segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Plataforma faz a ponte entre MEIs e clientes


CRIS OLIVETTE
19 Julho 2015 | 07:53

Projeto piloto iniciado no Rio Grande do Sul vai abranger todo o País; ferramenta também permite emissão de NF e gestão financeira

Juliano Londero (de óculos) com o time que criou e opera a plataforma Acelera MEI, (a partir da esquerda) Rodrigo Rath, Daniel Docki, Pedro Gabriel e Felipe Soares
Juliano Londero (de óculos) com o time que criou e opera a plataforma Acelera MEI, (a partir da esquerda) Rodrigo Rath, Daniel Docki, Pedro Gabriel e Felipe Soares
Em breve, os microempreendedores individuais (MEIs) de todo o Brasil contarão com o apoio da plataforma Acelera MEI, que desde março está em operação no Rio Grandi do Sul. A ferramenta foi criada para auxiliá-los no gerenciamento das atividades e para conectá-los com os consumidores. “Com ela, os MEIs poderão crescer de forma organizada e estruturada”, afirma o idealizador do serviço, Juliano Londero. 
Segundo ele, o lançamento nacional deve ocorrer em agosto. “Temos reunião agendada com o ministro da Secretaria da Micro e Pequena Empresa, em Brasília, para apresentar o projeto. Em seguida, faremos o lançamento”, diz.
Dono de outro negócio na área de automação empresarial, Londero e seu sócio resolveram criar a spin off – empresa que nasce a partir de outra, com o objetivo de explorar um novo produto ou serviço, com foco nos MEIs. “Esse mercado está em plena expansão. Hoje, no Brasil, temos mais de 5 milhões de microempreendedores, responsáveis por 27% do PIB nacional”, diz.
Ele afirma que a startup participou do edital Inova RS, lançado pelo Sebrae no ano passado, e foi selecionada. “Recebemos R$ 109 mil para desenvolvermos o projeto e colocá-lo em operação”, conta.
O gestor de projetos na área de inovação do Sebrae-RS, Gustavo Moreira, diz que o programa é uma iniciativa do Sebrae Nacional e tem por objetivo fomentar os pequenos negócios. “Nesta edição, tivemos 90 inscritos e selecionamos 42 empresas, entre as quais distribuímos R$ 4 milhões em recursos não reembolsáveis.”
Londero explica que o consumidor que necessita de um prestador de serviço ou produto, lança a demanda na plataforma, que indica os empreendedores que estão mais próximos a ele para executar a demanda.
“Caso não encontre o profissional adequado, a ferramenta direciona a solicitação para nós, e procuramos no mercado os MEIs para aquele serviço. Temos parceria com empresas de classificados que divulgam a demanda, convocando os MEIs a se cadastrarem na plataforma.”
Ele ressalta que a plataforma também fornece sistema de gestão para que o MEI emita nota fiscal eletrônica e faça o controle financeiro de caixa, deixando o fechamento financeiro pronto para o final do ano.
Até o momento, a ferramenta tem 2 mil profissionais cadastrados. “Começamos o projeto piloto aqui no Rio Grande do Sul. Estamos ajustando as variáveis e nos preparando para expandir para o restante do País.” Segundo ele, para o MEI receber as solicitações de serviços não precisam pagar nada. Mas para gerar as notas fiscais de serviços o custo anual é de R$ 99.
