sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

OAB diz esperar ser convidada para discutir projeto de 'home office' no Judiciário

03/01/2014 - 13h56


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DAVID LUCENA
DE SÃO PAULO
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O presidente da OAB-SP, Marcos da Costa, disse nesta sexta-feira (3) esperar que o presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, José Renato Nalini, convide a advocacia e o Ministério Público Estadual para apresentar e discutir a proposta de implementar o sistema de "home office" na Justiça paulista.
Pelo projeto que Nalini deseja colocar em prática, os funcionários do Poder Judiciário poderiam trabalhar dois dos cinco dias da semana em casa.
Costa diz, no entanto, que, como a OAB e a promotoria são os órgãos mais afetados pela medida, a expectativa é que o Tribunal de Justiça convide as entidades para discutir a proposta.
Ele afirmou que, até por ainda não conhecer o projeto em detalhes, prefere não se manifestar sobre a iniciativa.
Já com relação à proposta de criar câmaras de julgamento de segundo grau em municípios do interior, Costa disse que a OAB é "totalmente favorável".
Ele afirmou que a medida poderá melhorar o acesso ao Judiciário e citou como exemplo o caso da Justiça trabalhista. São Paulo é o único Estado onde há dois TRTs (Tribunais Regionais do Trabalho) –um na capital e outro em Campinas.
O presidente recém-empossado do Tribunal de Justiça disse que pretende levar desembargadores prioritariamente para os municípios de Campinas, Ribeirão Preto e São José do Rio Preto.
José Renato Nalini anunciou esses projetos para o Judiciário paulista na quinta-feira (2), ao tomar posse como presidente do TJ-SP. Ele foi eleito para comandar a corte pelos próximos dois anos.

Novo presidente do TJ-SP

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Moacyr Lopes Junior/Folhapress
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O presidente do TJ, José Renato Nalini, em missa de ação de gracas no TJ-SP

Paulo Moreira Leite: “O lado político da Judicialização”


