quinta-feira, 30 de junho de 2022

Taxa de desemprego fica abaixo de 10% no Brasil, menor nível desde 2015, FSP

 A taxa de desemprego no Brasil recuou para 9,8% no trimestre de março a maio, informou nesta quinta-feira (30) o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). É o menor nível para esse período desde 2015, quando o indicador estava em 8,3%, e a economia nacional amargava recessão.

O resultado veio abaixo das estimativas do mercado financeiro. Analistas consultados pela agência Bloomberg projetavam taxa de 10,2%. Nos três meses imediatamente anteriores (dezembro a fevereiro), o indicador estava em 11,2%.

O número de desempregados, por sua vez, recuou para 10,6 milhões no trimestre até maio, de acordo com o IBGE. O contingente estava em cerca de 12 milhões nos três meses anteriores.

Trabalhadores em busca de vagas fazem fila durante Mutirão do Emprego em SP - Danilo Verpa - 16 mai.2022/Folhapress

Pelas estatísticas oficiais, a população desempregada reúne quem está sem trabalho e segue à procura de novas vagas. Quem não tem emprego e não está buscando oportunidades não entra no cálculo.

O IBGE também apontou que o número de pessoas ocupadas com algum tipo de trabalho chegou a 97,5 milhões no trimestre até maio. É o maior da série histórica, iniciada em 2012. A população ocupada era de 95,2 milhões até fevereiro.

"Foi um crescimento expressivo e não isolado da população ocupada. Trata-se de um processo de recuperação das perdas que ocorreram em 2020, com gradativa recuperação ao longo de 2021", disse Adriana Beringuy, coordenadora de pesquisas por amostra de domicílios do IBGE.

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"No início de 2022, houve uma certa estabilidade da população ocupada, que retoma agora sua expansão em diversas atividades econômicas", completou.

RENDA CAI 7,2% EM UM ANO

Apesar da queda do desemprego, a renda média dos brasileiros continuou fragilizada. Até maio, o rendimento real habitual do trabalho foi estimado em R$ 2.613, o que indica relativa estabilidade frente aos três meses anteriores (R$ 2.596).

Porém, na comparação com igual trimestre de 2021, a renda caiu 7,2%. De março a maio do ano passado, o indicador estava em R$ 2.817.

Os dados integram a Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua). O levantamento retrata tanto o mercado de trabalho formal quanto o informal. Ou seja, são avaliados desde empregos com carteira assinada e CNPJ até os populares bicos.

Após o baque gerado pela pandemia, o mercado de trabalho tenta se recuperar no Brasil. Segundo a Pnad, o número de desocupados chegou a romper a faixa dos 15 milhões no trimestre até maio de 2021, sob efeito da crise sanitária.

Com a derrubada de restrições e a reabertura da economia, houve um processo de retorno ao trabalho, e o desemprego passou a ceder ao longo do ano passado.

A reabertura de vagas, contudo, vem sendo marcada por uma sequência de quedas na renda média dos trabalhadores.

O rendimento ficou mais enxuto em um contexto de volta dos informais ao mercado, disparada da inflação e abertura de empregos com salários mais baixos, dizem economistas.

60 frases de Riobaldo - do Portal Raizes - por UPF

 “Grande Sertão: Veredas” de Guimarães Rosa é uma das mais importantes obras literárias da literatura brasileira. Por sua linguagem e a originalidade de estilo presentes no relato de Riobaldo, ex-jagunço que relembra suas lutas, seus medos e o amor reprimido por Diadorim.

O romance foi publicado em 1956 e inicialmente chama atenção por sua dimensão – mais de 600 páginas – e pela ausência de capítulos. Guimarães Rosa fundiu nesse romance elementos do experimentalismo linguístico da primeira fase do modernismo e a temática regionalista da segunda fase do movimento para criar uma obra singular e inovadora.

