quinta-feira, 6 de setembro de 2018

O vazio da propaganda eleitoral mostra a alma do negócio, FSP


De Eduardo Suplicy, o político que costumava ter uma ideia mínima, agora sabemos que gosta de coar café. Mas tudo pode dar errado. “Nem sempre as coisas saem como queremos”, explica ele enquanto ajeita o filtro na garrafa térmica, no que parece mais um momento de autoajuda do que um pedido de voto. 
Se o café sair redondo, seria boa ideia servir uma xícara ao candidato que fez anúncio dizendo dormir apenas quatro horas por noite. “Adivinha quem é?”, questiona a propaganda. É João Doria, pois. Está aí um caso de dinheiro público sendo usado para enaltecer uma prática nociva à saúde de qualquer pessoa.
Os dois lideram as principais corridas eleitorais em SP, estado mais rico do país —Suplicy é candidato ao Senado pelo PT, e Doria, ao governo pelo PSDB. Não é preciso ir a nenhum rincão para encontrar propagandas cheias de falta do que falar.

Eduardo Suplicy (PT) prepara café em propaganda para o Senado
Eduardo Suplicy (PT) prepara café em propaganda para o Senado - Reprodução
O dinheiro encurtado para as campanhas deixou os candidatos ainda mais pelados. Os anúncios não dão mais conta de disfarçar a falta de conteúdo dos postulantes, numa brincadeira ainda bilionária e agora financiada quase inteiramente por dinheiro público (do fundo partidário e da renúncia fiscal para as emissoras).
O apagão de ideias é tão gritante que até o presidenciável com mais tempo na televisão e no rádio usou o copiar-e-colar. Geraldo Alckminlevou ao ar anúncios muito, digamos, inspirados em spots já mostrados nas TVs inglesa e brasileira.
PT, por sua vez, ainda não mostrou ideia nenhuma. Transformou os espaços que a lei eleitoral lhe concede em um reality show curitibano, destinado a repetir até cansar que a solução para tudo é colocar um preso no Planalto. Não é o caso de discutir o cálculo eleitoral; trata-se, isso sim, de desrespeito aberto com a população e a ordem jurídica.
João Amoêdo achou que a opção da metalinguagem seria uma boa: o que ele faz em sua propaganda é prometer acabar com a propaganda. Sem querer, talvez tenha tido uma ideia aproveitável.

Pobreza volta a crescer e já atinge 23,3 milhões no Brasil, FSP

O Brasil precisa libertar suas forças produtivas, e isso passa pelo enxugamento do Estado.
Não é só uma década perdida o que temos em perspectiva, com estagnação do crescimento econômico.
Há também um retrocesso inaceitável do ponto de vista do aumento da pobreza.
Entre o fim de 2014 e 2017, cresceu em 33% o total de pessoas vivendo com menos de R$ 233/mês no Brasil, segundo novos dados do Centro de Políticas Públicas da FGV Social.
Trata-se de um contingente de 23,3 milhões de pobres –número maior do que a população do Chile. O total de pobres, pelo critério dos R$ 233/mês, passou de 8,4% para 11,2%.
O que o tamanho do Estado tem a ver com isso?
Hoje, quase todos os recursos disponíveis pelos governos vão para despesas obrigatórias e crescentes, como funcionalismo e Previdência.
O incêndio do Museu Nacional no Rio é eloquente: 87% do orçamento da UFRJ, responsável pelo museu, foi gasto com pessoal no ano passado.
No Orçamento federal de 2019, verbas para gastos em investimentos e custeio, dentro de uma receita líquida total prevista de R$ 1,3 trilhão, somarão apenas R$ 98 bilhões (7,5%).
Esse dinheiro livre (para conservação de museus, por exemplo) diminui ano a ano e o Brasil só não travou de vez porque continuamos aumentando nossa carga tributária, que passou de 23,7% para 32,4% como proporção do PIB nos últimos 25 anos.
Agora o crescimento das despesas com servidores e Previdência revela-se insustentável, e o Brasil se endivida cada vez mais para pagar por isso: nossa dívida pública saltou 20 pontos em quatro anos, indo a 77% como proporção do PIB.
Os empresários não vão investir e contratar, gerando mais receitas em impostos, empregos e melhores salários, enquanto esse impasse não for resolvido.
Enquanto o Estado não voltar a caber com alguma folga no Orçamento, não haverá boas notícias nem no crescimento nem na diminuição da desigualdade.
Ou o Brasil se ajusta, com um sacrifício maior da máquina pública, ou teremos colapsos cada vez maiores, públicos e privados.
Fernando Canzian
Jornalista, autor de "Desastre Global - Um Ano na Pior Crise desde 1929". Vencedor de quatro prêmios Esso.

Governo de SP quer estender CPTM até Campinas. OESP

Governo de SP quer estender CPTM até Campinas
05/09/2018 - Estadão
SÃO PAULO - O governo de São Paulo quer estender a linha 7-Rubi, da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), para fazê-la chegar até Campinas, a cerca de 90 quilômetros da capital. Hoje, a linha já chega até Jundiaí, a cerca de 60 quilômetros de distância.
Segundo a Secretaria de Transportes Metropolitanos, representantes do governo apresentaram um projeto nesta terça-feira, 4, durante viagem experimental em um dos trechos do futuro Trem Intercidades (TIC). "Para isso, será necessário recuperar e eletrificar parte da rede ferroviária local, utilizada hoje somente para transporte de cargas poucas vezes ao dia. Inicialmente a ideia é disponibilizar trens da CPTM entre Campinas e o centro de São Paulo em alguns horários ao longo do dia", informou em nota.
O Executivo estadual pretende firmar convênio com a União e a Rumo Logística, concessionária do trecho da ferrovia federal, para cessão da via. "Há ainda a possibilidade de que seja feita uma parceria com a Rumo para o desenvolvimento dos projetos básico e executivo das obras de recuperação da via férrea e de energização da rede aérea. Serão cerca de 50 km de rede aérea entre Jundiaí e Campinas", explicou a pasta.

Trem Intercidades
Na manhã desta terça, representantes do governo do Estado fizeram uma viagem experimental no trecho da ferrovia federal, entre Campinas e Louveira, onde deve passar o futuro TIC. A estrutura atenderá às cidades São Paulo, Jundiaí, Campinas e Americana, em 135 km de trilhos e nove estações. "A estimativa inicial é de que o ramal transporte cerca de 68 mil passageiros por dia.  O trem de média velocidade deve operar junto com a linha 7-Rubi da CPTM, que já vai até Jundiaí. O custo total estimado é R$ 5,4 bilhões, dos quais R$ 1,8 bilhão deve ser investido pelo governo do Estado."