terça-feira, 20 de março de 2018

Programa Pesquisa Inovativa da FAPESP tem novo recorde de empresas contratadas, Fapesp



20 de março de 2018
Claudia Izique  |  Agência FAPESP – O Programa FAPESP Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE) bateu o quarto recorde consecutivo em número de projetos e em valores contratados. Em 2017, foram contratadas 237 novas propostas submetidas por startups, pequenas e médias empresas, em um valor total de R$ 79,8 milhões.
Entre os projetos aprovados, 116 pleitearam apoio para a Fase 1 do PIPE, de demonstração/validação de uma ideia inovadora, com contrato de financiamento por um período de até nove meses. Outros 56, tendo concluído com sucesso a Fase 1, tiveram aprovados recursos para a Fase 2 (Fase 2 Indireta - 2I na nomenclatura da FAPESP), de desenvolvimento do projeto de pesquisa propriamente dito. Adicionalmente, 21 empresas que validaram ideias com recursos próprios obtiveram financiamento diretamente para a Fase 2 – ou Fase 2 Direta (2D). Em ambos os casos, o contrato com a FAPESP prevê um período de pesquisa de até dois anos.

A FAPESP também apoia iniciativas de desenvolvimento industrial e comercial de produtos inovadores – conhecida como Fase 3 – por meio de um acordo com a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) no âmbito do Programa PIPE-PAPPE Subvenção. Em 2017, 44 empresas obtiveram financiamento por até dois anos para preparar a inovação para o mercado.
O programa PIPE prevê que as empresas apoiadas pelo programa possam também pleitear bolsas para os coordenadores dos projetos e para contratar profissionais que darão suporte à pesquisa. Em 2017, foram outorgadas 387 bolsas para projetos aprovados nas diversas fases do programa, resultado igualmente recorde em relação a anos anteriores.
Uma novidade em 2017 foi o fato de a FAPESP ter lançado, pela primeira vez, um edital para seleção de projetos em Fases 1 e 2 em parceria. A chamada PIPE-Pitch Gov teve como contraparte a Secretaria de Governo do Estado de São Paulo e o objetivo foi selecionar projetos que propusessem soluções inovadoras para questões de relevância pública na área de Saúde. As propostas estão em análise e os resultados deverão ser divulgados possivelmente no próximo mês de maio.
Crescimento consistente
Na evolução do número de projetos inovadores propostos e contratados pelo PIPE entre 2014 e 2017, destaca-se o crescimento dos projetos de Fase 3.

Esse aumento se explica não apenas pela procura de apoio, como também pelo crescimento no número de chamadas. Diferentemente das Fases 1 e 2, que selecionam projetos por meio de quatro editais anuais, as chamadas para a Fase 3 têm como base desafios específicos, propostos pela FAPESP e Finep às empresas.
Em 2017, por exemplo, foram quatro editais para a Fase 3, com temas ligados à saúde, manufatura avançada e agropecuária. Em 2016, foram dois editais, em 2015 quatro e, em 2014, apenas um.

Desembolsos x Contratação
Os valores dos projetos contratados a cada ano abrangem todo o período de execução das pesquisas, de 9 a 24 meses no caso dos projetos PIPE. Esses valores, portanto, não correspondem ao desembolso anual da FAPESP com o programa que também cresceu ao longo do período 2014 a 2017.
Em 2017, o desembolso da Fundação com o PIPE foi de R$ 71,9 milhões, incluindo bolsas. Esse resultado foi 20% superior ao desembolso da Fundação com o programa em 2016, 127% maior que o de 2015 e mais de 160% superior ao de 2014.

Demanda
No período analisado, 2014 a 2017, também cresceu a demanda por recursos do PIPE para projetos inovadores. Em 2014, 352 propostas foram habilitadas para a análise – desse total, 119 foram contratadas. Em 2017, o número de projetos habilitados saltou para 863, um aumento de 145%.

"A tendência do PIPE é continuar crescendo nos próximos anos, mas, para isso, é fundamental termos um crescimento na submissão de propostas de boa qualidade, pois, para a FAPESP, a qualidade dos projetos de pesquisa é essencial”, afirma Fábio Kon, membro da coordenação adjunta de Pesquisa para Inovação da FAPESP.
Mais informações sobre o PIPE: www.fapesp.br/pipe.
Palavras-chave: PIPE Contratados, PIPE Balanço 2017

segunda-feira, 19 de março de 2018

Toda nudez será partilhada - JOÃO PEREIRA COUTINHO (definitivo)

FOLHA DE SP - 13/03

Sucesso das redes sociais revela aspectos sombrios da natureza humana


As "redes sociais" são uma selva, diz o bom senso. Mas o que significa realmente a palavra "selva" nesse julgamento severo? Um estudo recente ajuda a perceber.

