quarta-feira, 3 de outubro de 2012

A política econômica, segundo Dilma


Coluna Econômica - 03/10/2012 Luis Nassif

Os discursos de Dilma são o melhor instrumento para saber o que ela pensa sobre economia. A presidente tem por hábito enfiar "cacos" no discurso, explicitando melhor seu pensamento.
Foi o que aconteceu no discurso que proferiu na cerimônia de "As Empresas Mais Admiradas", da revista Carta Capital.
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Nela, ficou claro o compromisso do governo com a produção, interrompendo vinte anos de desatenção que desarticularam o sistema industrial brasileiro. Ao longo do discurso foi encaixando as principais medidas que seguem a lógica anunciada.
A primeira, foi a importância do câmbio para defender a produção brasileira. Enfatizou que a política econômica dos países centrais - inundando o mercado de moedas ao mesmo tempo em que travam a economia com metas fiscais rígidas - é prejudicial aos países emergentes. Primeiro, por desvalorizar suas moedas, frente às dos emergentes; depois, por manter a economia estagnada. Cada país central mata seu mercado interno com políticas fiscais recessivas; depois desvalorizam suas moedas para que a produção local possa ser direcionada para o mercado externo.
Enfatizou a posição brasileira, de que o câmbio é a pior forma de competição comercial, não estando sujeito a nenhuma forma de controle da Organização Mundial do Comércio.
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Parte longa do discurso foi explicando as recentes decisões de reduzir o custo da energia. No preço da energia está embutido uma cota de depreciação - que consiste em abater, anualmente, um percentual do valor pago pela concessão. Acontece que a vida útil das usinas é muito maior que a dos contratos de concessão. Dessa forma, terminado o contrato, a concessionária já amortizou completamente o valor pago. A usina continua a operar, totalmente amortizada. Aï o governo faz um novo leilão, é pago um novo valor e a depreciação daquele valor cai na conta do consumidor pessoa física e jurídica.
A partir de agora, explicou Dilma, haverá renovação das concessões, acabando com a cota de depreciação e barateando o custo da energia.
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Seu modelo de desenvolvimento - explicou ela - não pode contrapor consumo a investimento. As prioridades serão a manutenção das políticas sociais, fortalecendo o mercado de consumo interno, o investimento prioritário em infraestrutura e em inovação.
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Passadas as eleições, disse ela, será a hora do país se debruçar sobre o que fazer com os recursos do pré-sal. Sua proposta é que seja direcionado para educação.
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Finalmente, abordou a questão da nova classe média. A partir de agora, disse ela, essa nova classe média será cada vez mais exigente em relação aos serviços públicos e privados. Não aceitará mais celulares que não funcionam, saúde pública que não atenda suas exigências.

Isso obrigará a uma nova postura por parte de todos os agentes econômicos.

O sonho nosso, como país, terminou ela, é sermos um imenso país de classe média, educada, bem atendida, com saúde.

No público, os maiores empresários brasileiros concordando que, finalmente, o país partiu para a batalha da produção. Mas será uma imensa luta recuperar o atraso de tantas décadas.

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