quinta-feira, 6 de julho de 2017

Limbo legislativo, editorial FSP


EDITORIAL

Thiago Vieira - 9.dez.2010/Folhapress
SÃO PAULO, SP, BRASIL, 09-12-2010, 16h00: Lanchonete da Assembléia Legislativa de São Paulo não emite Nota Fiscal Paulista. A Nota Fiscal Paulista é obrigatória. (Foto: Thiago Vieira/Folhapress, GRANA) DIÁRIO CAPA OUT
Fachada da Assembleia Legislativa de São Paulo

Cronicamente governista, a Assembleia Legislativa de São Paulo ameaçou criar problemas para a administração de Geraldo Alckmin (PSDB) nas últimas semanas.
Não foram divergências programáticas ou comissões de inquérito, entretanto, que levaram os deputados estaduais a boicotar, durante cerca de 40 dias, a votação de projetos de interesse do Executivo.
O que estava em jogo era algo bem mais comezinho: os parlamentares pressionavam por seus quinhões de verbas no Orçamento paulista —vale dizer, pela execução de despesas por eles incluídas na lei orçamentária em favor de seus redutos eleitorais.
Afinal atendida a demanda, na semana passada, a coalizão situacionista aprovou projeto, tido como prioritário pela gestão Alckmin, que trata de aplicações do fundo de previdência dos servidores.
Segundo relato desta Folha, em apenas um dia liberaram-se para os pleitos dos deputados R$ 17 milhões, destinados a 121 municípios. O texto encaminhado pelo Bandeirantes passou com os votos de 66 dos 74 presentes à sessão.
Longe de ser exemplo isolado, o episódio ilustra à perfeição vícios dos legislativos nacionais, em particular no âmbito dos Estados.
De mais visível, há o papel subalterno assumido na tarefa essencial de elaborar os orçamentos públicos. No Congresso Nacional, nas Assembleias Legislativas e nas Câmaras Municipais, prefere-se em geral ratificar a proposta do Executivo, apenas acrescida de emendas de objetivos paroquiais.
Evita-se assim o desgaste de definir prioridades e contrariar interesses; a barganha em torno das emendas serve depois para cimentar as coalizões partidárias.
Na esfera estadual, o fisiologismo mostra-se ainda mais acentuado —estudos acadêmicos dedicam-se a investigar por que os governadores muito raramente enfrentam oposição local. Caso quase caricatural, aliás, é o de São Paulo, onde o PSDB domina o Bandeirantes e a Assembleia há duas décadas.
Entre as hipóteses aventadas para o fenômeno está a pouca relevância das legislações a cargo das Assembleias (as matérias mais cruciais para os cidadãos estariam em leis federais e municipais), associada ao enorme poder de nomeações do chefe do Executivo.
Seja qual for a explicação, não soa promissora a recém-noticiada iniciativa da Alesp de contratar, por R$ 35 milhões anuais, serviços de publicidade para divulgar seus atos. Menos pelo valor envolvido, mais pela falta do que propagar.

