sexta-feira, 22 de abril de 2016

Por que Pedro Álvares Cabral é pouco lembrado em Portugal? FSP


Reprodução
Quadro de Oscar Pereira da Silva que retrata o desembarque de Cabral no Brasil
Quadro de Oscar Pereira da Silva que retrata o desembarque de Cabral no Brasil
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Passados 516 anos do descobrimento do Brasil, comemorados neste 22 de abril, a importância de Pedro Álvares Cabral para a História do país segue incontestável. Mas sua figura não tem o mesmo peso em Portugal, país que ele ajudou a transformar em uma potência global há mais de cinco séculos.
"A maior parte dos portugueses com mais de 45 anos sabe quem foi Cabral, mesmo que quase todos de forma muito vaga. Já um jovem de 17 ou 18 anos provavelmente responderá que tem uma ideia vaga sobre Vasco da Gama, mas que não se lembra de Pedro Álvares Cabral, um nome que ficou enterrado nos livros do ensino básico", afirma à BBC Brasil a historiadora e escritora Manuela Gonzaga, investigadora do Centro de História d'Aquém e d'Além-Mar (Cham), ligado à Universidade Nova de Lisboa e à Universidade dos Açores.
Cabral foi um personagem central no momento áureo de Portugal, a expansão marítima dos séculos 15 e 16. A sua chegada à costa brasileira, em 1500, foi um dos mais importantes capítulos da história lusa. Mesmo assim, o interesse pelo navegador em seu país de origem fica à sombra de outros exploradores contemporâneos a ele.
"Quando falamos sobre os grandes homens da expansão portuguesa, os primeiros nomes que nos vêm à cabeça são os de Vasco da Gama, o primeiro europeu a navegar para a Índia, de Bartolomeu Dias, o primeiro navegador a atravessar o Cabo da Boa Esperança, e o de Pedro Álvares Cabral. Mas o descobridor do Brasil hoje não é tão conhecido ou estudado como são os outros dois", diz à BBC Brasil o historiador António Camões Gouveia, professor da Universidade Nova de Lisboa.
BBC
A estátua de Cabral em Lisboa é uma réplica de um monumento do Rio e foi doada pelo Brasil
A estátua de Cabral em Lisboa é uma réplica de um monumento do Rio e foi doada pelo Brasil
MONUMENTOS E AVENIDAS
Uma caminhada pelas ruas de Lisboa evidencia a distância entre a popularidade de Cabral e de Vasco da Gama no século 21. O navegador que inaugurou a rota entre Portugal e Índia dá nome a um dos maiores shoppings da cidade e à ponte mais extensa da Europa, de 17,185 quilômetros, que atravessa o rio Tejo, ligando a capital lusa ao município de Montijo.
Em homenagem a Cabral, há uma avenida com o seu nome, onde encontra-se uma estátua em alusão ao descobrimento do Brasil, doada pelo governo brasileiro, em 1941. O monumento é uma réplica de uma estátua existente no Rio de Janeiro.
"Quando comparamos Cabral a outras figuras da mesma época, notamos que ele realmente está em um segundo plano. A figura de Vasco da Gama sobrepõe-se em termos de visibilidade nos monumentos, nas ruas. Na cidade de Sintra, onde vivo, há várias ruas Vasco da Gama e não conheço nenhuma com o nome de Cabral", conta à BBC Brasil o historiador Paulo Jorge de Sousa Pinto, também investigador do Centro de História d'Aquém e d'Além-Mar.
VIDA DESINTERESSANTE
Segundo os historiadores portugueses, uma das razões para Cabral ocupar hoje um papel de coadjuvante em comparação com alguns dos seus contemporâneos é o fato de o descobridor do Brasil não ser um personagem tão controverso quanto outros navegadores.
"Como não há grandes polêmicas em torno de seu nome, ele é um personagem menos interessante de ser estudado. Não sabemos muito sobre a vida pessoal dele, e os pormenores conhecidos são desinteressantes. Se Cabral tivesse sido um guerreiro, se tivesse comandado uma armada portuguesa no norte da África ou se tivesse se envolvido em alguma das tantas lutas na corte portuguesa de sua época, ele despertaria um interesse muito maior", justifica Sousa Pinto.
"Vasco da Gama tem um lado sombrio que desperta interesse até hoje. Na segunda viagem à Índia, ele revelou uma faceta cruel, ficou conhecido como brutal e controverso, e isso ainda repercute. Mas nada paira sobre a imagem de Cabral. O único aspecto negativo é o de que ele seria azarado, porque sua armada saiu de Portugal com 13 embarcações e voltou com apenas seis", afirma à BBC Brasil António Manuel Lázaro, professor de História da Universidade do Minho.
Na opinião de Sousa Pinto, a presença menor da imagem de Cabral na sociedade lusa moderna também foi influenciada pela ideologia política do Estado Novo português, que durou de 1933 a 1974, ano em que ocorreu a redemocratização do país europeu.
"Durante esse período, a propaganda e a ideologia oficial do regime foram muito centradas na imagem dos construtores do império colonial português na África, como Vasco da Gama e o Infante D. Henrique, principal promotor das viagens do descobrimento. Isso aconteceu porque o regime queria justificar a sua presença nas colônias africanas, que era muito contestada pela comunidade internacional", diz o historiador.
"Nesse caso, a imagem dos simples descobridores, como é o caso do Cabral, acabou por ficar à sombra dos grandes heróis responsáveis por expandir o império português", explica.
DESCOBRIMENTO FOI INTENCIONAL?
A grande polêmica em torno de Pedro Álvares Cabral é saber se ele chegou à costa brasileira intencionalmente ou por acidente. Para António Gouveia, essa dúvida também causa um impacto negativo à imagem do navegador em Portugal.
"As sombras que existem sobre a descoberta do Brasil acabam por minimizar um pouco a figura do Cabral em termos de estudos acadêmicos e até a visão que a sociedade tem dele próprio", opina o historiador.
"É preciso pensar se o descobrimento do Brasil foi ao acaso ou intencional. Porque se foi intencional há a possibilidade de a descoberta ter acontecido previamente, o que, de certo modo, diminui o papel e a importância de Cabral", argumenta, por sua vez, António Manuel Lázaro.
Pouco se sabe sobre a vida de Cabral. O descobridor do Brasil nasceu entre 1460 e 1470, na vila de Belmonte, e morreu em 1520, na cidade de Santarém. Seu corpo estaria sepultado na cidade, na Igreja da Graça, mas alguns historiadores argumentam que seus restos mortais foram transferidos ao Brasil no início do século 20.
Há um túmulo sem corpo em homenagem ao navegador no Panteão Nacional, em Lisboa, ao lado de outro dedicado a Vasco da Gama, cujos restos mortais encontram-se no imponente Mosteiro dos Jerónimos, também na capital portuguesa.
Cabral e Vasco da Gama também estão lado a lado no Padrão dos Descobrimentos, um monumento às margens do rio Tejo, em Belém, de onde saíam os navegadores durante o período da expansão portuguesa.
RESGATE
Para Manuela Gonzaga, o resgate da imagem de Pedro Álvares Cabral na sociedade portuguesa passa por uma maior dedicação ao descobrimento do Brasil nas escolas do país europeu.
"A história do achamento da Terra de Vera Cruz (primeiro nome dado ao Brasil) testemunha o encontro de povos de uma forma lindíssima e, do meu ponto de vista, arrebatadora e comovente. Foi um achamento e um encantamento. E essa página deveria ser estudada por todos", afirma a historiadora.
Já na opinião de António Manuel Lázaro, Cabral está bem representado na sociedade portuguesa moderna. "Sem diminuir o mérito, o que ele fez foi encontrar uma terra que até então era desconhecida. Muitos outros exploradores também fizeram isso e ninguém sabe o nome da maioria deles. No caso de Cabral isso não acontece, o seu nome é referência dentro da História de Portugal", argumenta o professor de História, que tem uma sugestão alternativa para homenagear o descobridor do Brasil.
"Acredito que a melhor forma de honrar o feito de Cabral não é construindo mais estátuas ou dando o seu nome para novas ruas, mas fortalecendo a relação com o Brasil, que já foi muito mais próxima."
"Todos os dias lemos notícias sobre a intenção das autoridades em reaproximar os dois países, mas são poucas as ações práticas nessa direção. Acredito que isso sim faria justiça a quem foi Pedro Álvares Cabral", diz o historiador. 

