Um dos destaques do último relatório da Piesp sobre os anúncios de investimentos de 2016 foi a aplicação de recursos financeiros em empreendimentos relacionados à energia solar, especialmente à geração fotovoltaica distribuída, no Estado de São Paulo. Inversões desse tipo também constam em anúncios captados no início de 2017.
Entre os projetos apontados pela pesquisa está a implantação, pela CPFL Energia, de sistemas solares fotovoltaicos no município de Campinas, envolvendo 200 unidades residenciais, o data center da Algar Tech e o hospital do Centro Infantil Boldrini. A empresa anunciou, ainda, a instalação de usina fotovoltaica no campus universitário da Fundação Paulista de Tecnologia e Educação, em Lins. Já a Enel instalou a maior usina em telhado do Brasil, com duas mil placas solares, em Osasco, na nova sede do Mercado Livre, um dos líderes em comércio eletrônico na América Latina.
Outros investimentos destinaram-se às indústrias do setor, como a construção de fábricas de painéis solares em Campinas, pela BYD, Schutten We Brazil e DYA Solar; em Valinhos, pela Globo Brasil; e em Sorocaba, pela Flextronics, em parceria com Canadian Solar. Acrescente-se a unidade de produção de inversores em Sorocaba, pela ABB, e a de reatores elétricos em Itu, pela Trafotek.
A geração distribuída (GD) vem se consolidando no mundo como forma inteligente de produzir eletricidade. Essa expressão é usada para designar a geração elétrica realizada junto ou próxima do(s) consumidor(es), independentemente da potência, tecnologia e fonte de energia. Esse tipo de produção diminui os custos da energia para o onsumidor, proporciona maior segurança no fornecimento, evita perdas em linhas de transmissão, não causa impactos ambientais e ainda contribui para a redução de emissão de gases com efeito estufa e a diversificação da matriz energética.
Os dados do mercado de GD, divulgados no site da Aneel, mostram que, entre janeiro de 2012 e junho de 2017, foram registradas no país 12.237 unidades de GD, que somam potência instalada de 139,1 MW. A quase totalidade dessas geradoras de pequeno porte (12.115) é do tipo solar fotovoltaica (UFV), 54 são termelétricas (UTE), 52 eólicas (EOL) e 16 centrais geradoras hidrelétricas (CGH).
Cerca de 42% das unidades fotovoltaicas (UFVs) dividem-se entre os estados de Minas Gerais e São Paulo. Os 58% restantes (7.015) distribuem-se em outras 23 UFs. Desde dezembro de 2015, o maior avanço nas conexões fotovoltaicas ocorreu no Estado de São Paulo, com um crescimento superior a12 vezes, passando de 200 para 2.496 unidades. Embora o Estado ainda ocupe a segunda colocação no período total analisado, o número de ligações registradas somente no primeiro semestre de 2017 (1.105) ultrapassou o do líder mineiro (988).
Entre os municípios paulistas, Campinas apresentou o maior número de conexões, com 16,7% do total do Estado (417), vindo, a seguir, São Paulo (195), São José do Rio Preto (86), Ribeirão Preto (62), Moji-Mirim (55), Bauru (50), Indaiatuba (49), Sorocaba (46) e Valinhos (40). Também constam UFVs em mais 263 cidades. Cabe ressaltar que Lins foi a 48ª colocada em número de unidades consumidoras, mas a terceira em potência instalada, situando-se abaixo apenas de Campinas e São Paulo, graças à usina do campus da FPTE (459 kW), um dos já citados destaques da Piesp 2016.
Pouco menos da metade das UFVs do Estado de São Paulo (46,4%, ou 1.158 ligações) está conectada à rede da distribuidora CPFL Paulista. Outras três concessionárias, juntas, respondem por 39,2% do total: Elektro (436), AES Eletropaulo (286) e CPFL Piratininga (257). A maioria absoluta dos empreendimentos (99,6%) enquadra-se na categoria de microgeração, com potência igual ou inferior a 75 kW, predominando a faixa entre 1 e 3 kW (49,6%). A principal classe de consumo é a residencial, que, na comparação dos períodos 2012-2015 e 2016-2017 (até junho), teve alta superior a 11 vezes, seja na quantidade de UFVs (de 169 para 1.987 ligações), seja na potência instalada (de 643,8 para 7.678,3 kW). Quanto às modalidades de uso, mais de 93% das conexões (2.328) geram energia na própria unidade de consumo; as demais ainda têm pouca representatividade (167 unidades de autoconsumo remoto e apenas uma de geração compartilhada).
As perspectivas para a GD solar são positivas. Em dezembro de 2016, o governo paulista, em parceria com as concessionárias de distribuição elétrica, iniciou projeto-piloto de instalação de placas solares e inversores em 26 casas construídas pela CDHU nos municípios de Pontes Gestal, Elisiário e Itatinga. Os resultados desse projeto servirão de base para instalar sistemas semelhantes em outras 51 mil moradias construídas entre 2011 e 2016. Embora ainda seja incipiente, a geração de energia solar também tem forte potencial de expansão em galpões, armazéns, estabelecimentos industriais, comerciais e na agricultura.
Novas oportunidades de negócios, emprego e renda tendem a se multiplicar nos vários segmentos que integram a cadeia produtiva fotovoltaica. No Estado de São Paulo, já operam fábricas de painéis solares, inversores e outros componentes do kit de geração solar, como estruturas de suporte das placas fotovoltaicas, cabos, trackers(rastreadores que acompanham o movimento do sol) e medidores bidirecionais de carga elétrica. Também ganham relevância os fornecedores de serviços vinculados a essa área, como a elaboração de projetos de engenharia e arquitetura, montagem e manutenção dos equipamentos, capacitação técnica de instaladores, consultoria econômico-financeira, logística e canais de venda. Empresas de diferentes portes, inclusive redes de franquias e startups, visam inserção nesse mercado. Grandes operadoras do setor elétrico estão criando divisões específicas para oferecer soluções completas aos consumidores que pretendem produzir sua própria energia.
A redução gradativa dos custos da GD fotovoltaica deve ampliar a demanda, sendo que diversas instituições financeiras, públicas e privadas, buscam oferecer linhas de crédito cada vez mais atraentes aos interessados.
Um comentário:
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