Depois de 11 reduções seguidas na taxa básica de juros, o Banco Central indicou que a Selic deve permanecer neste patamar
Fabrício de Castro e Eduardo Rodrigues, O Estado de S.Paulo
07 Fevereiro 2018 | 18h21
BRASÍLIA - O Banco Central anunciou nesta quarta-feira, 7, o 11º corte consecutivo dos juros básicos da economia. A taxa Selic caiu 0,25 ponto porcentual e passou de 7% para 6,75% ao ano – o menor nível desde sua criação em 1996. O Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, responsável pela decisão, também sinalizou que o mais provável é que o movimento tenha sido o último do atual ciclo de cortes da taxa básica. Uma nova redução pode ocorrer em março apenas se o cenário melhorar. Para economistas, a aprovação da reforma da Previdência seria um dos fatores para isso.
Desde o ano passado, o BC vinha indicando que pararia de reduzir a taxa básica de juros, que serve de parâmetro para o custo de empréstimos. Mesmo com a Selic no menor patamar em duas décadas, os juros bancários seguem em níveis elevados para padrões internacionais. A taxa média cobrada em operações de crédito no Brasil no ano passado foi de 25,6% ao ano. A do rotativo de cartão de crédito chegou a 334,6% ao ano e a do cheque especial a 323% ao ano.
A pausa nos cortes da Selic se deve a dois fatores. A inflação, apesar de controlada, deve acelerar em 2018 e 2019, com o reaquecimento da economia. Depois de ter fechado em 2,95% no ano passado, o índice oficial de inflação ficará em 4,2% neste ano e no próximo, conforme as projeções mais recentes do BC.
Outra preocupação está ligada ao andamento das reformas, em especial a da Previdência. Em função do calendário eleitoral, a votação da proposta no Congresso pode ficar para 2019, o que é mal visto pelo BC. O presidente da instituição, Ilan Goldfajn, vem defendendo o reequilíbrio das contas da Previdência para permitir a queda da taxa de juros.
O Copom foi claro ao sinalizar que a Selic, agora em 6,75%, tende a permanecer neste patamar em 2018. O colegiado afirmou que, para a reunião de março, se o cenário econômico se desenvolver como esperado, será “mais adequada a interrupção do processo de flexibilização monetária (corte de juros)”.
No entanto, a instituição deixou aberta a possibilidade de rever esta posição e promover um corte adicional da Selic em março, para 6,50% ao ano. De acordo com o BC, isso ocorrerá “caso haja mudanças na evolução do cenário básico e do balanço de riscos”. Na prática, até 21 de março, quando ocorre a próxima decisão sobre a Selic, um dos fatores que pode contribuir para a melhora do cenário é justamente a aprovação da reforma da Previdência no Congresso.
Para a economista Tatiana Pinheiro, do banco Santander, embora tenha ficado claro que o ciclo foi encerrado com a Selic a 6,75%, a aprovação da reforma e uma inflação baixa poderiam fazer o BC reavaliar sua posição. “Se uma reforma da Previdência como foi apresentada antes tivesse sido aprovada, o ciclo de cortes não teria acabado agora.”
Veja o impacto da Selic no seu dia a dia
O BC também mencionou, indiretamente, o estresse visto no mercado norte-americano de ações na segunda-feira, que teve reflexos no Brasil. Para a instituição, “apesar da volatilidade recente das condições financeiras nas economias avançadas”, o cenário externo tem se mantido favorável. /COLABORARAM CAIO RINALDI E SIMONE CAVALCANTI
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