terça-feira, 14 de junho de 2022

Prefeito diz que Santos é ignorada na privatização do porto e aciona TCU, FSP

 O prefeito de Santos diz que as cidades da região têm sido ignoradas pelo governo Jair Bolsonaro (PL) no processo de privatização do porto, que tem conclusão prevista para o fim de 2022, e nos leilões de terminais. Por isso, Rogério Santos (PSDB) acionou o TCU (Tribunal de Contas da União) e estuda judicialização.

"Estamos falando do maior equipamento de logística do país. 30% da balança comercial passa pelo Porto de Santos. Algumas questões estão sendo resolvidas exclusivamente em Brasília, distante da região e distante da realidade de toda a cadeia que está presente no Porto de Santos", diz o tucano.

PUBLICIDADE

O prefeito ressalta que não é contra a desestatização ou os leilões, mas afirma que o governo federal tem atropelado etapas e levado a operação a toque de caixa, o que pode gerar prejuízos a Santos e às cidades vizinhas. Ele diz ter enviado duas notas técnicas à Agência Nacional de Transporte Aquaviário (Antaq) que não tiveram resposta.

Um dos 55 terminais do Porto de Santos
Um dos 55 terminais do Porto de Santos - Bruno Santos - 3.abr.2020/Folhapress

No caso da privatização, ele pede a manutenção de um espaço de cais público, hoje utilizado por pequenos e médios empresários para importações e que emprega 65% dos trabalhadores portuários avulsos da cidade.

O prefeito ainda destaca que a privatização sem a garantia de alguma participação pública na gestão do porto pode impactar negativamente o turismo e a economia da Baixada Santista.

"Quem vai fazer a gestão do porto vai ser uma empresa ou um consórcio, talvez internacional. Eles estão preocupados com resultado de bolsa de valores, acionistas, empresas. Mas o Porto de Santos cumpre um aspecto importante para outras políticas", diz Santos.

"O fluxo de turismo de passageiros de cruzeiros não é tão vantajoso economicamente quanto outras mercadorias. Será que essa empresa que vai vai fazer a gestão do porto vai priorizar os passageiros ou outros tipos de carga? A gente sabe que os navios ficam parados na entrada da barra. E é essa empresa gestora que faz o fluxo de entrada e saída", continua.

"Economicamente, os contêineres são muito melhores do que passageiros. Os passageiros não são importantes para o resultado econômico da gestora, mas são para o Brasil em relação ao desenvolvimento do turismo. É importante para o comércio da Baixada Santista", complementa.

Para ele, a tentativa de desestatização tem se concentrado exclusivamente no retorno econômico e tem ignorado questões ambientais, turísticas e trabalhistas locais.

Rogério Santos, prefeito de Santos, durante evento na cidade litorânea
Rogério Santos, prefeito de Santos, durante evento na cidade litorânea - Reprodução-25.abr.2022/@rogeriosantos.stos

A desestatização é uma das principais apostas de Tarcísio de Freitas (Republicanos), ex-ministro da Infraestrutura, em sua campanha para o Governo de São Paulo.

O leilão de um dos terminais, o STS 10, acarretará em aumento de 20% do fluxo de caminhões na cidade, afirma o prefeito, que então cobra obras viárias não entregues pelo governo federal no valor de R$ 200 milhões antes da transferência.

No caso do STS 53, o terminal de fertilizantes ficará ao lado de outro com passageiros. O prefeito pede, então, para que seja feito o processo de mudança de localização do terminal utilizado por turistas antes da realização do leilão, cuja outorga está estimada em R$ 650 milhões.

"Estamos extremamente interessados em desenvolvimento econômico, mas tem o lado social e ambiental. Os leilões e a desestatização impactam diretamente nesse equilíbrio", afirma Santos.

Em nota, o Ministério da Infraestrutura afirma que "tem como princípio a ampla discussão com todos os atores envolvidos nos processos de concessão e desestatização no setor de infraestrutura de transportes".

Segundo a pasta, "isso se refletiu na ampla participação social na fase de consulta pública do Porto de Santos, que segue o rito previsto no arcabouço legal, cumprindo todas as etapas previstas no processo de arrendamento e concessão para exploração portuária".

