RODRIGO BURGARELLI Estadão
O maior contrato da gestão Gilberto Kassab (PSD) não é o da nova varrição nem o do túnel da Avenida Jornalista Roberto Marinho, na zona sul da capital. Por R$ 2,8 bilhões, 13 lotes de obras de urbanização de favelas e recuperação de mananciais e das orlas das represas Billings e do Guarapiranga deverão ser contratados até o início do segundo semestre deste ano. O objetivo é que, até 2016, a região tenha praticamente resolvido seus principais problemas habitacionais e de poluição.
O maior contrato da gestão Gilberto Kassab (PSD) não é o da nova varrição nem o do túnel da Avenida Jornalista Roberto Marinho, na zona sul da capital. Por R$ 2,8 bilhões, 13 lotes de obras de urbanização de favelas e recuperação de mananciais e das orlas das represas Billings e do Guarapiranga deverão ser contratados até o início do segundo semestre deste ano. O objetivo é que, até 2016, a região tenha praticamente resolvido seus principais problemas habitacionais e de poluição.
Os valores atraíram as principais empreiteiras do País. Camargo Corrêa, Carioca e Galvão foram pré-qualificadas na concorrência e devem apresentar suas propostas na sessão marcada para o dia 30 deste mês. Mais de 46 mil famílias devem ser beneficiadas. Entre elas, 13 mil devem ser removidas de suas casas e receber auxílio-aluguel até serem realocadas em conjuntos habitacionais na mesma região, após as obras.
As obras dizem respeito à terceira e última fase do Programa Mananciais. Essa etapa tem verbas da Prefeitura, governo estadual e governo federal por meio do Programa de Aceleração de Crescimento (PAC). O programa começou em 1996, para reduzir a contaminação por esgoto dos mananciais da zona sul da capital – que abastecem 4,7 milhões de moradores da Grande São Paulo – e está na sua segunda etapa. A ideia é levar infraestrutura e coletar esgoto de 1,2 milhão de pessoas.
Segundo o coordenador do programa, Ricardo Sampaio, só serão removidas as famílias que vivem dentro de uma faixa de cerca de 50 metros dos mananciais. “São domicílios onde é impossível fazer a coleta de esgoto, além de estarem em área de APP (Área de Proteção Permanente)”, explica Sampaio. Esse espaço deverá dar lugar a parques lineares ao redor das duas represas. “A ideia é alavancar o turismo ecológico na região, que tem enorme potencial, mas precisa dessa recuperação ambiental.”
Esse processo acontece atualmente no bairro Cantinho do Céu, à beira da Represa Billings, no extremo sul da cidade. Um parque linear de 7,5 km vai ser construído na orla, onde antes moravam 1,7 mil famílias. Cerca de 2,5 km de parque já estão prontos .
No local já inaugurado, troncos coletores de esgoto e uma estação elevatória que leva os dejetos para tratamento na rede da Sabesp garantem que a água da represa seja transparente e sem cheiro. Crianças nadam no píer de madeira recém-inaugurado, algo impossível antes das obras, segundo as próprias crianças. Alguns quilômetros adiante, onde os trabalhos ainda não terminaram e o esgoto não foi coletado, o cheiro da represa é fétido e a água, turva.
Indicadores de poluição da água coletados pela Secretaria Estadual de Recursos Hídricos registraram o avanço. Em 2011, a carga de fósforo gerada pela poluição na Represa do Guarapiranga era de 860 quilos por dia, cerca de 35% mais do que os 640 atuais.
Concebido na gestão petista de Luiza Erundina e colocado em prática na gestão Paulo Maluf (PP), o Programa Mananciais já atendeu 110 mil famílias com custo de R$ 1,5 bilhão. Em curso, as obras da segunda fase devem se prolongar até 2014. A terceira tem término previsto para 2016.