quarta-feira, 8 de julho de 2015

`Terremoto' na bolsa de Xangai assusta investidores; perdas superam US$ 3 tri

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  • Há 2 horas
AP
Mercados chineses registraram mais um dia de perdas nesta 4ª-feira
O drama continua na maior bolsa de valores da China, em Xangai, apesar dos esforços do governo chinês para conter as perdas, que chegam a US$ 3,2 trilhões em apenas três semanas.
As negociações das ações de 1,3 mil empresas foram suspensas em Xangai, um número impressionante. Ou seja: o preço delas não pode cair mais porque seus papéis não podem ser comprados ou vendidos.
Reguladores chineses fizeram diversos pedidos nesta quarta-feira para tentar aliviar o "sentimento de pânico" no mercado e conter as perdas.
Mesmo assim, a bolsa fechou o pregão desta quarta com queda de 5,9%, após abrir com perdas de 8%.
A agência que supervisiona as maiores estatais do país disse tê-las aconselhado a não vender ações e a comprar mais "para garantir a estabilidade do mercado".
Mas as medidas não surtiram efeito - e o risco de intervenção do governo poderá só piorar as coisas, já que investidores podem se assustar ainda mais.
O que está por trás deste movimento? Na China, ao contrário dos mercados europeus ou nos Estados Unidos, 80% dos investidores são cidadãos - os chamados investidores "mãe e pai".
Muitos deles são inexperientes e seguem rumores ao tomar decisões. Assim, o mercado é mais vulnerável a reviravoltas repentinas, como num rebanho.
Outro lado da questão é que investidores de longo prazo estão reduzindo a exposição que têm ao mercado. Muitos acumularam ganhos no último ano - o índice de Xangai havia acumulado alta de 150% até junho.
Assim, com a piora do sentimento, muitos estão saindo.

'Fui influenciada pelo buxixo'

Lin Jinxia era uma investidora de primeira viagem. "Nunca tinha feito nada na bolsa de valores antes, mas fui influenciada pelo buxixo."
Ela mora no último andar de um prédio de sete andares, sem elevador. Bicicletas velhas e empoeiradas estão por toda a parte. O apartamento é pequeno, onde ela mora com o marido e o filho de 4 anos.
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Lin Jinxia e o marido perderam metade do investimento que fizeram na bolsa
A família veio da Província de Fujian há cinco anos e, por meio do trabalho na loja que têm, vendendo botões para uma grande empresa de roupas, conseguiram juntar uma quantia considerável.
Então, em maio deste ano, pegaram parte deste dinheiro e aplicaram na bolsa, investindo mais de US$ 32 mil em quatro ações.
Parecia uma decisão sensata: dividir os investimentos em empresas de eletrônicos, moda e automóveis. Mas o momento era terrível.
Todas as ações despencaram e, agora, valem apenas metade do preço original.
"Perdi muito do dinheiro que eu trabalhei tão duro para conseguir", diz. "Agora, estou tendo que economizar e reduzir meus gastos. Não ganhamos muito, todo aquele dinheiro era resultado do nosso trabalho duro."
A pequena alfaiataria de Chen Zhihui fica perto da casa de Lin - mas encontrá-la não é tarefa fácil.
E como a vizinha, ele também seguiu o conselho daqueles que tinham, até recentemente, registrado bons lucros, sem perceber que este era o pior momento para entrar no mercado.
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Chen Zhihui diz saber que muitos de seus vizinhos perderam dinheiro como ele
"Eu sabia que havia riscos", diz Chen que comprou ações de apenas uma empresa, uma mineradora chinesa, e perdeu metade do que investiu, US$ 1,6 mil.
Apesar de sua perda ser relativa, Chen sabe que há casos semelhantes em quase toda parte.

Risco político?