Alvaro Costa e Silva - FORÇAS ARMADAS - Golpe transformará Bolsonaro em fantoche dos militares. FSP

 O que diz o ministro da Defesa, tão preocupado com as urnas eletrônicas, sobre a nova tentativa de golpe programada para Sete de Setembro —a 26 dias das eleições? Paulo Sérgio Nogueira sente-se prestigiado a participar de ataques aos ministros do STF e TSE? O general mandará às ruas tanques fumacentos? Comandará a retirada de oxigênio da população para manter a liberdade fardada?

Havendo golpe para invalidar a votação desfavorável a Bolsonaro, será um movimento militar. O presidente se transformará num mito banal. Um ditador de mentira (tudo a ver, para quem sempre viveu mentindo), que poderá ser descartado a qualquer momento. Para a eventualidade, haverá um vice-presidente que é general, óbvio. Na chapa que concorre com as bênçãos do centrão e as mãos manchadas com o sangue de Dom Phillips e Bruno Pereira, o escolhido é Walter Braga Netto, que deixou o cargo de ministro da Defesa.

PUBLICIDADE

A articulação golpista abrange um plano com a presença de militares no governo até 2035. Se valer o primeiro mandato de Bolsonaro, serão 16 anos. Um tempo até modesto, levando-se em conta que o Golpe de 64 produziu uma ditadura de 21 anos.

A busca por informações falsas sobre as urnas vem desde 2019 —quando já havia sinais de rejeição ao governo e de que Lula, fora da prisão, voltaria ao páreo— e envolve os generais Luiz Eduardo Ramos, ministro da Secretaria da Presidência, e Augusto Heleno, que controla o Gabinete de Segurança Institucional e a Abin. Na época, Bolsonaro começou a desferir ataques ao sistema eleitoral. A partir da live-bomba de 2021 —investigada no inquérito das fake news—, eles foram intensificados.

Sem qualquer pudor, Bolsonaro se compara a Jeanine Áñez, que se autodeclarou presidente da Bolívia com uma Bíblia na mão e foi condenada a dez anos de prisão por tramar um golpe de Estado. Só para constar: também foram condenados o ex-comandante das Forças Armadas e o ex-chefe da polícia.

0
Os comandantes das Forças Armadas em março de 2021; o almirante Almir Garnier, o ministro Braga Netto, o general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira e o brigadeiro Almeida Baptista Jr. - Pedro Ladeira/Folhapress

Os algozes de Bruno e Dom são os que incentivam crimes na Amazônia, Cristina Serra, FSP

 

No momento em que escrevo, esvaiu-se a esperança de que o indigenista Bruno Pereira e o jornalista Dom Phillips sejam encontrados com vida. A família do cidadão britânico teria recebido o aviso de que dois corpos foram localizados num dos pontos de busca do Vale do Javari, na imensidão da floresta amazônica, que eles tanto amaram.

Quem os matou? Bruno e Dom foram mortos por todos os que incentivam o crime contra os povos indígenas, suas terras, a floresta, suas águas, bichos e plantas. Por aqueles que enfraqueceram os órgãos de fiscalização nos últimos anos, tirando-lhes verba e equipamentos, perseguindo e coagindo os servidores públicos. Como fizeram com Bruno, afastado da Coordenação Geral de Índios Isolados e Recém Contatados, em 2019.

Bruno e Dom foram assassinados pelos que reduziram à míngua a presença do Estado na região, deixando o caminho livre para traficantes de drogas, madeireiros, garimpeiros, desmatadores, pescadores e caçadores que atuam atrelados a organizações criminosas. Foram assassinados pelo vazio deixado nas nossas fronteiras pelas Forças Armadas, muito mais ocupadas em atrapalhar as eleições.

Também são assassinos todos os que ignoraram os apelos por segurança feitos pelos indígenas do Vale do Javari; aqueles que, no comando de órgãos públicos, poderiam ter tomado alguma providência e mantiveram-se inertes. Os indígenas mandaram ofícios em abril e maio para Polícia Federal, Força Nacional de Segurança e Funai. Os algozes de Bruno e Dom são também os que atacam o jornalismo e agridem jornalistas.

A Amazônia sempre foi um pedaço abandonado do Brasil, é verdade. Mas nunca, como agora, o crime encontrou condições tão favoráveis para agir impunemente e com total desenvoltura. Com seu discurso de ódio contra os indígenas e contra quem os defende, Bolsonaro funciona como anabolizante das milícias da floresta. Ele e todos os que o sustentam no poder têm as mãos manchadas com o sangue de Bruno e Dom.