Fonte: Época Negócios Online - 12.03.2018
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Divulgação
Projetado e construído pelo Synapse Development Group, o Perch foi inaugurado no fim do ano passado. Chamou atenção por ser o primeiro edifício da cidade sob o padrão alemão de eficiência energética Passivhaus, mais rigoroso que os certificados gerados, por exemplo, pelo famoso LEED. Para obter a certificação com o Passivhaus Institut, os edifícios devem seguir métricas de energia específicas em quatro critérios principais: uso de energia para aquecimento e refrigeração, uso geral de energia, ventilação e amplitude térmica. Com isolamento triplo, o Perch foi construído com janelas estrategicamente posicionadas e dimensionadas para maximizar a entrada de luz solar natural. Também foram instalados sistemas de alta tecnologia que reciclam o ar para aquecer, resfriar e ventilar o interior. A empresa afirma que este modelo, chamado de "construção passiva", pode reduzir em até 90% o consumo de gás e energia em comparação a um edifício tradicional. Todo o interior é pensado para desperdiçar zero energia. O número de construções no padrão Passivhaus, criado em 1996, cresce de forma lenta nos Estados Unidos. Em Nova York, segundo a Fast Company, há 70 edifícios — sendo que 27 ainda estão sendo construídos. Na Europa, é mais popular — particulamente na Escandinávia, Áustria e Alemanha. Lá, 20 mil edifícios já receberam a certificação do Passivhaus Institut. Em comparação, 92 mil edifícios de 65 países já receberam o certificado LEED. Por trás da ideia, está Justin Palmer, empreendedor de 36 anos que fundou a Synapse. Palmer, como descreve a reportagem da Fast Company, cultiva a ambição de mudar os padrões do setor de imóveis em Nova York. "Um dos nossos objetivos foi construir os projetos com base nas taxas praticadas no mercado, para mostrar que era viável ter edifícios construídos com este padrão." Para ele, a Tesla, empresa de carros elétricos de Elon Musk, é uma inspiração. "Nós realmente olhamos para uma empresa de design como a Tesla com muita inspiração, uma empresa que sempre teve muitos opositores. Os fabricantes tradicionais de automóveis disseram a eles que ninguém ia comprar um carro elétrico, que eles não teriam alcance suficiente, que não daria para ser feito. Bem, nós também estamos ouvindo tudo isso da indústria imobiliária", disse à Fast Company. A Synapse foi fundada em 2012 com a missão de construir edifícios com outros padrões sustentáveis. Um dos braços do negócio está focado em realizar reformas em edíficios já construídos, para conseguir que eles sejam melhor aproveitados. Um dos projetos é um albergue de São Francisco localizado em um prédio histórico da cidade. "Estudamos muito sobre quais são as melhores maneiras de 'reabilitar' um edifício e qual a melhor maneira de projetá-los", diz Palmer. O empresário foi buscar inspiração frequentando laboratórios de grandes empresas, como 3M e DuPont, para pesquisar os mais recentes sistemas de engenharia de construção. Optar por um caminho mais sustentável, porém, pode custar mais caro — para a empresa e para os futuro inquilinos. Um dos argumentos de Palmer é que é possível abater esses custos no longo prazo, diante da economia que um edifício já planejado sob padrões rigorosos de eficiência enérgica pode gerar. Atualmente, 60% do Perch Harlem está ocupado — são 34 apartamentos no total. Os primeiros inquilinos, segundo Palmer, foram famílias jovens, um arquiteto e um professor colombiano. Além de trabalhar para alugar as unidades remanescentes, Palmer desenha planos para levar este padrão de edifício para projetos em Los Angeles, Austin, Seattle e Nashville. |
terça-feira, 13 de março de 2018
12.03.18 | Empreendedor quer construir a "Tesla dos prédios"
São Paulo, uma metrópole para poucos, Jornal da Unicamp
Pesquisa desenvolvida no IE constata que o padrão de segregação urbana no município se aprofundou, agravando as desigualdades sociais entre seus moradores
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A melhora dos indicadores econômicos e sociais do Brasil nos anos 2000 não foi suficiente para promover alterações no padrão de segregação urbana registrado historicamente na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), a capital em particular. Ao contrário, a despeito das estatísticas positivas, o problema se aprofundou no período. Esta é a principal constatação da tese de doutorado do economista Armando Palermo Funari, defendida no Instituto de Economia (IE) da Unicamp, sob a orientação da professora Mariana Fix. “Isso ocorreu porque o cenário de desigualdade na cidade de São Paulo foi agravado. A renda aumentou, mas de forma assimétrica, com maior benefício para os mais ricos, em detrimento das camadas médias da sociedade”, considera o pesquisador.
