FOTO: JON NAZCA/REUTERS
Um pedinte conta moedas em Málaga, na Espanha
 UM PEDINTE CONTA MOEDAS EM MÁLAGA, NA ESPANHA
 
Análises como a do economista francês Thomas Piketty em seu livro “O Capital no Século 21” apontam para o aumento constante da desigualdade em diversos países a partir do final do século 20. Algo que a maior parte das pessoas não enxerga, no entanto, é que a pobreza extrema tem diminuído. Mesmo com os mais ricos acumulando dinheiro em um ritmo mais rápido do que o resto da população.
De acordo com o estudo “Rumo a 2030 sem pobreza”, realizado com 56.409 pessoas de 24 países e publicado em setembro de 2016 pelo projeto Glocalities, 87% das pessoas acreditam que a pobreza não diminuiu nas últimas duas décadas.

RESPOSTAS SOBRE A POBREZA MUNDIAL

 
Mas a verdade é que, segundo dados do Banco Mundial, o número de pessoas em situação de extrema pobreza, ou seja, vivendo com menos do que US$ 1,90 por dia, caiu de 1,96 bilhão em 1996 para cerca de 700 milhões em 2015.
O relatório “Pobreza e Prosperidade Compartilhada 2016”, lançado em outubro de 2016 pelo Banco Mundial, ressalta que a pobreza extrema diminuiu em todas as regiões do mundo, seja na África Subsaariana, no Sul da Ásia ou na América Latina.

POPULAÇÃO QUE VIVE COM MENOS DE US$ 1,90 POR DIA

 
O estudo do Glocalities argumenta que aumentar a consciência sobre o que já se atingiu no que diz respeito à diminuição da pobreza no mundo é importante para engajar mais pessoas em torno de um dos objetivosestabelecidos pela ONU em 2015: o de erradicar a pobreza extrema até 2030. Mas como atingir esse objetivo?
Em um discurso de outubro de 2015, o presidente do Banco Mundial Jim Yong Kim, afirmou que, para que a pobreza extrema seja erradicada, será necessário obter não só crescimento, mas também distribuição de renda.
Ao abordar essa questão, ele citou relatório “Trabalhando para poucos: rapto político e desigualdade econômica”, publicado em 2014 pela Oxfam, uma rede internacional de entidades que combatem a desigualdade, segundo o qual as 85 pessoas mais ricas do mundo controlam a mesma riqueza que os 50% mais pobres da população, mais de 3,5 bilhões de pessoas.
“Ao ressaltar a chocante realidade de que uma parcela tão grande da população compartilha quase nada da riqueza mundial, a Oxfam tocou em um ponto sensível”, afirmou.
Para que a pobreza seja superada, três pontos devem ser atingidos, diz Kim: crescimento econômico inclusivo, investimento em seres humanos e garantias contra o risco de que as pessoas possam decair novamente em pobreza. "Crescer, investir e garantir: essa é a nossa estratégia”, afirmou.
Ele usa como exemplo positivo medidas que vêm sendo implementadas na América Latina: o fortalecimento de contratos de trabalho e de salário mínimo, mais acesso à educação, gastos educacionais que favoreçam os mais pobres, aposentadorias e, “acima de tudo”, transferências diretas de renda, como o programa Bolsa Família.
“Há evidência abundante de que dar dinheiro, mais do que dar subsídios progressivos a gasolina ou comida, produz efeitos positivos duradouros”, afirmou.