05/01/2014 - 02h20
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MARCELO TOLEDO
ENVIADO ESPECIAL A CAMPINAS
ISABELA PALHARES
DE RIBEIRÃO PRETO
ENVIADO ESPECIAL A CAMPINAS
ISABELA PALHARES
DE RIBEIRÃO PRETO
Antigo símbolo do desenvolvimento paulista, a Companhia Mogiana de Estradas de Ferro, que já transportou o "ouro verde", como era chamado o café no início do século passado, preserva só resquícios de estações, pontos de parada e trilhos.
As antigas estações praticamente inexistem ou estão, em muitos casos, abandonadas ou servindo de moradia. A malha ferroviária, alternativa possível de transporte no Estado, leva passageiros apenas em trens turísticos, ligando pequenos trechos.
Das 52 estações que existiram entre Campinas, onde começava a Mogiana, e Ribeirão Preto, então capital do café, 17 foram demolidas, nove estão abandonadas e outras nove servem de moradia, algumas em péssimo estado.
As estações ferroviárias no interior de SP
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Estação Barracão, em Ribeirão Preto, que é tombada por órgãos de preservação e está sem uso
Outras 17 são usadas por órgãos públicos e servem como museu, prefeitura, escola ou repartição policial.
A maioria não tem trilhos desde a década de 80 e apresenta mato alto e pichações. Muitas têm vidros quebrados e falta de telhado.
- Antiga estação ferroviária central é abrigo para usuários de droga em Bauru
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- Instituto pede construção de museu ferroviário em Ribeirão Preto
Casa Branca (a 229 km de São Paulo) chegou a ter oito estações. Cinco delas foram demolidas ou abandonadas. Uma serve de moradia e outras duas abrigam uma associação e um órgão público.
"A recuperação [das estações] é um trabalho muito difícil e sabemos que não tem a menor chance de o poder público nos ajudar, porque falta interesse", diz Vanderlei da Silva, gerente da ABPF (Associação Brasileira de Preservação Ferroviária).
A entidade opera a linha turística de 24 km entre estações de Campinas e Jaguariúna (a 123 km de São Paulo).
Presidente do Instituto da História do Trem, de Ribeirão Preto, Denis William Esteves criticou o que considera falta de interesse da administração pública sobre o caso.
"Ribeirão jogou no lixo sua história, o ano de 1883 [quando a Mogiana chegou] é um marco para a cidade. Foi quando a vocação comercial da cidade nasceu", afirma.
O Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo), órgão responsável pela preservação de bens históricos no Estado, informou que estuda o tombamento de cinco estações ferroviárias no interior de São Paulo.
05/01/2014 - 03h00
Antiga estação ferroviária central é abrigo para usuários de droga em Bauru
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CAMILA TURTELLI
DE RIBEIRÃO PRETO
DE RIBEIRÃO PRETO
A situação de abandono da memória ferroviária não é uma característica somente da Companhia Mogiana de Estradas de Ferro.
A cidade de Bauru (329 km de São Paulo), que já abrigou uma das maiores estações ferroviárias do Estado, hoje tem o prédio também abandonado.
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Inaugurada em 1939, a Estação Central chegou a contar com três plataformas de embarque. Teve 28 trens, das companhias Paulista, Noroeste e Sorocabana, circulando diariamente para diversos destinos.
05/01/2014 - 03h00
Ex-símbolo do desenvolvimento, Mogiana exibe destruição da memória ferroviária
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MARCELO TOLEDO
ENVIADO ESPECIAL A CAMPINAS
ISABELA PALHARES
DE RIBEIRÃO PRETO
ENVIADO ESPECIAL A CAMPINAS
ISABELA PALHARES
DE RIBEIRÃO PRETO
Outrora símbolo do desenvolvimento econômico do interior do Estado, a Companhia Mogiana de Estradas de Ferro preserva hoje só resquícios de estações, pontos de parada e trilhos.
As antigas estações, surgidas a partir de 1875, praticamente inexistem ou estão, em muitos casos, abandonadas ou servindo de moradia.
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A malha ferroviária, se preservada e melhorada, poderia servir para o transporte, mas foi abandonada e praticamente não há passageiros –a não ser alguns trens turísticos, em pequenos trechos.
