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Apesar de se declarar "leigo no assunto", o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, disse em entrevista à "TV Folha", nesta quinta-feira (30), que administraria a atual crise no abastecimento hídrico do Estado de forma diferente. "Sem nenhum tipo de partidarismo, eu atuaria não só no plano de oferta de água mas também do lado da demanda. E teria feito isso há mais tempo", afirmou, em contraposição ao plano apresentado a ele hoje pela Sabesp, que reforçou a estratégia de cuidar apenas da oferta de água."Essa é uma questão séria, e não deve envolver rixas político-partidárias, que não resolvem nada. Mas a estratégia adotada é cuidar dos investimentos, de obras de emergência e esperar a chuva chegar, sem tratar da demanda, que, com exceção do bônus, está livre", explicou.
Segundo Haddad, tem sido difícil agendar reuniões com a Sabesp. Vários encontros marcados teriam sido postergados. No primeiro deles, ocorrido nesta quinta-feira, a empresa pública que cuida do saneamento no Estado reiterou a prefeitos que deve operar apenas no campo da oferta de água, sem promover ações de restrição da demanda.
Na última sexta-feira, o sistema Cantareira passou incorporar a segunda cota de seu volume morto, que somou 10,7% da capacidade do sistema aos 3% que restavam da primeira cota do volume morto já usada.
"Se eu fosse o responsável pelo abastecimento, teria convocado já há tempos uma reunião dos prefeitos para os quais a Sabesp presta o serviço de água e esgoto porque isso teria diminuído as críticas à empresa e teria dado mais oportunidade de conhecimento dos planos da Sabesp, que a maioria dos prefeitos desconhece."
Haddad disse ter um plano de abastecimento emergencial dos equipamentos do município, como hospitais, creches e escolas, mas esclareceu que o abastecimento de água da capital é, por contrato, atribuição da Sabesp e do governo do Estado. "A prefeitura não tem reserva de água. Ela depende do planejamento da Sabesp."
TARIFA DOS ÔNIBUS
Questionado sobre o subsídio à tarifa do ônibus, congelada após as manifestações de junho de 2013, Haddad informou que foi contratada uma auditoria externa, da consultoria Ernst & Young, para avaliar os contratos com as empresas de transporte na cidade. O subsídio da Prefeitura de São Paulo deve atingir a marca de R$ 2 bilhões o orçamento no ano que vem e já compromete investimentos em outras áreas.
O prefeito disse que, a partir dos laudos da auditoria, a serem concluídos num prazo de 30 dias, será feito um debate público sobre o rumo a ser tomado. "Vou abrir os dados para a sociedade e vou discutir com a cidade o que significaria [para o orçamento da prefeitura] manter o subsídio, majorá-los ou renegociar os contratos com os empresários", disse. "Se fizermos um pacto transparente, qualquer decisão legitimada vai nos dar sustentabilidade."
DÍVIDA
Haddad disse acreditar que a presidente Dilma mudará a indexação da dívida dos municípios agora que reeleita porque a medida não teria nada a ver com o rigor fiscal que se espera do segundo mandato da petista.
"Não tem cabimento o município financiar a União. Há uma troca de papéis aí. São Paulo quer pagar sua dívida, mas quer fazê-lo com a mesma taxa de juros que a União paga", disse. "A União assumiu a dívida dos municípios para ajudá-los e não tem sentido cobrar da cidade uma taxa maior que aquela que ela paga para arrolar essa dívida. Isso piora a situação de São Paulo."
Segundo o prefeito, o projeto de lei que versa sobre a mudança já passou pela Câmara e por todas as comissões do Senado. "O projeto está nas mãos do presidente do Senado [Renan Calheiros (PMDB-AL)]. Falei ontem com ele e acho que podemos chegar a um entendimento."
A medida não beneficiará diretamente a sua gestão, mas as próximas terão maior espaço orçamentário para investir na cidade. "São Paulo está numa situação financeira complicada. Não há sustentabilidade da maneira como está."
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