Em Santa Maria, no interior do Rio Grande do Sul, o consultor de informática, Jefferson Cunha, é um dos usuários da plataforma. Segundo ele, o desejo de usar a ferramenta foi um incentivo para se formalizar. “Fiz o cadastro em março e até o momento tive aumento de 30% nas solicitações de serviço”, diz.
Cunha também foi um dos primeiros usuários do Acelera MEI a usufruir da parceria que a plataforma firmou com a Payleven – empresa de tecnologia que oferece meios de pagamentos para micro e pequenos empreendedores. “Hoje, pouco se usa dinheiro físico. Antes, meu pagamento era feito por meio de transferência bancaria. Agora, com a máquina da Payleven, os clientes pagam com cartão de crédito ou débito. Com essa facilidade, eles podem solicitar serviços maiores e parcelar o pagamento no cartão”, conta.
A diretora geral da Payleven Brasil, Adriana Barbosa, conta que o negócio foi criado em 2012. “Identificamos que havia oportunidade de criar uma solução de aceitação de cartão que fosse acessível e desburocratizada, voltada para microempreendedores e profissionais liberais. A parceria com a Acelera MEI está nos ajudando a atingir o objetivo de democratizar a aceitação de cartões no Brasil.”
19.7 Adriana Barbosa da payleven
Em 2014 a Payleven fez uma pesquisa e identificou que o principal motivo que fez com que os estabelecimentos passassem a aceitar cartão é porque 41% deles perdiam venda. “O consumidor não anda mais com dinheiro, apenas com cartão, sem essa opção de pagamento, eles perdiam vendas.”
Adriana diz que outro motivo está relacionado ao parcelamento do pagamento, muito difundido no País. “Esse sistema incentiva o consumidor a gastar mais, o que faz aumentar a receita do lojista. Estabelecimentos que passaram a aceitar cartão com a Payleven, depois de um ano tiveram aumento de 175% no faturamento. Um resultado bastante relevante para o mercado”, afirma.
A empresária conta que trabalha para tornar a experiência cada vez mais acessível ao usuário. “Agora, por exemplo, o usuário não tem mais custo fixo com a ferramenta. Ele pode comprar o leitor em nosso site e pagar em 12 parcelas fixas de R$ 23,90. O produto é entregue no endereço indicado em seu cadastro. Depois de pagar o leitor, só terá algum custo quando fizer venda.”
Segundo ela, pagamento feito com cartão de crédito à vista, tem taxa de 3,39% e o empreendedor recebe o dinheiro em 30 dias. Para receber o valor da venda em dois dias a taxa é de 4,39%. Sendo que há acréscimo de 1,99% para cada parcela adicional no cartão de crédito. Os pagamentos feitos com cartão de débito tem taxa de 2,69% e o recebimento do valor da venda ocorre em dois dias úteis.
Adriana conta que no final de 2014, a Payleven tinha 60 mil clientes usando a solução, distribuídos em 1,6 mil cidades. “Em abril deste ano, já estávamos em duas mil cidades e com 100 mil clientes.”
Segundo ela, a parceria com a Payleven é perfeita porque ambos atuam no mesmo nicho. “Enquanto a atuação deles visa proporcionar uma visibilidade maior aos MEIs e aproximá-los do consumidor por meio da plataforma, a nossa atuação visa facilitar o crescimento dos MEIs, por meio do aumento de receita decorrente das facilidades oferecidas aos clientes nas formas de pagamento.”

