quinta-feira, 11 de dezembro de 2025

Obras em Guarulhos transformam aeroporto para receber 75 milhões de passageiros, FSP

 Fábio Pescarini

São Paulo

Quem embarcar neste fim de ano pelo aeroporto de Guarulhos poderá observar da janelinha do avião algo além de aeronaves e carrinhos de serviço do lado de fora. Grandes colunas de concreto saltam aos olhos junto ao terminal 3, a ala internacional.

Com previsão de inauguração para daqui a um ano, essas estruturas são a base de um novo terminal internacional, chamado de T3B.

Quando pronto, o local, com 33 mil m², contará, entre outros, com mais 14 pontes de embarque —atualmente, a ala para partidas ao exterior conta com 50 desses "fingers", como são conhecidos.

O novo terminal internacional ficará visualmente diferente do vizinho atual, finalizado em 2014. A estrutura não será toda envidraçada como o que já existe.

Ele está sendo construído colado à nova sala VIP da companhia aérea Latam. Considerada a maior da América Latina, com 4.700 m² de área, deverá estar pronta depois do T3B. Apesar de serem próximas, as estruturas são independentes.

Com a ampliação, o terminal 2, atualmente usado de forma híbrida, com embarques domésticos e internacionais, será apenas para voos nacionais.

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Ainda para o próximo ano, a sala de embarque do terminal 2 será aumentada em 1.500 m². A estimativa é que essa etapa, em estado adiantado de obras, seja concluída ainda no primeiro semestre de 2026.

A ampliação do aeroporto, que conta ainda com intervenções no acesso às pistas de pouso e decolagens para melhorar a eficiência, fica pronta até 2029 e tem projeto desenvolvido com Ministério de Portos e Aeroportos e Anac (Agência Nacional de Aviação Civil).

Será construída ainda uma nova estrutura no terminal 2, com mais dez pontes de embarque, com entrega prevista até dezembro de 2028.

Várias pessoas com malas passam pelas catracas na área de embarque doméstico de um aeroporto. Placas amarelas e brancas indicam 'Embarque doméstico / Domestic departure'. O ambiente é interno, com piso de mármore e iluminação artificial.
Embarque doméstico do terminal termina 2-D;local está sendo ampliado e tem reformas estruturais - Rubens Cavallari/Folhapress

A estimativa é que quando toda a reformulação estiver concluída, a capacidade passe de pouco mais de 50 milhões para 75 milhões de passageiros ao ano —o aeroporto é considerado a maior área de entrada e saída aérea do país.

Assim, mesmo atualmente com alguns espaços ociosos fora dos horários de pico na grade de pousos e decolagens para serem preenchidos (o limite é de 60 operações por hora), Cumbica caminha para ficar saturado sem a ampliação.

Este ano são esperados o embarque e o desembarque de 47 milhões de pessoas, cerca de 3,5 milhões a mais que os 43,6 milhões de usuários de 2024, recorde nos 40 anos de história do aeroporto inaugurado em 20 de janeiro de 1985.

"O crescimento é iminente, está acontecendo", diz Osvaldo Garcia, 61, presidente da concessionária GRU Airport, responsável pela gestão do aeroporto, que no último dia 26 de novembro recebeu a reportagem para uma caminhada junto aos canteiros de obras.

O executivo cita o maior movimento de passageiros em um dia, registrado em 17 de julho passado, quando 152 mil viajantes circularam pelo aeroporto da região metropolitana de São Paulo, considerado o maior do país.

O investimento estimado em quatro anos é de R$ 2,5 bilhões e engloba também retrofits e adequações.

Se não atentar aos tapumes coloridos com aviso de obras, o passageiro talvez não perceba as intervenções, principalmente no terminal 2.

Apesar de a visita da Folha ao local ter sido no meio da tarde de uma quarta-feira, horário em que o movimento costuma ser menor, a sala de embarque do terminal 2 estava cheia.

Havia portões fechados exatamente por causa das mudanças que estão sendo feitas de dentro para fora —a distância de aproximadamente sete metros a mais de profundidade de piso reduziu o tamanho das pontes de embarque na frente, mas ampliou o ambiente interno.

Em forma de U, essa sala de embarque fica junto aos pátios 2 e 3 de aeronaves.

Ainda na parte interna, esteiras de bagagens estão sendo remanejadas visando a criação de espaço no terminal remoto, para melhorar a logística de quem é levado de ônibus dos aviões para conexões.

Houve troca de luminárias, eliminando o ar de penumbra dos saguões, e reforma nos pisos, além do forro do teto. Tudo isso dá sensação de conforto.

"Esse investimento conjunto significa não apenas ampliar esse terminal [aeroportuário], mas investir na infraestrutura aeroportuária brasileira", diz o ministro Silvio Costa Filho, de Portos e Aeroportos, em nota enviada à Folha. "Cada melhoria em infraestrutura, tecnologia e capacidade operacional em Guarulhos significa mais competitividade, empregos, turismo e oportunidades para o Brasil inteiro."