Para muitos analistas, isso explica o porquê do governo chinês estar tão disposto a evitar que a queda seja ainda maior.
Pequim tinha visto nos mercados acionários uma peça importante na estratégia de transformar o país numa sociedade de consumo. A popularização das bolsas serviria à tarefa de recapitalizar as endividadas empresas do país e, ao mesmo tempo, fazer com que o pequeno investidor se sentisse rico.
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Pequim teme que queda nas bolsas possa levar a descontentamento popular
Agora, o Partido Comunista enfrenta a assustadora perspectiva de efeito oposto: com o dinheiro de desfazendo, milhões de investidores estão apertando os cintos simultaneamente, e o impacto pode ser brutal para a economia da China e outros países.
Alguns analistas rejeitam o temor de que um colapso maior da bolsa possa causar um choque mais sério na economia.
"O mercado acionário é tão pequeno, completamente irrelevante", disse Chen Long, economista da Gavekal Dragonomics para a China. "Responde por apenas 5% da riqueza das famílias chinesas e, de qualquer maneira, o mercado está no mesmo lugar onde estava no ano passado."
Além do risco econômico, há o potencial de revolta popular com as perdas. Em meio a uma desaceleração do PIB, a última coisa que o governo quer são dezenas de pequenos investidores protestando nas ruas.
Por esse lado, as ações de Pequim podem estar funcionando, já que há poucos sinais de descontentamento.
Apesar de suas grandes perdas, Lin Jinxia planejar continuar com suas ações, mesmo que desvalorizadas, na esperança de que subam de novo. "Acredito que o governo encontrará as estratégias corretas", diz.
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Concreto permeável, in PINI

Tecnologia

Alternativa para aumentar a permeabilidade de pavimentos submetidos a cargas reduzidas, sistema demanda cuidados de especificação, instalação e manutenção

Por Caroline Mazzonetto
Edição 13 - Abril/2011

Por isso, a recomendação é fazer o cálculo para a espessura do projeto baseado em duas premissas: a própria resistência do concreto e a quantidade de chuva, e o cálculo hidrológico, com referência a uma chuva de exceção que aconteça em um intervalo de 10, 25, 50 ou 100 anos. Em São Paulo a normatização para microdrenagem tem como base períodos de retorno de dez anos. Nesse cenário, a construção de um sistema de drenagem fica dentro da margem de segurança.
A base e a sub-base são executadas em um dégradé de gradação, com as pedras de no máximo 3/8" de diâmetro. Primeiro as pedras maiores, depois as pedras menores, por último pedrisco. Faz-se uma camada de 10 cm a 15 cm de britas, por onde passa o rolo compactador vibratório, e mais outra camada. Grandes profundidades não são necessárias à instalação da estrutura. "O pavimento ganha na área, armazena água como um piscinão. Rasinho, mas um piscinão", explica Virgiliis, que experimentou o sistema de drenagem com blocos intertravados de concreto poroso em um projeto de estacionamento construído na USP (veja boxe "Quem já usou"). O concreto tem que ser aplicado com cuidado, não podendo ser jogado nem alisado, e deve ficar rugoso. Também não pode ser desempenado, para não fechar as possibilidades de a água entrar.
fotos: Divulgação abcp
Concreto poroso, moldado in loco ou em peças pré-moldadas, é indicado para locais de carga reduzida e tráfego leve. Nas fotos, estacionamento na sede do Environmental Protection Agency (EPA), em New Jersey, nos Estados Unidos
Índices de referência
A execução do sistema de drenagem abaixo do concreto permeável envolve uma camada única com pedras maiores e menores em dégradé, ou brita graduada. Não precisa ser uma estrutura muito profunda, já que a capacidade de guardar água se ganha na área do reservatório, que é extensa. Veja os principais índices de desempenho do sistema:
 Índice de vazios: na ordem de 20%, no máximo 25% (o concreto convencional possui 4% de vazios);
 Ângulo máximo da rampa: 18%, conforme estudo conduzido pela Universidade São Judas. A partir daí, há escorregamento de massa na hora da aplicação e pouca capacidade de absorção porque a água escorre. Se o método utilizado for o concreto permeável em blocos pré-moldados, o ângulo possível é de 20% a 25%;
 Permeabilidade: mais de 70% da chuva consegue ser escoada;
 Resistência do bloco intertravado de concreto poroso: de 25 MPa a 30 MPa;
 Custo: R$ 155/m² (pavimento para calçada que tenha uma camada com pedras maiores e menores)
Fonte: Intercity

