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São Paulo – Eficiência energética, gestão de resíduos e combustíveis limpos estão entre as iniciativas para aumentar a pegada ecológica da atividade
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Divulgação
Tiago Reis, para o Procel Info
São Paulo - A temporada de cruzeiros marítimos está a todo vapor no Brasil. Somente no período do Carnaval, entre 24 de fevereiro e primeiro de março, são esperados o atracamento de 14 transatlânticos no Porto do Rio de Janeiro, com mais de 50 mil pessoas desembarcando na cidade durante os dias de folia. Já no Porto de Santos e de Salvador, são esperadas outras dez mil pessoas, o que faz deste um dos períodos mais movimentados para o turismo de cruzeiro no país.
A temporada oficial 2016/2017, que vai de novembro a abril, deve transportar mais de 380 mil turistas em 108 roteiros que vão passar pelas cidades de Rio de Janeiro, Búzios, Ilha Grande, Angra dos Reis e Cabo Frio (RJ), Santos e Ilha Bela (SP), Ilhéus e Salvador (BA), Recife (PE), Maceió (AL), Porto Belo (SC) e Fortaleza (CE). Ao todo, sete navios, de quatro armadoras (empresas donas dos navios de cruzeiro) navegarão pela costa brasileira oferecendo aos seus hóspedes todo tipo de conforto que esses 'hotéis flutuantes' podem proporcionar.
Mas com o crescimento desse tipo de atividade, aumenta também as preocupações com o impacto ambiental. Com uma mega estrutura, que em alguns casos pode ser comparada a de uma cidade, essas embarcações transportam em média três mil pessoas, mas em alguns casos, sua capacidade pode passar dos oito mil ocupantes, entre passageiros e tripulação. Grandes obras de engenharia e com vários recursos tecnológicos, esses navios tem altura superior a de um prédio de 15 andares, pesando mais de 100 mil toneladas, com mais de 300 metros de comprimento. Com embarcações e temporadas cada vez maiores, questões como gestão de resíduos, água e esgoto, energia, poluição dos oceanos e emissão de gases de efeito estufa ganham cada vez mais evidência.
Segundo a CLIA Abremar Brasil (Associação Brasileira de Cruzeiros Marítimos) as principais companhias armadoras estão intensificando a prática de eco-friendly (produto amigo do meio ambiente) em suas operações. A entidade informa que é tendência em todo o mundo a adoção de estratégias que minimize o impacto ambiental da atividade. Soluções como reciclagem, reutilização, uso consciente de água, energia e combustível já é uma prática comum nas embarcações mais modernas e essas atitudes também estão presentes nas embarcações que trafegam pela costa brasileira.
“O compromisso ambiental das companhias de cruzeiros marítimos é honrado com as estratégias mais inovadoras. Não só porque é a coisa certa a ser feita, mas também porque essa saúde dos mares, praias, rios e dos destinos em geral é fundamental para o sucesso da nossa atividade. E a CLIA (Cruise Lines International Association) tem avançado com o aconselhamento e o consentimento de seus integrantes, todos interessados em políticas destinadas a melhorar a proteção do ambiente, o que, em muitos casos, até superando as exigências das melhores práticas legais existentes”, explica Marco Ferraz, presidente da CLIAAbremar Brasil.
Os números dessas 'cidades flutuantes' impressionam. Em média, cada navio de grande porte consome três toneladas de combustível por hora, quase cinco toneladas de carne (bovina, suína, peixe e frango) por dia além da produção de mais 40 mil refeições diárias. Para o seu funcionamento, os navios necessitam de 40 mil kW de potência para a propulsão dos motores e outros 10 MW de energia para o acionamento dos serviços de bordo, como iluminação, climatização e refrigeração. Também, numa viagem de sete dias, são produzidos cerca de 950 mil litros de esgoto humano e águas cinzas.
A CLIA Abremar informa que as armadoras, quando estão no Brasil, cumprem todas as legislações e convenções internacionais, além de atender os requisitos sanitários da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A entidade revela que todos os navios que trafegam pelo litoral brasileiro estão equipados com sistemas avançados de tratamento de água, descarte e reciclagem de lixo, tratamento de efluentes, segurança ambiental, para que nenhum tipo de lixo seja despejado nos oceanos.