sexta-feira, 31 de julho de 2015

Máquina de corrupção, por Janio de Freitas, in FSP

Da Folha
Janio de Freitas
Nem tanto pela prisão de alguém eminente como o almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva, posto sob suspeita de corrupção como presidente da Eletronuclear, mas pela abertura de nova frente de investigações, a Lava Jato dá um passo para a demonstração de que a máquina corruptora movida pelas empreiteiras não tem limites.
Hidrelétricas, estradas, pontes, infraestrutura de comunicações, metrôs, edificações –onde quer que as grandes empreiteiras estiveram ou estejam, é área minada por corrupção. Seja no nível federal, seja no estadual e no municipal. Licitações e contratos corretos por certo houve e há, mas como fatos fora do sistema. Assim é pelo menos desde a abertura da Transamazônica no período do general Médici –ocasião em que foram estabelecidas as fórmulas, hoje uma norma, de compartilhamento da obra e de entendimento entre as empreiteiras para divisão das oportunidades.
Faço eco do já escrito aqui muitas vezes: atacar a corrupção manobrada pelas grandes empreiteiras, para obras públicas e para seus negócios de concessões e privatizações, seria mudar toda a prática política no Brasil. A voracidade de parlamentares e partidos que oprime governos, para entrega de ministérios, secretarias e empresas a políticos e a indicados seus, origina-se nas grandes empreiteiras e seus interesses tentaculares, lançados sobre a administração pública.
Não há um só propósito legítimo para que partidos e seus políticos rebaixem-se até a condição de chantagistas para obter diretorias em estatais, autarquias e ministérios. Manietar as empreiteiras e, portanto, fechar aqueles guichês de corrupção seria, além do mais, dar a tais seções do serviço público a possibilidade de se tornarem mais eficientes. E a custos menores. Um Brasil que o Brasil não conhece.
Petrobras, Eletronuclear –vamos em frente?
ATÔMICA
A Folha não se lembrou, mas "O Globo", por intermédio de José Casado, não esqueceu: "A 'Delta IV' (...) foi revelada pela repórter Tânia Malheiros. Estava em nome do capitão-de-fragata Marcos Honaiser e do seu chefe, Othon. Funcionava como caixa para pagamentos das compras feitas no submundo do comércio de materiais nucleares".
A revelação de Tânia Malheiros foi feita na Folha. Espetacular. Acompanhei-a de perto: trabalho cercado de perigos, inclusive ou sobretudo de morte, mas feito com persistência e perfeição técnica de apuração, até revelar o sistema de "Contas Delta" e prová-las. Fortunas que escorriam em segredo, por contas bancárias mascaradas e manipuladas por militares e uns poucos civis, sem controle algum e sem registro de seus destinos. Era a ditadura em ação para desenvolver a propulsão e a bomba nucleares.
O Othon citado por Casado é o almirante preso agora pela Lava Jato, suspeito de corrupção como presidente na Eletronuclear. O livro que Tânia escreveu a partir de suas reportagens foi editado aqui e no exterior. Na Alemanha, tem várias edições.
A imprensa é um território de pequenas e grandes injustiças, não só para fora. Meses depois do seu trabalho, e não por causa dele, Tânia não pôde continuar no jornal. Decidiu abandonar o jornalismo. Hoje é cantora, e vai abrindo um caminho de reconhecimento, crescente.
NA MOITA
O sucinto noticiário da palestra de Eduardo Cunha para empresários paulistas, anteontem, inovou. Não fez a costumeira citação de notáveis presentes, não colheu as obviedades de praxe. Nem as imagens da plateia permitiam identificações.
Eduardo Cunha é atilado. Percebeu. Xiiiiii.

quinta-feira, 30 de julho de 2015

ABRELPE lança Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil com dados de 2014


terça-feira, 28 de julho de 2015 [ Nenhum Comentário - Faça o seu! ]



A nova edição do Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil, com os dados consolidados do ano de 2014, lançada, dia 28 de julho de 2015, pela ABRELPE -Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais, traz dados alarmantes sobre a situação da gestão de resíduos sólidos no País. De acordo com a publicação:
Ø  Das 78,6 milhões de toneladas de resíduos sólidos geradas em 2014, 29,6 milhões de toneladas foram dispostas em lixões e aterros controlados, locais considerados inadequados e que oferecem riscos ao meio ambiente e à saúde;


Ø  Isso significa que mais de 78 milhões de brasileiros - o equivalente a 38,5% da população total do País - não têm acesso a serviços de tratamento e destinação adequada de resíduos. Além disso, mais de 20 milhões de pessoas ? mais do que a população toda da Grande São Paulo, maior metrópole do Brasil ? sequer contam com a coleta regular de lixo, já que cerca de 10% dos materiais gerados nas cidades não são sequer coletados.

 

"Apesar de estar em vigor desde 2010, a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) pouco contribuiu para mudar o cenário da gestão de resíduos no Brasil. Vencidos, em 2014, os prazos finais estipulados pela lei, o País ainda enfrenta dificuldades para lidar com uma gestão integrada de resíduos sólidos de maneira adequada, o que leva a uma situação de emergência ambiental e de saúde pública", alerta o diretor-presidente da ABRELPE, Carlos Silva Filho.


