segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Por que a Folha deu manchete tão ridícula sobre “piscina de Lula”?, por Miguel do Rosário


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A capa da Folha deste domingo é histórica.
No alto, uma foto com a legenda "Tempos sombrios" ilustra à perfeição o papel da mídia no mundo de hoje. A foto remete a reportagem que fala de campos de petróleo incendiados pelo Estado Islâmico, que estariam intoxicando e matando iraquianos.
Sim, são tempos sombrios: o Ocidente destruiu o Iraque, após uma operação de satanização de Saddam Hussein que contou com ajuda da nossa mídia, matou milhões de iraquianos, e transformou todo o oriente médio, antes relativamente estável, com governos laicos, num vasto celeiro de terroristas islâmicos, um enorme inferno dantesco, um grande campo de refugiados, que hoje exporta para a Europa, por dia, milhares de imigrantes desesperados.
Mas não é do oriente médio que quero falar.
Os tempos são sombrios também aqui no Brasil.
As redes sociais de esquerda estão ridicularizando, com razão, a capa do jornal. Entretanto, se observamos bem, não há nada de hilário nesta capa.
Foi uma manchete calculada.
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Na mesma frase, Polícia Federal, Odebrecht, piscina e Lula. Semioticamente, é um ataque político muito bem construído.
Os aspectos absurdos e ridiculos apontados pelas redes sociais não estão presentes na manchete, que fala em "piscina para Lula". Ou seja, é uma manchete mentirosa, visto que a piscina do Alvorada não pertence, obviamente, a Lula.
A reportagem é bizarra. "PF investiga suspeita"...
Como em toda matéria política da grande imprensa, o subtexto é completamente distinto do conteúdo. O que diz o subtexto?
  • Que a PF se tornou uma polícia política, e usa o dinheiro do povo para gerar factoides políticos contra Lula, visando minar seu capital político e, com isso, reduzir possível revolta popular com sua prisão ou eliminação do jogo político.
  • Que a imprensa é aliada principal desse processo criminoso. O que ela perde em credibilidade, ganha em dinheiro, em publicidade da Secom, parcerias milionárias com estatais, financiamentos amigos, além do favor que fazem ao capital anglo-americano, hoje proprietário de quase todas as grandes agências de publicidade operantes no país.
O público mais crítico percebe o jogo sujo da mídia, mas a maioria da população, não. A manchete da Folha será convertida em matéria no Jornal Nacional e será multiplicada por milhares de links de pequenos sites anódinos, Brasil a fora, que apenas reproduzem acriticamente o conteúdo da mídia corporativa.
E o mais importante: a manchete alimenta o exército de zumbis, o mesmo que foi cuidadosamente cultivado pela mídia, com doses diárias de ódio político.
Essa é a contribuição da mídia para a ascensão do fascismo.
O que os ministros do Supremo falam dessa instrumentalização criminosa de recursos de Estado para criminalizar a principal liderança popular que temos no país, uma pessoa que sempre contribuiu para a superação pacífica e democrática de nossos conflitos?
Não falam nada, e também nada lhes é perguntado nos regabofes milionários para os quais os barões da mídia lhes convidam regularmente.

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