quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Tucano critica pedido de impeachment de Dilma e é hostilizado


Ex-deputado e coordenador digital da campanha de Aécio, Xico Graziano diz que quem apoia a derrubada da petista após sua reeleição e a volta dos militares ao poder deveria deixar o PSDB

PSDB
Xico Graziano: "Militantes da direita exigem que nós, os sociais democratas, encampemos sua ideologia, o que seria um absurdo"
Ex-coordenador digital da campanha presidencial de Aécio Neves, o ex-deputado Xico Graziano classificou como “absurdas” e “antidemocráticas” as manifestações do último sábado que pediam o impeachment da presidente Dilma Rousseff e a volta dos militares ao poder. Após fazer a crítica em seuperfil no Facebook, Graziano foi hostilizado por internautas que o chamaram de “petralha”, “petista infiltrado”, “comunista” e “esquerdopata”. Em resposta, o tucano escreveu um texto em que diz que é “absurdo” militantes da direita exigirem do Partido da Social Democracia Brasileira que encampem sua ideologia.
“Quem concordar com as teses dessa turma aguerrida que vê o comunismo chegando, é contra os benefícios sociais, sonha com a ordem militar, por favor, deixem o PSDB. Vocês é que estão no lugar errado, não eu!”, desabafou Graziano, que foi chefe de gabinete do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) no governo tucano.
Para Xico Graziano, a direita brasileira mostra sua força na internet, mas não encontra representação em nenhum partido político. “Ora, nós, do PSDB, nascemos inspirados na socialdemocracia europeia, com viés da esquerda. Nossa origem reside no MDB autêntico, que foi decisivo na derrubada da ditadura militar. Nós fomos decisivos na Constituinte de 1988. Fomos nós, com FHC à frente, que criamos as bases socioeconômicas do Brasil atual, inclusive as políticas de transferência de renda e as cotas”, escreveu o ex-deputado.
Em São Paulo, cerca de 2,5 mil pessoas participaram da manifestação criticada por Xico Graziano na Avenida Paulista. A polêmica com o tucano começou no domingo quando ele publicou o seguinte comentário no Facebook: “Só para esclarecer: achei absurda tal manifestação. Antidemocrática, não republicana. Ainda por cima, pedindo a volta dos militares, meu Deus, tô fora disso. Esconjuro”.
Leia abaixo o texto na íntegra:
“Mexi num vespeiro da política ao postar aqui, ontem, opinião contrária ao impeachment da Dilma. Julguei a causa antidemocrática, não republicana. Não gostei daqueles discursos irados, revanchistas e reacionários. Tomei um troco bravo. Recebi centenas de comentários, críticos a maioria, de baixo nível muitos deles. Vou aprofundar a polêmica. Sigam meu raciocínio.
Existe no Brasil uma ideologia própria da direita que se encontra desamparada do sistema representativo, quer dizer, sem partido político. Sua força se mostra na rede da internet. Essa corrente luta para destruir o PT, acusando-o de querer implantar o comunismo por aqui. Defendem as liberdades individuais, combatem tenazmente a corrupção organizada no poder, desprezam totalmente as lutas sociais, mostrando-se intolerante com o direito das minorias. O deputado Bolsonaro e o ensaísta Olavo de Carvalho são seus expoentes.
Tudo bem. Acontece que, no período das eleições presidenciais, essa tendência se articula no seio do PSDB, trazendo para nosso partido suas causas. É normal existirem as alianças eleitorais, e para tal existe o segundo turno. O problema surge quando os militantes da direita exigem que nós, os sociais democratas, encampemos sua ideologia, o que seria um absurdo.
A intolerância mostrada em minha página do facebook reflete essa incompreensão. Criticam minha coerência, decepcionam-se com os meus valores imaginando que eu deveria assumir os deles. Pior, alguns tolamente me acusam de ser “petista infiltrado”. Dá até um pouco de dó.
Ora, nós, do PSDB, nascemos inspirados na socialdemocracia europeia, com viés da esquerda. Nossa origem reside no MDB autêntico, que foi decisivo na derrubada da ditadura militar. Nós fomos decisivos na Constituinte de 1988. Fomos nós, com FHC à frente, que criamos as bases socioeconômicas do Brasil atual, inclusive as políticas de transferência de renda e as cotas.
Na complexidade do mundo contemporâneo anda difícil rotular os partidos, e as pessoas, como de “direita” ou de “esquerda”, categorias válidas no século passado, mas ultrapassadas hoje em dia. De qualquer forma, quem concordar com as teses dessa turma aguerrida que vê o comunismo chegando, é contra os benefícios sociais, sonha com a ordem militar, por favor, deixem o PSDB. Vocês é que estão no lugar errado, não eu!”

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