terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

É um fato tão novo que pode mudar muito a Igreja'


Vinicius Neder, de O Estado de S.Paulo
RIO - "É um fato tão novo e tão revolucionário que pode mudar muita coisa na Igreja", disse ao Estado o escritor e jornalista espanhol Juan Arias, sobre a renúncia de Bento XVI. Arias acompanhou o Concílio Vaticano II, na década de 1960, pelo agora extinto jornal Pueblo, de Madri, e passou 14 anos em Roma por El País. Autor de O Grande Segredo de Jesus, é correspondente de El País no Rio há 14 anos.
Como essa renúncia pode ser avaliada?
É um fato histórico. O primeiro papa que renuncia na normalidade do papado é este. O fato é tão novo e tão revolucionário que pode mudar muita coisa.
Que mudanças práticas poderia haver?
Em primeiro lugar, cai o tabu de que o papa tem de ser papa até o fim. Na sucessão, seguramente haverá muita influência de Bento XVI. Será a primeira vez na história que se vai nomear um papa com outro ainda vivo. Que influência ele terá no conclave? Não temos como saber, porque é inédito.
Como o sr. acha que ele vai influenciar?
Essa é a grande incógnita. Se ele fizer o que diz o comunicado, que ele vai continuar ajudando a Igreja no silêncio da oração, e não mantiver contato com os cardeais, aí terá uma influência indireta. Mas se ele for recebendo os cardeais nos 15 dias antes do conclave, falando com eles, aí é diferente.
Pelo perfil dele não é possível imaginar o que fará?
Ele é o papa mais conservador destes últimos tempos. Foi um grande inquisidor, acabou com a Teologia da Libertação e - justo ele - faz o gesto mais progressista da história da Igreja. Em primeiro lugar, ele é um grande político. Tão político que fez tudo no conclave anterior para ser eleito. Não sei até que ponto renunciou a sua face política com esse gesto.
As questões de saúde são motivo suficiente para a renúncia?
O papa João Paulo II estava muito pior e não renunciou. Pode ser alguma outra coisa. Parece que esses escândalos relacionados ao mordomo (Paolo Gabriele, mordomo de Bento XVI que foi julgado e condenado pela acusação de vazar documentos confidenciais do Vaticano) estariam relacionados à conspiração de um grupo dentro da Cúria Romana, preparando já um sucessor. Eles querem a volta de um papa italiano. Pode ser que ele quisesse desmascarar isso.
Pode ser um papa mais jovem?
Todo cardeal tem aspiração a ser papa. Um papa muito jovem, como (foi ao assumir o posto) João Paulo II, quando ele morreu parece que vários cardeais falaram: "Basta, é a última vez que colocamos uma papa jovem". Mas pode ser que não seja alguém de 80 anos.
É a hora de um papa de fora da Europa, latino-americano ou africano?
Isso não é garantia de abertura ou progressismo. Pode ser um papa latino-americano mais conservador do que todos os europeus juntos. Já conheci cardeais africanos que se envergonhavam de ser africanos e se apresentavam como europeus.
O novo papa deverá vir à Jornada da Juventude, no Rio?
Acredito que, dado que já está tudo adiantado, ele não vai renunciar a vir.

sábado, 9 de fevereiro de 2013

21 casas sustentáveis impressionantes POR GIZMODO



Publicado em 28 de janeiro de 2013
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Entre estoques cada vez menores e guerras por petróleo, a dependência de combustível fóssil é oficialmente um mau negócio. No futuro, com estes recursos cada vez mais escassos, nós teremos que dar um jeito de viver de maneira mais harmoniosa com a Mãe Terra. Aqui estão 21 casas que já estão fazendo isso: usando energia solar, eólica e geotérmica.