Ao assumir atribuições fora de sua competência, o Judiciário disputa poder junto a representantes eleitos, favorece soluções autoritárias, às costas do eleitor, que pode até aplaudir uma medida aqui, desgostar de outra mais adiante, apedrejar uma terceira – sem compreender que está sendo destituído da palavra final sobre o destino da nação.
Por Paulo Moreira Leite na Isto É:
O lado político da Judicialização
Liminar contra IPTU foi terceira intervenção contra prerrogativa de Fernando Haddad
No esforço para convencer os brasileiros de que o Poder Judiciário tem o direito de tomar decisões que o artigo 1 da Constituição reserva aos representantes eleitos pelo povo, nossos comentaristas e observadores tentam passar uma justificativa nobre.
Dizem que a judicialização é um produto da omissão de nossos legisladores. A ideia é conhecida: já que nossos legisladores não cumprem suas obrigações, a Justiça acaba sendo obrigada a intervir, bondosamente, até contra vontade, em defesa do cidadão.
Procurando dar um aspecto épico ao comportamento do STF, o ministro Luiz Roberto Barroso disse recentemente que, em determinados casos, o tribunal “empurra a história.”
A menos que estejamos diante de uma concepção determinista da história não custa lembrar que a evolução da humanidade pode ser empurrada para um destino positivo, mas também pode ser conduzida para trevas e abismos. Em 1964, a história andou para trás, com uma mãozinha do STF, que se acomodou ao poder militar.
É curioso notar que se fala da omissão de nossos legisladores dias depois do país assistir a uma intervenção brutal da Justiça no debate sobre o aumento do IPTU em São Paulo.
Joaquim Barbosa, presidente do STF, manteve uma liminar do Tribunal de Justiça que suspende o aumento do IPTU.
Você pode dizer o que quiser desse IPTU. Pode xingar e pode elogiar. Pode achar que ele daria a Fernando Haddad os recursos de que ele necessita para encaminhar seu programa de gestão e que isso é ruim. Também pode achar que o novo IPTU vai revoltar a classe média e atrapalhar a votação da Dilma Rousseff em São Paulo.
Só não se pode afirmar que a Câmara de Vereadores foi omissa. A Câmara recebeu a proposta, debateu e aprovou. Se alguma coisa se fez, foi andar rápido nessa matéria.
Suspender o aumento foi um ataque frontal a uma decisão inteiramente legítima.
O conteúdo social dessa decisão é uma caricatura da desigualdade brasileira.
Seria uma piada pronta, não fosse uma tragédia.
Na média, cada proprietário de imóvel teria um acréscimo de 50 centavos por dia no IPTU. Sabe aquela moedinha prateada que tanta gente procura no bolso para dar para aquela criança que estica o braço para dentro da janela quando o sinal estava fechado? Era isso, e apenas isso, salvo para aquelas pessoas que olham o mundo pelo olhar míope do impostômetro – numa atitude que os mais antigos chamariam de egoísmo de quem perdeu até a alma.
Os moradores de bairros e residências pobres, equivalentes a 14% do total, ficariam isentos.
Considerando que o projeto nasceu na gestão de Fernando Haddad, eleito como 55% dos votos em 2012, não é difícil deduzir quem estava ao lado de quem neste debate.
Principal liderança política da campanha contra o aumento, o presidente da FIESP, Paulo Skaf, foi o mesmo que em 2007 teve um papel fundamental no levantamento de recursos que permitiram a extinção da CPMF pelo senado, desfalcando a saúde pública de 20 bilhões de reais. Havia até um elemento questionável nessa decisão, já que a Constituição afirma que a saúde é um direito de todos e um dever do Estado. Cabe ao Estado, portanto, encontrar meios para cumprir suas obrigações, o que só se pode fazer através de impostos e subsídios.
Mas o Senado, dominado por uma oposição interessada em quebrar as pernas do governo Lula, conseguiu ajuda de Skaf para tirar dinheiro da saúde pública.
Foi desastroso do ponto de vista popular. Mas não foi “omisso,” correto? Pelo contrário: foi “explícito,” foi “ativo”, foi “claro.”
Em proveito de quem meus caros?
Ao assumir atribuições fora de sua competência, o Judiciário disputa poder junto a representantes eleitos, favorece soluções autoritárias, às costas do eleitor, que pode até aplaudir uma medida aqui, desgostar de outra mais adiante, apedrejar uma terceira – sem compreender que está sendo destituído da palavra final sobre o destino da nação.
Veja o que aconteceu com os royalties do petróleo. O Congresso resolveu, por ampla maioria, que eles deveriam ser divididos de uma forma mais equitativa entre os estados brasileiros. Essa medida não agradou a uma fatia dos eleitores dos Estados que iriam perder receitas e foi combatida duramente pela TV Globo.
Até hoje uma decisão soberana do Congresso brasileiro encontra-se parada no STF. Omissão de quem?
O mesmo Tribunal de Justiça que privou a prefeitura paulistana de um recurso extra de R$ 800 milhões definiu um programa de creches detalhado, prazos que devem ser cumpridos, metas e assim por diante. Alguém já se perguntou o que nossos juízes pretendem fazer com Fernando Haddad – autoridade eleita pelos paulistanos para zelar pelos interesses da cidade – caso o programa de creches do TJ-SP não for cumprido?
Em outro episódio, Haddad levou em frente um projeto de campanha e suspendeu o Controlar. O programa voltou, por decisão judicial.
Prefeito da maior cidade do país, Haddad deve explicações a Justiça ou aos eleitores?
Este é o ponto.
Como a maioria da população, tenho uma opinião bastante crítica sobre nossos legisladores. Muitos são menos preocupados com as necessidades do povo do que deveriam. Chegam a tomar atitudes que muitas pessoas encaram com um insulto e uma desmoralização. Nada disso justifica, no entanto, qualquer esforço para diminuir e enfraquecer seus poderes. Cabe debater regras eleitorais, procurar outros candidatos e assim por dinante. A menos, claro, que você não tenha percebido, ainda, que a democracia é o pior regime do mundo — com exceção de todos os outros.
E aqui chegamos a questão essencial.
Ao agir politicamente, a Justiça é obrigada, de uma forma ou de outra, a afastar-se de seu princípio essencial, da isenção, da balança, do equilíbrio, para tomar partido, escolher um lado.
Em editorial onde admite o problema, a Folha de S. Paulo chega a pedir “equilíbrio” ao Judiciário. Referindo-se ao programa de creches do Tribunal de Justiça, o jornal adverte:
“Se terminar usurpando competências do Executivo e ambicionar, em substituição ao governo, conduzir a política educacional, a decisão será desastrosa.
Em democracias consolidadas, tribunais se pautam pelo equilíbrio entre ativismo e autocontenção. Na jovem democracia brasileira, a busca por essa fórmula está em curso e dependerá, em boa medida, do sucesso (ou fracasso) de experiências como a do TJ-SP e da sobriedade dos ministros do Supremo Tribunal Federal.”
Vamos combinar que o simples fato de um jornal pedir “equilíbrio” ao Judiciário mostra que se chegou a um preocupante estado de desequilíbrio entre os poderes. É sintomático que o jornal tenha reconhecido isso.
A verdade é que não estamos diante num debate sobre a “melhor forma” de administrar a cidade, numa espécie de seminário entre cidadãos bem intencionados, onde é preciso encontrar o “ponto certo” num universo “complexo” e outros argumentos que parecem acadêmicos.
A discussão é política e envolve interesses concretos. Também envolve os fundamentos do poder de Estado. Colocado contra a parede em três decisões grades de sua gestão, Fernando Haddad enfrenta uma situação que está longe de ser única.
A judicialização ocorre em dezenas de cidades médias brasileiras, onde prefeitos são atingidos com frequências em seus mandatos e forçados a modificar ou suspender políticas que têm todo o direito de encaminhar como representantes eleitos pelo povo.

