terça-feira, 22 de março de 2016

Situação Saneamento no Brasil


Água:82,5%dos brasileiros são atendidos com abastecimento de água tratada.São mais de 35 milhões de brasileiros sem o acesso a este serviço básico.
A cada 100 litros de água coletados e tratados, em média, apenas 67 litros são consumidos. Ou seja 37% da água no Brasil é perdida, seja com vazamentos, roubos e ligações clandestinas, falta de medição ou medições incorretas no consumo de água, resultando no prejuízo de R$ 8 bilhões.
A soma do volume de água perdida por ano nos sistemas de distribuição das
cidades daria para encher 6 (seis) sistemas Cantareira.
A região Sudeste apresenta 91,7% de atendimento total de água; enquanto isso, o Norte apresenta índice de 54,51%.
A região Norte é a que mais perde, com 47,90%; enquanto isso, o Sudeste apresenta o menor índice com 32,62%.
A média de consumo per capita de água no Brasil em três anos é de 165,3 litros por habitante ao dia. Em 2014, este valor foi 162l/hab.dia. Em três anos, a região Sudeste apresentou o maior índice com 192, l/hab.dia e o menor foi o Nordeste com 125,3 l/hab.dia. Em 2014, o Sudeste continuou como maior índice 187,9 l/hab.dia e o Nordeste se mante como o menor com 118,9 l/hab.dia.
Fonte: Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS 2014)
Fonte: Estudo Trata Brasil “Perdas de Água: Desafios ao Avanço do Saneamento Básico e à Escassez Hídrica – 2015”

Consumo X Perdas




110 litros /dia 
é a quantidades de água suficiente para atender as necessidade básicas de uma pessoa, segundo a ONU (Organização das Nações Unidas).
Coleta de Esgoto:
48,6%da população têm acesso à coleta de esgoto.
Mais de 100 Milhões de brasileiros não tem acesso a este serviço.
Mais de 3,5 milhões de brasileiros, nas 100 maiores cidades do país, despejam esgoto irregularmente, mesmo tendo redes coletoras disponíveis.
Mais da metade das escolas brasileiras não tem acesso à coleta de esgotos.
47% das obras de esgoto do PAC, monitoradas há 6 anos, estão em situação inadequada. Apenas 39% de lá para cá foram concluídas e, hoje, 12% se encontram em situação normal.
Cerca de 450 mil pessoas nos 15 municípios paulistas têm disponíveis os serviços de coleta dos esgotos, porém não estão ligados às redes, e, portanto, despejam seus esgotos de forma inadequada no meio ambiente.
Fonte: Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS 2014)
Fonte: Estudo Trata Brasil “ Ociosidade das Redes de Esgoto – 2015”
Fonte: Censo Escolar 2014
Fonte: Estudo Trata Brasil “De Olho no PAC - 2015”
Tratamento Esgoto:
40%dos esgotos do país são tratados.
A média das 100 maiores cidades brasileiras em tratamento dos esgotos foi de 40,93%.
Apenas 10 delas tratam acima de 80% de seus esgotos.

Regiões do Brasil:

Norte Apenas 14,36% do esgoto é tratado, e o índice de atendimento total é de 7,88%. A pior situação
entre todas as regiões.
Nordeste Apenas 28,8% do esgoto é tratado.
Sudeste 43,9% do esgoto é tratado. O índice de atendimento total de esgoto é de 78,33%.
Sul 43,9% do esgoto é tratado.
Centro-Oeste 46,37% do esgoto é tratado. A região com melhor desempenho, porém a média de esgoto tratado não atinge nem a metade da população.
Em termos de volume, as capitais brasileiras lançaram 1,2 bilhão de m³ de esgotos na natureza em 2013.
Fonte: Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS 2014)
Fonte: Estudo Trata Brasil “Ranking do Saneamento – 2015”
Universalização:
O custo para universalizar o acesso aos 4 serviços do saneamento (água, esgotos, resíduos e drenagem) é de R$ 508 bilhões, no período de 2014 a 2033.
Para universalização da água e dos esgotos esse custo será de R$ 303 bilhões em 20 anos.
O Governo Federal, através do PAC, já destinou recursos da ordem de R$ 70 bilhões em obras ligadas ao saneamento básico.
Houve um investimento de R$ 1.69 bilhão a mais em 2014 comparado a 2013.
Os maiores investimentos em saneamento básico (água e esgoto), durante três anos, foram nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro e Bahia, totalizando 63,3%. Já os estados do Amazonas, Acre, Amapá, Alagoas e Rondônia são os que menos investiram em três anos, totalizando 1,7%.
Fonte: Plano Nacional de Saneamento Básico (PLANSAB)
Fonte: Ministério das Cidades
Principais dados do saneamento por estado:
Rede de Água: IN055 Índice de atendimento total de água
Coleta de Esgoto: IN056 Índice de atendimento total de esgoto referido aos municípios atendidos com água
Tratamento de esgoto: IN046 Índice de esgoto tratado referido à água consumida
Perdas de água: IN049 Índice de perdas na distribuição
6 Milhões de habitantes ainda não têm acesso a banheiro.

