quinta-feira, 1 de agosto de 2019

Estação ferroviária do século 19 é demolida e saqueada em Sorocaba



SOROCABA - Uma estação histórica da antiga Estrada de Ferro Sorocabana (EFS) foi demolida e saqueada por invasores, em Sorocaba, interior de São Paulo. Os vândalos retiraram tijolos, madeiras, batentes, portas e janelas, além de ferragens que restavam no prédio, localizado no bairro de Brigadeiro Tobias, zona leste da cidade. Conforme o site Estações Ferroviárias do Brasil, referência no setor, o edifício datava provavelmente de 1875, ano de inauguração da ferrovia.
Estação ferroviária do século 19 é demolida e saqueada em Sorocaba
Há três anos, Movimento de Preservação Ferroviária pediu o tombamento da estação pelo conselho municipal do patrimônio histórico Foto: José Maria Tomazela/ Estadão
A estação foi desativada em 1927, com a construção de um novo prédio durante uma retificação da linha, mas continuou sendo utilizada pela Ferrovia Paulista S.A.(Fepasa), que incorporou a Sorocabana. No final dos anos 90, quando já integrava o patrimônio da União, o prédio ficou abandonado. O pequeno conjunto ferroviário, incluindo a estação nova, ainda existente, foi invadido por famílias de sem teto por volta de 2010.  
Estação ferroviária do século 19 é demolida e saqueada em Sorocaba
Vândalos retiraram tijolos, madeiras, batentes, portas e janelas, além de ferragens que restavam no prédio, localizado no bairro de Brigadeiro Tobias, zona leste da cidade Foto: José Maria Tomazela/Estadão

Abandono

Há três anos, a Movimento de Preservação Ferroviária - Sorocabana relatou o estado de abandono ao Ministério Público Federal (MPF) e pediu o tombamento da estação pelo conselho municipal do patrimônio histórico. O prédio foi um dos primeiros construídos com tijolos na cidade. Na prática, nada foi feito para preservar o imóvel, que está sob a responsabilidade do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT). Moradores vizinhos relatam que a demolição teve início no final de maio e prosseguiu ao longo do mês de junho.
Agentes da Guarda Municipal informaram a prefeitura, que notificou o DNIT. O órgão federal informou que, ao verificar a situação, abriu procedimento administrativo para apurar os fatos. “O primeiro passo foi a evolução da denúncia à esfera da polícia judiciária - Departamento de Polícia Federal, em Sorocaba -, autoridade competente que executará as diligências necessárias para elucidação e responsabilização do ato depredatório”,  disse em nota.  A PF informou que uma equipe se dirigiu ao imóvel para realizar uma perícia que instruirá um inquérito policial em andamento.
A estação demolida tinha uma relevância histórica ainda maior por se situar em terras que pertenceram ao brigadeiro Rafael Tobias de Aguiar, presidente da província de São Paulo e líder da Revolução Liberal de 1842. Relatório da Sorocabana de 1873, dois anos antes da inauguração da linha, informava que proprietários da Fazenda Passa Três, sucessores do brigadeiro, cederam os terrenos cortados pela ferrovia, “obrigando-se a Companhia a estabelecer e conservar na fazenda uma parada, ao menos para passageiros”. Ao redor da estação surgiu o bairro que recebeu o nome de Brigadeiro Tobias.

Restauro

A destruição da estação de Brigadeiro Tobias não foi a única má notícia recente para os defensores do patrimônio histórico de Sorocaba. A Secretaria da Cultura da cidade encerrou nesta terça-feira, 30, um chamamento público para a restauração da estação principal da Sorocabana na cidade sem receber uma única proposta de empresas interessadas. O restauro seria feito sem custo para o município, com patrocínios e recursos captados através das leis de incentivo à cultura.
O edifício, inaugurado em julho de 1875, ainda preserva parte da estrutura original, mas sofre com a falta de conservação e está deteriorado. Parte do acabamento interno em argamassa decorada já ruiu. A estação é considerada um dos principais exemplares do que restou do patrimônio arquitetônico de Sorocaba e da “era das ferrovias” no Estado de São Paulo. Sua construção é considerada o marco inicial da ferrovia projetada para ligar o município à capital da então Província de São Paulo - do nome da cidade originou-se o da estrada de ferro, a Sorocabana.
Os trilhos se estendiam até a Estação Júlio Prestes, no centro de São Paulo. O edifício foi o primeiro construído com tijolos na cidade. Até então, as edificações eram de taipa, barro socado. O prédio foi tombado em 2003 pelo Conselho Municipal do Patrimônio. O complexo ferroviário de Sorocaba, que inclui a estação, está em processo de tombamento pelo patrimônio estadual. A prefeitura informou que estuda abrir novo prazo de chamamento para o restauro.

