sexta-feira, 6 de março de 2015

A vaca vai pro brejo?

É um privilégio neste momento crítico da política brasileira voltar a este espaço que ocupei em 2011 e 2012. Já colaborei na Folha, em cadernos e anos diversos, exercendo atividade diferente da que tenho hoje. Tenho consciência da importância que foi chegar a milhares de pessoas quebrando tabus, defendendo os direitos do povo, das mulheres e minorias, avançando em temas de difícil aceitação.
Senadora, e com uma visão muito crítica da situação política brasileira, sinto-me no dever de exercer neste espaço a audácia e transparência que caracterizaram minha vida.
Em política existem duas coisas que levam a vaca para o atoleiro: a negação da realidade e trabalhar com a estratégia errada.
O governo recém-empossado conseguiu unir as duas condições. A primeira, a negação das responsabilidades quando a realidade se evidencia. A segunda, consequência da mentira, desemboca na estratégia equivocada. Estas condições traduzem o que está acontecendo com o governo e o PT.
O começo foi bem antes da campanha eleitoral deslanchar. Percebiam-se os desacertos da política econômica. Lula bradava por correções. Do Palácio, ouvidos moucos. Era visto como um movimento de fortalecimento para a candidatura do ex-presidente já em 2014. E Lula se afasta. Ou é afastado. A história um dia explicará as razões. O ex-presidente só retorna quando a eleição passa a correr risco.
Afunda-se o país e a reeleição navega num mar de inverdades, propaganda enganosa cobrindo uma realidade econômica tenebrosa, desconhecida pela maioria da população.
Posse. Espera-se uma transparência que, enquanto constrangedora e vergonhosa, poderia pavimentar o caminho da necessária credibilidade.
Ao contrário, em vez de um discurso de autocrítica, a nação é brindada com mais um discurso de campanha. Parece brincadeira. Mas não é. E tem início a estratégia que corrobora a tese de que quando se pensa errado não importa o esforço, porque o resultado dá com os "burros n'água".
Os brasileiros passam a ter conhecimento dos desmandos na condução da Petrobras. O noticiário televisivo é seguido pelo povo como uma novela, sem ser possível a digestão de tanta roubalheira. Sistêmica! Por anos. A estratégia de culpar FHC (não tenho ideia se começou no seu governo) não faz sentido, pois o tamanho do rombo atual faz com que tudo pareça manobra diversionista. Recupera-se o discurso de que as elites se organizam propagando mentiras porque querem privatizar a Petrobras. Valha-me! O povo, e aí refiro-me a todas as classes sociais, está ficando muito irritado com o desrespeito à sua inteligência. Daqui a pouco o lamentável episódio ocorrido com Guido Mantega poderá se alastrar. Que triste. 
marta suplicy
Marta Suplicy é senadora pelo PT-SP e ex-prefeita de São Paulo. Foi ministra dos governos Luiz Inácio Lula da Silva (Turismo) e Dilma Rousseff (Cultura).