Mais do que um banho de loja, as reformas também buscam reverter recentes indicadores de qualidade da Anac, que avalia os serviços de aeroportos concedidos à iniciativa privada. Os de Guarulhos fecharam no negativo nos últimos dois anos.

Em junho de 2024, inclusive, a agência chegou a proibir o aeroporto de aumentar a frequência de voos por causa de falhas estruturais. Na época, a concessionária afirmou que a punição era desproporcional.

Por outro lado, pesquisa Datafolha mostrou que no mês anterior ele era o mais bem avaliado entre os entrevistados.

Entre as principais reclamações dos usuários estão os banheiros. Mas, segundo Garcia, 40 deles já foram reformados.

Outro gargalo são os estacionamentos —no período de festas de fim de ano em 2024, falta de lugar para deixar o carro foi reclamação comum de quem ia buscar passageiros que chegavam de viagem ou para levar os que partiriam, com longas filas e congestionamentos. Um novo edifício-garagem está previsto para o terminal 3 e estuda-se a construção de outro junto ao 2, porém, apenas até 2029.

O lugar onde quem desembarca dos aviões pega carros de aplicativos também vai mudar até o fim do projeto. Um hotel será construído junto ao terminal 3.

"Isso aqui é uma cidade. São 130 mil passageiros por dia, há 32 mil colaboradores e outros 20 mil vêm trazer e levar gente daqui. O principal desafio é prestar serviço para essas pessoas todas", afirma o presidente.

Para os pilotos, há obras junto às duas pistas (de 3.700 m e 3.000 m). Uma delas prevê um "atalho" para que os aviões que pousam na menor cheguem aos pátios das aeronaves sem cruzar a principal, como ocorre hoje e, consequentemente, paralisam as operações até a passagem. Isso deve melhorar a dinâmica das decolagens.

Flávio fez movimento isolado, e PP se sente liberado para outra candidatura, diz líder do partido, FSP

 Raphael Di Cunto

Brasília

Líder do PP na Câmara, o deputado doutor Luizinho Teixeira (RJ) afirma que seu partido se sentiu livre para construir uma candidatura presidencial de centro-direita, desvinculada dos Bolsonaros, quando o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) resolveu se lançar candidato à Presidência sem falar com as demais legendas.

"Neste momento, a federação [com o União Brasil] se sente liberada para fazer o movimento que ela quiser, porque o PL fez o movimento dele isolado", disse ele em entrevista à Folha, ao destacar que Flávio terá mais dificuldades por causa da rejeição maior ligada à família.

Homem de terno escuro e gravata azul fala gesticulando com as mãos em ambiente com parede de madeira ao fundo. Placa com texto parcialmente legível está pendurada atrás dele.
Líder do Progressistas na Câmara, dr. Luizinho afirma que segurança pública pautará a eleição de 2026 - Pedro Ladeira/Folhapress

Luizinho afirma que o PP está hoje dividido entre os que querem apoiar o presidente Lula (PT), os que querem lançar um candidato de direita e os que preferem a independência, parcela essa que seria a majoritária. "Nossa prioridade é eleger deputado e senador. A gente vai olhar qual é o melhor projeto para isso", afirma.

Na opinião dele, Flávio pode até recuar da candidatura em junho ou julho, mas será tarde para construir um projeto nacional único, porque os palanques regionais já estarão resolvidos.

Líder de um bloco com 275 deputados que reúne os partidos de centro e centro-direita, o deputado afirma também que o grupo será o fiel da balança nas votações e defende medidas de contenção do STF (Supremo Tribunal Federal). "As pessoas aprenderam a usar o Judiciário para intimidar o Parlamento."

O sr. é o líder do novo bloco formado por Hugo Motta, sem o PL e sem o PT. Qual é o papel desse bloco majoritário? É um bloco de apoio ao presidente [da Câmara] Hugo Motta, que a cada votação vai delineando para onde vai a Casa. Se esses 275 votos estiverem com o governo, o governo é vencedor. Se estiverem com a oposição, a oposição é vencedora.

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Esse bloco vai construir a reeleição de Motta? A gestão dele tem sido contestada. A eleição é construída no dia a dia, mas ele é o candidato natural do nosso bloco. Ele sofre por ser um presidente de consenso em um país polarizado. Quando atende a pauta do governo, a oposição execra. Quando atende a oposição, o governo é que execra. Mas tem o mérito de enfrentar todos os temas.

O PP apoiará a candidatura do Flávio? O PP, junto com o União Brasil, participava da construção de uma candidatura de centro-direita. A partir do momento em que Flávio Bolsonaro puxa a candidatura dele por uma decisão familiar e impõe para a direita, todo mundo que é de centro e centro-direita está livre. Nossa prioridade é eleger deputado e senador. A gente vai olhar qual é o melhor projeto para isso. E precisa apresentar um projeto de país.