Pisos drenantes e colmatação 
Os pavimentos permeáveis foram bastante estudados na década de 1970 nos Estados Unidos como uma forma de evitar aquaplanagem, reduzir ruído, ofuscamento do farol dos carros e efeito de spray - mas acabaram abandonados. Depois ressurgiram junto aos problemas de hidráulica, na esteira da recarga dos aquíferos e como solução complementar de drenagem, não para transportes.
No final dos anos 1990 e início dos 2000, o concreto permeável reapareceu como uma tecnologia para ajudar na drenagem das cidades, retendo a água na fonte, impedindo-a de correr para córregos e reduzindo enchentes. Os países onde essa solução está mais disseminada são EUA, França e Japão, entre outros. "Todo esse negócio é muito recente, demora muito para que as coisas cheguem. É novo até nos Estados Unidos", ressalva Arcindo Vaquero y Mayor, presidente da Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Concretagem (Abesc).
Independentemente do revestimento, pavimentos permeáveis são aqueles que permitem a infiltração de água. O concreto permeável ou poroso, especificamente, pode ser produzido de duas formas: moldado in loco ou em peças pré-moldadas. Virgiliis aconselha cuidado na hora da aplicação em ambos os métodos. Se for a massa jogada em cima da base granular, a regularização pode ser feita com régua. Se forem blocos, eles não devem ser colocados em disposição aleatória, a fim de terem resistência a deformações e não possuírem irregularidades longitudinais.
O sistema pode durar até dez anos com a parte estrutural íntegra, mas é preciso tomar cuidado com a colmatação, o entupimento das camadas superiores por sujeira. Estudos indicam que nos primeiros dois anos, a tendência é o concreto poroso perder 50% da capacidade de permeabilização, e continuar perdendo o resto gradativamente até fechar sete anos, quando os vazios estariam entupidos na superfície. No caso de concreto permeável moldado in loco, a manutenção é feita com a retirada de 3 cm ou 4 cm da camada mais externa, que é substituída por uma nova. Se o sistema for de blocos, as opções são trocar os blocos por novos ou arrancá-los cuidadosamente e trocá-los de lado. A face externa vira para a estrutura interna e é como se fosse criada uma retrolavagem.
Devido à granulometria, as peças de concreto permeável, que são o método mais fácil de ser visto em uso no Brasil, são mais caras do que as convencionais. O sistema inteiro de pavimentação chega a custar 35% a mais. Mariana, da ABCP, alerta, porém, que o custo de cada projeto deve ser pensado levando em conta que o concreto permeável tem a função de pavimento e também drenagem. Além disso, em boa parte das vezes ele é utilizado para adequar o projeto à legislação, respeitando a permeabilização exigida pelos órgãos públicos.
Daniel beneventi
No detalhe ilustrativo, solução de pavimentação de concreto poroso com drenagem da água infiltrada por tubulação
EspecificaçãoQuem quiser especificar o sistema de drenagem com concreto permeável deve fazer primeiro um orçamento-base, indicando quantos metros quadrados de pavimento drenante terá a obra, quantos centímetros terá cada camada, quanto de material cada metro quadrado terá e qual será a composição. Virgiliis explica que a prefeitura paulistana está trabalhando em uma norma, a ITS 003/2012, que ajudará os técnicos a fazerem os cálculos da parte hidráulica, de tráfego e das camadas em relação ao concreto permeável. Será a primeira normativa do tipo no País, prevista para sair no Diário Oficial nos próximos meses. "Ainda não tem especificação. O pessoal trabalha empiricamente, até para fazer licitação é difícil. Agora, quando sair a norma, talvez melhore", comenta o engenheiro, que também é professor no Centro Tecnológico de Hidráulica da USP e na Universidade São Judas. Por enquanto, a presença do concreto permeável no Brasil é tímida, com iniciativas isoladas em estacionamentos de shoppings centers e condomínios.
Quem já usou
Divulgação: afonso virgiliis
Em 2009, uma pesquisa na USP levou à construção de um estacionamento de 1.600 m² dividido em dois: de um lado foi feito um sistema de drenagem com asfalto permeável, camada porosa de atrito (CPA), e do outro foram usados blocos intertravados de concreto poroso. Os blocos permeáveis absorviam a maior parte da água, mas o rejunte usado para unir as peças também tinha propriedades drenantes. O projeto foi patrocinado pela Prefeitura de São Paulo, a Secretaria de Infraestrutura Urbana e Obras, em conjunto com o Centro Tecnológico de Hidráulica da USP, e foi tema da dissertação de mestrado de Afonso Virgiliis. "Está lá até hoje. Os dados continuam sendo coletados; e o concreto poroso está dando alguns probleminhas de colmatação", explica o engenheiro. Para o experimento da USP, localizada em uma região onde chove bastante, os pesquisadores identificaram um valor máximo de altura de chuva equivalente a 62 mm. As camadas de base e sub-base foram feitas com 35 cm, como margem de segurança.