Desinformação demagógica, OESP



Pautar-se pela verdade é um dever dos parlamentares. Agir de outra forma, além de desrespeitar a tradição da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, é também ser desleal com o povo paulista.
Refiro-me aqui ao jogo rasteiro de alguns parlamentares ao falar da proposta de emenda à Constituição número 5, de 2016, de minha autoria. O texto propõe a criação de um subteto estadual para salários dos funcionários públicos paulistas.
A primeira informação falsa é que o projeto representaria um privilégio para poucos. Mentira.
Basta observar o artigo 37 da Constituição Federal para entender que é facultado aos Estados fixar um subteto único de vencimentos -exatamente o que a PEC tenta fazer. A medida, se aprovada, valeria para todos os municípios do Estado. Que privilégio é esse, então, que atende a todos?
Outro absurdo é insinuar que a PEC 05 vai privilegiar as elites. Ao contrário, favorece pais de família que recebem menos.
É fácil compreender isso: imagine uma empresa em que o salário é vinculado ao pró-labore do proprietário. Ou seja, se o proprietário, que não precisa do salário para sobreviver, decidir não aumentar seus vencimentos por dez anos, ninguém terá nem 1% de aumento. É exatamente isso o que acontece no Estado.
Não podemos, portanto, ser desinformados ao comparar um servidor comum a um prefeito ou governador. Um chefe do Executivo não depende apenas do salário para sobreviver: ele dispõe de prerrogativas, que, mesmo legítimas, fazem de sua política salarial uma escolha política, já que certamente não terá dificuldades para prover seu lar se seu salário não aumentar.
Essa PEC não vai determinar que todos recebam a remuneração dos desembargadores, hoje em R$ 30.400. Isso é outra mentira.
Esse valor será a referência máxima. Apenas um chefe de categoria, com décadas de experiência, chegará ao teto, seguindo regras estabelecidas em plano de carreira.
Em artigo recente, sem perceber, o deputado Pedro Tobias (PSDB), crítico contumaz da PEC 05, confundiu teto com subteto e acabou por defender a tese proposta na emenda.
Os críticos da PEC escondem da população que o atual regime salarial favorece a elite do funcionalismo, que recebe mais do que o governador. Executivos municipais, Tribunais de Contas, Procuradoria, Defensoria Pública, entre outros, valem-se de pareceres jurídicos internos para não aplicar o teto, ou para usar como referência salários de ministros do STF, hoje em R$ 33.763 mensais.
O texto que elaborei pretende acabar com essa regra injusta, em que a elite aumenta seus próprios salários, e criar um patamar único de vencimentos a todos os servidores.
A PEC 05 defende os funcionários da base -e só a partir de informações verdadeiras as pessoas poderão compreender a realidade.
Nada é pior do que acusar os outros daquilo que você faz e chamar os outros daquilo que você é.
CAMPOS MACHADO, deputado estadual, é líder do PTB na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo e secretário-geral nacional do partido
PARTICIPAÇÃO

Valor do fundo eleitoral pode chegar a R$ 6 bi com proposta de relator, OESP


Vicente Cândido sugere vincular gasto da campanha de 2018 à receita líquida do governo

Thiago Faria e Julia Lindner, O Estado de S.Paulo
04 Julho 2017 | 19h35
BRASÍLIA - O deputado federal Vicente Cândido (PT-SP), relator da reforma política na Câmara, vai incluir em seu parecer proposta que vincula o valor a ser gasto nas campanhas do ano que vem à receita líquida do governo. Com isso, o fundo eleitoral com dinheiro público que será criado para bancar as candidaturas poderá ir a R$ 5,9 bilhões, mantidas as previsões do Ministério do Planejamento para este ano. Inicialmente, o valor que estava sendo discutido era de R$ 3,5 bilhões.
Segundo Cândido, que se reuniu na manhã desta terça-feira, 4, com o líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), para tratar do assunto, a ideia é que o valor do fundo seja de 0,5% da receita líquida. Em 2016, este valor foi de R$ 1,088 trilhão. Para 2017, a previsão de receita do governo é de R$ 1,182 trilhão, segundo consta na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) enviada ao Congresso.
Cândido tenta fechar um texto com a proposta para apresentar em uma das comissões da reforma política. A criação do fundo será incorporada a uma proposta de emenda à Constituição (PEC) a ser analisada primeiro na Câmara e só depois no Senado. Para valer no ano que vem, o fundo deve estar aprovado antes de outubro.
Divisão. Na reunião, ficou acordado também a divisão do valor. O petista concordou em incluir na conta a bancada atual do Senado, além da proporção de representantes de cada partido na Câmara. A fórmula, defendida por Jucá, beneficia o PMDB, que ficaria com a maior parcela. O senador é também o presidente do partido.
"O PMDB tem a maior bancada do Senado, é o maior partido hoje. Tem prefeitos governadores, senadores e deputados. Então, é justo que ele tenha um pouco a mais, um plus, na distribuição do fundo. Mas também não pode ser tanto que chegue a prejudicar os demais partidos", afirmou o petista.
Pela proposta, 70% do valor será dividido de acordo com a bancada atual da Câmara, 25% considerando as bancadas do Senado e 5% seria dividido igualmente entre todos os 35 partidos existentes no País.
O calendário proposto prevê a aprovação do fundo até o dia 17 de julho na Câmara e a discussão no Senado a partir de agosto. "Acho que o fundo é mais do que factível. É uma necessidade imperiosa", disse Jucá. / COLABORARAM FERNANDO NAKAGAWA e RENAN TRUFFI