Segundo a entidade, o Panorama 2014 apresenta dados estratégicos, pois é o primeiro documento que retrata a real situação da gestão de resíduos no Brasil no exato momento da plena vigência da PNRS. A partir dessa fotografia, conclui-se que a evolução da gestão de resíduos tem sido muito lenta, apresentando até mesmo estagnação em alguns pontos:
 - Entre 2003 a 2014, a geração de lixo aumentou 29%, índice cinco vezes maior que taxa de crescimento populacional do mesmo período, que foi de 6%;
- Apesar desse aumento significativo na geração, a quantidade de resíduos que tem destinação final adequada praticamente não se alterou, passando de uma cobertura de 57,6%, em 2010, para 58,4%, em 2014. Isso é consequência dos 3.334 municípios brasileiros que ainda dispõem seus resíduos em lixões e aterros controlados, conforme quantidades de municípios apresentada na tabela abaixo
 

"Houve um aumento significativo na demanda por serviços, infraestrutura e, é claro, por recursos financeiros para gerenciar os resíduos. Entretanto, os valores efetivamente aplicados não acompanharam esse crescimento", avalia Silva Filho, ao destacar que o valor médio aplicado pelas administrações públicas para custear todos os serviços de limpeza urbana foi de R$ 9,98 por habitante por mês em 2014, sendo que esse valor era de R$ 9,95 hab/mês em 2010. Considerando a inflação do período, conclui-se que o montante de recursos proporcionalmente caiu no período avaliado.
"A carência por serviços básicos de gestão de resíduos (coleta e destinação adequada) traz diversos e graves prejuízos para a sociedade, a começar com a contaminação do meio ambiente que, além do impacto na qualidade ambiental e da saúde pública, impõe uma grande demanda de recursos para posterior remediação e culmina com o desperdício de recursos que poderiam ser aproveitados através de processos de recuperação, reciclagem e tratamento adequados", salienta o diretor-presidente da ABRELPE.
Em se tratando de reciclagem, a evolução também foi muito pequena. Segundo o Panorama:
- 64,8% dos municípios brasileiros apresentaram alguma iniciativa de coleta seletiva em 2014, ao passo que, em 2010, esse número era de 57,6%. E, mesmo com todos os estímulos, os índices de reciclagem dos principais materiais permanecem estagnados há quatro anos.

 


"É emergencial que as ações previstas pela PNRS sejam sustentadas pelos recursos necessários - humanos e financeiros - a fim de que possam ser efetivadas. O País e a sociedade estão sofrendo com essa carência e, a cada dia, pagarão um preço ainda mais alto por essa inércia", conclui o diretor-presidente da ABRELPE.

Considerações sobre a logística reversa
A edição 2014 do Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil da ABRELPE traz, pela primeira vez, dados relativos aos sistemas de logística reversa já implementados e em funcionamento no País, neste caso pelos setores de embalagens de agrotóxicos, embalagens de óleos lubrificantes e pneus inservíveis:



Sobre a ABRELPE (www.abrelpe.org.br)
Criada em 1976, a ABRELPE - Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais é uma associação civil sem fins lucrativos, que congrega e representa as empresas que atuam nos serviços de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos.

Sua atuação está pautada nos princípios da preservação ambiental e do desenvolvimento sustentável e seu objetivo principal é promover o desenvolvimento técnico-operacional do setor de resíduos sólidos no Brasil.

Comprometida para o equacionamento das demandas decorrentes da gestão de resíduos, a ABRELPE desenvolve parcerias com poder público, iniciativa privada e instituições acadêmicas e, por meio de estudos, campanhas, eventos e premiações, busca conscientizar a sociedade para a correta gestão dos resíduos.

No contexto internacional, a ABRELPE é a representante no Brasil da ISWA - International Solid Waste Association e sede da Secretaria Regional para a América do Sul da IPLA (Parceria Internacional para desenvolvimento dos serviços de gestão de resíduos junto a autoridades locais), um programa reconhecido e mantido pela ONU através da UNCRD - Comissão das Nações Unidas para Desenvolvimento Regional. Além disso, a ABRELPE é integrante da Iniciativa para os Resíduos Sólidos Municipais da CCAC (em inglês, Climate and Clean Air Coalition), uma parceria internacional para o meio ambiente que atua em diversas frentes para redução de poluentes e no combate às mudanças climáticas.