segunda-feira, 24 de junho de 2024

Ricardo Nunes tem contas de 2023 aprovadas pelo TCM-SP, FSP

 24.jun.2024 às 19h08

O Tribunal de Contas de São Paulo aprovou por unanimidade, nesta segunda-feira (24), as contas de 2023 da gestão Ricardo Nunes (MDB). O parecer da corte agora será votado pela Câmara Municipal.

Ainda que tenha deliberado favoravelmente, o conselheiro João Antonio, revisor do processo, destacou que o resultado orçamentário de 2023 foi deficitário em R$ 5,4 bilhões, o primeiro resultado negativo dos últimos cinco anos.

Ele também apontou redução significativa do déficit financeiro da Previdência, que ele atribui à reforma municipal que elevou as alíquotas pagas pelos servidores.

O conselheiro revisor também sublinhou que as despesas em investimentos chegaram a R$ 14,1 bilhões em 2023, valor 60% superior em relação ao ano anterior, com especial foco em urbanismo (R$ 6,5 bilhões) e habitação (R$ 3 bilhões).

WALDOMIRO J. SILVA FILHO - Um túnel no fim do túnel, FSP

 Há algum tempo as universidades públicas vivem no interior de um ciclo de crises. Não dá para estabelecer precisamente quando e como começou nem qual a sua exata natureza. Seguro é que existem dois sintomas da crise: o colapso do financiamento e salários e a conflagração em torno dos seus valores e missões.

Invertendo a imagem bíblica, depois da bonança de um próspero estágio de crescimento, expansão e cofres cheios, veio a tempestade. Entre o segundo governo Lula e primeiro governo Dilma, as universidades tiveram vultosos investimentos, ampliação dos campi e das vagas, significativa melhoria dos salários e da carreira, internacionalização da graduação e pós-graduação e políticas de cotas e de permanência.

Mas, pelo menos nos últimos dez anos, o orçamento das universidades federais vem sofrendo cortes severos, que afetam as condições de trabalho nas várias frentes, como ensino de graduação e pós-graduação, extensão, pesquisa e funcionamento de hospitais universitários. No mesmo período, a perda nos salários dos técnicos e docentes é assombrosa.

Foto colorida mostra pessoas reunidas com um cartaz erguido
Professores e alunos da Unifesp fazem protesto em São Paulo - Marlene Bergamo/Folhapress

Por coincidência, nesse mesmo ciclo ocorreu a ascensão da extrema direita na política nacional e, com ela, a crítica à universidade como ambiente predominantemente esquerdista e anticristão. E, na chave oposta, internamente, o cotidiano das universidades passou a conviver com a intensidade dos movimentos identitários negro e LGBTQIAPN+, que, entre suas pautas, acusa a universidade de preservar práticas racistas, homofóbicas e sexistas.

Abriram-se novos (e legítimos) campos de batalha e é preciso algum esforço para tentar entender tudo isso. São muitas pontas soltas e me parece que essa greve que se arrastou por três meses apenas escancara o tamanho do buraco onde as universidades se meteram.

A despeito de todo o desgaste que tem gerado, talvez a greve traga consigo uma coisa boa. Parece que é um "fato sociológico" que a universidade havia perdido o poder de pautar a imprensa, de se comunicar com a sociedade civil e, claro, de atrair a atenção da classe política. Ainda que a universidade tenha um papel fundamental, especialmente em sociedade democráticas, algo se rompeu... E deve se restaurar.

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A greve não só denuncia o sucateamento das Ifes e a precarização dos salários. Ela descortina algo que a imprensa e a sociedade parecem ter ignorado até agora: há um conflito político dentro da universidade.

No seu interior, docentes estão em franco desacordo sobre assuntos cruciais, como o próprio papel da universidade diante das desigualdades sociais, a relação com a sociedade e a economia e, inclusive, sobre a prática da democracia. São desacordos legítimos e incontornáveis. Pode ser uma tensão benéfica, pois reflete dentro do campus as tensões de uma sociedade dividida, que não consegue vislumbrar um caminho comum.

O desacordo se reflete no movimento sindical que conduziu à greve. As universidades estão rachadas entre pelo menos duas representações sindicais, a Andes e o Proifes, entidades que têm ideias e ideais muitas vezes diametralmente opostos.

Uns acusam o Proifes de ser braço sindical do governo do PT, outros acusam a Andes de ser um reduto de partidos de extrema esquerda que não têm representação parlamentar e precisam dos recursos dos sindicatos.

O fato é que o Proifes costurou um acordo na mesa de negociação oficial que dá aumentos razoáveis para docentes até 2026; e a Andes quer impedir que o Proifes assine esse acordo e obter, a todo custo, o monopólio sindical.

É importante que a sociedade conheça esse confronto de ideias. Todos podemos aprender com ele.

