quarta-feira, 19 de novembro de 2025

Aécio assume presidência do PSDB e diz que avenida se abre para o centro em 2026, FSP

 O deputado federal Aécio Neves (MG) assumirá a presidência nacional do PSDB no próximo dia 27 de novembro e diz que sua missão será reerguer o partido, que sofreu uma debandada de quadros nos últimos anos.

A imagem mostra Aécio Neves, ex-governador de Minas Gerais, falando em um vídeo. Ele está vestido com uma camisa branca e um paletó escuro. Ao fundo, há textos de notícias e informações sobre sua gestão, incluindo uma referência à mortalidade infantil e expectativa de vida em Minas Gerais. O logotipo do PSDB está no canto superior esquerdo. Abaixo de Aécio, há uma legenda com a frase 'das grandes discussões nacionais'.
O deputado Aécio Neves, que deverá assumir a presidência do PSDB, em propaganda do partido - Reprodução

"Assumo com muita disposição de fazer o PSDB grande de novo", diz Aécio, que já presidiu o partido na década passada. A meta, segundo ele, é eleger cerca de 30 deputados federais em 2026 e assim "entrar no debate político".

A aposta do tucano, um dos últimos quadros de expressão nacional que permaneceram na legenda, é na diminuição da polarização entre lulistas e bolsonaristas.

"Não vai deixar de existir esquerda e direita, bolsonarismo e lulopetismo, mas minha percepção é que essa polarização não se manterá no tamanho que é hoje", afirma.

Isso ocorreria em razão do declínio político de Jair Bolsonaro, que foi condenado à prisão, e do próprio Lula, mesmo que se reeleja no ano que vem.

"Essa avenida do centro se amplia já a partir de 2026, com a vitória ou não do Lula. Mesmo ganhando, ele não será um protagonista, um agente condutor do processo futuro", afirma.

Aécio, que será confirmado no cargo após eleição do diretório nacional do partido, diz que o PSDB precisa resgatar suas principais bandeiras e se atualizar em outras, como segurança, política ambiental e relações externas.

"Somos oposição ao PT, mas oposição que tem um projeto para o país, e queremos superar esse momento em que as pessoas votam ‘não’ ao Lula ou ao Bolsonaro em vez de ‘sim’ a um projeto responsável, ousado, com gestão qualificado", afirma.

'Cala a boca já morreu' morreu mesmo, Ruy Castro _FSP

 Dez anos se passaram desde que, em junho de 2015, a ministra do STF Cármen Lúcia liquidou com a censura prévia que dois impertinentes artigos do Código Civil impunham às biografias produzidas no Brasil. Por esses artigos, os biógrafos eram obrigados a pedir a autorização de seus biografados ou dos herdeiros deles para investigar-lhes a vida e descrevê-la em livro. Se essa obrigação parece justa ao leigo, imagine um biógrafo alemão tendo de pedir à família de Adolf Hitler que o autorizasse a escrever uma biografia do homem. O Brasil era o único entre as democracias a praticar esse estrupício —e, não por acaso, debochado pelos de fora ao saberem que aqui era assim.

A luta pela independência da biografia já vinha de anos, parada na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, então dominada por malufistas. Enquanto isso, absurdos se sucediam. Roberto Carlos conseguiu proibir, apreender e talvez destruir uma biografia que lhe era perfeitamente laudatória. As filhas de Guimarães Rosa tiraram de circulação um livro que tratava de Rosa como cônsul em Hamburgo na Segunda Guerra porque o livro dava o justo destaque a Aracy de Carvalho, segunda mulher do escritor e cuja existência elas "não reconheciam".

A coisa piorou quando, liderados pelo impenitente censor Roberto Carlos, importantes artistas se juntaram para tentar amordaçar de vez os biógrafos —atitude incompreensível, já que eles próprios tinham sido vítimas da censura da ditadura. O caso foi para o STF e, num parecer de 120 páginas, a relatora Cármen Lúcia fez uma candente defesa da liberdade de informação. Nove ministros da corte a seguiram e celebrou-se a independência da biografia, resumida na frase de Cármen Lúcia, "Cala a boca já morreu".