Aumentar a eficiência energética e o uso de combustíveis mais limpos estão entre as prioridades das companhias de cruzeiros
“Graças a esses esforços, alguns navios já conseguem reaproveitar 100% de seus resíduos gerados, seja por doação, reciclagem ou convertendo-os em energia. Nos navios, a reciclagem por passageiro é 60% maior do que a reciclagem feita por uma pessoa em terra”, completa Ferraz.
Outro ponto que está recebendo a atenção das armadoras de navios é a questão da gestão de energia. Quanto maior o tamanho da embarcação, maior o consumo de energia. Para evitar um aumento da demanda, e consequentemente reduzir os níveis de poluição, já que a energia a bordo é produzida por meio de combustível fóssil, a eficiência energética tornou-se prioridade. A adoção de motores eficientes, iluminação de LED, equipamentos eficientes estão entre as principais soluções adotadas pelo segmento.
A MSC Cruzeiros e a Royal Caribbean, duas das principais companhias que atuam no setor, tem adotado uma série de medidas para reduzir o consumo de energia em suas operações. A MSC passou a utilizar dispositivos para economizar energia, desde a otimização dos aparelhos de ar condicionado até os sistemas de monitoramento das cabines. A postura em busca da sustentabilidade rendeu a empresa as certificação ISO 50.001, para a gestão de energia de três embarcações, e a ISO 14.001, pela gestão ambiental de suas operações, ambas auditadas pela Bureau Veritas.
Já a Royal Caribbean tem investido nos últimos anos em melhorar e eficiência energética em alto mar de seus navios. Para isso, em 2016 a companhia anunciou que vai passar a utilizar gás natural liquefeito (GNL) e unidades de células de combustível nas novas embarcações da empresa. Essas medidas reduzirão drasticamente a emissão de gases de efeito estufa. Os novos navios devem entrar em operação a partir de 2022. Segundo Michael Bayley, presidente e CEO da Royal Caribbean International, a nova classe de cruzeiros vai trazer uma série de inovações para a indústria náutica tornando essa atividade mais segura, confiável e eficiente em termos energéticos.
Além da modernização das embarcações, a Royal Caribbean também investiu em soluções para reduzir a demanda de energia. Entre elas, está a adoção de equipamentos de bordo como TVs, cafeteiras, fornos e máquinas de lavar louça com alto nível de eficiência, iluminação econômica em toda a frota, instalação de películas nos vidros para reduzir a transmissão de calor do sol e a utilização do ar-condicionado e a otimização do sistema de climatização, que reduziu em aproximadamente 10% o consumo de energia dos equipamentos de aquecimento, ventilação e ar-condicionado. O design do casco e dos propulsores e o consumo consciente da água potável produzida em alto mar, também ajudaram a reduzir o consumo de energia.
“As linhas de cruzeiro colocam alta prioridade na eficiência energética como parte de seu programa de proteção ambiental. Os investimentos incluem inovações, como motores eficientes em termos energéticos, revestimentos do casco para reduzir a fricção e o consumo de combustível, economia de energia com luzes LED, aparelhos modernos e com maior eficiência, e reutilização de água quente ou fria, que circulam pelas cabines para aquecê-las ou esfriá-las, reduzindo o uso de ar condicionado”, destaca Ferraz.
As armadoras, segundo o dirigente, também estão atuando junto com cientistas e pesquisadores para que novas soluções sejam implementadas para reduzir os impactos ambientais do turismo de cruzeiro. Entre as novas tecnologias em estudo, está a de melhorar a utilização do vento a favor e de elevar o nível das fontes de energia mais limpas como forma de reduzir a emissão de CO2. Para Ferraz, com essas iniciativas e uma maior transparência das companhias, com a divulgação e cumprimento das normas ambientais, a navegação de cruzeiro vai conseguir mostrar para a sociedade que essa atividade econômica utiliza de forma equilibrada e sustentável os rios e oceanos que navegam contribuindo para a preservação do meio ambiente marinho e das comunidades de destino. “Oceanos bonitos e destinos atrativos e saudáveis são pontos chave para o turismo e deles depende nossa sobrevivência”, conclui.
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