Funari vai buscar no trabalho do urbanista Flávio Villaça, ex-docente da USP, as bases para a sua investigação. Villaça é conhecido por analisar como as classes sociais se distribuíram pelas regiões metropolitanas brasileiras, a de São Paulo entre elas, e as consequências desse processo. “Em linhas gerais, Villaça mostra que o padrão de desenvolvimento da cidade de São Paulo, por exemplo, é marcado pela concentração das classes de alta renda numa determinada porção territorial, que ele chama de Quadrante Sudoeste. Eu utilizei a metodologia proposta por ele e procurei trazer novos dados para analisar a temática em período mais recente”, explica o autor da tese.
De acordo com o economista, Villaça demonstra que o padrão de segregação urbana reflete e reforça, em boa medida, as grandes desigualdades sociais verificadas historicamente no país. “Quando uma classe social de elevada renda ocupa uma dada região do município, ela acaba concentrando outras vantagens, de caráter essencialmente urbano, que se somam às vantagens econômicas que já detém. Ou seja, o urbano atua sobre essa situação de desigualdade social à medida em que os espaços da cidade são ocupados de forma distinta”, pontua Funari.
Ademais, prossegue o pesquisador, as classes de alta renda exercem um papel ativo na configuração das questões sociais tanto no âmbito do município quanto no da RMSP. “A ação dos mais ricos acaba levando mais serviços e infraestrutura para os locais onde vivem, o que amplia o abismo sociourbano em relação a outras áreas da cidade”, afirma Funari. A pergunta que orientou a tese do economista é se a melhora dos indicadores econômicos e sociais registrada nos anos 2000 teria sido suficiente para modificar essa tendência. “Infelizmente, o que constatei é que a situação não somente persistiu, como se aprofundou. De fato, o bolo cresceu nesse período, mas as maiores e melhores fatias continuaram sendo oferecidas para os mais ricos”, acrescenta.
Questionado sobre a capacidade de o Plano Diretor ser capaz de ao menos atenuar essas desigualdades sociourbanas, Funari observa que, em tese, o instrumento poderia cumprir esse papel. Entretanto, ele lembra que normalmente as discussões em torno da formulação das políticas públicas voltadas ao ordenamento urbano são protagonizadas por grupos e corporações do segmento imobiliário, de grande poder financeiro e alta influência política, como construtoras e incorporadoras. “Frequentemente, a sociedade civil tem pouca capacidade de interferir nas decisões”.
Um exemplo da força desse lobby vem do processo de elaboração do Plano Diretor de São Paulo durante a gestão do prefeito Fernando Haddad (2013-2016). Conforme o autor da tese de doutorado, a proposta partiu de um diagnóstico acertado, mas sofreu inúmeras modificações ao longo do tempo, principalmente quando tramitou na Câmara de Vereadores. “Ao final do processo, a legislação não se mostrou tão progressista quanto a Prefeitura gostaria e menos ainda em relação ao que deveria ser”, analisa.
Funari lembra que o padrão de segregação urbana verificado em São Paulo tem consequências extremamente danosas para a sociedade. “A começar pelo seu caráter antidemocrático. No regime democrático, vale assinalar, as pessoas são consideradas equivalentes. No entanto, é preciso que essa equivalência ocorra para além do momento da eleição, no qual cada eleitor representa um voto. Uma decorrência do modelo de ocupação urbana das nossas metrópoles é o apartamento da sociedade. Estão sendo criados cidadãos de primeira, segunda e terceira classes. Nós precisamos de mais equidade. Não é possível que continuemos reproduzindo um padrão que legitima mecanismos tão evidentes de promoção de desigualdades”, entende.
No limite, continua o economista, quando se determina onde uma e outra parcela da população deve viver, também se está delimitando outras questões. “Na semana em que defendi a tese, foi divulgado um estudo que contrapunha os indicadores dos distritos que compõem a cidade de São Paulo. Um dos dados revelava que num determinado local a expectativa de vida do morador era entre 20 e 25 anos maior que a de outro. Ora, quando o padrão de segregação estabelece onde a pessoa deve morar, ele também está indiretamente demarcando até que idade essa pessoa pode viver”, assinala.