Energia renovada, editorial FSP

21.03.16
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Fonte: Folha de São Paulo - 20.03.2016
São Paulo - Enfim uma boa notícia: permaneceram estáveis, pelo segundo ano consecutivo, as emissões de gases do efeito estufa lançados para gerar energia no mundo.

Como o PIB global avançou mais de 3% em 2014 e 2015, conclui-se que teve início o chamado desacoplamento entre poluição climática e crescimento econômico.

O aumento da produção sempre esteve acompanhado de maior consumo energético e, por consequência, do lançamento de gases como o dióxido de carbono (CO2), que retêm radiação na atmosfera e a aquecem, agravando o fenômeno natural do efeito estufa.

A Agência Internacional de Energia mede as emissões globais há mais de 40 anos. Em apenas três momentos - no início dos anos 1980, após o choque do petróleo, em 1992, com o fim da União Soviética, e em 2009, na crise financeira mundial- elas haviam sido iguais ou menores que no ano anterior.

O primeiro ano em que o produto mundial se expandiu emitindo a mesma quantidade de gases do efeito estufa foi 2014. Em 2015 observou-se o mesmo, o que leva muitos analistas a dizer que se iniciou um processo de descarbonização, objetivo do Acordo de Paris adotado em dezembro por 195 países.

Só se pode crescer sem poluir mais de duas maneiras: alterando a matriz energética em favor de fontes menos intensivas em carbono, ou aumentando a eficiência da energia. No segundo caso, trata-se de obter os mesmos bens e serviços com menos eletricidade ou combustível, por meio de máquinas e veículos aperfeiçoados.

O maior impulso, contudo, parece vir de mudanças incipientes na própria matriz. Cai o consumo de carvão, o combustível fóssil mais poluente, e ganham espaço energias limpas, como a eólica e a solar fotovoltaica. Da energia nova que entrou em linha no ano passado no mundo, 90% provieram de fontes renováveis.

É o processo dominante na China, maior poluidor mundial, que tem fechado minas de carvão e gerado cada vez mais eletricidade em usinas hidrelétricas, eólicas e solares. Nos EUA, segundo país que mais contribui para o aquecimento global, troca-se carvão por gás natural, um fóssil menos poluente.

Outros países em desenvolvimento mantêm a velha conexão entre PIB e energia e compensam os ganhos obtidos alhures -daí a estabilização das emissões globais. Mas ficam para trás na inevitável corrida pela descarbonização.

Cratera guarda a memória de impacto de corpo celeste na periferia de São Paulo, Agência Fapesp