quarta-feira, 4 de março de 2015

Indiferença oficial com o etanol


Como nunca antes na história deste País, o governo da presidente Dilma está atingindo um dos mais elevados índices de frustração de expectativas da sociedade brasileira. Promessas jogadas ao vento na campanha eleitoral e medidas até agora incapazes de reativar a economia estão colocando em xeque as chances de colocarmos o Brasil no caminho do desenvolvimento.
A morosidade e a indecisão do governo já comprometem áreas estratégicas de nossa economia, como é o caso do setor sucroenergético que enfrenta uma crise que se arrasta desde 2008. Cerca de 300 mil postos de trabalho agrícola foram extintos, mais de 60 usinas foram fechadas e 66 unidades estão em recuperação judicial, e mesmo assim o governo reluta em adotar medidas para reativar o setor.
A crise atinge generalizadamente plantadores e fornecedores de cana-de-açúcar, empresários, a indústria de base do setor e trabalhadores da área agrícola, industrial e de serviços. O setor se mobilizou e conquistou, no ano passado, o aumento do teto da mistura de álcool anidro à gasolina, dos atuais 25% para 27,5%.
Depois da luta pela aprovação da proposta no Congresso Nacional e da sanção da presidente Dilma no ano passado, o aumento da mistura aguarda a autorização do governo. O ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, prometeu que o aumento da adição de etanol na gasolina seria feito neste mês, só que essa semana mudou a previsão. Ela só se dará a partir de abril, frustrando mais uma vez as expectativas de o setor começar a por um ponto final na crise.
A relutância na autorização é comparável com a decisão tardia da retomada da Cide, uma reivindicação do setor sucroenergético para resgatar o diferencial tributário do etanol em relação à gasolina.
Na luta para colocar novamente em pé nosso combustível renovável, a Frente Parlamentar do Etanol apoiou a mobilização do setor sucroenérgetico para chamar atenção do descaso do governo com o programa do etanol. A frente também autuou ao lado de entidades representativas da cadeia da cana para  regulamentar o programa de eficiência energética (Inovar Auto) dos motores movidos a etanol; no incentivo à produção de energia elétrica pela biomassa da cana; e na desoneração do PIS/Cofins para os produtores de cana, mas o aumento da mistura, que poderá trazer novo alento aos produtores de etanol, infelizmente continua pendente por equívoco e omissão do governo federal.
Em 2014, o Brasil consumiu 132,9 bilhões de litros de combustíveis, aumento de 5,6% em relação a 2013. O consumo da gasolina comercializada nos postos com adição de etanol foi de 44,3 bilhões de litros, uma alta de 7,1% também na comparação com 2013. Já o mercado de etanol hidratado fechou 2014 com volume total de 13 bilhões de litros, aumento de 10,4% em relação ao ano anterior.
A previsão é de que o aumento da mistura de etanol à gasolina poderá adicionar ao mercado 1,3 bilhão de litros de álcool anidro, o que irá representar um impacto altamente positivo para a recuperação da crise do setor sucroenergético, e ainda ao meio ambiente e consumidores, com redução da poluição e preços mais justos.
Em São Paulo, o governador Geraldo Alckmin tem dado importantes contribuições para a superação da crise enfrentada pelo setor sucroenergético. O estado possui o menor ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) do Brasil para etanol hidratado. Enquanto a média das demais unidades da federação fica em 22%, em São Paulo a arrecadação junto ao segmento é de 12%. Na primeira semana de fevereiro, o governo estadual assinou decreto alterando o regulamento do ICMS para simplificar, racionalizar e atualizar as normas tributárias do setor sucroenergético. A medida beneficia os municípios com usinas e atividades que integram a cadeia produtiva do setor.
Do ponto de vista prático, a medida possibilita e agiliza o uso de diferimentos, amplia o conceito de co-geração de energia e permite que além do uso do bagaço da cana para gerar eletricidade, outros materiais podem ser usados para produzir energia. Isso pode aumentar significativamente a participação da bioletricidade na matriz energética paulista.
Por meio da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, o governo paulista também está empenhado para o fortalecimento do etanol, não só com políticas claras de apoio e parceria com empresas, produtores de cana e entidades representativas, mas no incentivo às pesquisas para o etanol de 2ª geração; no desenvolvimento de pesquisas para novas variedades; no apoio as medidas de logística; na viabilização da bioeletricidade e também no apoio político as reivindicações do setor.
É esse comprometimento que os plantadores, fornecedores de cana e produtores de etanol exigem do governo federal para o setor que apresenta um diferencial competitivo para o Brasil na produção de um combustível renovável, ambientalmente correto e viável economicamente.
O etanol é o nosso grande diferencial num mundo que luta contra a emissão de gases do efeito estufa, que combate as mudanças climáticas e que busca novos parâmetros para uma economia de baixo carbono.
Os atuais improvisos e promessas não cumpridas pelo governo com o setor precisam urgentemente ceder lugar a medidas mais estruturadas e planejadas para ajudar o País vencer a estagnação econômica que mergulhou.
A indiferença governamental à crise vivida pelos produtores de etanol tem de ser superada por meio do bom senso. Aumento da mistura do álcool anidro à gasolina para 27,5% já!
Arnaldo Jardim é deputado federal licenciado (PPS-SP) e secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo

