domingo, 28 de agosto de 2016

O assalto ao Estado - LUIZ CARLOS AZEDO


Correio Braziliense - 28/08

Chegar ao poder pelo voto não é um cheque em branco da sociedade pra fazer o que bem quiser, acima do bem e do mal



Amanhã, para se defender, a presidente afastada, Dilma Rousseff, subirá ao cadafalso no qual será guilhotinada, no Senado, depois de três dias de oitiva das testemunhas de defesa e acusação, na qual se digladiariam os senadores que permanecem fiéis à presidente afastada e, digamos, seus algozes do PMDB e outros ex-aliados, além da antiga oposição, liderada pelo PSDB. Seu infortúnio acabará provavelmente na quarta-feira, quando será cassada, se, antes disso, não renunciar num gesto espetacular, para não legitimar o julgamento.

Em meio ao bate-boca das excelências, que se arrasta há meses, há duas lógicas: de um lado, a intenção das forças antipetistas de dar posse definitiva ao vice-presidente interino, Michel Temer, e assumir o poder até 2018; de outro, o mise-en-scene petista para sustentar a narrativa do “golpe de estado” e dela sair como vítima, para não ter que assumir a responsabilidade principal pela crise econômica, política e ética que assombra o país. No mérito do processo de impeachment, porém, está o respeito à Lei Orçamentária da União e à Lei de Responsabilidade Fiscal, que é tratada, às vezes, como uma coisa banal.

A derrocada do governo Dilma Rousseff está associada ao assalto ao Estado pelo PT e seus aliados. Chegaram ao poder pelo voto, mas não com um cheque em branco da sociedade para fazer o que bem quisessem, acima do bem e do mal. Esse foi o recado que receberam, das ruas em 2013, e não foi ouvido; e em 2015, quando se deu o engajamento popular na campanha do impeachment. Houve um assalto ao Estado em dois sentidos: primeiro, o aparelhamento do governo por meio da ocupação de milhares de cargos comissionados, tanto na administração direta, como na indireta, inclusive estatais, de forma fisiológica e clientelística; segundo, o sistemático desvio de recursos públicos para financiamento eleitoral e formação de patrimônio pessoal, via superfaturamento de obras e serviços. Veremos o que Dilma Rousseff tem a dizer sobre isso amanhã, no seu jus esperneandis.

Os aliados de Dilma Rousseff não estão nem aí para as consequências do desrespeito à Lei Orçamentária e à Lei de Responsabilidade Fiscal, que tratam como meras formalidades. A aprovação do deficit fiscal de R$ 170,5 bilhões em 2016 pelo Congresso, para permitir que o governo Temer possa gastar mais do que arrecada enquanto não consegue aprovar o “ajuste fiscal”, de certa forma corrobora essa banalização. Dilma e o PT não assumem a responsabilidade sobre o desastre econômico que provocaram ao gastar mais do que o governo arrecada e acreditam que o Estado brasileiro pode tudo. Na verdade, alguns ex-aliados que permanecem no poder sob a liderança do PMDB, quanto a isso, não pensam muito diferente. Talvez seja essa a razão de a discussão no Senado ser polarizada pelos petistas e pela antiga oposição.

Desastre nacional


Os resultados do “assalto ao Estado”, porém, são auto-explicativos. Queda de 16% do PIB per capita entre 2013 e 2016, isto é, de R$ 30,5 mil para R$ 25,7 mil por ano. Aumento do desemprego de 6,4% para 11,2%, com a demissão de 12 milhões de trabalhadores. A pior recessão da história: já chega a 6%. A Grande Recessão de 1929-1933 foi de 5,3%; a de 1980 a 1983, 6,3%; e a de 1989 a1992, 3,4%.

A crise fiscal é devastadora, por causa da elevação dos gastos públicos e da queda de arrecadação: sem a reforma da Previdência, o deficit fiscal subirá de R$ 145 bilhões para R$ 200 bilhões. Aumentar os impostos não é uma solução razoável. A dívida pública chegará a 70% do PIB ao final do ano.

É nesse ambiente que Dilma Rousseff está sendo julgada, por causa das “pedaladas fiscais”. Nada a ver com a Operação Lava-Jato, que desnuda os mecanismos do outro assalto ao poder ao qual nos referimos lá no começo. Parece kafkiano, mas não é. A presidente Dilma Rousseff está bastante enrolada por causa das investigações sobre o caixa dois de suas campanhas eleitorais de 2010 e 2014, mas não pode ser investigada por fatos anteriores ao exercício do atual mandato, de acordo com a Constituição. A mesma que permite sua cassação ao não zelar pelo Orçamento da União.