Foi publicado na revista Science e tomou o Twitter como objeto. Pesquisadores do MIT analisaram todos os tweets publicados entre 2006 e 2017. Selecionaram 126 mil histórias partilhadas. Depois, classificaram esses tweets como verdadeiros ou falsos e seguiram o rastro para medir a velocidade da propagação.

O resultado, que li na The Economist, é funesto: os tweets falsos viajaram seis vezes mais rápido do que os tweets verdadeiros. Por quê?

Uma resposta possível seria apontar para os perfis igualmente falsos que gostam de espalhar mentiras pelo mundo virtual. Pois bem: os pesquisadores analisaram esses perfis falsos —os "bots", para usar a linguagem dos especialistas— mas garantem que o impacto é insignificante. Os tweets falsos viajam mais depressa porque são "retweetados" mais depressa.

Por outras palavras: somos nós, humanos, que contribuímos para a disseminação da mentira. A tecnologia é apenas um instrumento. Sobra, porém, a questão fundamental: por que motivo gostamos de espalhar mentiras?

Os pesquisadores também respondem: essa opção pode não ser consciente. Acontece que os tweets falsos, precisamente porque são falsos, oferecem um sabor de novidade a que ninguém resiste.

Perante essa novidade, os nossos sentimentos são sempre mais fortes do que os sentimentos que experimentamos com as notícias verdadeiras. Sentimos medo, ou náusea, ou surpresa intensa. Com histórias verdadeiras, a simples alegria ou tristeza chegam e sobram.

O estudo é interessante porque confirma as minhas intuições: o sucesso das redes sociais —como o Twitter ou o Facebook— está diretamente relacionado com os aspectos mais sombrios da natureza humana.

No caso do Twitter, o seu sucesso é alimentado pelo símio primitivo que habita em nós e que pula de excitação ou rancor quando vê uma notícia fora da caixa.

Mas se assim é com o Twitter, suspeito que não será muito diferente com o Facebook. Os especialistas gostam de afirmar que o Facebook é uma ameaça para a salubridade das democracias ao organizar a discussão política em tribos de ódio mútuo.

Difícil discordar. Mas é preciso não esquecer o outro lado do diagnóstico: os filtros do Facebook apenas organizam sentimentos humanos que são anteriores, e até superiores, a qualquer rede social.

O primeiro sentimento é um certo gosto pela violência que a sociedade civilizada sempre tentou reprimir. O segundo é uma covardia igualmente primitiva que nos leva a procurar o conforto da nossa tribo para atacar sem temor a tribo inimiga. Nelson Rodrigues, que nunca assistiu ao dilúvio das "redes sociais", tinha razão quando temia as multidões. Elas são burras, violentas e covardes.

Ou, então, são pateticamente narcisistas —como as "redes sociais" amplamente demonstram. Entenda, leitor: o narcisismo sempre fez parte do nosso software. A esse respeito, vale a pena ler "Selfie", um estudo de Will Storr sobre a forma como a ideia do "ser" emergiu no Ocidente 2.500 anos atrás.

A noção de que eu sou diferente —dotado de uma "essência", digamos, que me distingue dos outros e do mundo— é o grande contributo da filosofia grega para a humanidade.

Porém, esse individualismo sempre foi temperado por outros elementos sociais: pela família, pela religião, pelas necessidades da comunidade que nos obrigam a "sair de nós próprios". No fundo, a primeira pessoa do singular teve que acomodar a primeira pessoa do plural.

Não mais. As "redes sociais" potenciam o "ser digital" (expressão de Will Storr): um ser narcisista, exibicionista —e, sem surpresas, permanentemente insatisfeito. Como no mito de Narciso, todos estamos apaixonados pelo reflexo da nossa imagem.

Só que, ao contrário do mito, não é a paralisia que nos mata. É a busca constante de uma perfeição cada vez maior, sempre em competição com os narcisos da vizinhança.

As "redes sociais" são uma selva? Afirmativo. Porque elas permitem que os seres humanos se libertem dos velhos constrangimentos morais ou cívicos para se revelarem em toda a sua nudez.

Se em rede nos revelamos violentos ou covardes, a culpa não é da tecnologia. É de uma matéria-prima que já vem corrompida da origem.

João Pereira Coutinho

É escritor português e doutor em ciência política.

Perigoso no Rio não é ser mulher, negra, lésbica e favelada. Morre-se mais por ser PM. Matemática para a esquerda amoral - REINALDO AZEVEDO

REDE DE TV/UOL



Protesto realizado no Rio em 2009 contra o assassinato de PMs. De lá pra cá, a coisa só piorou. A esquerda nunca protestou. Ao contrário: pede a extinção da Polícia e silencia sobre o narcotráfico


“Não acabou, tem que acabar; eu quero o fim da Polícia Militar”. Ouviu-se, nesta quinta, esse grito em várias cidades brasileiras, especialmente no Rio e em São Paulo. Como antevi que aconteceria em textos nesta madrugada, as esquerdas foram às ruas e às praças para acusar as forças oficiais de segurança pelo assassinato da vereadora carioca Marielle Franco, do PSOL. Seu partido, em coro com o PT, tentou jogar a tragédia nas costas da intervenção no Estado, como se a ocorrência não reforçasse a necessidade da ação do governo federal.