Dito de outra maneira, sem qualquer verniz, o que o pesquisador constatou é que São Paulo não é uma cidade para todos, mas sim para alguns poucos. “As opções de quem pode escolher onde viver acabam travando as possibilidades daqueles que não têm escolha. Com isso, o abismo se aprofunda. Hoje, temos claramente dentro do município uma Dinamarca e uma Zâmbia”, assevera. Funari entende que é possível e urgente construir cidades mais democráticas.
Para isso, adverte, é necessário não fazer uso de soluções prontas ou importadas e dar maior atenção às pessoas que à estrutura. “Quando o poder público age sobre um espaço da cidade sem qualquer infraestrutura, esse espaço fica qualificado. Com isso, as pessoas que pagam aluguel nessa porção correm o risco de ser expulsas, por já não conseguirem mais arcar com o custo de vida local, por causa da valorização do metro quadrado. Essa é uma questão que precisa ser melhor analisada, inclusive dentro do conceito de cidade inteligente que vem ganhando espaço na agenda dos administradores públicos. É preciso entender que não adianta agir sobre o espaço sem considerar as pessoas que o ocupam”, reforça.
A universidade pública, conclui Funari, poderia colaborar com essa discussão ao colocar à disposição da sociedade o conhecimento gerado sobre o tema por seus pesquisadores. “A universidade está inserida nesse contexto. Sem dúvida, nós contamos com profissionais qualificados para ajudar na proposição de soluções para os diferentes problemas urbanos, entre eles a ocupação desigual dos municípios”.
Sistema de detecção de vazamento de água utiliza aprendizagem de máquina, Agência Fapesp
13 de março de 2018
Suzel Tunes | Pesquisa para Inovação – De cada 100 litros de água captados pelos sistemas de abastecimento no Brasil, quase 40 litros são perdidos na distribuição, segundo dados de 2016 do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS). Reduzir esse desperdício por meio de uma ferramenta de detecção de vazamentos é o propósito da Stattus4, startup localizada no município paulista de Sorocaba.“A eliminação de vazamentos é muito importante do ponto de vista da gestão dos recursos hídricos. Reduzir o desperdício significa reduzir também a necessidade de captação e tratamento de água, o que resulta em menores custos operacionais para as empresas e maior preservação dos mananciais”, destaca Antônio Carlos Oliveira Júnior, pesquisador responsável pelo projeto. Batizada de Fluid, a tecnologia recorre à inteligência artificial para a detecção de áreas com potenciais vazamentos. Um protótipo do equipamento foi desenvolvido com apoio do Programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE). É composto por um sensor móvel capaz de gravar a vibração de água que passa pelo encanamento e analisá-la, tendo como referência uma base de dados armazenada em nuvem. “Nossa abordagem fundamenta-se na Computação Musical”, explica o pesquisador. “O funcionamento do Fluid pode ser comparado ao dos aplicativos de reconhecimento musical utilizados nos smartphones, que conseguem identificar uma música a partir de um pequeno trecho, graças aos seus bancos de dados”, explica Oliveira. No caso do sensor de vazamentos, diferentes ruídos captados na rede podem indicar uma perda de água, ou, simplesmente, um problema no hidrômetro – ou, mesmo, uma ligação clandestina. É o software que faz essa distinção. Quanto mais análises ele realiza, mais robusto fica seu banco de dados e mais preciso o diagnóstico. “É o que chamamos de aprendizagem por reforço”, diz o pesquisador. Segundo Oliveira, cerca de 10 empresas já estão utilizando um piloto do sistema Fluid: “800 novas amostras por dia estão subindo no sistema. Já temos mais de 40 mil dados de ruídos reais”, afirma. Os primeiros parâmetros para a alimentação do algoritmo foram obtidos em uma escola de formação de operadores de geofone, o instrumento utilizado tradicionalmente para a detecção de vazamentos. O geofonista é um profissional altamente especializado na identificação de vazamentos, trabalho que costuma ser feito em duas etapas: uma primeira varredura pelas ruas da cidade e, depois, uma análise mais apurada, para identificar o local exato da perda de água. O profissional usa o geofone para captar o ruído, mas é o seu ouvido treinado que o analisa. Oliveira esclarece que não pretende