Com a cassação de seu mandato pelo Senado, Dilma poderá passar por dissabores semelhantes ao do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Operação Lava-Jato, que acaba de ser indiciado pela Polícia Federal por causa do triplex de Guarujá. Mesmo assim, o líder petista pretende comparecer ao Senado amanhã para prestigiar a presidente afastada.

sexta-feira, 26 de agosto de 2016

Vã tentativa de abater a Escola sem Partido


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No artigo "Escola deve ser sem partido mas também sem igreja", Demétrio Magnoli só acerta no título e na constatação de que o sistema de ensino foi sequestrado por partidos, organizações e professores de esquerda. Erra em tudo mais.
Erra ao afirmar que a proposta do movimento Escola sem Partido -tornar obrigatória a afixação, nas salas de aula do ensino fundamental e médio, de um cartaz com os deveres do professor- representa uma "intervenção estatal explícita" nas relações entre professor e aluno.
Na verdade, e surpreende que Magnoli não se dê conta desse fato, parecendo acreditar no caráter voluntário daquelas relações, o ensino obrigatório é que é uma gigantesca intervenção estatal na vida dos indivíduos e de suas famílias.
O projeto apenas explicita os marcos jurídicos dessa intervenção, e o faz para proteger os direitos da parte mais fraca, como determina o artigo 70 do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente): "É dever de todos prevenir a ocorrência de ameaça ou violação dos direitos da criança e do adolescente".
Erra ao dizer que a presença do cartaz nas salas de aula "contaminaria as relações entre alunos e professores". Essas relações foram contaminadas no momento em que estudantes passaram a ser vistos como matéria-prima a ser transformada e utilizada segundo as necessidades da luta pelo poder. O objetivo do cartaz é impedir que isso aconteça, com informações sobre os limites éticos e jurídicos da atividade docente. Isso é apenas cidadania.
Erra quando tenta desqualificar o item 4 dos deveres do professor: "ao tratar de questões políticas, socioculturais e econômicas, o professor apresentará aos alunos, de forma justa, as principais versões, teorias, opiniões e perspectivas concorrentes a respeito da matéria". Magnoli argumenta que "a escola não existe para cotejar as contraditórias 'respostas certas' a temas desse tipo". Existe, sim; não só para isso, obviamente, mas também para isso.
Erra ao imaginar que o referido dever exigiria o cotejo entre a teoria da evolução e o criacionismo. Nada disso. São hipóteses que não concorrem na mesma categoria. A intervenção estatal se limita ao campo da ciência. Em todo caso, o projeto também proíbe que o professor se aproveite desse assunto para ridicularizar a crença dos alunos no relato bíblico da criação.
Erra triplamente na crítica ao item 5 do cartaz, segundo o qual "o professor respeitará o direito dos pais a que seus filhos recebam a educação religiosa e moral que esteja de acordo com suas próprias convicções". Primeiro, erra ao supor que esse dever estaria sendo criado pelo projeto Escola sem Partido, quando já existe por força do artigo 12 da Convenção Americana sobre Direitos Humanos, à qual o Brasil aderiu em 1992.
Segundo, ao afirmar que essa regra "proporcionaria um 'direito de veto' à família mais tradicionalista". Nada mais equivocado: pela letra do dispositivo, a menos tradicionalista das famílias também desfrutaria -ou melhor, já desfruta- do mesmo "direito de veto".
Terceiro, ao considerar que a promoção dos direitos humanos, como a igualdade entre homens e mulheres e o respeito a diferentes orientações sexuais, possa ser feita com sacrifício dos próprios direitos humanos: a liberdade de consciência e de crença dos estudantes e o direito dos pais de que seus filhos recebam a educação religiosa e moral que esteja de acordo com suas próprias convicções.
Erra, por fim, ao dizer que "a fúria dos militantes políticos irriga as sementes de uma fúria simétrica". Não existe fúria simétrica. O que existe é a premente necessidade de assegurar o respeito à Constituição Federal nessas diminutas frações do território nacional que são as salas de aula.
MIGUEL NAGIB, advogado, procurador do Estado de São Paulo, é fundador e coordenador do Movimento Escola sem Partido
PARTICIPAÇÃO
Para colaborar, basta enviar e-mail para debates@grupofolha.com.br

quinta-feira, 25 de agosto de 2016

EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

EFICIÊNCIA ENERGÉTICA 
CONGRESSO BRASILEIRO DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA RECEBE PROJETOS DE ESTUDANTES PARA CONCURSO


Com o objetivo de estimular os alunos a desenvolverem Projetos de Eficiência Energética, bem como conhecer e divulgar propostas de soluções inovadoras na área de energia, a organização do 13º COBEE – Congresso Brasileiro de Eficiência Energética, evento que acontecerá em São Paulo nos dias 30 e 31 de agosto, no Centro de Convenções Frei Caneca, está lançando o concurso cultural “Melhores projetos de eficiência energética”. O concurso destina-se aos estudantes de instituições de ensino superior (graduação, pós-graduação, mestrado e outros). Os  três melhores trabalhos selecionados receberão placas de premiação, sendo que o vencedor terá um espaço de 20 minutos para apresentar o seu projeto no 13º COBEE. A Unicamp é apoiadora do evento.

Mais detalhes na página eletrônica http://www.cobee.com.br/