Intelectual pioneiro no campo do ceticismo filosófico foi formador de uma geração de filósofos no Brasil
O Estado de S. Paulo
16 Outubro 2017 | 09h08
O filósofo e professor emérito da USP Oswaldo Porchat morreu neste domingo, 15, aos 84 anos. O velório será realizado no Salão Nobre da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, nesta segunda-feira, 15. Ainda não há informações sobre a causa da morte.
Em nota, o Departamento de Filosofia da USP disse que "o significado da obra e da vida de Oswaldo Porchat para a história deste departamento e para o desenvolvimento da filosofia no Brasil não pode ser abarcado em poucas linhas".
Porchat se formou em Letras Clássicas pela USP em 1956, e concluiu doutorado na mesma Universidade em 67. Ele foi professor da USP de 1961 a 1975, e de 1985 a 1988, quando se aposentou. Também lecionou na Unicamp, e fez estágios acadêmicos na Universidade da Califórnia e na London School of Economics and Political Sciences. A ênfase dos seus estudos era em História da Filosofia e Epistemologia. Em 2011, recebeu o título de professor emérito da USP.
Intelectual pioneiro no campo do ceticismo filosófico, Porchat foi formador de uma geração de filósofos no Brasil, criador do neopirronismo e defensor de uma filosofia aplicada ao cotidiano.
Em uma entrevista ao Estado em 2013, o professor de filosofia política da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Newton Bignotto falou sobre a obra de Porchat. "Porchat deu uma grande contribuição para a filosofia, com sua visão renovada do ceticismo. Em sua versão antiga, o ceticismo põe em dúvida a possibilidade de que proposições possam conter toda a verdade sobre uma coisa. Assim, elimina a ideia de que o papel da filosofia é explicitar a verdade em todas suas formas. Muitos céticos insistem não apenas sobre o fato de que o ceticismo introduz um elemento importante para a compreensão das ciências como processo de busca da verdade, mas altera nossa forma de olhar o cotidiano. Uma das consequências pode ser o afastamento da vida pública e o desenvolvimento de uma certa apatia, que seria adequada às sociedades atuais."
O Departamento de Filosofia da USP publicou mensagens de professores e colegas de Porchat. "(Ele) não foi somente um professor de disciplinas, pois, a exemplo dos mestres do ceticismo antigo, filosofia a que ele já há muito tempo dedicava suas investigações, sabia fazer com que seus estudantes aprendessem a pensar. Sua maior lição. Faleceu, para completar uma vida exemplar, justamente no dia do professor", escreveu o professor Alex Calheiros (Filosofia-UNB).
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