Concreto Permeável


O Concreto Permeável auxilia na recuperação da capacidade de infiltração do solo perdida com o avanço das áreas urbanas. Isto é, diminui os riscos de enchentes e recupera áreas degradadas. Permite recarregar os aquíferos subterrâneos e reduz a velocidade do escoamento das águas pluviais. Nas áreas urbanas, promove ganho ambiental e econômico.

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Problemas

• Enchentes 
• Perda de aquifero subterrâneo 
• Escoamento de resíduos poluidores aos rios 
• Alteração da drenagem natural
• Custos elevados com drenagem,como: piscinões, bombas, etc.
• Redução da área construída por exigências ambientais

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O que é?

O concreto usado como pavimento permeável é composto por cimento portland, agregado graúdo e pouco ou nenhum agregado miúdo, aditivos e pouca água.
A combinação desses componentes cria um concreto cuja quantidade de vazios (entre 2 e 8 mm) permite que a água passe com facilidade. A quantidade de vazios pode variar entre 18 e 35%, com uma resistência à compressão que varia entre 2,5 e 28 MPa.
A quantidade de água que passa por esse concreto também pode variar em função do tamanho do agregado graúdo e da massa específica do concreto, mas geralmente está entre 80 e 730 litros de água/minuto/m².


Aplicação e Cuidados

O Concreto Permeável deve ser colocado sobre uma sub-base permeável bem compactada.  A água que passa pelo sistema formado pelo concreto permeável + sub-base + solo agem como um filtro natural removendo materiais indesejados como óleos, graxas e outros poluentes.
A aplicação do Concreto Permeável deve obedecer os mesmos critérios e cuidados que todo pavimento de concreto exige:
• Boa sub-base
• Compactação adequada
• Aplicação de juntas
• Boa cura
A manutenção do piso de Concreto Permeável é muito pequena. Por isso, é necessário impedir o fechamento dos vazios, não permitindo que folhas ou outros materiais façam essa obstrução. Periodicamente,  o piso deve ser limpo (varrido ou aspirado) e lavado com pressão.

Usos

O Concreto Permeável é aplicado nos Estados Unidos desde 1970 como alternativa de sistemas complexos de drenagem e áreas de retenção de água.
As aplicações típicas incluem:
2• Estacionamentos
• Ruas e acostamentos
• Calçadas
• Quadras de tênis
• Deck de piscinas
• Áreas de zoológicos e celeiros
Este tipo de concreto é largamente utilizado em barragens nas redes de drenagem junto aos maciços rochosos, sob as galerias de inspeção.
Há algumas situações no túnel Ayrton Senna em que esta técnica foi utilizada de modo localizado como drenagem de águas provenientes do lençol freático.