É claro que o debate sobre o assunto pode ser travado no terreno dos valores, da ideologia, da política. Mas pretendo aqui evidenciar a vigarice moral dessa gente com números, com a matemática. Entrar na rinha puramente valorativa corresponde a dar aos esquerdistas o seu palco predileto, que é o da autovitimização triunfante. Ou vocês, como eu, não cansaram de ler textos a lembrar que Marielle era mulher, negra, favelada, socialista, lésbica e contra a intervenção”? Isso faz supor que a eventual morte de um homem branco, do asfalto, liberal, hétero e favorável à intervenção mereceria indignação menor.

Não é de hoje que as esquerdas fazem hierarquia de vítimas e mortos, desde que isso possa servir à sua causa. Há quantos anos escrevo no meu blog contra a barbárie nos presídios e cadeias? Sempre existiu tortura no Brasil. Os camaradas vermelhos só lutaram por indenizações para os torturados com pedigree ideológico. A propósito: se Marielle, ainda que negra e favelada, fosse hétero e de direita, a indignação já seria menor. Se lésbica, mas branca, ainda que socialista, também a comoção industriada seria mais contida. Esses papa-defuntos precisam de uma morta que seja, ao menos tempo, um “combo” de opressões para que, como dizem, “seu martírio não seja em vão”.

O conjunto é nauseante. Essa gente é incapaz de expressar o luto, palavra oriunda do vocábulo latino “luctus”, que deriva do verbo “lugeo”, que quer dizer chorar a perda de alguém. Antes mesmo que possa demonstrar sofrimento, o cadáver é logo carregado em triunfo em nome de uma causa.

Sim, só Marielle trazia tantas marcas distintivas da militância e portava tantas bandeiras — inclusive o equivocado estandarte contra a intervenção. Mas sabem quantos outros seres humanos, a exemplo dela, que também tinha essa condição, foram assassinados no Estado no ano passado? 6.371! O que fez com que a taxa de homicídios chegasse à escandalosa marca de 40 por 100 mil habitantes. Sim, há unidades da federação com números ainda piores. E as esquerdas ficaram em casa.

Ataca-se a Polícia? Com efeito, desse total, 1.124 mortes se deram em decorrência de ações policiais, uma taxa de 6,7 mortes por 100 mil habitantes — o número é realmente escandaloso. Mas nada, meus caros, nada mesmo se equipara ao que acontece com os próprios policiais militares, eleitos os vilões da hora. Em 2017, foram assassinados 134, de um total de 45.429 homens.

Preste atenção, leitor, para o tamanho da delinquência moral da esquerda que grita “Não acabou, tem que acabar; eu quero o fim da Polícia Militar”. Relembro: houve 40 homicídios por 100 mil habitantes no Rio; a PM matou 6,7 pessoas por 100 mil habitantes. É tudo estúpido e assustador. Ocorre que a taxa de mortalidade dos polícias, se convertida a essa relação, atinge a marca insana de 249,6 mortos por 100 mil.

Confrontar um esquerdista com a verdade pode não ser nem fácil nem difícil, mas apenas inútil. Mas sou obrigado a fazê-lo.

Que se vá até o fim para saber quem matou Marielle. Até porque aquele que o fez sabia que a esquerda botaria a boca no trombone contra a intervenção. Era o que queriam os assassinos. Os companheiros vermelhos, também contrários à ação federal, cumprem rigorosamente a vontade do crime organizado. Contra o narcotráfico, nem um miserável pio.

“Marielle, presente!”

Essa mesma esquerda deveria ter saído às ruas, no ano passado, para dizer “Washington, presente”; “Claudenilson, presente!”; “Wilson, presente”, “Josés da Silva sem Pedigree Militante, presente!” Poderia tê-lo feito q cada uma das 134 vezes em que o crime organizado matou um PM. Também ele, quase sempre, preto de tão pobre e pobre de tão preto.

Sei que um esquerdista diante da verdade se comporta como o diabo diante da cruz, mas a verdade inescapável é que perigoso mesmo, arriscado mesmo, quase suicida, no Rio, não é ser mulher, homem, negro, branco, hétero, homo… Arriscar-se de verdade, no Rio, é ser policial militar. E isso os delinquentes não admitem porque lhes falta a moral necessária para consultar a matemática dos fatos e lhes falta a matemática dos fatos para instruir a sua amoralidade barulhenta.

Preferem atuar como propagandistas do narcotráfico.