Separamos alguns dos melhores trechos de Grande sertão: veredas
“O real não está no início nem no fim, ele se mostra pra gente é no meio da travessia”.
“O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem”.
“Apertou em mim aquela tristeza, da pior de todas, que é a sem razão de motivo”.
“Se eu fosse filho de mais ação e menos ideia, isso sim, tinha escapulido, calado “.
“Um dia ainda entra em desuso matar gente”.
“O senhor saiba: eu toda a minha vida pensei por mim, sou nascido diferente. Eu sou é eu mesmo.  Diverjo de todo o mundo”.
“A gente morre é para provar que viveu”.
“Viver é muito perigoso: sempre acaba em morte”.
“Quem ama é sempre muito escravo, mas não obedece nunca de verdade”.
“Como é que posso com este mundo? A vida é ingrata no macio de si; mas transtraz a esperança mesmo no meio do fel do desespero”.
“Amigo, para mim, é só isto: é a pessoa com quem a gente gosta de conversar, do igual o igual, desarmado. O de que um tira prazer de estar próximo. Só isto, quase; e os todos sacrifícios. Ou – amigo – é que a gente seja, mas sem precisar de saber o por que é que é”.
“Tem horas em que penso que a gente carecia, de repente, de acordar de alguma espécie de encanto”.
“Uma coisa é pôr ideias arranjadas, outra é lidar com país de pessoas”.
“E a gente, isso sei, às vezes é só feito menino. Se tem alma, e tem, ele é de Deus”.
“E o chiim dos grilos ajuntava o campo”.
“Ah, a mangaba boa só se colhe já caída no chão, de baixo…”.
 ”A colheita é comum, mas o capinar é sozinho”.
“Viver é um descuido prosseguido”.
“O senhor ache e não ache. Tudo é e não é …”
“Passarinho que debruça – o voo já está pronto”.
“Sou só um sertanejo, nessas altas ideias navego mal. Sou muito pobre coitado. Inveja minha pura é de uns conforme o senhor, com toda leitura e suma doutoração”.
“Eu quase que nada não sei. Mas desconfio de muita coisa”.
“Deus é paciência. O contrário é o diabo”.
“O mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas – mas que elas vão sempre mudando”.
“A gente quer passar um rio a nado, e passa; mas vai dar na outra banda é num ponto muito mais embaixo, bem diverso do em que primeiro se pensou. Viver nem não é muito perigoso?”.
“Quem-sabe, a gente criatura ainda tão ruim, tão, que Deus só pode às vezes manobrar com os homens é mandando por intermédio do diá?”.
“O que não é Deus, é estado do demônio. Deus existe mesmo quando não há. Mas o demônio não precisa de existir para haver – a gente sabendo que ele não existe, aí é que ele toma conta de tudo”.
“Cavalo que ama o dono, até respira do mesmo jeito”.
“Quem desconfia fica sábio”.
“Passarinho cai de voar, mas bate suas asinhas no chão”.
“Ser ruim, sempre, às vezes é custoso, carece de perversos exercícios de experiência”.
“O espírito da gente é cavalo que escolhe estrada”.
“Medo, não, mas perdi a vontade de ter coragem”.
“O jagunço Riobaldo. Fui eu? Fui e não fui. Não fui! – porque não sou, não quero ser”.
“Eu careço de que o bom seja bom e o ruim ruim, que dum lado esteja o preto e do outro o branco, que o feio fique bem apartado do bonito e a alegria longe da tristeza! (…) Este mundo é muito misturado …”.
“Mas, na ocasião, me lembrei dum conselho de Zé Bebelo, na Nhanva, um dia me tinha dado. Que era: que a gente carece de fingir às vezes que raiva tem, mas raiva mesma nunca se deve de tolerar de ter. Porque, quando se curte raiva de alguém, é a mesma coisa que se autorizar que essa própria pessoa passe durante o tempo governando a ideia e o sentir da gente”.
“A morte é para os que morrem”.
“A vida da gente vai em erros, como um relato sem pés nem cabeça, por falta de sisudez e alegria. Vida devia de ser como sala do teatro, cada um inteiro fazendo com forte gosto seu papel, desempenho”. 
“Preto é preto? branco é branco? Ou: quando é que a velhice começa, surgindo de dentro da mocidade”.
“No centro do sertão, o que é doideira às vezes pode ser a razão mais certa e de mais juízo!”.
“Sertão é isto: o senhor empurra para trás, mas de repente ele volta a rodear o senhor dos lados. Sertão é quando menos se espera”.
“O bom da vida é para cavalo, que vê capim e come”.
“E sei que em cada virada de campo, e debaixo de sombra de cada árvore, está dia e noite um diabo, que não dá movimento, tomando conta.”
“Tudo que é bonito é absurdo – Deus estável”.
“Liberdade – aposto – ainda é só alegria de um pobre caminhozinho, no vão dos ferros de grandes prisões”.
“Sertão é o sozinho”.
“Sertão: é dentro da gente”.
“Mestre não é quem sempre ensina, mas quem de repente aprende”.
“Só se pode viver perto de outro, e conhecer outra pessoa, sem perigo de ódio, se a gente tem amor. Qualquer amor já é um pouquinho de saúde, um descanso na loucura”.
“Tudo que já foi, é o começo do que vai vir, toda a hora a gente está num cômpito”. 
“Um sentir é do sentente, mas o outro é o do sentidor”.
“Para o prazer e para ser feliz, é que é preciso a gente saber tudo, formar alma, na consciência; para penar, não se carece”.
“Obedecer é mais fácil do que entender”.
“Onde é que está a verdadeira lâmpada de Deus, a lisa e real verdade?”.
“Tive medo não. Só que abaixaram meus excessos de coragem”.
“O sertão é sem lugar”.
“Rir, antes da hora, engasga”.
“Vivendo, se aprende; mas o que se aprende, mais, é só fazer outras maiores perguntas”.
“Somente com a alegria é que a gente realiza bem – mesmo até as tristes ações”.
“O senhor sabe o que é silêncio é? É a gente mesmo, demais”.