Benefícios

Esse pavimento é considerado área drenante, e permite uma melhor utilização da área construída em seu terreno.

- Ambientais
• Reduz as enxurradas causadas pelas chuvas.
• Protege riachos e lagos.
• Restabelece as águas subterrâneas.
• Permite levar água e oxigênio para as raízes da vegetação.

- Econômicos
• Elimina ou diminui os sistemas de estancamento de águas de chuva, como piscinões.
• Permite um aproveitamento mais eficiente dos terrenos.
Links Interessantes para concreto permeável:



Quando o fascismo cresce, silenciar é ser cúmplice (por Jorge Furtado) do blog


Do blog deJorge Furtado.
Fiquei muitos meses sem escrever por aqui, por excesso de trabalho e por achar que o debate político estava tão alterado que a atitude mais sábia era o silêncio. Esperava que os derrotados das eleições fizessem o mesmo, deixassem passar os primeiros meses do novo governo para cobrar resultados. Meu volume de trabalho não diminuiu, na verdade cresceu, e os derrotados não esperaram nem um dia para subir ainda mais o volume e a grosseria das críticas, muitos pregam em voz alta, sem qualquer pudor, a volta da ditadura militar ou qualquer outro golpe que lhes devolva o poder que perderam nas urnas.
Volto a escrever sobre política porque o crescimento da direita, da intolerância, do fascismo, da ignorância e da homofobia, transforma os calados em cúmplices. A história ensina que os inimigos da democracia se utilizam da frustração e dos anseios legítimos da sociedade, das pessoas de boa fé, para chegar ao poder, e então passam a exercê-lo com tirania, perseguindo minorias, promovendo a intolerância e a violência. E aí é tarde demais para combatê-los pacificamente.
Não é possível ficar quieto quando o congresso é dominados pelo que há de pior na sociedade brasileira, bandidos e falsos pastores, achacadores em nome de Cristo, picaretas envolvidos em todo tipo de falactrua, legislando em causa própria, manobrando votações, chantageando empresários para garantir seu butim, promovendo cultos religiosos no plenário, fomentando a homofobia e a ignorância. O atual congresso brasileiro, comandado por Renan Calheiros e Eduardo Cunha, ambos investigados por uma dúzia de crimes e toda sorte de imoralidades, é uma vergonha para o país.
Não é possível aceitar calado que o ministro Gilmar Mendes, uma única pessoa sem um único voto, por uma manobra rasteira, mantenha engavetado, por mais de um ano, um projeto de mudança da legislação eleitoral já aprovado pela maioria dos juízes, projeto este que, se não impede, dificulta em muito a roubalheira nas eleições e na política. A quase totalidade dos escândalos que entravam a vida nacional e sangram os cofres públicos está relacionada com a doação de empresas aos políticos, que retribuem o favor legislando contra o interesse da maioria da população e superfaturando obras, ambulâncias, remédios. Sem o fim da doação de empresas para políticos a roubalheira nas eleições será eternizada.
Não é possível silenciar quando a presidente Dilma, eleita legitimamente pela maioria da população brasileira para manter e aprofundar os avanços dos governos populares, concede a tal ponto em nome de uma suposta governabilidade que entrega a economia aos banqueiros, a agricultura aos latifundiários do agronegócio e a política aos sanguessugas do PMDB, um partido que é eternamente governo porque sua única convicção é ser eternamente governo. Se eu imaginasse que e Katia Abreu, Levy e Eliseu Padilha poderiam ser ministros de Dilma teria votado em Luciana Genro.
