terça-feira, 30 de abril de 2024

Joel Pinheiro da Fonseca - Precisamos do bolsonarismo moderado, FSP

 Tornei pública minha oposição a Bolsonaro no segundo turno de 2022, por considerar que ele atentava diretamente —e sem o menor disfarce— contra os pilares mais elementares da democracia brasileira, como nosso sistema eleitoral. O 8 de janeiro e as investigações que seguem até hoje mais do que comprovaram esse receio. Bolsonaro era mesmo golpista, preparou um golpe, mobilizou uma parcela da opinião pública para esse fim.

Quem apoia Bolsonaro até hoje não vai jamais admitir que ele fomentou um golpe de Estado. Mesmo com a PF descobrindo que organizadores do 8/1 falavam abertamente de seu objetivo, os apoiadores continuarão dizendo que era apenas "uma manifestação", como tantas outras, no máximo culpada de vandalismo.

Plenário do Senado Federal durante sessão deliberativa ordinária. - Jonas Pereira - 16.abr.24/Agência Senado

Essa negação cumpre o mesmo papel psicológico da negação de parte da esquerda da corrupção nos governos do PT. Aceitando o fato, ficaria muito difícil seguir com o apoio ao líder; por isso é preciso negá-lo até o fim. Viver numa democracia com liberdade de expressão inclui tolerar esse tipo de visão e aceitar que ele pode ter expressão política.

Para nós, de uma direita que nunca aceitou Bolsonaro, resta o trabalho de longo prazo de construir as bases para uma direita liberal no Brasil. O Brasil, contudo, não vai esperar, e o conflito entre petismo e bolsonarismo deve seguir a todo vapor. A direita antibolsonarista permanecerá, por enquanto, como uma minoria valorosa, imprescindível no debate público qualificado mas incapaz de conquistar as multidões.

Sendo assim, e dado que a conservação da democracia depende de as principais alternativas aceitarem as regras do jogo, é importante que se crie espaço para que bolsonaristas moderados ascendam. Por "moderado" quero dizer: que respeite as regras da democracia, como aceitação do resultado das urnas (que é plenamente compatível com fazer sugestões de como melhorá-las) e repúdio público ao uso da violência mesmo quando ele parte de seu próprio campo.

O bolsonarismo surgiu como uma resposta à revolta contra o sistema que tomou o Brasil desde 2013. De alguma maneira, há um profundo mal-estar com a forma de se fazer política no Brasil: a falta de transparência, os conchavos, a falta de compromisso, a distância para com o eleitor, o descaso com o dinheiro público e, coroando e simbolizando tudo isso, o desvio ilegal desse dinheiro, a corrupção. Seja em Brasília ou nas ruas, era preciso impor ordem.

Frente a uma política corrompida, Bolsonaro representou a aposta na antipolítica, na esperança de que o autoritarismo trouxesse a integridade perdida por uma democracia corrupta. Felizmente, fracassou. Mas seus valores podem encontrar formulações compatíveis com a ordem democrática.

Não será a primeira nem a última vez que movimentos extremistas moderam-se para entrar no jogo. Grupos diretamente envolvidos com a luta armada e o terrorismo, como o IRA e as Farc, foram capazes de ceder suas armas e aceitar a dinâmica da democracia. Ao fazê-lo, deixam um gosto azedo na boca de todos os que gostariam de extirpá-los e a tudo que representam.

Democracia é também aprender a conviver com o diferente e vencê-lo na base da persuasão, não das armas. Punindo quem cometeu crimes, é preciso deixar que seus correligionários que respeitam as regras do jogo sigam participando dele. O TSE pode tirar da corrida um concorrente infrator; não pode silenciar metade da população.

PF usa scanner corporal e prende 18 pessoas com drogas no estômago no aeroporto de Guarulhos. FSP

 

BRASÍLIA

Polícia Federal prendeu 18 passageiros no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, tentando embarcar com drogas em cápsulas, dentro do corpo, com destino à Europa.

Com a utilização do scanner corporal, a PF prendeu os passageiros que tentavam embarcar com a substância ilícita para França Suíça. As prisões aconteceram entre os dias 29 e 30 de abril.

Policial Federal mostra o scanner corporal em uso no aeroporto
Policial federal observa imagem gerada por scanner corporal em aeroporto; equipamento é usado para descobrir drogas engolidas por passageiros - Divulgação/PF

Todos foram submetidos ao scanner após serem entrevistados pelos policiais federais.

Os suspeitos foram conduzidos ao Hospital Geral de Guarulhos e ficarão sob custódia da Guarda Municipal da cidade.

Após receberem alta hospitalar, os presos serão apresentados à Justiça Federal e poderão responder pelo crime de tráfico internacional de drogas.

Segundo a Polícia Federal, a apreensão de passageiros com drogas no corpo cresceu nos últimos anos. Foram 53 prisões em flagrante em 2024, 44 em 2023, 7 em 2022 e apenas uma prisão em 2021.

Jovens nunca estiveram tão distantes da política, The News

 

Felizmente ou infelizmente? O número de jovens brasileiros que são filiados a algum partido político atingiu o menor patamar em 10 anos.

Em 2014 — época de Dilma x Aécio — as legendas tinham mais de 415 mil associados entre 16 e 24 anos. Hoje em dia, esse número não passa da casa dos 180 mil.

(Fonte: O Globo)

Só para deixar claro: Se filiar a um partido é diferente de escolher um time para torcer. Além da filiação ser burocrática, o associado precisa comparecer a atividades políticas da legenda e participar de votações internas.

  • Um dos motivos apontados para a falta de interesse das novas gerações é o desgaste da política de 2014 para cá.

A Operação Lava Jato e suas afilhadas, por exemplo, mostraram uma rede de corrupção envolvendo políticos, empresas e órgãos públicos.

Além disso, o país está mais dividido quando o assunto é política. Na opinião de 83% dos brasileiros, nosso país está mais polarizado do que nunca — apenas 14% acreditam que estamos mais unidos.

Com dois polos se formando, também cresce o número daqueles que não se sentem representados por nenhum dos dois lados — e muito menos por um partido em específico.

👓 Olhando por outra ótica…

Os partidos dos dois políticos mais conhecidos do país — Lula e Bolsonaro — fogem à regra e tiveram um crescimento na filiação de jovens desde as últimas eleições. Curioso, né?

  • PL, desde que Bolsonaro se filiou à sigla em 2021, viu o número de associados jovens quase dobrar, passando dos 5.800 para 10.700.

  • Depois de uma queda de quase 10 mil filiados de 16 a 24 anos na sequência do impeachment de Dilma e da prisão de Lula, o PT teve um aumento de 9 mil para 17 mil após a soltura do atual presidente.

  • Mais à esquerda ainda, o PSOL lidera pela primeira vez o número de jovens filiados entre todos os partidos, com 19 mil jovens.

Zoom out: Ao todo, o número de filiados partidários vem caindo ano a ano no Brasil. Mesmo sendo um dos países com mais partidos no mundo (29) , o número de associados não passa dos 16M — pouco mais de 10% dos eleitores.