'Passaram dos limites', diz ministro do STJ sobre procuradores da Lava Jato, Mônica Bergamo FSP

O ministro Humberto Martins, do STJ (Superior Tribunal de Justiça), afirmou à coluna que procuradores da Operação Lava Jato "passaram de todos os limites" ao envolver o nome dele numa delação da OAS e tentar impedir que fosse indicado ao STF (Supremo Tribunal Federal).
O magistrado é também corregedor do Conselho Nacional de Justiça.
"Tempos difíceis!", escreveu ele numa mensagem de WhatsApp ao comentar a reportagem publicada nesta quinta (1º) pela Folha, em parceria com o site The Intercept Brasil, que revela os diálogo de Deltan Dallagnol com colegas da operação para barrar uma eventual indicação de Martins à Suprema Corte.
Numa conversa com o procurador Eduardo Pelella, chefe de gabinete do então procurador-geral da República, Rodrigo Janot, em janeiro de 2017, Deltan diz: "Pelella, é importante o PGR levar ao [então presidente Michel] Temer a questão do Humberto Martins, que é mencionado na OAS como recebendo propina...". O colega responde: "Deixa com 'nós'".
O ex-presidente da OAS Léo Pinheiro, preso em Curitiba pela Operação Lava Jato, citou Martins na delação premiada afirmando que pagou R$ 1 milhão para ele em troca de ajuda com um recurso que tramitava na corte. A propina teria sido negociada com o advogado Eduardo Filipe Alves Martins, filho do ministro.
O ministro diz, em mensagens e também numa conversa com a Folha, que sempre julgou contra os interesses da OAS no STJ. "Nunca vi alguém receber vantagem sendo contra [a empresa]. Graças a Deus, a verdade está aparecendo", afirma. 
"Mesmo eu julgando contra os interesses da OAS, os procuradores buscaram incluir meu nome [na delação], conforme divulgado! Tempos difíceis! Passaram de todos os limites!", escreveu Martins. 
"O objetivo deles era me tirar [da disputa por uma vaga na Suprema Corte]. Mas quem sou eu para ir para o STF? Um simples mortal. Nunca disputei, nunca pedi, nunca quis isso", segue o magistrado.
"Estou triste, muito triste, muito triste", repete. "Tenho 47 anos de serviço público. É duro constatar que eu não estava envolvido em nada e fui citado apenas porque queriam barrar uma indicação para o STF que eu nunca pedi."
Martins, que é evangélico, escreveu ainda: "A verdade sempre vence a mentira! Deus no comando! Sempre juntos!".
No mês passado, o ministro arquivou um pedido para que Sergio Moro, que também teve diálogos divulgados no escândalo das mensagens, fosse investigado. Ele diz que nada muda quanto a isso, mesmo depois de descobrir que foi alvo dos procuradores da Lava Jato.
Mônica Bergamo
Jornalista e colunista.

