segunda-feira, 13 de junho de 2022

Mercado de canabidiol vê ameaça após decisão do STJ sobre rol da ANS, FSP

 O crescente mercado de canabidiol no Brasil começa a avaliar os reflexos que o setor pode sentir após a decisão do STJ de desobrigar as operadoras de pagar por tratamentos que não constem da lista da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar).


Para Tarso Araújo, diretor-executivo da BRCANN (Associação Brasileira da Indústria de Canabinoides), a medida deve dificultar o acesso dos pacientes que usam tratamento com os produtos derivados da maconha.

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"Como a canabis medicinal não está no rol da ANS, vai ser muito mais difícil para os pacientes a partir de agora terem acesso a tratamentos inovadores na área de saúde", diz Araújo.

O STJ entendeu ainda que a operadora não é obrigada a bancar um procedimento se houver opção similar no rol da ANS, mas se não houver substituto terapêutico, poderá ocorrer, em caráter excepcional, a cobertura do tratamento indicado pelo profissional de saúde responsável.

Como há essa possibilidade de exceção, Araújo afirma que os pacientes vão continuar pedindo na Justiça para que os procedimentos que estão fora da lista sejam oferecidos.

Joana Cunha com Paulo Ricardo Martins e Gilmara Santos ​

Energia responde por 31% do preço do pão e 26% do da cerveja; veja lista, FSP

 13.jun.2022 às 19h22

RIO DE JANEIRO

Os custos com energia representam 31% do preço final do pão no Brasil, projeta estudo divulgado pela Abrace (Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres).

O impacto reflete os gastos com luz elétrica e gás natural ao longo da cadeia produtiva, além das despesas com outras fontes de energia, incluindo combustíveis como o óleo diesel.

A fatia também supera os 30% em outros alimentos simbólicos da mesa do brasileiro. No preço final do macarrão, por exemplo, o peso da energia chega a 38,4%, diz o levantamento.

No açúcar, o percentual alcança 36,1%. Em biscoitos e bolachas, a fatia é de 35%.

Produção de pães em padaria de São Paulo - Gabriel Cabral - 1º fev.2021/Folhapress

O levantamento foi encomendado pela Abrace à Ex Ante Consultoria Econômica. As estimativas foram realizadas a partir de dados disponíveis até 2019, antes da pandemia.

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Os pesos devem ter ficado ainda maiores devido à carestia da luz e dos combustíveis ao longo dos últimos meses, segundo Paulo Pedrosa, presidente da Abrace.

"A intenção do estudo é tentar reposicionar o debate sobre energia no Brasil. O debate hoje está muito centrado na cadeia produtiva e tem pouca participação dos consumidores", diz o dirigente.

"A saída passa por desmontar algo que acontece no setor elétrico. Hoje, mais da metade da conta [de luz] que o consumidor paga é composta por subsídios, encargos, taxas, impostos. Há muito espaço para melhorar e trazer mais competição para o setor", acrescenta.

O peso da energia sobre os preços finais reflete desde os gastos nos processos de produção dos alimentos, que exigem luz elétrica e gás, até o transporte das mercadorias, que demanda combustíveis.

Reportagem recente da Folha mostrou que a inflação de itens como o pão encareceu o café da manhã dos brasileiros. No acumulado de 12 meses até maio, o pão francês subiu 15,59%, indicam dados do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo).

IMPACTO EM CARNES E LATICÍNIOS

O custo da energia também impacta os preços de carnes e laticínios. Segundo o estudo divulgado pela Abrace, a energia responde por 49,3% do valor final de pescados congelados ou processados, 43,3% de suínos e aves, 31,3% do leite, 26,2% de manteiga, queijo e iogurtes e 23,9% da carne bovina.

Há, ainda, o peso sobre bebidas diversas. A fatia da energia nos preços é de 26,4% no caso da cerveja, de 22,8% nas águas, de 15,3% no vinho, de 6,7% na cachaça e de 4,6% nos refrigerantes.

O levantamento da Abrace vai além da alimentação e também analisa itens como materiais escolares e bens duráveis.

De acordo com o estudo, a energia tem peso de 35,9% no preço final do caderno, de 24,5% no valor da borracha e de 14,8% no lápis.

No automóvel, a fatia é 14,1%. Já nos eletroeletrônicos, é estimada em 10,6%.

Bolsonaristas da União Brasil tentam impedir candidatura de Moro no Paraná, FSP

 


BRASÍLIA

Após ver a Justiça Eleitoral impedir sua candidatura em São Paulo, o ex-juiz Sergio Moro enfrenta resistência dentro do seu partido, a União Brasil, para ser candidato pelo Paraná.

