quinta-feira, 9 de junho de 2022

Governo encaminha PL ao Congresso para permitir “privatização do óleo da União”, EPBR

 Você vai ver aqui: Governo encaminha ao Congresso projeto de lei para viabilizar “privatização do óleo da União”. Senador Fernando Bezerra (MDB/PE) deixa de fora do relatório do PLP 18/2022 (teto do ICMS) a regra de transição para a gasolina, como defendiam os estados. Enquanto Brasília discute formas de atenuar a inflação dos combustíveis, a Petrobras reforça preocupação com a oferta de diesel e defende preços de mercado. Um eventual novo reajuste pode, no caso do diesel, anular todo o impacto da desoneração proposta pelo governo. Confira:

 
A “privatização do óleo da União” O governo federal encaminhou ao Congresso o texto do projeto de lei que abre caminho para o plano de venda antecipada do óleo da União nos contratos de partilha – geridos pela estatal Pré-Sal Petróleo S.A. (PPSA).
 
-- O despacho do Executivo "autoriza a União a ceder, de forma integral, o direito à sua parcela do excedente em óleo proveniente de contratos de partilha de produção e de acordos de individualização da produção em áreas não contratadas na área do pré-sal ou em áreas estratégicas".
 
-- A cessão desses volumes será feita mediante licitação e só poderá ocorrer se houver anuência do consórcio operador do respectivo contrato.
 
“Os atuais patamares do preço do petróleo e as implicações de longo prazo, associadas à transição energética, tornam oportuna a avaliação sobre a cessão, pela União, dos seus direitos ao excedente em óleo nos contratos de partilha de produção. Assim, a medida transfere os riscos para os entes privados e, ao mesmo tempo, simplifica os contratos vigentes e reduz a máquina pública, com a saída da PPSA desses consórcios”, justificou o Executivo.
 
-- Fato é que o governo precisará de autorização legal para seguir com o plano. A PPSA é a estatal responsável pela comercialização da parcela da União nos campos da partilha, mas só tem competência para venda de cargas físicas de óleo – e não de contratos. O Ministério da Economia estuda, desde o início de 2020, como realizar operações financeiras para venda antecipada dos direitos sobre o óleo que será produzido no futuro.
 
-- Na semana passada, o secretário especial de Desestatização, Desinvestimento e Mercados do Ministério da Economia, Diogo Mac Cord, afirmou que a própria PPSA poderá ser responsável pela venda antecipada.
 
“A PPSA, a função dela já é comercializar esses contratos de petróleo, mas ela comercializa no fluxo. Ela recebe e comercializa óleo físico. A partir do momento que a gente faz uma mudança legal que permite à PPSA vender de outra forma esses contratos de petróleo, ela pode vender esse petróleo [futuro] imediatamente”, explicou o secretário.
 
-- Há duas semanas, o governo criou um comitê que terá até 60 dias para concluir os primeiros estudos sobre a liquidação antecipada dos recursos da União.
 
-- O plano do governo é, basicamente, antecipar a arrecadação – o que pode desbalancear a capacidade de geração de receitas no longo prazo. A PPSA estima que, até 2031, a União terá direito a aproximadamente 1,6 bilhão de barris de petróleo.
 
-- A “privatização do óleo da União” ganhou força após a chegada de Adolfo Sachsida, ex-auxiliar do ministro da Economia, Paulo Guedes, ao comando do MME.

ICMS: Veja quanto cada Estado cobra de imposto sobre combustíveis, energia e telecomunicações, OESP


BRASÍLIA - A proposta de limitar a cobrança do ICMS em 17% para combustíveisenergia elétrica, telecomunicações e transporte pode significar uma redução à metade da alíquota do tributo em alguns Estados.

O Rio de Janeiro, por exemplo, cobra 34% sobre a gasolina. Maranhão, Minas Gerais e Piauí seguem o Rio na lista dos Estados com tributação mais alta sobre a gasolina com alíquota de 31%. A maior parte dos governadores cobra em torno de 29% sobre a gasolina e terá de derrubar a alíquota caso o projeto seja aprovado no Senado. No etanol, o ICMS mais comum é de 25%, mas no Rio chega a 32% e em Tocantins a 29%.

No diesel, a mediana entre os Estados é de 17%, exatamente o limite que o projeto busca impor aos governadores. Nove Estados, porém, têm alíquotas do diesel acima desse teto e terão de se mexer: Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe.

A maior parte dos Estados também coincide com o teto no caso do gás de cozinha. Para a conta de luz residencial, a alíquota mais recorrente é de 25%. Em telecomunicações, 29%.

O levantamento das alíquotas foi feito pelo Estadão com base nos dados fornecidos pelas entidades que reúnem as empresas desses setores: Fecombustíveis (comércio de combustíveis), Conexis (telecomunicações) e Abradee (distribuidoras de energia). Pelo projeto, esses itens passam a ser considerados essenciais, e a redução das alíquotas terá de ser imediata. O texto já passou na Câmara com votos favoráveis de ampla maioria e integra um pacote de medidas do governo e de aliados do Centrão para reduzir os preços em ano de eleições.

