresas que desenvolveram modelos híbridos trazem certas equipes para o escritório no mesmo dia toda semana, Bloom afirma que a coordenação será o mais importante em 2022 e que mais escritórios farão alterações permanentes de layout para possibilitar essa mudança.

Em 2022, os trabalhadores ainda reivindicarão a continuação dos horários de trabalho flexíveis e das opções de trabalho à distância que foram oferecidas a muitos deles durante a pandemia - Getty Images/BBC News

"Os escritórios executivos no estilo [da série de TV] Mad Men estão em baixa", afirma Bloom. "Salas de reunião, cubículos à prova de som para chamadas de vídeo e acomodações abertas em forma de grandes saguões estão em alta."

Os trabalhadores "não gostam de ambientes intensos", acrescenta ele, e querem escritórios, elevadores e banheiros menos congestionados. "As empresas estão remodelando os escritórios para que sejam espaços sociais para funcionários criativos. Elas querem facilitar as reuniões e oferecer interações tranquilas, com chamadas por Zoom ocasionais."

Mas uma coisa que pode não mudar como se previa é o tamanho real dos escritórios. Embora muitas pessoas previssem no início da pandemia que os escritórios depurariam seus caros espaços no centro da cidade, Bloom afirma que "o espaço dos escritórios não está diminuindo, está [isso sim] se alterando". Embora ele preveja que o trabalho remoto significará 30% menos dias no escritório do que antes da pandemia, "as empresas estão reduzindo o espaço, em média, em 5%", segundo ele.

Mesmo que o custo do aluguel permaneça estratosférico nos centros praticamente desertos das cidades, as empresas ainda querem que os trabalhadores utilizem esses escritórios, especialmente porque o trabalho híbrido provavelmente dominará 2022. É "impossível reduzir a pegada do escritório", afirma Bloom, mesmo com toda a desestabilização da vida no trabalho nos últimos dois anos.

CAMINHO CONTÍNUO PARA O DESCONHECIDO

Apesar de todas as nossas melhores previsões, ainda há muitas coisas que não sabemos.

Muitos analistas estavam prevendo um movimento de retorno ao escritório no início de 2021, quando as vacinas se tornaram mais amplamente disponíveis, mas essa previsão continua sendo alterada. Variantes como a delta prolongaram as preocupações com a saúde pública e o trabalho remoto continuou. Reuniões no Zoom permaneceram o padrão diário para milhões de trabalhadores em todo o mundo.

"Deveríamos ter aprendido uma coisa fundamental nos últimos dois anos: parar de procurar uma bola de cristal", afirma Kanina Blanchard, professora de administração da Universidade do Oeste em Ontário, no Canadá.

Embora alguns avanços pareçam mover-nos de volta para algum tipo de normal pré-pandêmico —como vacinas, novas medicações de combate à Covid-19 e períodos mais curtos de isolamento obrigatório, com os funcionários voltando ao trabalho mais rapidamente—, todos nós sabemos que é impossível prever o futuro. E a chegada da variante ômicron acentuou isso ainda mais, pois ela nos fez lembrar que tudo pode mudar em um piscar de olhos.

É por isso que os especialistas afirmam que é melhor manter expectativas baixas em 2022 —e, enquanto isso, prosseguir caminhando rumo ao que achamos que será o "normal". "Precisamos disso, mesmo com a falta de consistência e previsibilidade", afirma Blanchard. "Sabemos que iremos começar, parar e iniciar de novo."

Para ela, o certo é que os interesses da saúde pública continuarão a dominar a agenda em 2022. E também temos outra certeza: "que a vida será maluca e confusa", conclui Blanchard.


segunda-feira, 3 de janeiro de 2022

Letras Rincon Sapienza - o peso das barra... de..

LETRA – DE ONDE CÊ VEM Altos e baixos nós vivemo Naquele foco nós mantemo Jogo da vida não tá ganho Mas tem várias fita que vencemo Trabalho duro mais plano Mirando o futuro mais pleno Na minha visão mereço mansão Mas eu agradeço o que ta teno Eu amo comprar e mágico Pergunta se kero é lógico Rico no saldo da conta Fudido no psicológico Lobo guará, serpente, porcos Seja bem vindo ao zoológico 155 157 to evitando esses códigos Tudo tão lindo, leve, solto Enquanto não vive sofre A gente só guarda dinheiro que sobra Eu nunca tive um cofre Conectado com a cara na tela Sigo bebendo um coffee Pra quem apronta na rua é mó guela Melhor ficar em off O rap tem dread, o rap tem ouro, piercing Drink, o rap tem flor Olhe pra África, o drip é ancestral O rap tem cor O rap consegue fazer o retorno Abrir caminho, passar o trator E nessa prática, os preto tá ganhando menos é um fator Verso livre é a caçada Tem aula, rua que ensina Eles não têm a braçada Mas playboy tem a piscina De lala, gucci, prada Olha sua lata, não combina Não é pela mente chapada É canetada, é medicina Verde limão é cítrico Copo na mão tá híbrido Por uma cultura mais sólida Eu quero lucro líquido Disposição no físico Original legítimo Flow de malandro é como batuque É tipo tambor é ritmo Vários muleque tão no desafio da lei Loco pra desacatar Vira madrugada vivendo uma vida de rei Enquanto os homi não catar No canto do baile ela joga essa bunda eu amei, vai difícil escapar Flow de malandro é tipo batuque falei, pa papapa papapa ____ LETRA – SERENATA RINCON SAPIÊNCIA: Na madrugada tem serenata Toca sirene bem sereno Atividade muito silêncio Quem pensa grande o mundo é pequeno Tenha dinheiro, perca saúde Ganha saúde, perca dinheiro Cabeça queima no travesseiro Eu quero terra e não sou herdeiro Dinheiro gira como ciclone Da uma volta e logo já some Quando a barriga ronca de fome Ninguém escolhe aquilo que come Se eu tô no corre, vivo no asfalto Quando eu tô alto vivo igual drone Uma doçura ela derrete Toda cremosa tipo danone PUMA no solo de camisa polo Abotoado na última casa Vejo a quebrada longe do cofre Não pode ser uma faixa de Gaza Vejo o sistema criando cobra E a quebrada criando asa Vários colete, vários foguete Cohab-01 me sinto na naza Não esconde a face A pressão é forte Pra nós o disfarce Só se for no corte Cansei dos relato Só destrato morte Prato com risoto Férias no resort TIMOR YSF: Bagulho doido com essência Mas um bomba Ku nigga paciência Cabo Verdi Brasil Ki é nos gera cada hit Nigga é tremor di terra Situacon pa li Sempri foi berra Ku pobreza Tudo dia e guerra Ta busca pa tenta alcança Equanto nka teni nha milhon Nka ta cansa nteni dikas Na prega Sima kilos ganza Tem rabos tem ancas Nigga ta balança Tem putos ku fomi Pronto inxi pança Ba ta djobi pa confiança E kuza fudido ki Niggas Ta abraça Nsta dento becos Ta busca nha massa Obrigado Rincon Nha parcero di casa Es pensa ma e di hoji Ma dja nu tem data Oh ki ntxiga Brasil Nsta pronto pa farra RINCON SAPIÊNCIA Só muleke zica forgando cheio de marra 

Na conexão Timor e Rincon segura o peso das barra