Nós entramos em um túnel tenebroso e os desafios da universidade escalaram em tamanho e dificuldade. Não podemos, no fim desse túnel, encontrar outro túnel.

Natalia Beauty - Paixão no trabalho sem burnon, FSP

 Se apaixonar pelo trabalho é uma jornada de dedicação e crescimento que transforma vidas. Eu, e milhares de trabalhadores, somos a prova viva de que a paixão pelo que se faz pode levar a conquistas inimagináveis. Desde jovem, sempre soube que queria mais do que um emprego comum. Meu desejo era encontrar algo que acendesse uma chama dentro de mim, algo que me fizesse sentir viva e realizada.

Quando comecei na área de beleza, não tinha ideia de onde chegaria. Estava passando por um momento difícil, recém-divorciada, com uma filha pequena e cheia de dívidas. Eu não tinha muitos recursos, mas tinha uma coisa que me movia: uma paixão imensa por fazer a diferença na vida das pessoas. Me lembro do frio na barriga ao fazer meu primeiro curso de sobrancelhas, sem nem ao menos saber segurar uma pinça direito. Mas minha determinação era inabalável. Cada cliente que atendia, cada sorriso que via, alimentava minha vontade de seguir em frente.

No começo, minha rotina era exaustiva. Trabalhava longas horas, muitas vezes indo de casa em casa com minha maca, fazendo sobrancelhas sem parar. Não tinha tempo para mim, mas a sensação de estar construindo algo maior me dava forças. É fácil se perder nesse ritmo frenético, e eu também me senti assim muitas vezes. O estresse é real e pode levar ao esgotamento se não houver um equilíbrio.

A imagem é uma ilustração de uma cena de escritório com dois personagens fictícios. À esquerda, há uma figura masculina vestindo um terno azul e gravata vermelha, gesticulando com a mão direita. À direita, há uma figura com uma cabeça rosa em forma de nuvem, usando óculos e uma camisa roxa, sentada em frente a um laptop. Há uma folha de papel e um copo de água sobre a mesa.
O burnon descreve uma conexão próxima e entusiástica com o trabalho, que leva ao estresse constante e suas consequências - Catarina Pignato/Folhapress

Foi aí que percebi que a mesma paixão que eu tinha pelo meu trabalho precisava ser aplicada ao meu tempo de lazer. Entendi que, para continuar sendo criativa e inovadora, precisava de momentos para relaxar e recarregar. Passei a valorizar cada segundo com minha filha, a desfrutar de pequenos momentos de paz e a encontrar alegria em coisas simples. Equilibrar trabalho e lazer não apenas me fez uma pessoa mais feliz, mas também uma profissional melhor.

A paixão pelo trabalho deve ser equilibrada com a dedicação ao lazer e ao autocuidado. Trabalhar incansavelmente pode parecer produtivo a curto prazo, mas a longo prazo, sem pausas adequadas, leva ao esgotamento. Aprendi a importância de desligar o celular, desconectar do mundo profissional e aproveitar a vida com minha família e amigos. Esses momentos são essenciais para manter a mente fresca e a criatividade em alta.

Pesquisas recentes destacam um novo termo, "burnon", descrito pelos psicólogos Timo Schiele e Bert te Wildt. Enquanto o burnout é caracterizado pela exaustão, desempenho reduzido e cinismo, o burnon descreve uma conexão demasiadamente próxima e entusiástica com o trabalho, que leva ao estresse constante e suas consequências. Os sintomas de burnon incluem dores no pescoço, nas costas, dores de cabeça e bruxismo. É um estado de superexcitação que, sem pausas adequadas, pode levar a uma vida exaustiva e desesperançada.

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Hoje, olhando para trás, vejo que minha trajetória foi marcada por essa paixão incessante. Se não fosse meu amor pelo que faço, talvez eu não tivesse alcançado o sucesso que tenho hoje. Mas sei que também não teria chegado tão longe se não tivesse aprendido a dosar essa paixão com momentos de lazer e descanso.

Para todos que estão começando suas jornadas, meu conselho é simples: se apaixonem pelo que fazem. Encontrem algo que os mova, que acenda uma chama dentro de vocês. E lembrem-se de que é igualmente importante encontrar tempo para relaxar e aproveitar a vida. O equilíbrio entre trabalho e lazer é o que nos mantém saudáveis, felizes e capazes de continuar crescendo e inovando.

A paixão pelo trabalho é uma força poderosa, mas deve ser bem administrada. Ame o que você faz, se dedique com afinco, mas não esqueça de viver plenamente cada momento da sua vida. Afinal, a verdadeira realização está em encontrar felicidade tanto no trabalho quanto no lazer. E é esse equilíbrio que faz a jornada valer a pena.

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