À ameaça de que, livres, os biógrafos iriam bisbilhotar a intimidade dos artistas, escrevi na época que isso não aconteceria. Não fazia parte da índole dos biógrafos brasileiros, garanti.

Dez anos depois, ninguém até agora teve a intimidade bisbilhotada. Nem Roberto Carlos.

Capa da biografia não autorizada "Roberto Carlos em Detalhes", escrito pelo jornalista Paulo César Araújo - Reprodução

Trump está caindo, Deirdre Nansen McCloskey FSP (definitivo)

 

Deirdre Nansen McCloskey

Seja o primeiro a receber a notícia: Trump está caindo. Ao que parece, seu movimento Make America Great Again, o MAGA ("torne a América grande novamente"), que dominou o Partido Republicano, perderá as *eleições de meio de mandato em novembro próximo, de forma decisiva. Trump não conseguirá implementar seu anunciado plano de derrubar a Constituição e se tornar rei vitalício. O Congresso começará a investigar os crimes dele, em vez de defendê-lo como fez até agora.

Seu índice de aprovação caiu para 36% do eleitorado. Um terço dos eleitores americanos é instintivamente autoritário. Eles querem um Pai, para amá-lo apaixonadamente. Mas o número de um terço é válido praticamente para qualquer sociedade, como mostra Anne Applebaum com exemplos internacionais em seu brilhante livro Twilight of Democracy: The Seductive Lure of Authoritarianism ("O ocaso da democracia: a atração sedutora do autoritarismo", em tradução direta).

Ela observa que testes psicológicos revelam que um terço dos seres humanos odeiam novidades. As novidades de uma sociedade livre os assustam. Eles sentem saudade de uma era dourada imaginária em que Papai estava no comando e o mundo era organizado. Como diz a bandeira brasileira, eles querem ordem. Dane-se o progresso. Na era dourada, os caras durões davam as ordens, as mulheres ficavam na cozinha, os homossexuais estavam trancados no armário, a igreja triunfava. Em meu país isso durou da Primeira Guerra Mundial até o assassinato de Kennedy, em 1963. No de vocês foi o regime dos generais durante duas décadas. Na Argentina foi o domínio de Juan Peron.

Um terço do eleitorado basta para que um político autoritário ganhe, se ele não for repelido pelos dois terços. Os dois terços nos Estados Unidos parecem ter despertado. Axel Kaiser, o grande pensador político e escritor chileno, admite que na última eleição na Argentina a classe trabalhadora finalmente despertou para a verdade de que o peronismo era uma crença infantil no Estado-Pai. Brasileiros: garantam que na próxima eleição vocês não continuem dormindo.

Trump está caindo porque sua rápida aplicação de políticas autoritárias assustou boa parte dos dois terços. Eles viram policiais de imigração mascarados agarrando pessoas inocentes nas ruas e mandando-as para a prisão em El Salvador. Eles viram que os impostos malucos sobre produtos brasileiros estavam aumentando os preços nas lojas. Eles viram que Trump estava derrubando uma grande parte da Casa Branca para construí-la com enfeites dourados cafonas. Viram que ele e sua família estavam aceitando propinas enormes de outros países. E até uma parte do um terço viu que Trump estava protegendo seus amigos milionários para não serem expostos como exploradores sexuais de meninas menores na chamada ilha de Epstein.

A maioria das pessoas não passa muito tempo prestando atenção na política. Elas têm suas vidas cotidianas para cuidar, pondo o pão na mesa. Sua desatenção não é ruim. Ser estimulado por políticos a ter uma atenção apaixonada muitas vezes leva a desastres radicais. Hitler chamava a atenção com fortes apelos à nostalgia para fazer a Alemanha grande novamente. No que deu isso?

Despertem para os autoritários. Alguns não temem chamá-los de fascistas.