sábado, 1 de abril de 2023

Michael Schumacher: o que se sabe sobre o estado de saúde do heptacampeão mundial de F-1, OESP

 


Michael Schumacher faturou sete títulos mundiais de Fórmula 1. Teve recordes superados apenas por Lewis Hamilton nas últimas temporadas. Um acidente sofrido em 2013, no entanto, tirou de cena um dos maiores nomes do automobilismo mundial. Desde então, um suspense ronda o estado de saúde do alemão de 54 anos, que não apareceu mais publicamente.

Periodicamente, amigos da família de Schumacher que conviveram com o heptacampeão no auge de sua carreira na Fórmula 1 comentam como está seu estado de saúde, mas sem dar detalhes, protegendo o interesse da mulher do piloto, Corinna Betsch, que prefere a discrição. Um dos poucos que mantém contato com os familiares é Jean Todt, ex-presidente da FIA e ex-chefe da Ferrari, escuderia onde Schumacher trabalhou ao lado de Rubens Barrichello.

Em 29 de dezembro de 2013, Schumacher sofreu um acidente enquanto esquiava na estação de Meribel nos Alpes franceses. O alemão estava em uma área perigosa não demarcada entre duas pistas. Ele usava capacete, mas bateu a cabeça e sofreu uma grave traumatismo craniano que o deixou em coma por meses.

Michael Schumacher (à direita) esquiando ao lado de Lucas Badoer, então piloto de testes da Ferrari, no resorte de Madonna di Campiglio, na Itália - 16/01/2003.
Michael Schumacher (à direita) esquiando ao lado de Lucas Badoer, então piloto de testes da Ferrari, no resorte de Madonna di Campiglio, na Itália - 16/01/2003. Foto: Reuters

Em junho de 2014, o ex-piloto acordou do coma e foi transferido para outro hospital, saindo de Grenoble para Lausanne, na Suíça. Em setembro do mesmo ano, Schumacher deixou o hospital para seguir com o tratamento em sua casa, em Lake Geneva, na Suíça, onde foi montada uma UTI.

Sem detalhes dos médicos e dos familiares, Schumacher passou a ser cuidado pela mulher e por uma equipe médica. Sempre houve esperança de sua recuperação. Havia uma expectativa que a família do alemão se mudasse para Mallorca, na Espanha, mas isso não aconteceu.

Em 2019, Schumacher foi levado a Paris, capital francesa, para um tratamento experimental com células-tronco. Mas não houve informações sobre resultados positivos. Ele estaria acordado, respirando sem ajuda de aparelhos, mas impossibilitado de se comunicar. Por ser um esportista, seu corpo era bem preparado. Schumacher é novo, tem 54 anos.

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O filho do piloto, Mick Schumacher, piloto reserva da Mercedes na atual temporada da Fórmula 1, tampouco comenta sobre o estado de saúde do pai. Recentemente, Todt afirmou que assistia a algumas corridas ao lado de Michael. Nesta semana, o irlandês Eddie Jordan, fundador e ex-chefe de equipe da extinta Jordanrevelou alguns detalhes da rotina de Corinna. Schumacher vive em coma induzido desde junho de 2014. De acordo com Jordan, que é próximo da mulher do piloto, ela leva uma vida semelhante a de “uma prisioneira” por se dedicar em tempo integral ao marido.

“Já se passaram quase dez anos e Corinna não pode ir a uma festa, almoçar fora. Ela é como uma prisioneira, porque todo mundo quer falar com ela sobre o Michael, sendo que ela não precisa ser lembrada disso a cada minuto”, revelou o empresário, que hoje atua como comentarista de Fórmula 1, em entrevista ao jornal britânico The Sun.

Uma das poucas vezes que Corinna falou ao público foi no documentário “Schumacher”, da Netflix, no qual ela dá um depoimento comovente sobre o estado de saúde do marido. “Todo mundo sente falta de Michael, mas ele está aqui. Diferente, mas ele está aqui e isso nos dá força, eu acho”. Nas poucas informações, representantes da família disseram que Schumacher se recupera lentamente. Pietro Ferrari, filho do dono da escuderia italiana, disse uma vez que o piloto alemão não consegue se comunicar.

Os amigos que frequentam a casa ou que têm alguma informação preferem respeitar os pedidos de discrição de Corinna. Ela sempre respeito os amigos do marido da F-1, como pilotos e chefes de equipe, mas nunca abriu sua casa para que eles pudessem ver Michael.

Nunca aos domingos, Ruy Castro FSP

 Sempre desconfiei de que nada de muito importante aconteceu no Brasil aos domingos —importante no sentido de mudar a história. Fui checar, usando uma tabela de conversão num antigo Almanaque Capivarol, e vi que estava certo. Só em duas ocasiões tivemos fatos decisivos num domingo.

execução de Tiradentes, em 21 de abril de 1792, não foi um deles —caiu num sábado. Nem o Dia do Fico, 9 de janeiro de 1822, uma quarta-feira. Nem o da Independência, 7 de setembro, um sábado. A Guerra do Paraguai começou numa sexta, 13 de dezembro de 1864; em outra, 15 de novembro de 1889, proclamou-se a República; e em ainda outra, 3 de outubro de 1930, caiu a Primeira República.