terça-feira, 3 de março de 2015

NOVO RECORDE NA PRODUÇÃO DE GÁS NATURAL Fev 2015


A produção total de petróleo e gás natural no Brasil no mês de janeiro alcançou aproximadamente 3,077 milhões de barris de óleo equivalente (BOE) por dia, sendo 2,469 milhões de barris diários de petróleo e 96,6 milhões de metros cúbicos de gás natural. A produção de gás natural foi a maior já registrada, superando o recorde anterior, de dezembro de 2014, quando foram produzidos 95,1 milhões de metros cúbicos de gás natural.
Houve aumento de 20,3% na produção de petróleo se comparada com o mesmo mês em 2014 e redução de 1,1% na comparação com o mês anterior. A produção de gás natural aumentou 20,2% frente ao mesmo mês em 2014 e 1,5% se comparada ao mês anterior. Mais informações no Boletim da Produção da ANP (http://www.anp.gov.br/?pg=36407).
Pré-sal
A produção do pré-sal, oriunda de 43 poços, foi de 670,1 mil barris por dia (bbl/d) de petróleo e 24,5 milhões de metros cúbicos por dia (m³/d) de gás natural, totalizando 824,2 mil barris de óleo equivalente por dia, um aumento de 1% em relação ao mês anterior. Os poços do “pré-sal” são aqueles cuja produção é realizada no horizonte geológico denominado pré-sal, em campos localizados na área definida no inciso IV do caput do art. 2º da Lei nº 12.351, de 2010.
Queima de gás
O aproveitamento do gás natural no mês foi de 95,8%. A queima de gás natural em janeiro foi de 4 milhões de metros cúbicos por dia, uma redução de aproximadamente 16,6% em relação ao mês anterior e de 15,6% em relação a janeiro de 2014.
Campos produtores
Cerca de 92,2% da produção de petróleo e gás natural foi proveniente de campos operados pela Petrobras. Aproximadamente 93,4% da produção de petróleo e 75,6% da produção de gás natural do Brasil foram extraídos de campos marítimos.
O campo de Roncador, na bacia de Campos, foi o de maior produção de petróleo, com uma média de 346,6 mil barris por dia, e o campo de Lula, na bacia de Santos, foi o maior produtor de gás natural, com uma produção média de 12,1 milhões de metros cúbicos por dia.
A plataforma P-52, localizada no campo de Roncador, produziu, através de 17 poços a ela interligados, cerca de 171,1 mil barris de óleo equivalente por dia e foi a plataforma com maior produção. Os campos cujos contratos são de acumulações marginais produziram um total de 74 barris diários de petróleo e 15,4 mil metros cúbicos de gás natural. Dentre esses campos, Morro do Barro, operado pela Panergy, foi o maior produtor de petróleo e gás natural, com 88,5 barris de óleo equivalente por dia.

A produção procedente das bacias maduras terrestres (campos/TLDs das bacias do Espírito Santo, Potiguar, Recôncavo, Sergipe e Alagoas) foi de 167,2 mil barris de óleo equivalente por dia, sendo 136,5 mil barris de petróleo por dia e 4,9 milhões de metros cúbicos de gás natural por dia. Desse total, 4,1 mil barris de óleo equivalente por dia foram produzidos por concessões não operadas pela Petrobras, sendo 398 barris de óleo equivalente por dia no estado de Alagoas, 1,984 mil barris de óleo equivalente por dia na Bahia, 3 barris de óleo equivalente por dia no Espírito Santo, 1,534 mil barris de óleo equivalente por dia no Rio Grande do Norte e 212 barris de óleo equivalente por dia em Sergipe.
Outras informações
Em janeiro de 2015, 308 concessões, operadas por 22 empresas, foram responsáveis pela produção nacional. Destas, 83 são concessões marítimas e 225 terrestres. Do total das concessões produtoras, nenhuma se encontra em atividade exploratória e produzindo através de Teste de Longa Duração (TLD), e seis são relativas a contratos de áreas contendo acumulações marginais.
O grau API médio do petróleo produzido no mês foi de aproximadamente 24,7, sendo que 9% da produção é considerada óleo leve (>=31°API), 57%, óleo médio (>=22 API e <31 09="" 34="" a="" acordo="" anp="" api="" classifica="" com="" da="" de="" e="" font="" leo="" n="" o="" pesado="" portaria="">
A produção de petróleo e gás natural no Brasil foi oriunda de 9.121 poços, sendo 835 marítimos e 8.286 terrestres. O campo com o maior número de poços produtores foi Canto do Amaro, na bacia Potiguar, com 1.107 poços. Marlim, na bacia de Campos, foi o campo marítimo com maior número de poços produtores, 61 no total.