Das 52 estações que existiram entre Campinas, onde começava a Mogiana, e Ribeirão Preto –então capital do café–, a situação é desoladora, com 17 estações demolidas, nove abandonadas e outras nove servindo de moradia, algumas em estado ruim.
As estações ferroviárias no interior de SP
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Estação Barracão, em Ribeirão Preto, que é tombada por órgãos de preservação e está sem uso
Só 15 são usadas por órgãos públicos –museus, prefeituras, escola ou repartições policiais–, e outras duas abrigam depósito e oficina.
A Folha percorreu as antigas estações da Mogiana entre Campinas e Ribeirão. A maioria não tem trilhos desde a década de 80 e é tomada por mato alto, pichações, vidros quebrados e falta de telhado. É o caso da estação Santos Dumont, em Santa Rosa de Viterbo, por exemplo.
"Com bom uso são poucas estações. Geralmente as reformadas são as estações centrais, mas mesmo algumas delas foram demolidas", afirmou o pesquisador ferroviário Ralph Giesbrecht.
Casa Branca é um exemplo: das oito estações que chegou a ter, cinco foram demolidas ou estão abandonadas. Uma é moradia e outras duas abrigam uma associação e um órgão público.
"Encontramos as estações destruídas, invadidas. A recuperação delas é um trabalho difícil e sabemos que não tem chance de o poder público nos ajudar, porque falta interesse", disse Vanderlei Alves da Silva, gerente da ABPF (Associação Brasileira de Preservação Ferroviária).
A ABPF opera a ferrovia turística de 24 quilômetros entre a estação Anhumas, em Campinas, e Jaguariúna. São das poucas preservadas.
Presidente do Instituto da História do Trem, Denis William Esteves criticou o que considera falta de interesse do poder público e ressaltou o caso de Ribeirão.
"Ribeirão jogou no lixo sua história. O ano de 1883 [chegada da Mogiana] é um marco para a cidade."
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Instituto pede construção de museu ferroviário em Ribeirão Preto
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DE RIBEIRÃO PRETO
O Instituto História do Trem encaminhou em 2009 um projeto à Prefeitura de Ribeirão Preto (313 km de São Paulo) para a construção de um museu ferroviário com a implantação de um trem para passeios turísticos na cidade.
O instituto chegou a acionar o Ministério Público para estudar o plano de restauração por conta das indefinições da prefeitura.
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O projeto depende do estabelecimento de um convênio com a administração municipal para que o governo federal autorize a restauração da estação Barracão, que está fechada, e da linha-tronco da Mogiana, no trecho entre os bairro Ipiranga e Quintino Facci 2, na zona norte.
O projeto, segundo Denis William Esteves, presidente da instituição, seria custeado por patrocinadores. Cinco empresas privadas já teriam demonstrado interesse.
"Como é um patrimônio do governo federal, nós teríamos que ter algum convênio com o poder público para viabilizá-lo. A prefeitura não teria que pagar nem R$ 1 pelo projeto. Não ajuda nem deixa que outras entidades nos ajudem", disse Esteves.
O projeto prevê a recuperação da linha férrea e da estação Barracão. O governo federal analisa o pedido para o fornecimento do trem que atuaria no trecho. A previsão inicial era de que o projeto custasse entre R$ 3 milhões e R$ 4 milhões.
A Prefeitura de Ribeirão informou, por meio de nota, que tem o interesse de firmar o convênio e ainda não o fez porque depende de uma resposta da União e do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura e Transporte) para a concessão temporária do imóvel, que é do governo federal.
Segundo a prefeitura, existe uma ação judicial de inventário dos bens que pode, além de agilizar as conversações, garantir um acervo de peças históricas para o museu.
05/01/2014 - 03h00
Estações de trem no interior podem ser tombadas pelo Estado
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DO ENVIADO A CAMPINAS
DE RIBEIRÃO PRETO
DE RIBEIRÃO PRETO
O Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo) estuda o tombamento de cinco estações ferroviárias no interior de São Paulo –Araraquara, Barretos, Brodowski, Pirassununga e São Simão.
A abertura dos estudos ocorreu em março de 2009 para a estação de Araraquara e em setembro de 2011, para as estações das outras quatro cidades.
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O Condephaat informou que não tem prazo legal para a finalização dos estudos. Mesmo assim as estações já estão protegidas até a decisão final do conselho e qualquer intervenção deve ser previamente aprovada pelo Condephaat, segundo a direção do instituto.