A ala bolsonarista da União Brasil protocolou, nesta segunda-feira (13), um pedido interno para impugnar sua filiação ao partido, o que pode impedir sua candidatura.

O questionamento foi apresentado ao diretório estadual do Paraná. O protocolo tem como base uma resolução do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) de 2006.

Sergio Moro durante evento do União Brasil
Sergio Moro durante evento do União Brasil - Adriano Machado - 31.mai.22/Reuters

Quem entrou com o pedido de impugnação da filiação de Moro no União Brasil foi Cristiane Mesquita, filiada pouco conhecida no partido e que integra a ala bolsonarista da sigla.

Moro abandonou a magistratura em 2018 para tornar-se ministro da Justiça de Jair Bolsonaro (PL) e deixou o governo em 2020, acusando o presidente de tentar interferir politicamente na PF para blindar sua família de investigações. Desde então, o ex-juiz sofre rejeição de apoiadores do mandatário.

O documento apresentado nesta segunda (13) requer que seja declarada "a inexistência de filiação do impugnado [Sergio Moro] ao União Brasil do Paraná e, com isso, afastar desde já as suas pretensões políticas no estado tendo em vista os enormes prejuízos que causará aos demais filiados e ao nome da agremiação perante a sociedade".

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A linha de argumentação é de que, uma vez que a filiação é circunscrita ao estado para a candidatura a cargos estaduais, Moro, por estar filiado ao União Brasil de São Paulo, só poderia sair candidato a algum cargo paulista.

Caso quisesse concorrer a deputado ou senador pelo Paraná, teria que mudar seu vínculo para o diretório estadual paranaense, o que seria considerada uma nova filiação —o que, pela lei, o impediria de concorrer, já que o prazo para filiações das Eleições deste ano já acabou.

Pela tese usada como base para a impugnação, Moro só poderia concorrer à Presidência da República, uma vez que a resolução de 2006 diz que "se a candidatura é a mandato presidencial, por óbvio, válido será o domicílio e a filiação em qualquer município do território nacional".

Na ocasião, o TSE respondeu a um questionamento sobre o tema feito pelo PSL, partido pelo qual Jair Bolsonaro foi eleito à Presidência em 2018 e que, em 2022, se fundiu com o DEM para fundar justamente o União Brasil.

"Se a candidatura é de cunho municipal, o domicílio e filiação devem ser aí comprovados. Se a candidatura é a cargo eletivo estadual, a circunscrição é o estado", diz o voto do relator, o então ministro José Delgado.

O pedido foi protocolado na tarde desta segunda no diretório estadual da União Brasil, que vai decidir se julga procedente ou não a solicitação. O caso pode subir também para a esfera nacional do partido em caso de recurso.

Procurado, o deputado federal Felipe Francischini, presidente do partido no Paraná, afirmou que vai analisar o caso. Já Moro respondeu por meio de seu advogado.

"A filiação foi regular e a impugnação, além de improcedente, é manifestamente intempestiva. Não nos causa nenhuma preocupação", afirmou Gustavo Guedes, que representa o o ex-juiz.

De forma reservada, dirigentes da União Brasil afirmaram à reportagem que mesmo com o pedido de impugnação, seguem confiantes da possibilidade de Moro concorrer, uma vez que foram feitas análises prévias sobre a sua candidatura.

plano A de Moro era ser candidato por São Paulo, possivelmente ao Senado. Tudo mudou na última semana, quando o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) paulista decidiu que o ex-juiz não poderia concorrer às eleições de 2022 pelo estado.

O TRE considerou irregular a transferência do título de eleitor do ex-juiz para a capital paulista —antes integrante do Podemos, ele se filiou à União Brasil em março e transferiu o título eleitoral à capital paulista.

Moro nasceu no Paraná e fez carreira naquele estado. A sua transferência havia recebido aval da Procuradoria Regional Eleitoral em São Paulo. Em parecer, o órgão afirmou que não enxergava irregularidade na mudança. Os magistrados, no entanto, decidiram em sentido contrário.

"Não se está a afirmar que o recorrido agiu de má-fé ou dolo no sentido de ludibriar a Justiça Eleitoral, mas sim que não se comprovou nos autos, de fato, que possuía algum vínculo com São Paulo quando solicitou a transferência do domicílio eleitoral", afirmou no julgamento o juiz Maurício Fiorito, relator do processo no TRE-SP.

Moro chegou a ser cotado para concorrer à Presidência da República, mas foi barrado por uma ala do partido, oriunda do DEM.

Atualmente, o plano da cúpula do partido para Moro é que ele faça uma série de viagens pelo Paraná e bata o martelo mais à frente, em julho, a qual cargo vai concorrer. O mais provável, dizem pessoas próximas ao ex-magistrado, é que ele entre na disputa pelo Senado.