Earthship em Taos County, Novo México, EUA



Casa de telhado vivo em Ithaca, Nova Iorque



Para Eco-House, Universidade de Tongji, Xangai, China



Uma casa sustentável no Desfiladeiro do Rio Grande, próximo a Taos, Novo México



Casa ecológica na Islândia



Casa ecológica com emissão-zero em Potton, Reino Unido



Greenwich Millennium Eco-Village, Londres



La Puerta del Sol, no Bairro San Nicolas, México



Eco-house tubular de Richard Carbonnier, em Pond Inlet, Ilha de Baffin, Nunavut, Canadá



Casa ecológica em Woubrigge, Holanda



Casa ecológica no DC Festival, Washington, DC, 2005



EcoHome projetada por Will Collins. Eco Village Currumbin, Tallebudgera, Austrália



Casa ecológica no Parque Jean Drapeau, Montreal, Canadá



Outra casa ecológica no Parque Jean Drapeau, Montreal, Canadá



Casa ecológica da BASF, Green Close, University Park, Nottingham, Reino Unido



Brighton Earthship, Brighton, East Sussex, Reino Unido



“Effizienzhaus Plus”, Berlim, Alemanha



Protótipo de casa ecológica feito pela SCI-Arc/Caltech no Solar Decathlon 2011, Washington DC



Criação do Team Florida no Solar Decathlon 2011, Washington DC



Casa de Parsons NS Stevens no Solar Decathlon 2011, Washington DC



A FabLab House, casa alimentada por energia solar, conceito do Instituto de Arquitectura Avanzada de Catalunya

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

A inflação e seus estragos


elso Ming - O Estado de S.Paulo
Se a presidente Dilma concordar com a maneira como, no tempo dele, o presidente Lula entendia os efeitos políticos da inflação, terá de fazer muito mais do que tem feito para combatê-la.

Lula aprendeu, por ocasião do Plano Real, que inflação sob controle e em baixa é o melhor cabo eleitoral para um administrador público. E que o contrário é igualmente verdadeiro. A inflação em alta, que come salários e a confiança, é um dos maiores sabotadores eleitorais que pode enfrentar.

Como os analistas já previam, a inflação em 12 meses medida pelo IPCA saltou em janeiro, para 6,15% - já mais próxima do teto da meta, de 6,5%. O 0,86% de janeiro é o nível mensal mais alto desde abril de 2005.

Inflação é febre. E febre é sintoma de infecção. Esse resultado só não foi pior porque o governo injetou antitérmicos pela economia. Há anos represa os preços dos combustíveis; negociou com prefeitos de grandes cidades e governadores para segurar tarifas de condução; interveio no câmbio para baixar as cotações do dólar e, assim, os preços dos importados; derrubou o custo da energia; e estuda a isenção total dos impostos sobre a cesta básica.

Mas não fez o que de mais eficaz poderia ter feito. Deixou que as despesas públicas saltassem e impediu que o Banco Central voltasse a puxar pelos juros. Ao longo de 2012, o governo fez um diagnóstico equivocado, de que o maior problema da economia fosse consumo insuficiente. E fez de tudo para inflar a demanda. Gastou mais do que deveria, empurrou o crédito para além da capacidade de endividamento do consumidor, concedeu isenção ou redução de impostos para bens de consumo e, na marra, derrubou os juros.

Sem autorização para voltar a apertar a política monetária, o Banco Central se limitou a dizer que o diagnóstico está errado: o problema não é falta de consumo, mas de oferta. E pulou fora: a solução não está na alçada do Banco Central.

As autoridades não são sinceras como, sem outra saída, foi a presidente da Petrobrás, Graça Foster. Dias mais difíceis virão, avisou. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, empenham-se em dourar a pílula. Debitam a inflação a choques externos (alta das commodities) ou a causas climáticas e, sempre que podem, avisam que, mais um tempo, o jogo terá virado. É o que o Banco Central tem dito: a convergência para a meta de 4,5% ao ano acontecerá "de forma não linear".

Um dos dados mais preocupantes que se repetem nos relatórios do IBGE mostra forte difusão da alta de preços. Quer dizer, a inflação está bem espalhada. Em janeiro, alcançou 75,1% dos itens da cesta do custo de vida. Este é o maior avanço do índice de difusão desde maio de 2003.

Essa inflação traz mais dois estragos: (1) deteriora a poupança, já que as aplicações rendem em torno de 0,5% ao mês e o patrimônio aplicado se desvaloriza em 0,86%; e (2) derruba o câmbio real. A desvalorização cambial, que beirou 20% para dar competitividade à indústria, é corroída à proporção de 6% ao ano. Ontem, o mercado financeiro reagiu à inflação mais alta com puxada nos juros e baixa do dólar. O Banco Central ficou só olhando.

Por ora, o povão parece feliz. Não se deu conta da erosão que a inflação causa no seu orçamento. Uma hora, cai a ficha.