quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Corredores de ônibus estão saindo sem ciclovias, descumprindo acordo e licenciamento ambiental

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Escrito por Daniel Guth e Renata Falzoni
Uma das principais promessas da gestão Haddad, ratificada publicamente inúmeras vezes com os ciclistas, é a garantia de infraestrutura cicloviária ao longo de todos os novos corredores de ônibus da cidade.
O que se vê, na prática, é o abandono total deste compromisso. Obras importantes como o corredor da Av. Inajar de Souza, da Radial Leste, da Av. M’Boi Mirim e Guarapiranga, além da Santo Amaro e da Av. Aricanduva, todas previam ciclovias em seus projetos originais. Um compromisso público e também uma exigência dos licenciamentos ambientais destas obras.
Corredores de ônibus funcionais, como BRT’s, são fundamentais para a mobilidade urbana em grandes cidades como São Paulo. Eles democratizam o espaço viário, encurtam tempos e distâncias, reduzem o estresse e o sofrimento associados aos engarrafamentos e à disputa de espaço com os automóveis. Quem usa bicicleta em São Paulo, por conseguinte, apoia plenamente a implantação destes corredores.
Obras de grande intervenção na via, na maioria das vezes, contam com aportes de recursos da União. É o caso dos corredores de ônibus de São Paulo. Pela magnitude e complexidade de sua implantação, os projetos destes corredores estão sempre integrados a requalificação de calçadas e passeios, realocação de pontos e abrigos de ônibus para o canteiro central, nova sinalização viária e, igualmente importante, implantação de estrutura cicloviária para ciclistas.
Os corredores são usualmente implementados em vias arteriais da cidade, pois necessitam de espaço mais amplo, desenho retilínio e funcional para percorrer longas distâncias. E a cidade de São Paulo, por conseguinte, possui desde 1935 um plano de avenidas que, além de sumir com os nossos  rios – pois muitas destas avenidas estão em áreas de várzea ou fundos de vale – também criou vias urbanas para o tráfego de veículos em alta velocidade; gerando conflitos, estresse e violência com aqueles que não estão se deslocando de maneira motorizada.
O compromisso
Entrevista feita pela jornalista Renata Falzoni com o Secretário de Infraestrutura urbana e obras, Roberto Garibe, os projetos de ciclovias nos corredores foram ratificados e apresentados seus projetos básicos.VEJAM AQUI, entrevista na íntegra.
Em matéria da Folha de São Paulo de Janeiro de 2013, logo após sua posse, o Prefeito Fernando Haddad foi bastante taxativo ao dizer que "todo projeto de corredor que for feito terá também projeto de ciclovia”.
Durante visita à Subprefeitura de Aricanduva/Formosa/Carrão o Secretário Jilmar Tattomais uma vez reforçou que os corredores da Radial Leste e da Avenida Aricanduva teriam projeto cicloviário.
Como se não bastasse o compromisso público assumido pelos três principais agentes públicos envolvidos – o prefeito e os dois secretários – a implantação de estrutura cicloviária junto aos corredores é uma exigência do licenciamento ambiental destas obras.
O corredor de ônibus da Avenida Inajar de Souza é um dos exemplos mais gritantes deste descompromisso com o acordado publicamente e exigido legalmente. Segundo fontes da própria Prefeitura, foram dezenas de reuniões entre a CET e a equipe da SIURB para se chegar ao projeto de adequação da ciclovia compartilhada que existe ali desde os anos 90 e também sua continuidade, até o Terminal Vila Nova-Cachoeirinha. Projeto, agora, aparentemente abandonado pela administração. Aliás, vale ressaltar, o primeiro trecho de ciclovia do Plano de 400 km da gestão Haddad foi totalmente removido para passagem deste corredor (vide foto abaixo), já na região central da cidade.
Na Radial Leste, por sua vez, desde 2006 os ciclistas aguardam a ligação da ciclovia na altura do metrô Tatuapé até a região central. Hoje ela tem baixo uso pois sua extensão vai de Itaquera e para, abruptamente, no Tatuapé. Em depoimento ao Jornal O Estado de São Paulo, em Outubro de 2014, o Secretário Jilmar Tatto já havia se comprometido a fazer esta ligação, tão importante para conectar a zona leste com o centro. Com a construção do corredor de ônibus na avenida, esta seria mais uma oportunidade ímpar para tirar do papel esta demanda que está completando 10 anos. Infelizmente não é o que está acontecendo, na prática.
Pelo visto teremos de nos contentar com três quilômetros de ciclovia no corredor da Av. Eng. Luis Carlos Berrini e só.
O outro lado
Procuramos o Secretário de Infraestrutura Urbana e Obras, Roberto Garibe, e sua assessoria de imprensa. Até o momento não tivemos retorno.

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