Não basta ter um sobrenome. Não basta. Tenho relação pessoal com o senador, mas uma candidatura presidencial envolve apoio político, chamar todo mundo para participar, definir qual é o projeto. Neste momento, a federação se sente liberada para fazer o movimento que ela quiser, porque o PL fez o movimento dele isolado. No PP, muitos no Nordeste querem apoiar o presidente Lula. Muitos querem o candidato de direita, e muitos querem ficar independentes porque cada estado faz seu arranjo.

Qual ala tem mais peso? A da independência. É 50%. 25% querem caminhar com Lula e 25% com a candidatura de direita, seja ela qual for, até o Flávio. A tendência maior é para a centro-direita, pelo perfil do presidente [do PP] Ciro [Nogueira]. Mas, a partir do momento em que ele não pleiteia mais ser candidato a vice-presidente, deixa o partido numa outra configuração.

Qual seria o candidato de centro-direita alternativo? O presidente do PP, Ciro Nogueira, falou recentemente nos governadores Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) e Ratinho Júnior (PSD-PR). Tem o Ronaldo Caiado (União Brasil-GO), que é da federação. Esses três nomes têm viabilidade eleitoral. O Ratinho e o Tarcísio têm mais porque são governadores de estados maiores. A gente precisa entender quais nomes surgirão. E aí avaliar se vale a pena para o partido dar apoio ao candidato ou liberar nos estados como forma de trazer mais parlamentares.

Qual é a viabilidade eleitoral de Flávio? O que vai impactar é a rejeição. Ele já sai com uma rejeição muito alta, tem mais dificuldade de conquistar o eleitor de centro do que o Tarcísio e o Ratinho. O Eduardo nos Estados Unidos fez com que a população brasileira visse uma movimentação dele contra o país, e cresceu a rejeição à família Bolsonaro. Mas a eleição deixou de ser uma maratona para ser uma corrida de cem metros, então pequenas coisas mudam uma eleição. Pode ser que o Flávio, como não é o pai, consiga diminuir essa rejeição. O que acho é que a forma não foi a melhor de construir uma candidatura.

Aprovar o projeto de redução de penas foi uma forma de o centrão fazer Flávio recuar? Foi decisão do presidente Hugo, porque ele está com o sentimento de encerrar os problemas postos em 2025. Posso garantir que não houve, por parte dos partidos aliados, um pedido desse, com o objetivo de demover o Flávio.

Mas a consequência pode ser a de ele retirar a candidatura? Não acho. Não acho. Acho que é o contrário. O Flávio fez uma fala ruim [de sua candidatura "ter um preço"], e agora ele mesmo está refém do que falou, não vai poder abrir mão tão cedo. Se ele for rever a posição, isso vai ser em junho, julho. Acho que hoje ele é candidato de verdade, porque é um sentimento da família de querer manter o nome ativo.

Esse prazo atrapalha a construção de outra candidatura presidencial? Se lá na frente ele desistir, ele comprimiu esse tempo para que a eleição presidencial seja a construção principal. Em janeiro vai todo mundo para o estado organizar a base. Quando a gente voltar para cá [em fevereiro], a eleição estadual já está organizada, com os acordos feitos com nossos candidatos a governador e ao Senado, e isso vai impactar nas coligações nacionais. "Olha, mas eu já construí lá. Agora vamos fazer uma aliança que vai ser contra a minha aliança estadual? Como isso vai se dar?"

Falta ao Ratinho se apresentar mais para a disputa? Eu tenho essa visão. Se ele quer ser candidato, precisa participar mais da política em Brasília. O Tarcísio sai de uma vantagem porque foi ministro, todo mundo com mandato conheceu ele. Política é relação de confiança.

Uma candidatura de direita sem Bolsonaro não acabará como Geraldo Alckmin em 2018, que teve o apoio de vocês e 4,7% dos votos? Quero esclarecer que não estou participando da construção de nenhum projeto presidencial. Minha função é liderar a bancada, ajudar a estabilizar o país e votar os temas, o que me faz ter uma relação estreita com o governo e de super respeito com o presidente Lula. Se eu estivesse construindo candidatura presidencial, o nosso bloco seria de oposição, o que não é. Só que a gente tem posição clara sobre alguns temas, como foi na derrubada da MP [medida provisória] dos impostos, e às vezes o governo não acredita.

A segurança pública será a pauta para derrotar o governo Lula na eleição? O governo Lula está dando essa bandeira para a direita. Sou do Rio de Janeiro, a gente vive um medo constante. Mas a população estará com essa preocupação em todo o Brasil. O governo não captou isso. Talvez o Ministério da Segurança Pública seja mais importante hoje que o Ministério da Defesa, para tratar esse assunto de uma forma diferente.