Já existem estações tombadas no interior, como em Ribeirão Preto e em Santa Rita do Passa Quatro.
Os tombamentos nem sempre se limitam às estações. O Conppac (Conselho Municipal de Preservação Artístico Cultural), órgão similar ao estadual, mas com abrangência só em Ribeirão Preto, tenta o tombamento dos trilhos que cortam a cidade.
O conselho aguarda a relação do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte) das propriedades onde se encontram os trilhos para que a análise prossiga.
Um dos poucos exemplos de preservação, o trecho turístico entre Campinas e Jaguariúna, operado pela ABPF (Associação Brasileira de Preservação Ferroviária), chega a transportar 2.000 pessoas por dia de operação.
"Nós não temos lucro. O dinheiro da bilheteria é para custear a operação e, quando há excedente, encaminhamos para a oficina de recuperação de trens", disse Vanderlei Alves da Silva, gerente da associação.
A maria-fumaça funciona aos sábados, domingos e feriados. Os passeios são de meio percurso e percurso completo, e custam R$ 50 e R$ 70, respectivamente.
CENÁRIO
Em meio a grandes árvores e com um silêncio típico do campo, mais de uma dezena de vagões bem cuidados e locomotivas estão prontos para iniciar sua viagem pelos trilhos do interior do Estado.
Nem parece que a estação Anhumas, dona do bucólico cenário descrito acima, em Campinas, fica próxima à movimentada rodovia Dom Pedro, que dá acesso a outras vias como a Anhanguera, Bandeirantes e Fernão Dias.
Conservada pela ABPF, ela foi fundada em 1926, tem a sala do chefe da estação e até uma sala de senhora, e marca o início do passeio turístico até Jaguariúna.
A estação, chamada Anhumas Nova, substituiu outra, Anhumas, de 1875 e já demolida.
As estações seguintes da Mogiana, no entanto, são marcadas pelo abandono. Em Santo Antônio de Posse, a estação Posse de Ressaca está fechada e tem problemas de conservação.
Em Estiva Gerbi, há duas estações: a nova abriga uma delegacia de polícia, enquanto a velha não tem telhado e é tomada por mato alto e pichações nas paredes.
05/01/2014 - 03h00
Expansão de cidades transformou linhas férreas em obstáculos no interior de SP
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A expansão desenfreada dos municípios fez com que as linhas férreas passassem de impulsionadoras do desenvolvimento econômico do interior de São Paulo a obstáculos ao progresso da vida urbana.
Em 21 cidades do Estado, o Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte) tem projetos e realizou obras para a retirada dos trilhos das áreas urbanas.
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Uma delas é São José do Rio Preto, onde um descarrilamento de vagões de cargas causou a morte de oito pessoas no último dia 24 de novembro.O projeto do contorno ferroviário do município ainda está em desenvolvimento e não há previsão para a execução.
Na região de Ribeirão Preto, as obras estão em andamento em duas cidades. Em Araraquara, a obra do contorno ferroviário está atrasada há seis anos.
A obra está em fase final com previsão de entrega para o segundo semestre de 2014.
Já em São Carlos está em execução a transposição de um trecho da linha férrea e há projeto para a transposição de outras áreas no município. Em Matão foi concluída uma obra de transposição.
PASSAGEIROS
Um projeto do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento) de 1998 pretendia recuperar linhas férreas ociosas em 11 regiões do Brasil para que fossem utilizadas para o transporte de passageiros. O projeto foi arquivado por falta de interessados.
Cada um dos trechos reativados teria entre 100 e 200 quilômetros de extensão.
"Existe uma demanda na área de transporte coletivo que pode ser muito bem atendida com a ativação desse setor ferroviário ocioso", disse Carlos Malburg, técnico do departamento de mobilidade e desenvolvimento urbano da área de infraestrutura social do BNDES.
O estudo apontou a viabilidade do projeto em linhas férreas do Rio Grande do Norte, Alagoas, Sergipe, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina e duas no Rio Grande do Sul.
No Estado de São Paulo dois trechos foram estudados: um ligava Campinas a Poços de Caldas (MG) e outro, a zona rural ao centro de Piracicaba.
"Nós tentamos articular com empreendedores a implementação desse projeto, mas não houve interesse", afirmou Malburg.
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