  

'Trator' na votação

Governadores que estiveram ontem em Brasília para desidratar o impacto da desoneração saíram com o sentimento de que os parlamentares vão “passar o trator” e aprovar o projeto sem mudanças, segundo apurou a reportagem. Não haverá outra saída a não ser buscar a judicialização, afirmam os negociadores ao Estadão na condição de anonimato. 

Se por um lado as alíquotas elevadas colocam em xeque a carga tributária muito elevada praticada pelos Estados, que abriu espaço para a expansão de gastos.  por outro a queda abrupta traz riscos fiscais para o financiamento de políticas públicas no futuro, já que o teto de 17% será permanente. Na área econômica, a avaliação é que é melhor reduzir tributo e compensar os Estados no lugar de dar reajuste dos servidores, como foi feito por quase todos os governadores.

Enquanto governadores reclamam do projeto, os setores trabalham nos bastidores para não serem retirados na hora da votação. “As elevadas alíquotas de ICMS para telecomunicações prejudicam uma expansão maior da conectividade no Brasil, prejudicando o desenvolvimento econômico e social igualitário em todas as regiões do País”, diz Marcos Ferrari, presidente da Conexis, o sindicato das empresas das operadoras. Para ele, seria um tiro no pé das camadas mais pobres tirar do texto as telecomunicações.

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Proposta de estabelecer um teto de 17% para o ICMS cobrado sobre combustíveis, energia elétrica, telecomunicações e transporte pode significar uma redução à metade da alíquota do tributo em alguns Estados  Foto: Paulo Guereta/Agência O Dia

Para o estrategista-chefe da BGC Liquidez, Juliano Ferreira, a redução dos tributos para o combate à alta dos combustíveis está sendo feita de forma atabalhoada com riscos fiscais para o futuro. “Está sendo feito tudo de forma confusa para embarcar numa agenda eleitoreira com elevado custo final”, diz. Para ele, faz mais sentido “não dar esse subsídio do que dar”. 

Secretário de Fazenda do Estado de São Paulo, Felipe Salto, é duro nas críticas ao projeto e cobra a compensação pela União por toda a desoneração “Diante do cenário, o importante é que as compensações ocorram, com abatimento de dívida, como propôs o governador Rodrigo Garcia”, afirma. Segundo ele, São Paulo, sem compensação, perderia R$ 15,4 bilhões. A proposta é de compensação com abatimento automático mensal no serviço da dívida. “É uma boa saída”, diz. 

 

Operação mira direção de empresa de ônibus e vereador de SP suspeitos de ligação com PCC, FSP

 Rogério Pagnan

SÃO PAULO

A Polícia Civil de São Paulo realiza na manhã desta quinta-feira (9) operação para apurar suposta participação do crime organizado no transporte urbano na capital paulista. Entre os alvos estão integrantes da direção da Transunião, que atua na zona leste.

De acordo com a polícia, entre os investigados também está o vereador Senival Moura (PT), suspeito com envolvimento na morte de um ex-presidente da cooperativa e, também, com suposto envolvimento em lavagem de dinheiro do PCC. Duas pessoas foram presas na operação.

A reportagem não conseguiu contato com a Transunião e com o vereador Senival Moura até a publicação desta reportagem. Assim que eles se manifestarem, a reportagem será atualizada.

Dono da empresa de ônibus Transunião é morto a tiros em estacionamento em padaria da zona leste de SP em março de 2020 - Reprodução

​Endereços ligados ao presidente da Transunião são alvo de busca e apreensão. Dezoito veículos ligados a empresa estão sendo apreendidos.

A polícia afirma que a investigação também apura lavagem de dinheiro e organização criminosa, relacionados ao envolvimento do crime organizado com a direção da empresa Transunião. A ação acontece na capital e no município de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo.

A ação é coordenada pelo Deic (departamento especializado em combate ao crime organizado), que cumpre oito mandados de busca e apreensão e dois mandados de prisão.

As investigações, de acordo com o Deic, tiveram início após o assassinato de Adauto Soares Jorge, ex-presidente da Transunião, em 4 de março de 2020. A apuração levantou o envolvimento do crime organizado com a empresa.

A vítima, sempre segundo a polícia, era uma espécie de "testa de ferro" do vereador Senival Moura na direção da empresa, "que era utilizada para a lavagem de dinheiro de membros do PCC (Primeiro Comando da Capital)". "O próprio vereador era proprietário de 13 ônibus que prestavam serviços para a empresa, que tem contrato com a prefeitura da capital no valor de R$ 100 milhões anuais", diz trecho de nota da polícia.

Para a polícia, o ex-presidente não estaria realizando o repasse de valores devidos aos membros do PCC, motivo pelo qual foi desligado da empresa e teve "decretado" contra ele ordem de morte pela organização criminosa.