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

São Paulo ganha parque sustentável que vai gerar energia solar


27 de Dezembro de 2013 • Atualizado às 12h46


Foi inaugurado em São Paulo, na última quinta-feira (26), o Parque Candido Portinari, localizado ao lado do Parque Villa Lobos, zona oeste da cidade. Com uma área de cerca de 121 mil metros quadrados, o parque foi construído baseado em vários conceitos de sustentabilidade, como, por exemplo, o total aproveitamento das instalações e a reciclagem dos resíduos das obras. Além disso, uma usina de energia solar deverá ser inaugurada no espaço do parque.
Entre as estratégias de sustentabilidade, o Candido Portinari terá um sistema de captação de águas pluviais para irrigação das áreas verdes do novo parque, que também atenderá o Villa Lobos durante os períodos de estiagem. A iluminação é feita com lâmpadas de LED e o espaço possui 60 bancos de madeira plástica reciclável e 30 quiosques com coberturas de telhas ecológicas.
Na inauguração do parque, também foram apresentados os planos de instalação de uma usina solar entre o Villa Lobos e o Candido Portinari. A unidade de geração deverá ocupar uma área de 10 mil metros quadrados, com 2.500 painéis fotovoltaicos. Administrada pela Secretaria do Meio Ambiente (SMA), pela Secretaria de Energia (SE) e pela Companhia Energética de São Paulo (CESP), o parque solar custará 13,3 milhões e vai testar o potencial fotovoltaico da capital paulista.
Na lista de alternativas de mobilidade, os frequentadores do novo parque contarão com uma ciclovia de 1.300 metros, integrada à via exclusiva para bicicletas do Villa Lobos. Há também uma pista de caminhada e um espaço para as pessoas andarem de skate, com 1.600 metros quadrados. O Candido Portinari fica localizado próximo à estação de trem Villa Lobos – Jaguaré da Linha 9 – Esmeralda da CPTM, e possui estacionamento com 640 vagas.
Já em sua infraestrutura de lazer, o parque conta com quatro quadras poliesportivas, duas quadras de vôlei de areia, um minicampo de futebol de areia, espaço de convivência para cães e duas áreas para prática de ginástica ao ar livre, além de zonas para piquenique. Também há um playground educativo voltado às crianças.
O parque Candido Portinari demandou um investimento total de R$ 12,5 milhões, bancado pelo Governo do Estado e pela Comgás. A área ocupada pelo parque foi recuperada com a implantação de canteiros, gramados e bosques. São 1.720 árvores, sendo algumas espécies nativas da Mata Atlântica.
Em seu discurso de inauguração, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, disse que a população de São Paulo “pode se orgulhar” pela concentração da Mata Atlântica no Estado. "Nós, brasileiros de São Paulo, podemos nos orgulhar porque metade do que sobrou de Mata Atlântica no Brasil está em São Paulo. E estamos trabalhando para aumentar essa marca", declarou Alckmin.
Por Gabriel Felix – Redação CicloVivo