Infelizmente, quem deveria fiscalizar o governo, o legislativo e o judiciário é a imprensa, que tornou-se irrelevante quando abriu mão de fazer jornalismo para fazer oposição partidária. A imprensa brasileira, que sempre foi ferozmente governista, descobriu sua vocação oposicionista quando a Casa Grande perdeu um pouco o seu poder. É constrangedor ver jornalistas ou similares pensando exatamente como seus patrões mandam. Talvez pela profunda crise que o setor atravessa, com jornais e audiências minguando, velhos jornalistas e jovens sedentos de poder e fama se agarrem aos seus empregos com unhas e dentes, repetindo bobagens até a náusea. A verdade não agrada o patrão? Esqueça! O bandido disse que também deu dinheiro aos tucanos? Ignore! O patrão esconde dinheiro na Suíça e sonega fiscais para não pagar impostos? Não é comigo! O mensalão foi criado para eleger o presidente do PSDB? Concentre-se no plágio petista! A acusação contra um petista não faz sentido? O que importa? A antiga imprensa, que já estava seriamente ameaçada por conta da revolução digital, acelerou seu caminho para o fim abrindo mão do princípio básico do jornalismo: a defesa da verdade factual. Quando a história da antiga imprensa brasileira for contada descobriremos que ela não morreu, suicidou-se.
Você pode achar esta conversa de política uma chatice, e é mesmo. O problema é que os que não gostam de política são governados por aqueles que gostam. Ontem, pela segunda vez, imbecis agrediram o ex-ministro Mantega num restaurante. Outro dia foi num avião, um jornalista – sozinho – que lia uma revista, foi atacado por um punhado de trogloditas. Jô Soares foi ameaçado de morte por entrevistar a presidente da república, eleita democraticamente. Os sinais de intolerância crescem, tornam-se mais frequentes e mais violentos, é de se esperar que a ignorância dos mal informados covardes que andam em bando logo produza vítimas. Silenciar é ser cúmplice deste fascismo crescente.
Votei no Lula e na Dilma na esperança de promover a inserção social, a melhor distribuição de renda, para garantir a geração de empregos, o acesso dos filhos dos trabalhadores às universidades, na esperança de melhorar a vida dos mais pobres, para ver a corrupção ser investigada e punida. Tudo isso aconteceu, menos do que eu esperava, porém mais do que nunca. 40 milhões de pessoas passaram a ter uma vida mais digna, a fome foi praticamente erradicada, os níveis de emprego se mantém altos, milhares de jovens passaram a ter acesso ao ensino superior, a mortalidade infantil no Brasil caiu pela metade.
O combate à corrupção também avançou muito. Uma lei promulgada por Dilma permite que hoje os corruptores também sejam punidos. A Polícia Federal investiga, o Procurador Geral da República não engaveta as denúncias e vemos, pela primeira vez, empresários, políticos e banqueiros graúdos serem investigados e presos. É bom lembrar (já que ninguém lembra) que Renan Calheiros, que hoje é investigado pela Polícia Federal, no governo de Fernando Henrique era o Ministro da Justiça e, portanto, chefe da Polícia Federal! E foi neste momento (segundo o Ministério Público e segundo vários bandidos delatores), no final do primeiro mandado de FHC, que a quadrilha de Youssef começou a roubar a Petrobrás. Mas também é fato que a continuidade no poder atraiu toda espécie de picaretas que, somados aos picaretas já existentes no PT, sugam os recursos públicos que faltam para os hospitais, para a escolas, para a segurança pública. E os avanços do governo popular começam a ser comprometidos.
Felizmente – talvez pela cretinice evidente dos seus apoiadores na mídia – a direita brasileira tem perdido eleições com agradável regularidade, foram quatro, em dois turnos, nos últimos 13 anos. Oito vezes o povo brasileiro foi às urnas dizer não à intolerância, ao egoísmo e a hipocrisia. Espero que eles percam outra vez em 2018, mas se até lá o PT não se livrar desta direita truculenta, homofóbica, picareta e ignorante, pode até ganhar as eleições, mas não terá mais o meu voto.
Afinal, até quando vamos aceitar calados as agressões dos derrotados nas urnas, uma elite iletrada, egoísta, ignorante e preconceituosa, que ficou 500 no poder e transformou o Brasil no país mais desigual do planeta?
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Jorge Furtado é um cineasta brasileiro. 

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