Somewhere Only We Know, Keane (para lembrar que o tempo passa)

Somewhere Only We Know
I walked across an empty land
I knew the pathway like the back of my hand
I felt the earth beneath my feet
Sat by the river and it made me complete

Oh simple thing where have you gone
I'm getting old
And I need something to rely on
So tell me when you're gonna let me in
I'm getting tired
And I need somewhere to begin

I came across a fallen tree
I felt the branches of it looking at me
Is this the place we used to love?
Is this the place that I've been dreaming of?

Oh simple thing where have you gone
I'm getting old
And I need something to rely on
So tell me when you're gonna let me in
I'm getting tired
And I need somewhere to begin

And if you have a minute why don't we go
Talk about it somewhere only we know?
This could be the end of everything
So why don't we go
Somewhere only we know?
Somewhere only we know?

[break]

Oh simple thing where have you gone
I'm getting old
And I need something to rely on
So tell me when you're gonna let me in
I'm getting tired
And I need somewhere to begin

And if you have a minute why don't we go
Talk about it somewhere only we know?
This could be the end of everything
So why don't we go
So why don't we go

This could be the end of everything
So why don't we go
Somewhere only we know?
Somewhere only we know?
Somewhere only we know?
Um lugar que só nós conhecemos
Eu andei por uma terra vazia
Eu conhecia o caminho como a palma da minha mão
Eu senti a terra sob meus pés
Eu sentei do lado do rio e ele me completou

Oh coisa simples, pra onde você foi?
Eu estou ficando velho
E preciso de alguma coisa para confiar
Então me fale quando você vai me deixar entrar
Eu estou ficando cansado
E preciso de algum lugar para começar

Eu dei de encontro com uma árvore caida
Eu senti os galhos dela olhando para mim
Esse é o lugar que nós costumávamos amar?
Esse é o lugar com que eu tenho sonhado?