22 de março de 2016

José Tadeu Arantes  |  Agência FAPESP – Uma grande cratera, produzida pelo impacto de um objeto celeste, estende-se por uma área de 10,2 quilômetros quadrados na periferia do município de São Paulo. A formação geológica, denominada cratera de Colônia, situa-se a menos de 40 quilômetros do marco central da cidade, a Praça da Sé, na orla sudoeste da bacia hidrográfica Billings.
Com o interior atulhado por sedimentos e a borda coberta pela vegetação, a cratera permaneceu ignorada até o início da década de 1960, quando as fotos aéreas e depois as imagens de satélite puseram em evidência sua forma circular característica. A primeira referência na literatura especializada data de 1961, com a publicação, no Boletim da Sociedade Brasileira de Geologia, do artigo “Estudos preliminares de uma depressão circular na região de Colônia: Santo Amaro, São Paulo”, assinado pelos professores Rudolph Kollert, Alfredo Björnberg e André Davino, da Universidade de São Paulo (USP).
Mas, como estruturas circulares podem resultar de outros fatores, como o vulcanismo, por exemplo, persistiu por muito tempo a dúvida sobre se a cratera de Colônia havia sido realmente criada pelo choque de um corpo extraterrestre. Apenas em 2013, graças a uma pesquisa conduzida pelo geólogo Victor Velázquez Fernandez, professor da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP), foram finalmente reunidas as evidências que comprovaram a hipótese do impacto. O estudo, que prosseguiu até 2015, teve o apoio da FAPESP: “Cadastramento dos elementos geológicos e geomorfológicos da cratera de Colônia para estabelecer uma estratégia de gestão e preservação ambiental”.
Artigo relatando as evidências foi publicado por Velázquez e colaboradores no International Journal of Geosciences: “Evidence of Shock Metamorphism Effects in Allochthonous Breccia Deposits from the Colônia Crater, São Paulo, Brazil”.
Artigos posteriores do pesquisador enfatizaram também outro aspecto do tema, que é a caracterização dessa formação geológica como patrimônio natural e área a ser protegida e conservada: “The Colônia Impact Crater: Geological Heritage and Natural Patrimony in the Southern Metropolitan Region of São Paulo, Brazil” e “The Current Situation of Protection and Conservation of the Colônia Impact Crater, São Paulo, Brazil”.
“O impacto produziu um buraco de 3,6 quilômetros de diâmetro, com cerca de 300 metros de profundidade e uma borda soerguida de 120 metros”, disse Velázquez à Agência FAPESP. “Mas, ao longo do tempo, e devido ao intenso processo de intemperismo característico do território brasileiro, esse buraco foi inteiramente preenchido por sedimentos e coberto pela vegetação, resultando em uma área plana circundada por colinas. Foi uma evolução muito diferente daquela ocorrida, por exemplo, na Cratera Barringer, no Arizona, Estados Unidos, onde a estrutura geológica ficou praticamente intacta devido ao ambiente desértico.”
“No caso de Colônia, a forma circular perfeita, registrada nas fotografias aéreas, constituía forte indício de uma estrutura de impacto, formada pela colisão de um cometa ou asteroide na superfície terrestre. Mas não era, por si só, um dado suficiente para confirmá-la. Por isso, tivemos que partir para o estudo petrográfico, com a análise microscópica dos sedimentos”, prosseguiu o pesquisador.
Segundo Velázquez, a coleta de material tornou-se possível devido a sondagens realizadas na região para fornecimento de água potável. As perfurações, realizadas na área sedimentar, chegaram a 300 metros de profundidade, até encontrar a rocha dura. Devido a uma cooperação então existente entre a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) e a EACH-USP, amostras de sedimentos, colhidas metro a metro, foram fornecidas à universidade para estudo.
“Nas amostras coletadas, encontramos várias evidências. Uma delas, bastante forte, foi a evidência de transformação de vários minerais, em particular, quartzo e zircão. Para a transformação desses minerais é necessária uma pressão superior a 40 quilobars [40 mil vezes a pressão atmosférica padrão] e uma temperatura da ordem de 5 mil graus Celsius. Esses patamares de pressão e temperatura são característicos da potente liberação de energia resultante do impacto na superfície terrestre de um objeto proveniente do espaço interplanetário”, informou o pesquisador.
Com esta e outras evidências do mesmo naipe, a hipótese do impacto foi demonstrada. E a cratera de Colônia encontra-se, agora, devidamente inventariada na Earth Impact Database (EID), uma base de dados internacional mantida pelo Planetary and Space Science Centre (PASSC), instalado na University of New Brunswick, Canadá. A EID contém a relação completa das 188 estruturas de impacto confirmadas em todo o mundo.