quarta-feira, 29 de junho de 2022

YouTube suspende canal da Assembleia de SP após exibir vídeo negacionista da Covid, FSP

 Paula Soprana

SÃO PAULO

O YouTube suspendeu por sete dias o canal oficial da Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo) pela divulgação de "informações médicas incorretas", que julgou contrárias à política de uso da plataforma em relação à Covid-19.

A suspensão impede que a casa legislativa publique vídeos ou faça transmissões ao vivo. A notificação ocorreu na segunda-feira (27) após uma audiência promovida pelo deputado bolsonarista Douglas Garcia (Republicanos) que exibiu o documentário "Lockdown, uma história de desinformação e poder".

O filme, do diretor Ian Maldonado, lançado em setembro de 2021, foi derrubado por infringir a política de saúde da plataforma. O trailer do filme critica o uso da máscara e relaciona a pandemia ao desejo da indústria farmacêutica em lucrar.

Deputado estadual Douglas Garcia; YouTube suspendeu canal da Alesp após audiência promovida por ele
Deputado estadual Douglas Garcia; YouTube suspendeu canal da Alesp após audiência promovida por ele - José Antonio Teixeira-13.fev.20/Alesp

​O vídeo da audiência de Garcia também foi derrubado. A Alesp já havia recebido uma advertência, no ano passado, quando o mesmo deputado, contrário a medidas de segurança sanitária, organizou um ato solene sobre vacinação compulsória.

A Alesp apresentou uma argumentação para a liberação do canal e aguarda uma posição do YouTube. A plataforma, que pertence ao Google, ainda não respondeu. Procurada, não se manifestou até a publicação deste texto.

Em um perfil de rede social, o parlamentar criticou a medida do YouTube, acusando-a a de censura "feita de maneira ditatorial e nojenta".

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"O documentário que foi reproduzido aqui na Assembleia Legislativa do estado nem sequer cita a palavra vacina ou antivacina", afirmou em uma sessão. "O 'Lockdown' nada tem a ver com antivacina, tem a ver com direito à liberdade."

Na terça (29), o presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a defender remédios sem eficácia para a Covid-19 em um canal chamado Hipócritas, no YouTube.

Ele não citou os nomes cloroquina ou ivermectina, mas relatou ter ameaçado transferir um médico militar caso o profissional não prescrevesse os remédios na época que ele apresentou sintomas.

Na entrevista, Bolsonaro disse que quando sentiu que estava com sintomas do coronavírus, chamou um médico do Exército para lhe atender, e o profissional lhe recomendou o teste de Covid.

No entanto, o mandatário contou que pediu o medicamento para fazer uso, sem especificar qual deles, ou, "democraticamente", iria transferir o médico "para a fronteira".

Bolsonaro afirmou que o profissional de saúde, de modo geral, "perdeu a autonomia" durante a pandemia e que, dada aquela situação, em que "você pegou algo que ninguém sabe o que é, [o médico] tem que tentar uma alternativa em comum acordo contigo, [mas] acabaram a autonomia do médico no Brasil".

A entrevista com o presidente está no ar, dividida em dois vídeos, que somam 250 mil visualizações.

O YouTube diz que não permite "envio de conteúdo que dissemine informações médicas incorretas que contrariem as orientações da OMS (Organização Mundial da Saúde) ou das autoridades locais de saúde sobre a Covid-19".

Desde o início da pandemia, deletou dezenas de vídeos do presidente, mas mantém uma live de maio do ano passado em que Bolsonaro se gaba pelo exemplo que dá ao tomar cloroquina sem consultar um médico.