quarta-feira, 8 de junho de 2022

Hélio Schwartsman - Juízes não podem ignorar contexto político, FSP

 

Pelas teorias mais tradicionais, o magistrado deveria julgar apenas de acordo com a lei, abstendo-se de quaisquer considerações políticas, pessoais e até de reflexões sobre danos colaterais que possam advir de seu juízo. "Fiat iustitia, et pereat mundus" (faça-se justiça, mesmo que o mundo pereça), na fórmula de Immanuel Kant.

O problema é que não é legal quando o mundo perece, daí que é mais ou menos inevitável que juízes levem em conta não só a lei mas também o contexto sociopolítico e econômico antes de proferir suas sentenças. Isso é especialmente verdade nas cortes superiores nas quais se concentram causas de grande repercussão.

É sob essa chave que se deve interpretar a decisão do TSE do ano passado que cassara o mandato do deputado federal bolsonarista Fernando Francischini, o qual ganhou breve sobrevida graças a manobras de Kassio Nunes Marques e André Mendonça, a dupla de ministros do STF indicada por Bolsonaro. Francischini basicamente disse um monte de mentiras sobre a urna eletrônica. Ora, ver políticos mentindo sobre todos os assuntos não é exatamente inédito e raramente leva a cassações.

O que há de diferente no caso de Francischini é que ele ocorre em meio à campanha de Bolsonaro para erodir a confiança nas urnas e no Judiciário e, em última instância, a própria democracia. Diante disso, os ministros do TSE, num claro recado ao presidente, não hesitaram em enquadrar as falas do deputado nos delitos de uso indevido de meios de comunicação e abuso de poder político. É para isso que existem esses tipos abertos, em que cabe mais ou menos tudo.

Nessa queda de braço, o Judiciário está certo, e Bolsonaro, errado. Marques e Mendonça agiram contra a própria casa. Alguém deveria avisá-los que ministros do STF só precisam bajular superiores até ter a indicação confirmada pelo Senado. Depois, ficam livres para julgar segundo suas consciências, caso as tenham.

Os professores dos EUA estão no seu limite, The News

 EDUCAÇÃO

(GIF: Tenor | Reprodução)

Ensinar nos EUA está desgastante. Os professores estão enfrentando a ameaça de tiroteios em escolas, uma pandemia e maior interferência política em seus planos de aula. Detalhe: com salários estagnados.

  • O ensino já era uma profissão mal paga no país, mas, com todos esses encargos, especialistas alertam para uma provável crise de pessoal.

Pra completar, a COVID-19 piorou a situação: Com o isolamento, os professores foram convidados a fazer aulas virtuais da noite para o dia — se o ensino à distância já é difícil para os alunos, imagina para os professores?

Segundo especialistas, no entanto, a escassez durará mais que a pandemia: 55% dos educadores — em diferentes estágios de suas carreiras — estão pensando em deixar a profissão antes do planejado. 

Ainda segundo a pesquisa, o sistema educacional tem professores apaixonados que, mesmo com as dificuldades, enxergam a sala de aula como a última grande esperança para ajudar as novas gerações.

E aqui no Brasil? 🇧🇷

Segundo o IBGE, os professores da rede pública estão entre as categorias profissionais mais mal-remuneradas do país. Em 2020, os docentes ganhavam apenas 78% da média recebida por outros trabalhadores com ensino superior.

Além disso, o salário do professor brasileiro é um dos mais baixos do mundo. A média de remuneração de educadores do ensino fundamental do país foi a menor entre 40 países analisados.

Câmara livra Petrobras de interferência em preços, EPBR

 

Editada por Gustavo Gaudarde
gustavo.gaudarde@epbr.com.br
Você vai ver aqui Sem jabuti: o relator do PL da transparência livrou a Petrobras de uma interferência direta na sua formação de preços; e a Câmara, o mercado como um todo de regras de preferência para o refino nacional. No meio desse rebuliço, o Brasil poderá ter uma política tributária firme para privilegiar o etanol. Vai dar certo?
 
A Câmara dos Deputados aprovou, sem quaisquer dificuldades, o relatório de Arnaldo Jardim (Cidadania/SP) para o projeto das novas regras de transparência de preços dos combustíveis.

-- O texto original previa regras apenas para a Petrobras, o que não faria sentido. A empresa pública tem grande poder de formação de preços, mas tem concorrentes. O PL também criava diretrizes para regulação desses preços pela ANP, o que caiu.
 
Sem coloração partidária. Com apoio da oposição – o PL é do PT, de Reginaldo Lopes (MG) –, a Câmara derrubou o artigo que apenas permitiria a exportação de óleo depois que toda a demanda interna estivesse atendida.
 
Entenda mais sobre essa visão em Preços dos derivados de petróleo: privatização, importações e financeirização, por José Sergio Gabrielli.
 
-- Uma articulação de deputados do PL, de Jair Bolsonaro, tentou emplacar uma alternativa: garantir que, antes das exportações, o petróleo fosse colocado à disposição do mercado interno nas mesmas condições de preço e pagamento. Não colou.
 
A transparência. Se aprovado no Senado como está, todos os “agentes econômicos atuantes na indústria do petróleo e na indústria de biocombustível” deverão informar mensalmente uma lista de dez itens, mais tributos, que será publicada na internet, pela ANP. Vale para gasolina, diesel, GLP, QAV e etanol.
 
-- Arnaldo Jardim inclui o gás natural em outro artigo, um desejo antigo do deputado por mais abertura de informações do setor. Será a “composição dos preços médios de venda de gás natural às distribuidoras”, nas capitais que possuam ponto de suprimento.
 
O mercado vai apoiar? Parte disso já é público, mas esse nível de detalhamento pode ser inédito. A ANP mantém dados abertos, mas há limites: alguns são agregados, outros não existem. Por força da regulação atual, os refinadores já publicam preços por ponto de entrega.
 
-- Mas a transparência é, muitas vezes, tratada como ameaça à competitividade. Há limites, por exemplo, no detalhamento das informações entre distribuição e varejo.