domingo, 9 de agosto de 2020

Mortes: Foi ético ao tratar a notícia, mas sem perder o humor FSP (sobre Paulo Vieira Lima)

 

Atualmente, Paulo Vieira Lima se dedicava à advocacia

SÃO PAULO

O mundo da comunicação perdeu Paulo Vieira Lima. Jornalista formado pela Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero, saiu da vida sorrateiramente, sem vinheta de encerramento.

Ético ao tratar a notícia, Paulo teve boa parte de sua carreira ligada ao radiojornalismo. Montou a rádio Unesp de Bauru (329 km de SP) e depois ingressou na rádio CBN, em São Paulo, na qual trabalhou como pauteiro, produtor e chefe de reportagem.

Ficar ao seu lado era um privilégio. Paulo tinha cultura e vocabulário invejáveis, e a risada chacoalhada dava contorno ao bom humor.

Paulo Vieira Lima (1947-2020)
Paulo Vieira Lima (1947-2020) - Reprodução/Facebook

O jornalista Celso Freitas, amigo e seu chefe na CBN, conta que Paulo tinha um comportamento exemplar. “Ele era tão ético que, às vezes, beirava o radicalismo. Tinha ideias muito boas, inteligência reflexiva. Era um filósofo e dono de um humor fino.”

Paulo também foi assessor de imprensa da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo, coordenador da Comissão de Assessores de Imprensa do Sindicato dos Jornalistas de SP, colunista do Brasil Econômico e colaborou com a Mega Brasil Comunicação.

Há alguns anos, retomou a faculdade de direito, interrompida quando o jornalismo falou mais alto, no início da década de 1980. Atualmente, cursava o último ano e faria a prova da OAB no final de 2020.

Havia se tornado um tipo de estagiário dos filhos, os advogados Paulo Vieira Lima Júnior, 43, e Thaís Bianca Vieira Lima, 37, auxiliando-os nos trabalhos do escritório.

“Ele era um superpai, divertido, comunicativo e amigo. Procurava passar seus conhecimentos aos filhos, cuidava para que todos escrevessem corretamente e nos aconselhava a agir com lealdade e transparência”, afirma Paulo.

Paulo Vieira Lima morreu no dia 5 de agosto, aos 73 anos, após sofrer uma parada cardíaca. Seu estado de saúde estava debilitado desde o mês de julho, quando teve um AVC. Deixa a esposa, Maria, dois filhos e três netas.

Hélio Schwartsman Liberdade para fracassar, FSP

 

É muito bom o último livro de Matt Ridley, “How Innovation Works” (como funciona a inovação).

Poucos, à esquerda ou à direita, discordarão de que a capacidade de inovar é o que diferenciou membros do gênero Homo de outros primatas e nos assegura a era de conforto e prosperidade material sem precedentes em que vivemos. Ainda assim, a inovação está longe de ser um fenômeno bem compreendido.

O autor começa o livro contando histórias sobre inovações. Há desde as bem conhecidas, como a da lâmpada elétrica e a da máquina a vapor, até as quase ignoradas, como a da infusão de café, que, por alguma razão, diferentes países tentaram proibir. Há desde as imemoriais, como a utilização do fogo e dos cachorros, até as mais modernas, como a turbina e a energia nuclear.

Capa de livro "How Innovation Works: And Why It Flourishes in Freedom",  de Matt Ridley
Capa de livro "How Innovation Works: And Why It Flourishes in Freedom", de Matt Ridley - Reprodução

Ridley sabe contar histórias, e só isso já tornaria “How Innovation Works” uma obra interessante. Mas ele vai além e extrai desse conjunto de anedotas uma série de padrões. Alguns são conhecidos. A inovação é muito mais o resultado de esforços coletivos do que obra de gênios isolados. Outros, menos conhecidos.

Embora muitos pensem que a ciência gera tecnologia, no geral ocorre o contrário. São as inovações que abrem novas searas para o desenvolvimento científico.

O livro se torna provocativo quando o autor afirma que vivemos uma época de risco para o espírito empreendedor e se põe a apontar elementos que hoje impedem as inovações de surgir. Aí sobra para todo mundo —do sistema de patentes às grandes empresas, com especial destaque para as autoridades regulatórias da Europa. Ridley oferece argumentos bem convincentes para defender suas teses.

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A profissão de fé liberal do autor também se faz presente. Para Ridley, a inovação é fruto da liberdade: liberdade para pensar, experimentar, investir, trocar, consumir e, principalmente, liberdade para fracassar. Sem essas liberdades, a inovação não vai muito longe.

Hélio Schwartsman

Jornalista, foi editor de Opinião. É autor de "Pensando Bem…".