Monumento Geológico
Os estudiosos ainda não sabem que tipo de objeto provocou o impacto, se um corpo rochoso ou metálico, como o de um asteroide, ou um corpo constituído por gelo, como o de um cometa. “Mas há, atualmente, 50 novas amostras em estudo no Canadá, que poderão fornecer os dados que faltam para a determinação do objeto impactante”, afirmou Velázquez.
Outra expectativa é que a investigação ainda em curso possibilite estabelecer com maior exatidão a data do evento. Por enquanto, a data estimada é bastante imprecisa, situando-se em um intervalo de 5 milhões a 36 milhões de anos no passado. “A importância de melhorarmos substancialmente a datação é que isso criará condições para um estudo paleoclimático com base nos sedimentos encontrados. Analisando, centímetro por centímetro, a composição da coluna de sedimentos, desde a profundidade de 300 metros (correspondente à data do impacto) até o nível da superfície (correspondente à data atual), será possível compor um quadro bastante expressivo da evolução do clima na América do Sul e, por extensão, no mundo”, explicou o pesquisador.
Por isso, a cratera de Colônia possui, do ponto de vista científico, uma importância inestimável. Mas, para que seu potencial se efetive, é preciso que o patrimônio seja preservado e adequadamente manejado. A formação foi declarada “Monumento Geológico” pelo Conselho Estadual de Monumentos Geológicos do Estado de São Paulo (CoMGeo-SP) em 2009. Porém, quando isso ocorreu, parte da área já se achava ocupada.
“Há, na borda norte, uma ocupação menor e bastante antiga, promovida por colonos alemães que chegaram à região por volta de 1840. Devido a ela, a área recebeu inicialmente o nome de ‘Colônia Alemã’, denominação que mudou para apenas ‘Colônia’ durante a Segunda Guerra Mundial. Mas há também uma ocupação mais recente, bem maior e desordenada, ocorrida nas décadas de 1980 e 1990, que deu origem ao bairro de Vargem Grande, atualmente com cerca de 47 mil habitantes”, disse Velázquez.
Com habitações precárias e grande carência de equipamentos urbanos, Vargem Grande [não confundir com Vargem Grande Paulista, que é um município da Região Metropolitana de São Paulo, nem com Vargem Grande do Sul, que é um município da Mesorregião de Campinas, no Estado de São Paulo] possui as mazelas características de vários bairros periféricos das grandes metrópoles brasileiras. Como o lençol freático é muito aflorado, devido à estrutura sedimentar do terreno, os moradores não têm sequer a opção de cavar fossas sépticas, de modo que os esgotos fluem a céu aberto.
“Em contraste com a borda norte, a borda sul é ocupada por sítios cujos proprietários se dedicam à permacultura [agricultura ecológica]. Isso é muito interessante, porque são pessoas engajadas na preservação do meio ambiente. Existem ali matas densas, com trilhas muito aprazíveis”, relatou o pesquisador.
A preocupação em conservar o patrimônio geológico levou Velázquez e seus colaboradores a incorporar ao projeto de pesquisa tópicos relativos à preservação ambiental e à gestão da área.
“Com foco na preservação, estamos atuando em três frentes distintas. Primeiro, na criação de um site, abrigado no portal da USP, que possibilite a visitação virtual da cratera, com acesso diferenciado para pesquisadores, estudantes e público em geral. Segundo, na produção de um gibi em branco e preto, para ser distribuído nas escolas de primeiro grau de Vargem Grande e colorido pelos alunos, de forma que estes se sintam responsáveis pela área e se empenhem em sua conservação. Terceiro, no trabalho de campo em educação ambiental e turismo ecológico”, detalhou.
Velázquez estuda regularmente a região desde 2005. E disse que, ao longo destes 11 anos, testemunhou uma lenta mas consistente tomada de consciência da população local quanto à importância de preservar a formação geológica. “Construímos uma boa interlocução com as associações de moradores, que estão atualmente empenhadas em iniciativas como o Movimento Cratera Limpa”, afirmou.
Das 188 crateras de impacto catalogadas pela EID, existem apenas duas habitadas: Colônia, no Brasil, e Ries, na Alemanha. Diferentemente do que ocorreu aqui, porém, Ries, cujos primeiros vestígios de assentamentos humanos remontam ao período paleolítico, foi objeto de um criterioso manejo. Em torno da cratera, de 24 quilômetros de diâmetro, estende-se o primeiro geoparque da Bavária, com 1.800 quilômetros quadrados de área. 
 


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