substituir o trabalho do geofonista, mas agilizá-lo, realizando a tarefa de varredura. “O Fluid consegue identificar áreas de potenciais vazamentos, deixando o ajuste fino para o geofone.” A concessionária privada Águas de Votorantim, município na Região Metropolitana de Sorocaba, já está trabalhando com essa metodologia. “Eles contavam com apenas dois geofonistas, que demoravam 24 meses para percorrer o campo. De posse de três coletores de dados, que rastreiam previamente os pontos de perda em potencial, reduziram para quatro meses o tempo de varredura. Agora, o geofonista visita apenas os locais onde se identificou a existência de algum problema. A operação do Fluid é simples e não precisa ser feita por um profissional especializado, o que garante redução de custos”, afirma Oliveira. Segundo o pesquisador, o desafio da empresa agora é avançar na precificação correta desse sistema. “O Fluid não é só um equipamento, mas uma ferramenta de gestão”, afirma. Além de identificar vazamentos, o equipamento permite que o gestor faça o acompanhamento do trabalho de varredura – muitas vezes realizado por empresas terceirizadas – em tempo real. “Ele pode verificar a rota percorrida pelo operador do coletor de dados, ter acesso ao áudio da amostra para auditoria de eficácia do sistema e receber relatórios dos dados de campo.” Startup enxuta Com formação em Engenharia Elétrica e terminando uma segunda graduação em Matemática Aplicada e Computacional, ambas pela Universidade de São Paulo, Antônio Carlos Oliveira está aplicando conhecimentos das duas áreas para o desenvolvimento do projeto. Ele conta que o objetivo inicial do projeto era ter um sensor fixo instalado em cada hidrômetro e capaz de fazer a localização exata de cada vazamento. Os custos se revelaram inviáveis. A decisão de fazer um coletor móvel fez despencar o investimento em hardware e foi um fator decisivo para permitir a entrada da empresa no mercado. “Fomos rápidos em tomar essa decisão. Utilizamos o conceito de lean startup (startup enxuta), validando cada movimento com os nossos clientes em potencial e nos adaptando com agilidade ao mercado”, diz Marília Lara, sócia e administradora da empresa. A boa aceitação do produto e o reconhecimento da comunidade científica indicam que a empresa está no rumo certo. A Stattus4, que começou incubada no Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia (Cietec), da Universidade de São Paulo, agora tem escritório próprio, com apoio do Parque Tecnológico de Sorocaba e da Baita Aceleradora, de Campinas. Já passou por três rodadas de investimento anjo e conta atualmente com 12 funcionários. Em junho de 2017, a empresa conquistou o prêmio “Startup Inovadora” no 47º Congresso da Associação Nacional dos Serviços Municipais de Saneamento (Assemae) – e tem uma agenda repleta de participação em eventos acadêmicos e empresariais. No dia 12 de março, Marília Lara apresentou o projeto Fluid na Assembleia Legislativa de São Paulo, no Ciclo ILP FAPESP de Ciência e Inovação, evento realizado pelo Instituto do Legislativo Paulista (ILP), em parceria com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). No próximo dia 15, a Stattus4 participará de um evento promovido pelo International Finance Corporation (IFC) – braço de financiamento do Banco Mundial para o setor privado – e Fórum Econômico Mundial. A empresa foi uma das 50 startups da América Latina selecionadas para participar da iniciativa UpLink, uma comunidade digital criada para fomentar a interação entre startups, universidades, governos e empresas multinacionais. E entre os dias 19 e 22 de março a Stattus4 participará do Fórum Mundial da Água 2018, em Brasília. Segundo Marília Lara, fechar contratos de utilização do sistema e pensar na internacionalização são os próximos passos. “Nosso público-alvo são as concessionárias de abastecimento de água e os prestadores de serviço que elas contratam, é um mercado restrito. A gente vê a internacionalização como condição sine qua non para nossa existência”, afirma. Sttatus http://stattus4.com/pt_BR/ Endereço: Av. Rudolf Dafferner, 400, Sala 402 Sorocaba, SP CEP:18085-005 Fone: (15) 3358-2530 Contato: http://stattus4.com/pt_BR/ Palavras-chave: Saneamento, Vazamento de água, Aprendizagem de máquina, IoT |
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