Oh coisa simples, pra onde você foi?
Eu estou ficando velho
E preciso de alguma coisa para confiar
Então me fale quando você vai me deixar entrar
Eu estou ficando cansado
E preciso de algum lugar para começar

Então se você tiver um minuto por que nós não vamos
Conversar sobre isso num lugar que só nós conhecemos?
Isso poderia ser o final de tudo
Então por que nós não vamos
Para um lugar que só nós conhecemos?
Para um lugar que só nós conhecemos?

[pausa]

Oh coisa simples, pra onde você foi?
Eu estou ficando velho
E preciso de alguma coisa para confiar
Então me fale quando você vai me deixar entrar
Eu estou ficando cansado
E preciso de algum lugar para começar

Então se você tiver um minuto por que nós não vamos
Conversar sobre isso num lugar que só nós conhecemos?
Isso poderia ser o final de tudo
Então por que nós não vamos
Então por que nós não vamos

Isso poderia ser o final de tudo
Então por que nós não vamos
Para um lugar que só nós conhecemos?
Para um lugar que só nós conhecemos?
Para um lugar que só nós conhecemos?




Link: http://www.vagalume.com.br/keane/somewhere-only-we-know-traducao.html#ixzz46a6ghJgq

quinta-feira, 21 de abril de 2016

Belo Monte inicia operação comercial 6 anos após ser licitada


Aneel liberou operação comercial da primeira turbina.
1ª máquina a operar representa pouco mais de 5% da capacidade total.
Da Reuters



A hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, iniciou nesta quarta-feira (20) a operação comercial de sua primeira turbina, exatos 6 anos após a licitação em que teve a concessão arrematada pela Norte Energia, uma sociedade liderada pela estatal Eletrobras.
A primeira máquina a operar na usina do rio Xingu tem 611 megawatts em potência, o que representa pouco mais de 5% da capacidade total da usina (11,2 mil megawatts), que será a terceira maior do mundo quando concluída, o que está previsto para 2019.
A turbina estava operando em testes desde o início de abril.
A autorização constou de despacho da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) no Diário Oficial da União.
Atualmente, o empreendimento tem como sócios as elétricas Eletrobras, Cemig, Light e Neoenergia, além de Vale, Sinobras, J. Malucelli e os fundos de pensão Petros e Funcef.
Unidade Geradora 1 da Usina Hidrelétrica Belo Monte (Foto: Betto Silva/Norte Energia/Divulgação)
Disputas e atrasos
Orçada em R$ 5,8 bilhões, a usina começou a ser estudada em 1975, sempre em meio a disputas com povos indígenas da região.
saiba mais
Em um encontro sobre o projeto, em 1989, o então engenheiro da Eletronorte, Antônio Muniz Lopes, viu uma índia esfregar um facão em seu rosto em protesto contra a usina, então chamada de Kararaô.
Anos depois, o mesmo Muniz Lopes chegaria à presidência da Eletrobras e retomaria o projeto no início do governo Lula com o nome de Belo Monte, mas não sem novas polêmicas.
O leilão da usina, em 2010, foi paralisado diversas vezes por ações judiciais, e após isso a construção da usina enfrentou também diversos entraves na Justiça e junto a ribeirinhos e povos indígenas.
Após diversas paradas, a hidrelétrica inicia a operação comercial com mais de um ano de atraso em relação ao cronograma original, que apontava para o início da geração no começo de 2015.
A Norte Energia destacou em nota que o cronograma previa primeiramente a entrada em operação de máquinas menores, com 39 megawatts cada, e que a turbina que entra em operação comercial nesta semana é bem mais potente e tem apenas um mês de atraso em relação à data estimada originalmente.
"Um prazo recorde, principalmente se considerar as inúmeras interrupções das obras decorrentes de liminares da Justiça, invasões, ocupações e paralisações nos canteiros", disse a empresa em nota.
Agora, Belo Monte tenta negociar junto ao Ministério de Minas e Energia um perdão para o descumprimento do cronograma, o que já foi negado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) em duas oportunidades.
Lava Jato
A mega hidrelétrica também está envolvida no esquema de corrupçãol, investigado pela Polícia Federal e pelo Ministério Público na Operação Lava Jato, que apura pagamento de propinas e políticos e partidos por empresas estatais e construtoras.
O senador Delcídio do Amaral afirmou em sua delação premiada, homologada e divulgada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que houve propina de ao menos R$ 30 milhões na usina, com destinação de recursos a campanhas eleitorais do PT e do PMDB.
Na época, a Norte Energia negou as acusações e afirmou que "há dois anos a construção da usina... vem sendo citada em notícias levianas sem apresentar provas ou provada sequer uma evidência de irregularidades na execução da obra".

A Eletrobras contratou o escritório especializado Hogan Lovells para realizar investigações junto a um comitê independente e apurar eventuais irregularidades em um grupo de nove projetos, entre os quais a hidrelétrica do Xingu.