sexta-feira, 5 de outubro de 2012

O próximo passo do Regime Automotivo, por Luis Nassif


Ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Fernando Pimentel considera que o Regime Automotivo – anunciado ontem pelo governo – é apenas o primeiro passo para fortalecer e modernizar a indústria automobilística no país.
O enfoque principal foi direcionar os estímulos fiscais para a compra interna de componentes e para a modernização tecnológica, diz ele. Não se tem a pretensão de todas as autopeças serem fabricadas no país. Mas se pretende que o quarto mercado automobilístico do mundo tenha uma indústria à altura do seu tamanho.
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O Regime foi fechado em contato permanente com o Itamaraty, especialmente com os diplomatas que atuam na OMC (Organização Mundial do Comércio), especialmente Roberto Azevedo, para evitar qualquer questionamento internacional.
Ao contrário da Câmara Setorial da Indústria Automobilística, no governo Collor, o Regime Automotivo não pensou em uma especialização, que permitisse ao país ocupar nichos no mercado internacional. Isso porque, segundo Pimentel, as próprias indústrias já caminharam para tal, definindo os motores até 1.4 cilindradas como a vocação brasileira.
Aliás, no caso das inovações tecnológicas, há um enorme caminho a ser recuperado. O último motor projetado e desenvolvido no Brasil foi o fuel, da Fiat, há 17 anos.
Há a necessidade de se desenvolver uma nova geração de motores, substituindo o aço por alumínio e ligas metálicas. Nos últimos anos, a indústria mundial incorporou muita eletrônica, avanços que ainda não chegaram à produção interna.
Estávamos perdendo o bonde da história, diz Pimentel. Agora, o Regime Automotivo surge no momento em que novas montadoras – corenas e chinesas – estão se instalando no país.
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Mas o grande passo será a etapa seguinte, diz Pimentel.
Na cadeia automobilística existem as montadoras e os sistemistas – grandes empresas multinacionais que compram componentes da indústria de autopeças. Não são mais que dez sistemistas, de tal forma poderosas que pode-se planejar um automóvel simplesmente juntando todas elas e encomendando os sistemas necessários.
Nesse jogo de gigantes, quem fica espremido são os fabricantes de autopeças, em geral pequenas e médias empresas nacionais.
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E esse peixe pequeno, o fabricante de autopeças, está mal, diz Pimentel. Boa parte não consegue sequer acessar o BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social), por dívidas de imposto e falta do CND (Certidão Negativa de Débito).
Por isso mesmo, está sendo preparado o segundo tempo do Regime Automotivo, pelo MDIC e pelo BNDES, visando o fortalecimento do setor.
A ideia do Regime Automotivo é puxar a corda para cima, mas ajudando a carregar o peso em baixo, diz Pimentel. Caso contrário, haverá aumento das importações ou se irá espremer as margens dos pequenos para limites insustentáveis.
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Um dos subprodutos do Regime Automotivo será consolidar a indústria de autopeças como fornecedora preferencial para as montadoras na América do Sul.

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