Artigo: Os 180 dias de Bolsonaro no Brasil, Saída pela direita, FSP


(Publico aqui artigo da jornalista Julliene Salviano sobre os primeiros seis meses do governo Bolsonaro)
*
Os 180 dias de Bolsonaro no Brasil
Por Julliene Salviano
O Brasil vive ciclos de esperança. Boa parte do povo brasileiro vai de um extremo ideológico ao outro, de tempos em tempos, num movimento pendular. Mas sua raiz está longe dos extremos políticos.
Desde o Brasil Império somos o país do futuro, e sonhamos pensando que “agora vai”. Sabemos do enorme potencial do nosso país e por isso nunca desistimos dele.
Movido novamente pela esperança de viver no país do futuro os brasileiros elegeram Jair Messias Bolsonaro em 2018. Um homem que se mostrou diferente desde seus tempos de Câmara, quando chamou a atenção pelo seu jeito peculiar e sincero.
Assim assumiu o governo do país há seis meses com a missão de restaurar e reerguer a pátria, libertando-a definitivamente do jugo da corrupção, da criminalidade, da irresponsabilidade econômica e da submissão ideológica.
A ansiedade de ver-nos prosperar por vezes traz o sentimento de frustração à tona, que é facilmente refutado se buscarmos os fatos. Em seis meses de governo muita coisa mudou, principalmente nos bastidores. A pompa, a arrogância e a frescura deram lugar a simplicidade.
A velha forma de fazer política com base na corrupção e no toma lá dá cá foi caminhando para as telas de TV, para dentro do roteiro de séries.
As famigeradas emendas parlamentares desde 2015  são impositivas, portanto independe da vontade do presidente a sua liberação. Um novo jeito surgiu, com base na expressão do recado das ruas, para onde os brasileiros continuam se dirigindo aos domingos, quando necessário.
Liberais assumiram a economia, os nós da máquina burocrática, enferrujada e emperrada começaram a serem desfeitos.
Fechamos o maior acordo comercial de nossa história, entre o Mercosul e a União Europeia (UE), em 28 de junho. O tratado entre os 32 países que compõem os dois blocos econômicos representa quase 800 milhões de consumidores e 25% do PIB mundial.
A expectativa é de que o acordo poderá aumentar o PIB brasileiro em US$ 125 bilhões em 15 anos. Prevê que 91% dos produtos enviados da UE para os países do Mercosul e 92% dos produtos exportados pelos países do Mercosul à UE sejam isentos de tarifas alfandegárias nos próximos 10 anos.
Demos grande passo para ingresso na OCDE, composto por 36 países que aceitam os princípios da democracia representativa e da economia de mercado, a democracia liberal da qual o vice-presidente Hamilton Mourão fala.
Retomamos obras iniciadas há décadas, estreitamos os laços com Israel e assim iniciamos o processo de instalação de máquinas que transformará ar em água para o Nordeste.
Realizamos várias concessões com retorno acima do esperado, otimizamos o combate às fraudes no INSS e seguro-defeso, reduzimos o custo da CNH.
Quebramos monopólios, diminuímos burocracias. Iniciamos o processo de digitalização de documentos do governo, gerando economia de bilhões em poucos anos.
O Brasil bateu recordes em apreensão de drogas e reduziu consideravelmente os homicídios. Dados oficiais (Sinesp) apontam uma queda de quase 38% dos roubos de carga e 41% dos roubos a instituições financeiras no primeiro trimestre deste ano em relação ao mesmo período do ano passado.
Outro grande passo rumo à liberalização e à maior competitividade da economia brasileira foi dado com a quebra do monopólio da Petrobras no setor de gás e a abertura do mercado desse importante insumo.
Os estudos da equipe econômica estimam que a medida gerará milhares de empregos em diversos setores e
levará à redução em até 50% do preço do gás no longo prazo, com uma queda significativa já nos próximos 12 meses. Ou seja, reviramos a máquina putrefata e estamos limpando o local.
Além disso, foi iniciada a construção de um colégio militar por estado, ensino de reconhecida excelência diante dos resultados nacionais e internacionais.
Foi aprovada a MP do pente-fino do INSS, que identifica irregularidades no setor, podendo gerar economia
de R$10 bilhões por ano ao país.
Foi instituído um decreto que aplica critério da Ficha Limpa para nomeação de cargos em comissão. Passou para a iniciativa privada a administração de mais de 23 rodovias, portos, aeroportos e ferrovias em todo Brasil.
Assim, aos poucos o nosso país vai dando passos em direção ao sol nascente e o gigante adormecido, o Brasil do futuro, começa a respirar.
Julliene Salviano é jornalista, gestora pública, um ser político e brasileira.