As mulheres ganharam o direito de voto numa quarta-feira, 24 de fevereiro de 1932. Também numa quarta, 10 de novembro de 1937, Getulio Vargas decretou o Estado Novo. Em 22 de agosto de 1942, um sábado, o Brasil declarou guerra ao Eixo nazifascista e, em 9 de agosto de 1943, uma segunda, criou a Força Expedicionária Brasileira, a FEB. Getulio se matou numa terça, 24 de agosto de 1954. Brasília tornou-se capital numa quinta, 21 de abril de 1960. E Jânio Quadros renunciou à presidência numa sexta, 25 de agosto de 1961.

O golpe de 1º de abril de 1964 foi numa quarta. A imposição do AI-5, numa sexta, 13 de dezembro de 1968 —e, por coincidência, também sua extinção, em 13 de outubro de 1978. Tancredo Neves foi eleito presidente numa terça, 15 de janeiro de 1985. Em 1º de julho de 1994, outra sexta, nasceu o Plano Real. Em 4 de junho de 1997, uma quarta, o Senado, bem pago, aprovou a emenda da reeleição. E por aí vai, nunca aos domingos.

Mas duas datas capitais da nossa história caíram num domingo. Em 22 de abril de 1500, o Descobrimento do Brasil. E, em 8 de janeiro de 2023, o quebra-quebra dos bolsonaristas em Brasília —o fato mais vergonhoso desses 523 anos. Por enquanto.

'A Esposa de Tchaikovski' mostra mulher resiliente que sofre por amor, FIlme FSP

 

A ESPOSA DE TCHAIKOVSKI

  • Onde Nos cinemas
  • Classificação 16 anos.
  • Elenco Alyona Mikhailova, Odin Lund Biron, Filipp Avdeev
  • Produção Rússia, França, Suíça, 2022
  • Direção Kirill Serebrennikov

Kirill Serebrennikov não é um amigo do governo russo, que já o perseguiu por razões mais ou menos torpes. Mas não acredita que seu "A Esposa de Tchaikóvski" seja uma forma de desafiar esse governo justamente quando enfrenta uma guerra feroz contra a Ucrânia.

O fato é que "A Esposa de Tchaikóvski" foi filmado antes da guerra começar, mas sua ida ao Festival de Cannes do ano passado caiu como uma luva: afinal, a França tem sido uma aliada mais que fiel da Ucrânia, e cutucar o governo russo não terá desagradado a União Europeia inteira.

Cenas do filme 'A Esposa de Tchaikovski', de Kirill Serebrennikov - Divulgação

No centro do filme está a sexualidade do compositor. Mas teria ele sido homossexual, como se diz, como Ken Russell já cantou como todas as notas em seu "The Musid Lovers"? Bem, o ministro da Cultura russo já disse, há mais de dez anos, que não, Tchaikóvski não era gay. A opinião soa como um decreto, vinda de um servidor do governo Putin, hidrofobamente homofóbico: como admitir que tenha sido gay uma glória nacional como Tchaikóvski.

Mas é disso mesmo que se trata no filme de Serebrennikov, embora, como disse o diretor, não foi a opção sexual do compositor que o motivou, e sim o amor sem fim, amor que lhe dedicou Antonina Ivanova, papel de Alena Mikhailova, digna representante da escola russa de interpretação.

Talvez uma coisa vá com a outra. E não por acaso o filme começa com a cena do funeral do compositor sendo invadida por Antonina, e Tchaikóvski se levantando para dizer-lhe que, por favor, largue do seu pé (as palavras não foram essas, mas o sentido, sim).

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É certo, porém, que a cegueira de Antonina em relação a seu amado tinha o tamanho de seu amor: infinitos ambos. Desde que o vê tocar, ela corre atrás. Não importa que ele viva cercado de rapazes. Ela não se importa. A mãe não cansa de adverti-la contra o perigo de casar com um homem que não conhece. Antonina reage indignada: ela o conhece muito bem. Só ela o conhece.

Tem razão Serebrennikov de dizer que o centro de tudo é esse amor obsessivo, que começa como drama romântico e termina como tragédia. Uma tragédia que a mulher cultivou ao longo de sua vida como destino inelutável e como uma paixão maior que sua própria vida.

De algum modo, o filme parte da submissão completa da personagem a uma ideia a uma postulação feminista: a ausência de lugar para a mulher na Rússia imperial determina boa parte desse destino. Boa parte da soturna parte final do filme girará em torno da insensata fidelidade de um amor que deixou de ter objeto.

Chegamos, enfim, ao principal de tudo isso: "A Esposa de Tchaikovski" sofre de certa solenidade. É cem vezes melhor que as plumas soltas de Ken Russell, parece mais fiel à sua cultura e, talvez, ao seu tempo, ao fim do século 19. Na segunda parte fica até difícil distinguir até que ponto o amor de Antonina Ivanova diz respeito ao homem ou ao gênio. As duas coisas podem ser inseparáveis, mas Tchaikovski passa a tratá-la, de certo ponto em diante, de maneira insuportável.

Ao diretor do filme interessa sobretudo o retrato de uma mulher resiliente, aquela que não cede em nada e por nada. Ele consegue, com um filme que se deixa ver agradavelmente, se beneficia de uma boa direção de atores e, mais ainda, da força da atriz. Serebrennikov tem, no mais, a dignidade de falar de Tchaikovski, ao mesmo tempo em que deixa a figura do compositor de gênio em segundo plano em relação à mulher; mesmo sua música não se impõe como motivo.